A história da Pesca com Mosca Por: Alejandro Antúnez (Índio) [email protected] Provavelmente existam tantos motivos para pescar quanto o número de pescadores espalhados pelo mundo. Mas quando falamos de pesca recreativa, podemos arriscar a dizer que esta é uma atividade de lazer (ou hobby) praticada por aqueles que procuram uma porta de escape para a pressão do dia a dia, principalmente pelas pessoas que habitam nos grandes centros urbanos. Podemos afirmar que esta atividade de lazer vai além da captura do peixe propriamente dita, dado que é praticada em ambientes naturais abertos, de uma beleza única. Isto é particularmente válido na Pesca com Mosca. Também é verdade que a pesca nos reconecta mentalmente com o nosso passado, quando dependíamos desta atividade para nossa sobrevivência. Seja qual for o motivo, a pesca nos fornece um espaço para poder relaxar, desviando nossa mente da rotina diária. É neste contexto que faremos uma recapitulação da historia da pesca esportiva, particularmente da Pesca com Mosca. Como veremos, este é um esporte com mais de 500 anos de história, que espero achem tão fascinante quanto eu quando comecei a coletar o material e pesquisar sobre cada detalhe deste artigo. Pensei inicialmente poder condensar a história da pesca com mosca em 2 ou máximo 4 páginas, mas acabei escrevendo um artigo com mais de 20 páginas, que não teria coragem de recortar sem omitir algumas informações relevantes. Mesmo assim sinto que devo ter deixado de fora alguns fatos importantes que incluirei em futuras revisões. Origens da pesca com vara e anzol na antiguidade: 7000 A.C. - 300 D.C. Ilustração Egípcia de aprox. 4,000 A.C. - É a imagem mais antiga que retrata a pesca com uma vara. Não sabemos a ciência certa quando o homem começou a pescar, mas sabemos através de alguns indícios que esta atividade se remonta pelo menos a uns 30,000 a 40,000 anos A.C. junto com a aparição dos primeiros anzóis. Ilustrações egípcias que datam do anos 4,000 A.C. representam claramente cenas de pesca utilizando varas com uma linha atada na ponta e um anzol. Na sociedade egípcia, a pesca esportiva era praticada pelos reis, príncipes e plebeus. Existem outras ilustrações sobre a prática da pesca com fins recreativos nos túmulos de Saqqara pertencentes ao “Antigo império” assim como em outros sítios do “Novo Império”. O museu do Cairo reúne uma ampla coleção de objetos relacionados com a pesca, entre eles varas e anzóis em vários formatos, que indicam o grau de sofisticação que atingiu este esporte no antigo Egito. Foram os gregos, mas especificamente o poeta Theocrito (ou Teócrito), que no ano 300 A.C. escreve a primeira obra literária que descreve a pesca com uma vara e um anzol. Ele relata um estilo de pesca “utilizando uma isca pendurada na extremidade da vara que atraía enganosamente o peixe”, existem bons motivos para pensar que este relato descreve à pesca como atividade de lazer já que a classe social à qual pertencia Theocrito definitivamente não precisava pescar para sobreviver. Ao redor do ano 200 A.C. os chineses introduziram as linhas de seda e anzóis feitos em metal. Ao redor do mesmo século, os macedônios pescavam com iscas artificiais feitas com pêlos e penas, cabe ressaltar que os anzóis feitos em metal só começariam a ser fabricados na Europa três séculos depois, durante da era de ferro. Mosaico descoberto em 1933 em Leptis-Magna próximo de Trípoli (Líbia) Data do 100-200 D.C. Retrata uma cena de pesca com uma vara flexível. Observe o desenho do ”copo” ou rede para a retirar o peixe da água. Em 200 D.C. Claudius Aelianus, escritor e professor de retórica romano relatou no seu livro “Natura Animalium” um estilo de pesca no rio Astracus praticado pelo povo da Macedônia utilizando iscas artificiais feitas com lã e penas que imitavam um inseto específico da região, outro fato interessante do relato é a descrição que faz dos peixes capturados por estes pescadores como “motejados com pintas pretas no exterior”, o que leva a pesar que os peixes fossem trutas. Este é um dos primeiros relatos de pesca com ou uso de iscas artificiais. Alguns autores interpretam estas criações feitas em lã e penas, como os precursores do que conhecemos hoje em dia como “jigs”. Já outros vêm neste texto a primeira descrição de uma “mosca” e provavelmente um dos primeiros relatos do estilo de pesca que conhecemos hoje em dia como “Pesca com Mosca”. Na América do sul pré-colombiana, por volta de 100 anos A.C. o povo Moche, retratou nas suas cerâmicas cenas de pesca com o uso de linhas e anzóis. Cenas de pesca que ainda podem ser presenciadas ao norte do Peru, onde os pescadores artesanais continuam empregando Cena de pesca em embarcações com linhas de pesca e anzóis. Imagem extraída de um vaso cerimonial da Cultura as mesmas técnicas de pesca no Moche (ou Mochica) 100 A.C. – 700 D.C. mar em pequenas embarcações feitas com juncos. Para o povo Moche, a pesca estava longe de ser uma atividade recreativa, era sim uma importante atividade econômica e de subsistência. Ainda na América Latina, uma modalidade de pesca com vara chamada de “pindasiririca” (pindá-anzol e siririca-ficcão) era praticada pelos índios da Amazônia na pesca do tucunaré, matrinxã e do apapá. A vara era feita com a madeira pindaíba, e a linha de tucum trançado no extremo da qual se atava uma espécie de “streamer” feito com pena de arara que revestia o anzol de osso ou madeira. A isca era arremessada n'água e recolhida com toques, imitando um pequeno