O Sr. VADINHO BAIÃO (PT-MG) pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, recentemente, a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio e Serviços (Contracs) encaminhou aos membros deste Parlamento uma correspondência, solicitando nosso engajamento na Campanha Nacional contra a Abertura do Comércio aos Domingos. A campanha chama à reflexão sobre uma realidade que, muitas vezes, nos passa despercebida, mas que priva do lazer e do convívio familiar saudável uma quantidade significativa de trabalhadores brasileiros. Venho, pois, manifestar meu apoio à Campanha e conclamar os nobres Colegas para que também o façam, pois, em menos de uma década, os resultados esperados com a abertura do comércio aos domingos e feriados mostraram-se ínfimos, enquanto que os prejuízos advindos dessa situação são incalculáveis. 2 Em 1997, o Governo brasileiro editou uma Medida Provisória que autorizava a abertura do comércio aos domingos e feriados, alterando as regras vigentes, em detrimento das conquistas sociais já adquiridas pelo trabalhador. O que se esperava é que houvesse mais satisfação dos consumidores, mais vendas e mais empregos. Mas, passados quase dez anos, está claro que isso não aconteceu na proporção que se esperava, nem numa proporção que possa servir de argumento para a continuação dessa realidade absurda. Para se verificar isso, Senhor Presidente, não é preciso muito. Basta ir a um shopping center num domingo qualquer, para ver que as pessoas compram efetivamente muito pouco nesses dias. Em geral, nessas ocasiões, o shopping funciona mesmo é como uma alternativa de lazer, por falta de outras opções, na maioria das vezes. Outra constatação, tristíssima, é que, aos domingos, os funcionários que atendem no comércio são os mesmos 3 que trabalharam durante a semana, ou seja, não há contratações, não há aumento efetivo de empregos. Enquanto estávamos descansando em nossas casas, com os nossos amigos e as nossas famílias, muitos trabalhadores deste País estavam atrás dos balcões, privados do descanso, do convívio sagrado com seus entes queridos, sujeitos a um desgaste físico e psíquico que, aos poucos, mas ferozmente, debilita-lhes a saúde. Se, para o comerciante, especialmente o proprietário das grandes redes, o custo de abrir o comércio aos domingos e feriados é mínimo, pois basta mudar ou compensar a folga semanal do trabalhador, para este o custo é exorbitante e desumano. O que lhe cabe é trabalhar de segunda a domingo, muitas vezes sem acréscimo de salário, ter a saúde devastada e privar-se do lazer e do convívio com a família e os amigos. A situação é insustentável, Senhor Presidente! A supressão do trabalho aos domingos é medida urgente, inadiável, reivindicada pelos trabalhadores do 4 comércio, que não mais suportam as extensas e injustas jornadas a que estão submetidos. De minha parte, reitero o meu apoio incondicional e manifesto o meu compromisso com a Campanha, pois concordo integralmente com os temas que a norteiam: “Fechar o comércio aos domingos é abrir a porta para a felicidade de muitas famílias” e “Se domingo fosse dia de trabalho, deveria se chamar segunda-feira”. Por isso, parabenizo a Contracs pela realização e coloco-me à disposição para o que se fizer necessário ao êxito do movimento. Por último, cumprimento todos trabalhadores brasileiros pela passagem do seu Dia. Parabéns a todos. Muito obrigado. 2006_4112_Vadinho Baião_224