g r f centro de •=\fvoluntariado ^ VOLUNTARIADO ROSE MAGALHÃES DA FONTE é supervisora de voluntariado da Associação de Pais e A m i g o s dos Excepcionais de São deSòolWo Paulo (APAE DE SÃO PAULO): é graduada e m Serviço Social, < SILVIA MARIA LOUZÃ NACCACHE é coordenadora do Centro de Voluntariado de São Paulo desde junho de 2003. Illlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll c o m MBA e m Gestão Estratégica do Terceiro Setor. Illlllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllllll VOLUNTARIADO E ORGANIZAÇÕES FOCADAS EM PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL Conheça a experiência da APAE de São Paulo | mbora ' | an- O voluntariado foi, desde o início, estruturado em níveis 1 tes m e s m o que a organização existisse, foi em suas ações já fossem praticadas hierárquicos, departamentos específicos e divisão de tarefas; 1971 que o v o l u n t a r i a d o da Associação de Pais a partir de 1990 foi incrementando e, em 2006, passou a 1 e Amigos dos Excepcionais de São Paulo (APAE ser gerido por uma diretoria colegiada constituída por oito de São Paulo) organizou-se de f o r m a mais estruturada. A voluntários experientes e bastante atuantes na organização. iniciativa nasceu por meio de D . Jô C l e m e n t e , conhece- Após nova reflexão e a c o m p a n h a n d o as tendências do traba- dora da i m p o r t â n c i a do trabalho voluntário para ações que lho voluntário no Brasil, concluiu-se que a gestão do Serviço faziam a diferença n o dia a dia da organização. Em 2 0 1 4 , de Voluntariado da organização deveria ser profissionalizada, o serviço de v o l u n t a r i a d o c o m p l e t o u 4 3 anos de existên- com o desafio de alinhar e direcionar o trabalho desenvolvido cia. Destaca-se que os q u a t r o casais que f u n d a r a m a or- pelos voluntários em sintonia com os valores, a visão e a mis- ganização, em 1961, já eram voluntários. Até hoje, todos são da APAE de São Paulo. os membros da Diretoria e do C o n s e l h o de A d m i n i s t r a ç ã o continuam t r a b a l h a n d o c o m o voluntários. A gestão profissionalizada do programa de voluntariado da APAE de São Paulo tem a responsabilidade de: acolher, REVISTA FILANTROPIA 69 \ 3 7 VOLUNTARIADO uiuimiimiiiiiiiuiiiiiHiiimmMimiiimiiiiuiiiiMiiiiiiniiiimiiiMiiiiiiimmm Voluntários da APAE fazendo cadastramento na entidade sensibilizar e motivar; possuir um ouvido atento; proporcionar c o m o os olhos dele ainda estavam pregados nela, acrescen- atualização e desenvolvimento. tou: 'Você vai a algum lugar sozinho?'. 'Sim', ele acenou com a cabeça. 'Sempre a n d o sozinho. N ã o t e n h o n i n g u é m . ACOLHER N ã o t e n h o mãe nem pai. O s dois m o r r e r a m . Eu vivo com O a c o l h i m e n t o é f u n d a m e n t a l ao ser h u m a n o , u m a vez a tia Clara, mas ela diz que a tia O d e t e devia t o m a r conta que todos nós possuímos u m a necessidade psicológica pro- de mim parte do tempo. Q u a n d o ela fica cansada de m i m e f u n d a de pertencer. Há alguns anos, o jornal New York Times quer ir a algum lugar, ela me m a n d a ficar com a tia O d e t e ' . publicou u m a história de interesse h u m a n o sob o título "Ele 'Você então está i n d o para a casa da tia O d e t e agora?', disse gostaria de pertencer". O artigo falava de um m e n i n o que a mulher. 