peixe ferido ou em fuga. Lamentavelmente não existem documentos que nos permitam datar com precisão esta técnica de pesca, mas o fato de ter sido praticado pelos indígenas da Amazônia nos leva a pensar que esta modalidade de pesca com isca artificial existe no nosso continente desde a idade da pedra polida1. O surgimento da Pesca com Mosca - Europa da Idade-Média Ao começo do século XIII, um romance germânico escrito por Wolfram von Eschenbach menciona a captura de trutas e graylings utilizando “um anzol emplumado” (vederanglel). A partir de 1360 outros manuscritos mencionam este estilo de pesca como o preferido entre os plebeus. Ao inicio do século XV, um segundo manuscrito germânico mantido até hoje na abadia bávara de Tegernsee, descreve pelo menos dez diferentes tipos de moscas para capturar carpas, pike, bagres, lota, salmão, trutas e grayling. Primeira página do Tratado original escrito pela freira Dama Juliana Bernes em 1496. Um dos marcos mais importantes acontece na Inglaterra, em 1425. Dame Juliana Berners abadessa do convento beneditino em Sopwell publica vários manuscritos, que seriam impressos setenta anos mais tarde em 1496 sob o título “The Boke of Saint Albans”. Este livro ensinava aos cavalheiros da nobreza sobre alguns dos passatempos reservados a eles, tais como a caça, pesca o arco e falcoaria. Um dos tratados deste livro, o “Treatyse of Fysshynge wyth an Angle” (Tratado sobre a pesca com vara), é absolutamente decisivo para o desenvolvimento futuro não só da pesca com mosca, mas de pesca esportiva em geral. O tratado não estava voltado unicamente às técnicas e métodos de pesca, mas também abordava questões sobre a relação do pescador com a natureza. Este documento influenciou enormemente o desenvolvimento do esporte pelos seguintes dois séculos e se tornou fonte de inspiração para os futuros escritores. O livro sugeria que o pescador 1 José Verissimo, A PESCA NA AMAZÔNIA, pag 106, LIVRARIA CLÁSSICA DE ALVES esportivo deveria ser um admirador da natureza, filosofo e idealista. O esporte deveria ser desenvolvido até atingir a perfeição e o verdadeiro pescador deveria fabricar seu próprio material, incluindo varas, linhas e iscas. Quanto mais difícil for a captura do peixe, maior seria a satisfação do pescador. Um fato interessante, é que o livro descreve em detalhes como pescar truta e salmão utilizando moscas artificiais. Dame Juliana Berners tinha descoberto, entre outras coisas, uma regularidade sazonal dos insetos que habitavam os rios e lagos. Sua conclusão foi que em grande parte os peixes escolhiam seu alimento em função da disponibilidade destes insetos desenvolvendo doze padrões de diferentes “moscas”, uma para cada mês do ano. Outras provas apontam que esta pratica esportiva não estava limitada ao solo inglês. Além dos manuscritos alemães dos séculos XIII e XV mencionados anteriormente, temos dois importantes manuscritos espanhóis que datam do século XVI: No primeiro, escrito em 1539 por Fernando Basurto sob o titulo: “Diálogo dirigido ao Senhor Don Pedro Martinez de Luna Conde da Morata”, existe um pequeno tratado chamado “Tratadico de la Pesca”. Nele se descrevem métodos de pesca, receitas de atado e seu uso, bastante diferentes aos expostos por Dame Juliana 50 anos antes, o que é um indicador de que a pesca recreativa evoluiu simultaneamente em diferentes partes do antigo continente. Curiosamente o diálogo trata de um encontro entre um grupo de caçadores e um velho pescador onde cada um tenta convencer o outro que seu esporte é o mais completo. Trata-se de um diálogo muito similar ao que utilizaria 100 anos depois Izaac Walton. No seu livro “The Complete Angler”. O segundo, é o “Manuscrito de Astorga”, escrito Cópia da primeira página do Manuscrito por Juan Bergara em 1624. Esta é uma obra de Juan Bergara - 1624 muito diferente ao ”Tratadico”, pois contem uma Fonte: Club de pescadores Deportivos lista de “moscas” e os insetos que elas imitam. As rio Arga www.rioarga.org 33 receitas que formam parte do manuscrito estavam organizadas por mês, e de acordo com a ordem cronológica de aparição dos insetos durante o ano. O detalhe inclui a cor das penas, o corpo de seda, o “ribbing” de seda para a segmentação do corpo e até a cabeça. As penas descritas podem ser achadas até hoje na província de León (Gallos de León), região da Espanha com uma grande tradição mosqueira. Uma observação importante, é que nesta época a pratica esportiva da pesca está muito relacionada com a igreja e a nobreza europeia. Provavelmente pelo caráter espiritual e também pela questão de posse da terra e dos rios. Europa do século XVII - Inglaterra 150 anos após a publicação do tratado de Dame Juliana Berners, a Inglaterra se tornou de certa maneira o epicentro do desenvolvimento da pesca esportiva, e em particular da pesca com mosca. Podemos de fato atribuir aos Ingleses o título de ter desenvolvido muitos dos conceitos básicos sobre os quais se ergue o esporte: Além do desenvolvimento técnico (o conceito de “casting”, carretilhas, atado das moscas, etc.) os ingleses sentaram as bases do conjunto de valores que todo pescador com mosca deveria respeitar: “A pratica esportiva da pesca, com o um veículo de crescimento pessoal e em harmonia com a natureza”. Um dos marcos acontece em 1653, com a publicação da primeira edição do livro de Izaak Walton: “The Compleat Angler” 2 , com o subtítulo: “The Contemplative Man’s Recreation” (O pescador completo – A recreação do homem contemplativo). Através