A senhora Zelinda Novaes (PFL/BA) pronuncia o seguinte discurso. Senhor presidente, senhoras e senhores parlamentares, Manchetes de alguns jornais baianos trataram neste ano da condenação da Editora Gráfica Universal por danos morais causados por publicação em um de seus periódicos, no ano de 1999, de matéria com foto de uma senhora que professava religião de origem afro. Filhos, viúvo e o espólio moveram ação de indenização em busca de ressarcimento financeiro que compensasse o prejuízo alegado. O recurso judicial só ganhou notoriedade e despertou sentimentos apaixonados com a alegação dos interessados de que a referida senhora, com 65 anos, teria morrido um ano depois, em razão da publicação. A despeito de o Tribunal de Justiça da Bahia ter decidido favoravelmente aos reclamantes, o valor inicial da indenização foi reduzido em um terço e não foi reconhecido por aquele egrégio Tribunal o nexo de causalidade entre a publicação e o falecimento, causado, segundo declarações, por infarto. No Brasil, o Datasus aponta que o infarto agudo do miocárdio é responsável pela morte anual de 59 mil pessoas, evidentemente sem que todas sejam causadas por “desgosto”. Ao contrário, boa parte dessas mortes poderia ser evitada se o paciente fosse rapidamente atendido da maneira correta. foram acrescidos ao fato, torna as partes requerentes ilegítimas para a indenização por estar na categoria dos direitos personalíssimos, destarte não suscetíveis de transmissibilidade por sucessão de qualquer espécie, inclusive hereditária. Mas a obtenção da conquista financeira, segundo a imprensa, chegou a ser comemorada pelo advogado responsável pela causa como “um momento histórico na luta dos negros na Bahia”. A razão no entanto nos leva a separar raça de credo neste caso, mesmo porque soa para além de uma suposta questão de intolerância religiosa, ao buscar ampliá-la para a discussão racial, o que de modo nenhum procede principalmente em se tratando da Igreja Universal do ArquivoTempV.doc 48D308B220 aplicação ao caso, se analisada sem os ingredientes da paixão e da pressão que *48D308B220* Além do mérito, questões de direito, como a disposta no Código Civil em Reino de Deus. Essa sim uma verdade, atestada pelo fato de que basta entrar em qualquer dos templos dessa igreja na capital baiana que logo há de se verificar uma quase predominância de afrodescendentes, inclusive pastores, visivelmente destacados pela cor da pele. Dados estatísticos apontam para um crescimento de quase 9 milhões de afrodescendentes evangélicos, somente nas igrejas de linhas pentecostais e neopentecostais, sendo que nesta última enquadra-se a Igreja Universal. Esse fato tem sido a prática do disposto no Pacto de São José da Costa Rica, do qual o Brasil é signatário, que utiliza expressões como “liberdade de mudar de religião e de crença”, ressaltando a possibilidade e o direito que qualquer pessoa tem de deixar um segmento religioso para adotar outro e assumir toda a sua liturgia. Os evangélicos não são intolerantes religiosos, muito menos adotam qualquer prática de discriminação racial. Ritmos de músicas originárias dos tambores africanos estão presentes em parte da liturgia evangélica atual. Senhor presidente, senhoras e senhores parlamentares, a lei é para todos. Para os que matam, para os que roubam, para os que sonegam, para os que discriminam, para os charlatões, para os que maltratam animais e para os que sacrificam seres humanos. Se erros e excessos foram ou estão sendo cometidos, há ainda espaço e religiosa. A intolerância religiosa que os evangélicos também sofrem no presente com perseguições em todos os continentes, notadamente na Ásia e na África, não pode ser contraposta ou recompensada por medidas reparadoras de fundo duvidoso. Não são os evangélicos que a cada dia são beneficiados com tombamentos de seus patrimônios religiosos sob a justificativa cultural. Não são os evangélicos que são beneficiados todos os anos com recursos públicos destinados a recuperar templos. ArquivoTempV.doc 48D308B220 tolerância e da paz entre as religiões, que favoreça plenamente a liberdade *48D308B220* tempo para o perdão e para a correção, num firme propósito de busca da No passado, a perseguição aos cristãos pelos religiosos da Palestina do 1º século e pelos romanos no resto do Ocidente resultou na maior expansão do cristianismo de todos os tempos, de modo que, segundo historiadores, em apenas três anos de perseguição a fé cristã já estava presente em quase todo o mundo da época. No século seguinte, os cristãos retribuiram a perseguição cuidando das vítimas romanas de uma peste que alastrou-se pelo império. Não, Senhor presidente, senhoras e senhores parlamentares, a doutrina e o sentimento evangélico não são intolerantes. Suportam até muito bem todas as afrontas graças àquele que os fortalece - Jesus Cristo. 48D308B220 *48D308B220* Muito obrigada. ArquivoTempV.doc