E do velho se faz novo 0 mobiliário abandonado junto Ao entrar no pátio circundado por prédios, o cheiro a tintas e verniz e o ruído frenético onde da lixa denunciam funciona projeto Vista. o o armazém Garrrbage, mais um da zona da Bela de moradores Na oficina, o trabalho e a e aspeças de vestuário estragadas vontade, devolvem às peças a utilidade dos contentores da Bela Vista. Com m,estri,a de moradores criatividade andam de mãos dadas. As paredes estão pintadas de várias cores, em jeito de rea- e linha de montagem de embelezamento. No final do corredor improvisado, sen- Luís e Helena dedicam-se à fica nesta que é também a sua gruta do tesouro, onde gosta de brincar. rar, lixar e pintar. As receitas das necas comercializadas pagam o material necessário para a construção e reparação de outros ar- Dinis, 3 a mãe, Lúcia Joaquim, Domingos Nunes, na aventura diária de transformar o velho em novo, Lúcia e o sogro são dois dos voluntários lixo. O trabalho posicionadas. Móveis, muitos esplendor de outros tempos e o avô, o teleiras improvisadas, estrategicamente fora de moda são a matéria-prima anos, acompanha cadeira, proveitamento latas de tinta, alinhadas por tamanhos e tons, encontram- se arrumadas em pra- oferecido. As e o conpromoção e divulgação cluídas. Lúcia tem como função decorar os móveis já concluídos. Aparte elétrica tado numa pequena que dedicam uma parte do tempo a dar uma nova vida aos "monos" que, para os não passavam de antigos proprietários, de material definidas. ou de contribuir é oferecido como forma na defesa do ambiente. das peças a cargo de José Carlos. Domingos e Paulo têm a responsabilidade de repa- tigos, numa linha contínua de investimento em consumíveis, sejam tintas, pincéis, pregos, parafusos, qualquer outro material. madeiras ou A Câmara Municipal umas um disponibilizou Bela Vista deu na e algum apoio espaço logístico para que moradores do bairro Depois de dedicarem tanto trabalho e criatividade, o resultado é um orgulho enorme em ver as pessoas levarem os cobertas por panos, como sinal de disponível para venda, outras, mais desa- pudessem avançar e pôr mãos à obra neste projeto inovador. móveis já recuperados. "Uma senhora de Almada entrou em contacto connosco para jeitadas, cheias de riscos e num estado demasiado tosco, a aguardar a vez nesta Os caminho móveis, estreito. ças de vários delimitam Amontoam-se tamanhos e cores, um pe- membros do grupo têm funções vir ver um móvel que tinha encontrado no OLX à venda. Quando cá chegou, gostou tanto do nosso trabalho que acabou por le- vartrês móveis", O projeto conta Domingos Nunes. saiu da oficina Garrrbage numa edição do STB Urban Market, um mercado que se enquadra na filosofia de dinamização da zona ribeirinha da cidade e que aposta num conceito de comér"Vendemos cio alternativo. dois móveis, um bar antigas, e uma mesa de cabeceira, daquelas com uma porta para se guardar o adianta Domingos. Apesar de só ter rendido 6o euros, considera que a presença no certame foi penico", bastante positiva, uma vez que constituiu uma boa oportunidade para dar a conhecer o projeto e o trabalho desenvolvido. ambições dos elementos do Garrrbage é encontrar, além de uma carrinha e mais voluntários, um Uma das maiores espaço para expor os trabalhos concluídos e utilizar a oficina apenas como local de trabalho. A falta de espaço obriga a que os artigos arranjados coabitem com outros por reparar, com o risco de, na danificar do mobiliário, movimentação uma peça pronta para entrega. O grupo de voluntários é sensível à componente solidária radores do bairro em relação aos mo- que atravessam dificuldades financeiras. "Há algumas peças que nós doamos. Ainda há dias trouxemos um sofá, mas apenas precisava de um pe e acabeipor doá-lo auma senhora", salienta Domingos, embora sublinhe que a filosofia do projeto é vender as peças para poder reparar outras.