da conversa entre as duas personagens, o Sr. Piscator (o pescador) e o Sr. Venator (o caçador), Izaak Walton nos passa uma boa visão de como era praticada à pesca com vara na época. A tradição, definida anteriormente por Dame Juliana Berners é clara: A pesca foi feita para diversão. Como outra mostra de clara da conexão com a obra de Dame Juliana, a primeira edição do “The Complete Angler” incluía uma referência às 12 moscas do “Treatyse of Fysshynge wyth an Angle” Primeira página da edição especial do livro “The Complete Angler”, 200 anos após a publicação da primeira edição em 1653. O livro “The Complete Angler” também pode ser chamado do primeiro “manual da verdadeira pesca esportiva”. Ele descreve não só os hábitos alimentares de peixes e seus locais de descanso, mas também como atraí-los utilizando diversos tipos de iscas, e inclusive a forma de cozinhar e servir as capturas. Este livro já foi publicado em cerca 2 Veja o vídeo de James Prosek -‐ "The Complete Angler" de 400 novas edições em várias línguas, e tornou-se um dos clássicos da literatura sobre a pesca esportiva. Em 1676, o livro original foi ampliado por Charles Cotton, para incluir uma seção específica sobre pesca com mosca incluindo uma lista com mais de 65 moscas exclusivas para a pesca da truta. Na época de Cotton, já tinham sido observadas diversas variações regionais nos padrões dos insetos. Esta seção do livro foi considerada até o século XIX, como um progresso significativo na diversificação da pesca com mosca. O equipamento de pesca do século XVII era ainda muito primitivo e não muito diferente do empregado no século XV. As varas eram feitas de madeira, bastante longas e desajeitadas para os padrões de hoje em dia. A linha de pesca era fabricada com crinas de cavalo retorcidas e atadas geralmente na ponta da vara. Na década de 1660 começaram a surgir os primeiros anzóis fabricados com aço, mais resistentes e temperados ao calor. Os artesãos que manufaturavam agulhas se instalaram em pequenas cidades como Redditch, que se tornara um dos grandes centros na manufatura de anzóis. A posterior industrialização, tornou possível a produção em grande escala de anzóis mais finos e leves com uma qualidade homogênea. As guias de metal das varas apareceram no final do século XVII, esta invenção permitia um melhor controle da linha na hora de “trabalhar” o peixe fisgado, mas não tinha efeito nenhum na distância do arremesso devido a má qualidade das linhas utilizadas. As guias eram pouco confiáveis e acostumavam se desprender das varas sob pressão, motivo pelo qual foram pouco adotadas no começo. A evolução da pesca com mosca durante o século XVIII Apesar de que Dane Juliana e Walton/Cotton terem mostrado grande interesse pelos insetos que servem de alimento para os peixes, o primeiro livro dedicado à arte do atado só foi publicado em 1747. ”The Art of Angling” (A arte da pesca com vara) escrito por Richard Bowlker . Ele não só enumera uma lista de moscas (algumas desenhadas por ele), mas também demonstra certo conhecimento sobre entomologia e proporciona instruções básicas sobre o uso das mesmas. Uma destas, é a primeira menção à técnica de apresentação “rio acima”. Seu filho Charles Bowlker continuou a obra do pai, chegado a publicar um total de 16 edições até 1854. O progresso no século XVII também ficou evidente no material de pesca e na sua comercialização. Vejamos por exemplo as varas, no final do século XVII começaram a aparecer diferentes tipos de varas Página do ”The Art of Angling” – Edição de 1826 com ilustrações de moscas Fonte: “Two Centuries of Soft-hackled Flies” Sylvester Nemes assim como o material empregado na sua construção. Elas continuavam sendo muito longas: Em geral entre 15 e 17 pés (aprox. entre 4.5 e 5 metros). A medida padrão era de 12 pés (3.6 m) para as linhas feitas com crinas de cavalo que terminavam em dois ou mais pelos. As varas de 9 pés (2.7 m) eram para as linhas mais finas que terminavam num único pelo, elas eram feitas para à pesca com moscas “pequenas” e as de 17 pés (5 m) para a pesca de salmão. O bambu começou a ser utilizado na construção das ponteiras destas varas, especialmente das utilizadas na pesca do salmão. Em relação às linhas de pesca, a revolução industrial favoreceu muito a produção em massa, evitando que cada pescador tivesse que transar suas próprias linhas de pesca. As novas linhas eram em formato cônico, permitido arremessos com maior precisão e distância. Perto do fim do século começam a aparecer as primeiras linhas combinado crinas de cavalo e seda. As linhas ainda eram caras e bastante frágeis, pois o atrito com as guias as desgastava rapidamente. Carretilha do final do século XVIII - Com eixo central fino e ação simples As carretilhas só passaram a ser realmente úteis quando a qualidade das linhas começou a melhorar. As primeiras carretilhas eram utilizadas simplesmente para armazenar a linha e eram chamadas de “wheel” (roda) ou mais comumente de ”winch” (guincho). A carretilha foi mencionada pela primeira vez em 1651 no livro de Thomas Baker “The Art of Angling”. As ilustrações da época mostravam uma carretilha com um desenho bizarro feita em madeira muito utilizada na pesca do salmão na modalidade de “trolling”. Considerando o tamanho das trutas, a utilidade de uma carretilha era discutível. Se ainda consideramos a qualidade das linhas, deixar um peixe tomar “linha” não era uma boa ideia, logo a técnica mais utilizada para ”trabalhar” e “cansar” o peixe, era