'Sim', replicou o garoto, 'mas algumas vezes a tia viajava de ô n i b u s na cidade. Ele estava ali sentado perto de O d e t e não está em casa. Espero que esteja hoje, p o r q u e pa- u m a senhora vestida de cinza. N a t u r a l m e n t e , todo m u n d o rece que vai chover e eu não q u e r o ficar na rua na chuva'. pensava que ele estava com ela. Não é de admirar então A m u l h e r sentiu um nó na garganta e n q u a n t o dizia: 'Você que ao esfregar os sapatos sujos em u m a mulher sentada ainda é m u i t o p e q u e n o para ficar indo de cá para lá desse do outro lado dele, ela disse à senhora de cinza: 'Desculpe, jeito'. ' O h , não me i m p o r t o ' , respondeu. ' N u n c a me perco. mas quer fazer seu filho tirar os pés do banco? Os sapatos Mas às vezes fico triste. Q u a n d o eu vejo então alguém a dele estão s u j a n d o meu vestido'. A m u l h e r de cinza ficou q u e m gostaria de pertencer, eu sento bem perto da pessoa vermelha. Depois, deu um p e q u e n o e m p u r r ã o no m e n i n o e faço de conta que pertenço de verdade a ela. Eu estava fa- e falou: 'Ele não é meu filho. N u n c a o vi antes'. O m e n i n o zendo de conta que pertencia a esta outra senhora q u a n d o se encolheu todo. Era tão p e q u e n o , com os pés balançando sujei seu vestido. Esqueci-me de meus pés'. Esse garoto, em por não alcançarem o chão. Baixou os olhos e t e n t o u de- suas palavras simples e infantis, expressou uma necessidade sesperadamente conter um soluço. 'Sinto m u i t o ter sujado universal: não i m p o r t a q u e m ele é nem qual a sua idade: seu vestido', disse ele à mulher, 'eu não queria fazer isso'. todos querem pertencer. A sensação de pertencer é essencial 'Ah, não faz mal', respondeu ela meio embaraçada. Depois, para o ser h u m a n o . REVISTA FILANTROPIA 69\37 iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiimimiiimiiHiMiiiiiimiimiiiimiiiiimiiH^ SENSIBILIZAR E MOTIVAR N Ú M E R O S DO SERVIÇO D E V O L U N T A R I A D O Partindo do princípio de que "todo mundo é nota dez em al- DA A P A E DE SÃO PAULO ( M A I O A AGOSTO DE 2 0 H ) guma coisa", entendemos que "fazer o que se gosta" é fundamental • para a realização do trabalho voluntário, desde que seja de forma Numero coerente com a motivação. Cada pessoa tem valores próprios, construídos ao longo da vida, que podem representar uma mo- • I de voluntários tivação. Por outro lado, a APAE de São Paulo valoriza, estimula | 2 0 4 l . Horas doadas : ; pelos voluntários / 8 . 1 2 4 e reconhece o voluntário para que ele também se sinta motivado a continuar atuando. Sendo assim, questionamos: o que cada um gostaria de fazer? Quais seus valores pessoais? Q u e habilidades ou talentos deseja oferecer? Qual a disponibilidade de tempo? Para ser direcionado às atividades que irá exercer na organização, onde neuropsicológica no diagnóstico de deficiência intelectual, será acolhido e direcionado por um responsável do serviço no qual investigação genética na deficiência intelectual, violência e irá atuar, é necessário ter em mente tais perguntas. violação de direitos para as pessoas com deficiência, o envelhecimento e a deficiência, serviços de apoio ao envelheci- POSSUIR UM OUVIDO ATENTO U m dos ingredientes importantes é o cultivo de um ouvido atento. Q u e m ouve mal não é um b o m comunicador. O m e n t o oferecidos pela APAE. As atividades p r o m o v e m um voluntariado sadio e bem i n f o r m a d o ; além das palestras, são oferecidas oficinas e espaço para trocas de experiências. que nós geralmente chamamos de ouvido é apenas o ouvido O n ú m e r o de voluntários que a APAE de São Paulo externo, aquela saliência de carne que temos no lado da ca- precisava no período de maio a agosto deste ano era de 38 beça e que vem em u m a variedade de formas e tamanhos. A pessoas. Por meio de divulgação e captação, acolhemos 20 partir dela sai u m canal de três centímetros que vai dar no novos voluntários, f e c h a n d o o mês de agosto com 2 0 4 vo- t í m p a n o , atrás d o qual se e n c o n t r a o ouvido médio, onde o luntários que dedicaram 8 . 