simplesmente utilizar a capacidade de flexão da vara e ir trabalhado o peixe da beira do rio, sob o risco da linha se cortar a qualquer momento. As primeiras carretilhas eram de péssima qualidade, o bronze geralmente empregado na sua construção era pesado e frágil. Em relação às moscas, no final do século XVIII muitos pescadores passaram a adquirilas nas lojas especializados, no lugar de atá-las eles mesmos. Se comparada com a evolução das varas e linhas, as moscas eram praticamente as mesmas que utilizaram Walton e Cotton, mas a inovação nesta área também não demoraria muito em chegar. O comércio em geral evoluiu muito colocando todo tipo de material ao alcance dos consumidores, a modo de exemplo, uma firma chamada Ustonson começou a fornecer uma ampla lista de materiais, na sua lista de clientes encontrava-se o rei George IV da Inglaterra. Século IX- XVIII – Japão Enquanto a pesca com mosca continuava seu desenvolvimento na Europa, em paralelo (e praticamente de maneira isolada) a pesca com fins recreativos seguia seu próprio curso isolado de desenvolvimento no Japão. Já existiam desde a época feudal duas escolas de pesca com mosca em água doce: Dobu (ou Korogashi) e Tenkara. Ambas utilizavam uma longa vara e uma linha atada no extremo, da mesma maneira como era feito na Europa nos séculos XVI e XVII A segunda escola Tenkara é a forma tradicional de pesca com mosca no Japão, A origem do nome ( テ ン カ ラ , "vindo ou caído do céu") tem várias interpretações possíveis, a mais aceita está relacionada com a maneira delicada de apresentar a mosca ou “kebari” na superfície dá água (“ke”-pena e “bari”–anzol). Vista desde a perspectiva do peixe, a mosca pareceria estar literalmente ”caindo do céu”. O termo Suzuki Harunobu Cena de pesca do Período Edo 1768-69 Tenkara ficou popularizado Fonte:Musem of Fine Arts -Boston recentemente, mas o estilo ainda continua sendo conhecido em algumas regiões do Japão como "kebari tsuri" (literalmente: Pescando com “mosca”). Mosca ou “kebari” utilizada no Tenkara O Tenkara tem uma longa historia apesar de ter sido muito pouco documentada. Sabe-se que era praticada desde os séculos VIII e IX por pescadores comercias na região das montanhas para a pesca de trutas (Amago e Yamame), uma variante deste estilo era praticada na zona das planícies para a pesca de Ayu pelos senhores feudais como uma forma de passatempo e ensino do Bushido durante os tempos de paz. Em 1878 temos a primeira referência escrita ao Tenkara num livro titulado “Diário da escalada do monte Tateyama” que inclui um relato de um pescador de trutas yamame desta região. O Tenkara foi originalmente concebido para a pesca de pequenas trutas (Amago e Yamame) e do char (Iwana) em pequenos riachos de montanha onde eles raramente atingem um tamanho superior a 40 cm. Dado que os peixes e os rios são relativamente pequenos não há necessidade de fazer longos arremessos ou de usar carretilhas para armazenar longas linhas de pesca. Uma vara comprida de bambu e uma longa linha permitiam apresentar a mosca com extrema precisão em qualquer ponto do arroio. Século XIX – A era Vitoriana e a chegada da pesca com mosca nos Estados Unidos A Pesca com Mosca continuou seu desenvolvimento na Inglaterra durante o século XIX e em particular durante a era Vitoriana (1837-1901) com o surgimento dos clubes de pesca e um número crescente de publicações sobre atado e técnicas de pesca. No sul da Inglaterra a pesca com “mosca seca” começa a adquirir uma reputação elitista como o único método aceito de pesca em águas calmas e claras do Rio Teste e os outros rios calcários (chalk streams) concentrados nos condados de Hampshire, Surrey, Dorset e Berkshire. Nestes rios, as algas crescem até a superfície, e era necessário desenvolver uma técnica que mantivesse a mosca e a linha na superfície da água. Este conceito foi o ponto de partida dos posteriores desenvolvimentos da pesca com mosca seca. Frederick M. Halfrod (1844-1914) Em 1841 George Pulman publica o livro “Vade Mecum of Fly-Fishing for Trout”. Em geral, Pulman sempre tem recebido o crédito de ser o primeiro em definir um método completo de pesca com mosca seca. Anos depois, em 1886 Frederick M. Halfrod consolida, define e argumenta a supremacia deste método de pesca como o único aceitável e “ético de pescar trutas nos “chalk streams” ingleses. Ele, mais do que ninguém, ficou associado ao advento da pesca com mosca seca e ao desenvolvimento e atado das iscas próprias para esta modalidade. Seus seis livros, combinados com sua poderosa personalidade, tiveram uma enorme influência neste período da história da Pesca com Mosca: “Floating Flies and How to Dress Them” (1886), “Making a Fishery” (1895), “Dry Fly Entomology” (1897), “Dry Flyfishing in Theory and Practice” (1899), “Modern Development of the Dry Fl”y (1910), e “The Dry Fly Man's Handbook “(1913). No entanto, não existia nada que impedisse o uso de mocas molhadas (wets) nestes rios calcários como foi comprovado posteriormente por George Edward MacKenzie Skues. Antigo colaborador de Halford no desenvolvimento dos métodos de pesca com mosca seca, Skues desenvolveu as técnicas de pesca com wets e ninfas. Para o espanto dos puristas, Skues escreveu dois livros: Minor Tactics of the Chalk Stream (1910) e The Way of a Trout with a Fly (1921), ambos livros influenciaram significativamente o desenvolvimento da pesca com moscas do tipo wet. Edward MacKenzie Skues (1858–1949) Ao norte da Inglaterra e na Escócia muitos pescadores preferiam a pesca com wets, um dos grandes proponentes desta modalidade foi escocês W.C. Stewart, que escreveu em 1857 o livro “The Practical Angler”. Neste livro, Stewart também defendia a técnica de pesca “rio acima” dado que oferecia várias vantagens, a primeira era a aproximação por traz do peixe fora do ângulo de visão, a segunda vantagem era que permitia imitar melhor a deriva do inseto rio abaixo, por último, uma vez capturado o peixe ele “perturbaria” menos os outros peixes que poderiam se encontrar rio acima. Stuart também opinava que o tamanho, formato e aparência da mosca eram mais importantes do que a imitação perfeita do inseto. Os colonizadores ingleses que chegaram ao continente norte-americano durante os séculos XVIII e XIX trouxeram naturalmente com eles o conhecimento e interesse pela pesca com mosca. O esporte já teria criado raízes firmes no final do século XVIII, e se pensa que para então já tenham existido lojas especializadas na venda de material e equipamentos para a Pesca com Mosca (ou simplesmente Fly). Devido ao espírito de liberdade das ex-colônias as atitudes e métodos do Fly estavam longe de serem tão rígidos quanto na Inglaterra, e os estilos de pesca com moscas secas e wets foram ambos rapidamente adotados e adaptados as condições de pesca locais. Como veremos na sequência, o espírito americano imprimiu um novo ritmo ao desenvolvimento do esporte. Durante o século XIX, a pesca com mosca passou por mudanças dramáticas no que se refere ao desenvolvimento do equipamento, assim como pelo crescente interesse pela entomologia e a criação de novos desenhos ou “padrões” de moscas. Criou-se se certa maneira o misticismo que rodeia este estilo de pesca até hoje em dia. Grande parte do desenvolvimento obedece ao crescente interesse dos americanos pelo esporte, interesse que traria um grande impulso e daria origem a muitas inovações. Em relação as varas, a tendência durante o século XIX continuou sendo a diminuição do comprimento e a incorporação de novos materiais e técnicas de construção das varas. Em 1845 um fabricante de violinos americano da Pensilvânia, Samuel Phillipe, fez a primeira vara colando tiras de bambu (ou em inglês split cane). Esta técnica foi inovadora, pois ela permitia através da construção melhorar as qualidades mecânicas do material em termos de resistência e flexão. Anos depois, elas começaram a ser produzidas em massa pelos americanos Charles Orvis e Hiram Leonard. Ao longo do tempo, as varas de bambu foram adquirindo características superiores de arremesso e peso, a tal ponto que na virada do século, os Ingleses passaram a importá-las dos Estados Unidos. As varas inglesas da época eram longas, pesadas e rígidas, assim as varas americanas vieram não só para substituir as inglesas, mas também para preencher o espaço necessário para o desenvolvimento da pesca com ninfa. Anos depois em 1872, os irmãos William e John James Hardy começaram a fabricar na cidade inglesa de Alnwick varas de bambu nos mesmos padrões de qualidade. Além do desenvolvimento do efeito “multiplicador”, o desenho das carretilhas tinha mudado muito pouco desde a época de Walton e modelos do inicio do século XIX eram bastante inadequado. O mercado era dominado por carretilhas com cilindros compridos e o eixo fino. Acredita-se que seja o fabricante americano de relógios, George Snyder de Paris, Kentucky quem tenha começado a produzir as primeiras carretilhas de qualidade entre 1805 e 1810. Em 1891 a Hardy patenteia o “Perfect Reel”. O desenho de Foster Hardy resistiria ao teste do tempo e, embora tenha havido uma ou duas pequenas alterações, o mesmo modelo básico é fabricado ainda hoje. Ao longo de sua história, a Hardy foi responsável por alguns dos importantes avanços no desenho de carretilhas tais como introdução de rolamentos, e a carretilha com eixo largo o ”Large Arbor” (1911). Assim como aconteceu com as varas e carretilhas, as linhas de pesca também tiveram uma rápida evolução com a introdução das linhas de seda oleosas, elas permitiram triplicar a distância do arremesso. A pesca com Mosca tal como a conhecemos hoje em dia, estava começando a tomar forma. “Perfect Reel” da Hardy -1891 Em paralelo com a e evolução do material, a Pesca com Mosca estava também se tornando uma ciência. Alfred Ronald foi o primeiro autor a apontar a importância de entender o ciclo de vida dos insetos e a sua correspondência como fontes potenciais de alimento para os peixes. Seu livro “Fly Fishers Entomology” publicado em 1836 foi a primeira descrição entomológica dos insetos na natureza e seus equivalentes imaginários nas “moscas”. O livro de Ronald preciosamente ilustrado despertou o interesse pelo estudo dos insetos, e rapidamente os pescadores passaram a se preocupar em imitar com a maior precisão possível os insetos dos quais dos peixes se alimentavam. Página do Livro “Fly –Fisher Entomology” de Alfred Ronald -Edição de 1836 com ilustrações de insetos e suas imitações Estados Unidos 1900-1945 – A era de Ouro americana - Escola Catskill e a introdução da truta marrom Por volta de 1850 O Fly começou a tomar relevância nos Estados Unidos principalmente nas regiões orientais do país. Em 1887 foi publicado o livro “Fly Fishing and Fly-Making” de John LI. Keene. O objetivo era mostrar que os Estados Unidos tinham atingido a um nível de desenvolvimento superior do que os europeus poderiam imaginar e que, apesar da sua entrada tardia na história da pesca, o refinamento das varas, carretéis e linhas