1 2 4 horas. Destas 8 . 1 2 4 horas som é amplificado 22 vezes, passando-o então para o ouvido doadas, 568 horas foram em atividades p o n t u a i s e eventos. interno, o n d e ocorre o verdadeiro ouvir. Seu principal com- As divulgações de vagas são c o n t í n u a s e realizadas por p o n e n t e é u m t u b o em f o r m a de caracol, c h a m a d o cóclea. meio de redes sociais, entre os próprios voluntários, em sites Ele contém milhares de células microscópicas, semelhantes de vagas para voluntários, c o m o do C e n t r o de Voluntariado a um fio de cabelo, sendo que cada uma delas é sintonizada de São Paulo (CVSP). com u m a vibração específica. Então, as vibrações são con- O maior desafio é conseguir voluntários para os espa- vertidas em impulsos elétricos que transmitem o som até o ços que ficam mais distantes d o centro da cidade, c o m o o cérebro para serem decodificados ao longo de 3 0 . 0 0 0 circui- Núcleo de Habilitação e Estimulação de Parelheiros. tos d o nervo auditivo. Ê f u n d a m e n t a l que este órgão seja utilizado de maneira PREMISSAS PARA 0 VOLUNTARIADO NA APAE SP adequada, ou seja, para cada vez mais desenvolver a capa- • cidade de ouvir, e ouvir a t e n t a m e n t e . Somente q u a n d o fa- • lamos e ouvimos uns aos outros é que os nossos relacio- ser maior de 18 anos; ter disponibilidade m í n i m a de 4 horas semanais em horário comercial (segunda a sexta-feira, das 8h às 12h ou n a m e n t o s p r o g r i d e m e a m a d u r e c e m . Abrir os ouvidos ao das 13h às 17h); outro é u m sinal de respeito. O u v i m o s u m a vez a seguinte • ter disposição, c o m p r o m e t i m e n t o e espírito de equipe; frase "ele é u m ó t i m o comunicador, ele ouve". Logo, ouvir • assistir à palestra d o C V S P e apresentar o certificado; será u m a competência i m p o r t a n t e para o b o m desenvolvi- • m e n t o d o seu trabalho, pois, ao ouvir, poderá entender de forma clara e contribuir com suas opiniões e sugestões. participar da visita institucional e assistir à palestra do Serviço de Voluntariado da APAE de São Paulo; • participar da entrevista e ser e aprovado pela supervisora do voluntariado da APAE de São Paulo PROMOVER A ATUALIZAÇÃO E 0 DESENVOLVIMENTO • Capacitações e orientações c o n t í n u a s fazem parte dos processos de m o n i t o r a m e n t o dos voluntários. Todos são ser e n c a m i n h a d o à atividade mais a d e q u a d a ao perfil, q u a n d o houver. • identificar-se com a missão da APAE de São Paulo — convidados a participar de curso de atualização com temas missáo: promover a prevenção e a inclusão da pessoa com relevantes sobre a deficiência intelectual, tais como: direitos deficiência intelectual produzindo e d i f u n d i n d o conhe- da pessoa com deficiência, inclusão e educação nas APAEs, cimento; visão de futuro: ser a referência na prevenção, o teste do pezinho e suas atualidades, fluxo de a t e n d i m e n t o inclusão social e na geração de difusão de conhecimento nos ambulatórios de diagnóstico, o papel da avaliação sobre deficiência intelectual. S5 REVISTA FILANTROPIA 69 \ 37