tinha sido levado por eles muito à frente da Europa, principalmente da Inglaterra. Este notável conjunto de inovações deslocaria o centro de gravidade do desenvolvimento do esporte para os Estados Unidos. Os rios Neversink e Beaverkill localizados nas montanhas Catskill no estado de Nova Iorque se tornaram o equivalente americano dos rios calcários ingleses, e são hoje em dia os rios clássicos para a pesca com mosca nos Estados Unidos. Na Europa e na Inglaterra os pescadores de Fly visavam como objetivo a truta marrom. No entanto esta espécie não existia nos Estados Unidos, no seu lugar, os americanos pescavam a truta de arroio (brook trout) nos estados do leste e o steel-head e a truta cutthroat (garganta cortada) no lado oeste. Com a crescente popularidade da pesca, os suprimentos de trutas declinaram em particular o da truta de arroio. A necessidade marcou o início do desenvolvimento das técnicas de introdução e manejo de espécies “estrangeiras” ou exóticas. Durante os anos 1880 algumas trutas começaram a serem importadas da Europa para repovoar os rios americanos, as primeiras trutas marrons foram importadas da Alemanha. Na medida em que as trutas marrons, e posteriormente as arco-íris, eram introduzidas nos rios americanos, a pesca se torna cada vez mais difícil. A técnica de pesca “rio abaixo” usando moscas wets se tornou ineficiente. Estas “novas” trutas não eram fáceis de enganar e os pescadores se viram obrigados a reavaliar seus equipamentos e técnicas de pesca. O escritor Theodore Gordon foi quem sabe uma das pessoas que mais contribuiu ao desenvolvimento da pesca com mosca nos Estados Unidos. Ele era uma pessoa solitária que por volta de 1905 se estabeleceu em Neversink, NY para poder atar suas moscas e pescar tranquilo. Ele escrevia artigos que publicados nas revistas Forest and Stream (EUA) e Fishing Gazette (Inglaterra) sob o pseudônimo de “Badger Hackle”. Ele também se correspondia frequentemente com Halford e Skues. Através desta correspondência com dois dos grandes homens do Fly, ingleses lhe permitia se manter atualizado sobre o desenvolvimento da pesca com mosca na Inglaterra. Theodore Gordon (1854-1915) No fim do século XIX, Gordon obteve umas 50 moscas de Halford atadas para às condições dos rios ingleses. Como todo bom atador, Gordon começou a atar suas próprias moscas utilizando as técnicas de Harlford, mas imitando as moscas dos rios onde ele pescava. Gordon acabou criando muitos padrões únicos, entre os mais famosos o “Gordon Quill”, ele também desenvolveu os chamados “bumble-puppies”. Estas moscas foram os predecessores dos padrões “bucktail”. Gordon sentou os alicerces da chamada Escola “Catskill” que acabou tendo um enorme impacto no atado de moscas nos Estados Unidos. O fanatismo inglês pelas moscas secas nunca chegou aos Estados Unidos, onde tudo pelo contrário, ouve sempre um espaço aberto para experimentar novas possibilidades. Como resultado as moscas americanas sempre foram mais “robustamente” atadas do que suas contrapartidas britânicas. Outro americano que adquiriu um lugar de destaque na história do Fly é George Michel Lucien LaBranche. Em 1914 publicou seu primeiro livro: “The Dry Fly and Fast Waters”. Ele é considerado por esta e outras razões como o homem que popularizou a pesca com mosca seca nas águas rápidas dos Estados Unidos. Ele difere em vários aspectos das teorias de Halford, que foram especificamente criadas para os chalk stream ingleses. A técnica de pesca de LaBranche diferia em vários aspetos da Escola “Catskill”, a principal diferencia estava no tamanho e na aparência mais “cabeluda” da mosca, que aumentava sua flutuação tornando-a mais visível ao peixe. LaBranche formava parte do grupo de pessoas que desenvolveram as técnicas de pesca do salmão utilizando moscas secas. Da esquerda à direita: Lucien LaBranche (1875-1961) e Edward Hewit (1866-1957) Em geral, nesta época surgiu nos Estados Unidos uma maior diversidade de tipos de pesca e moscas do que na Inglaterra. A modo de exemplo, um tipo especial de moscas wets, chamadas de bucktails e streamers, foram desenvolvidas nos Estados Unidos durante os anos 1920 como refinamentos das wets clássicas. Os pescadores americanos observaram que moscas wets com corpos dourados ou prateados eram confundidas com presas. Gradualmente apareceu uma grande variedade de padrões de bucktails (ou também como são chamadas hairwing flies) e de streamers (featherwing flies) que de um jeito ou outro acabam imitando pequenos peixes de diferentes espécies e em diferentes estágios de crescimento. Outro americano, Edward Ringwood Hewitt também exerceu uma grande influência no progresso da Pesca com Mosca no período entre as duas grandes guerras. Ele foi contemporâneo de LaBranche e defendia o desenvolvimento da pesca com mosca (e do pescador) em três fases: 1) Capturar tantos peixes quanto seja possível 2) Capturar o maior peixe 3) A captura do Peixe mais difícil . Ele também defendia a importância da “apresentação” da mosca, e sustentava que era sempre melhor carregar um número reduzido de moscas e saber apresenta-las corretamente. Assim como Gordon , Edward mantinha correspondência com Halford e Skues através da qual se mantinha atualizado sobre os desenvolvimentos ingleses na pesca com moscas secas e ninfas, respectivamente. Na obra escrita por Edward, ressaltam dois livros: A Trout and Salmon Fisherman for Seventy-five Years (1948). Mas este período entre as guerras não foi dominado exclusivamente pelos americanos, alguns notáveis ingleses contribuíram ao progresso do esporte. Um deles, era o britânico Frank Sawyer, administrador de um rio e inventor de moscas que são um marco histórico no desenvolvimento do Fly, tais como, a ninfa Pheasant Tail. Outro pioneiro da Pesca com Mosca nos Estados Unidos foi James E. Leisenring. Como os anteriores, ele trocava correspondência com Skues e no período da segunda guerra publicou o livro Tying the Wet Fly (1941) apesar de ser um livro pioneiro em termos da pesca com moscas wets e ninfas o autor e sua obra só receberam o devido crédito muito tempo depois. James introduz o conceito de flymph para representar o estado de transição da ninfa para o adulto (ou eclosão). Frank Sawyer (1906 – 1980) Os rios das montanhas Catskill continuaram ocupando um lugar importante no desenvolvimento da pesca com mosca nos Estados Unidos até o final do século XX. Muitas pessoas contribuíram no esforço para identificar os insetos e desenvolver moscas para imitá-los. O trabalho desenvolvido nesta região sentou as bases de toda escola de imitação americana. Seguido de um processo de aperfeiçoamento e otimização do número de imitações até chegar a uma lista de aproximadamente 10 padrões para o atado. O período pós-guerra 1945-1960 James E. Leisenring É precisamente neste momento que a história da pesca com mosca, pode ser dividida em "antes e depois". A Segunda Guerra Mundial traz consigo o surgimento de novos e revolucionários materiais tais como o grafite, boro e as ligas ultraleves utilizadas na indústria aeroespacial. Estes materiais iriam se juntar a outros já existentes para trazer uma série de inovações no material de pesca. Estas inovações junto com a popularidade alcançada pelo esporte colocariam os Estados Unidos numa posição privilegiada para produzir importantes inovações. Ao redor de 1946 a fibra de vidro irrompe na indústria das varas para Fly, as varas fabricadas com este material eram confiáveis, econômicas e com um desempenho muitas vezes superior as similares de bambu, sem contar que elas podiam ser fabricadas em massa. A fibra de vidro assim como as resinas sintéticas já tinham sido descobertas ao início dos anos 90. Mas estes materiais só começaram a ser utilizados na construção de varas posteriormente, e meio que por acidente. O Dr. Arthur M. Howald era na época diretor técnico de uma empresa e estava trabalhando num projeto de canos de fibra de vidro para o exército, mas ele também era um grande aficionado à pesca. Quando quebrou a ponteira de uma fina vara de bambu, ele decidiu experimentar substituindo-a por uma feita com fibra de vidro, observando os incríveis resultados partiu para um projeto de construção de uma vara completa feita de fibra de vidro. Em 1946, o projeto foi parar na mesa da Shakespeare Rod Co. Quem acabou lançado pouco tempo depois o primeiro modelo comercial chamado de “Wonder Rod”. O processo de fabricação destas varas é ainda conhecido como processo “Howald”. Encarte de revista da “Wonder Rod - 1952 Mas as varas de pesca não foram as únicas em experimentar um vertiginoso desenvolvimento. O Nylon que já tinha sido inventado em 1930 veio substituir os líderes feitos com seda, oferecendo maior resistência e transparência. O Nylon também traçou o caminho para a substituição das antigas linhas de pesca feitas com crinas de cavalo e seda trançada. Nos anos 50 a Scientific Anglers de Midland, Michigan já fabricava uma linha com um núcleo de Dacron e revestida por uma camada de poliamida. Este novo tipo de linha não precisava dos cuidados extremos que requeriam as linhas de seda ao mesmo tempo em que deslizavam melhor entre guias das varas de pesca. Os desenhos foram sendo aprimorados para oferecer diferentes tipos de distribuição do peso ao longo da linha. Todo este desenvolvimento técnico e material esteve acompanhado de um crescente interesse por entender a natureza. Como resultado deste processo, temos um período de uma abundante produção de material bibliográfico. Os livros dedicados à entomologia pretendiam dar explicações mais concretas sobre a natureza e comportamento dos insetos, ao mesmo tempo em que as técnicas de atado, arremesso e apresentação também eram aperfeiçoadas. Se abríssemos uma caixa de moscas dos anos 1950, viríamos um conjunto de padrões de uso geral, não adaptadas as condições específicas de pesca para as quais elas deveriam de servir. Por aquela época, muitos dos aspetos da vida dos insetos ainda eram desconhecidos assim como a arte de imitá-los através do atado. A literatura viria para preencher esta lacuna no conhecimento: • Em 1947 Art Flick publica seu livro mais importante “Stream-side guide to naturals and their imitations” nele descreve vários tipos de “Mayflies” naturais e os modelos para imitá-las. Capa da revista Field & Stream dos anos 50. As publicações passam a promover destinos de e bens de consumo voltados para a pesca • Em 1950 Vincent Marinaro publica “A Modern Dry Fly Code” e posteriormente em 1976 “In the Ring of the Rise”. Ambos livros tiveram um tremendo impacto conceitual. O primeiro livro abria um novo panorama para imitação de iscas incorporando os insetos terrestres e suas imitações. Estes insetos constituíam uma parte importante da dieta das trutas nos rios do centro-sul da Pensilvânia nos quais Vincent pescava frequentemente. O segundo livro trouxe o conceito da ”Janela de Visão” que influenciou muitas das técnicas de apresentação da época. Marinaro insistiu na importância da “silhueta” da mosca criando as chamadas asas “torácicas” muito utilizadas hoje em dia. • Em 1952 foi publicado na Inglaterra o livro “Angler’s Entomology” escrito por John Robert Harris, este livro continha uma descrição moderna e muito bem ilustrada de todos os insetos que serviam de alimentos para as trutas nas ilhas britânicas. • Em meados dos anos 50, aparece o primeiro livro que tratava das eclosões de insetos dentro de um determinado ecossistema. Ernest George Schwiebert publica em 1955 seu livro “Matching the Hatch” contendo com uma descrição sistemática e precisa dos insetos que habitam as águas americanas. Este famoso estudo estava muito à par dos livros publicados na Inglaterra e Irlanda. Entre 1950 e 1954 o centro de atenção da Pesca com Mosca nos Estados Unidos começa a mudar das montanhas Catskill para o vale Cumberland na Pensilvania. E posteriormente para o oeste aos estados de Montana e Califórnia, onde se desenvolve uma nova cultura mais eclética e irreverente. Os atadores do oeste Americano começaram a desenvolver os grandes attractors, wets e moscas secas que longe de imitar o alimento natural dos peixes exploravam o instinto impulsivo de alimentação dos peixes. Os mosqueiros de San Francisco desenvolveram durante este período as linhas de pesca shooting-head, mais apropriadas para arremessar iscas maiores a grandes distâncias nos rios mais largos do oeste americano. Tempos modernos 1970-2000 A teoria, pratica e equipamento sofrem uma tremenda influencia das ilhas Britânicas, de certa maneira o esporte volta a suas origens, na Inglaterra. Em 1973, aconteceria um novo salto tecnológico na construção das varas com a entrada do grafito. A Fenwick Rod Co. de Wetminster, Califórnia fez o primeiro protótipo e lançamento comercial. Estas varas eram extremamente rápidas, confiáveis e resistentes, causando um profundo efeito no mercado que perdura até hoje. Mesmo com a posterior entrada das varas de boro em 1980, as varas de grafito continuaram se aperfeiçoando passado a serem fabricadas em diferentes “graus”. Como acontece com a entrada de qualquer nova tecnologia, a anterior não é completamente substituída ou abandonada. Assim, nos anos 80 temos um ressurgimento do espírito dos anos 60 e muitos pescadores passam a apreciar novamente as finas varas fabricadas a mão com o bambu Tonkin (Arrundalia amabilis) segundo o método “split-cane” e alguns outros ainda preferem a antiga e nobre vara fabricada com fibra de vidro. Nos anos 80 também testemunhamos uma explosão da Pesca com Mosca como um esporte global, praticado em qualquer lugar e época do ano. Este apelo de marketing provoca um intenso desenvolvimento comercial, não só do equipamento mas também da demanda por serviços de turismo e do surgimento de guias profissionais. A pesca em água salgada também se desenvolve rapidamente e se torna extremamente popular com turistas procurando troféus em destinos turísticos tais como México, Costa Rica, Cuba e Venezuela. Marlim de 52 kg capturado no “Fly “na Bahia de Magdalena, México Entre os anos 80 e 90 e como resultado de um processo de seleção genética, os atadores de moscas podem contar pela primeira vez na história com uma abundante oferta de materiais de primeira qualidade, especialmente dos colares ou hackles de galos. Começa também o surgimento de uma nova geração de materiais de atado sintéticos que abrem novas perspectivas na elaboração de iscas. Mas o esporte também começa a adquirir um apelo cada vez mais forte em prol da conservação. A famosa frase de Lee Wulff dos anos 40: “Os peixes são demasiado valiosos para ser capturados uma vez só” começa a tomar força e o lema de “catch and release” (Pesque e solte) se torna cada vez mais frequente entre os pescadores esportivos e vira o lema dos pescadores do século 20 como um meio para reduzir a depredação de algumas espécies esportivas. No final de século 20, o esporte já se tornou global ultrapassando as fronteiras das ilhas Britânicas e dos Estados Unidos. Os pescadores passam a procurar não só destinos mais longínquos mas também espécies de cada vez mais exóticas. Novos equipamentos, técnicas e literatura foram desenvolvidas criando um novo universo da Pesca com Mosca em expansão. Origens da pesca com mosca na América Latina O surgimento da Pesca com Mosca no nosso continente está intimamente relacionado com a introdução e adaptação dos salmonídeos. As primeiras introduções ocorreram ao início do século XX na Argentina (1904) e no Chile (1905) e posteriormente na Colômbia, Equador e Peru em 1920, Venezuela (1930), Bolívia (1940) e Brasil (1949). Após esta primeira fase, a prática do Fly estendeu-se para outras espécies nativas de água doce tais como o tucunaré, traíra, matrinxã e dourado, assim como para a pesca de espécies de água salgada tais como o robalo, ubarana-rato (bonefish), atum e o marlim. Sendo hoje em dia somos um dos continentes mais privilegiados em termos de variedades de peixes para a pratica do Fly. Introdução dos salmonídeos na América do Sul Argentina e Chile – Entre 1850 e 1880 houveram varias iniciativas de imigrantes, donos de estâncias, de empresa privada e dos governos argentino e chileno de introduzir salmonídeos a partir de ovos trazidos diretamente do hemisfério norte. Dado o alto valor comercial, o objetivo inicial era adaptar estas espécies para estabelecer populações estáveis de trutas na patagônia, tanto para a pesca esportiva como para a alimentação. Estas primeiras experiências foram basicamente um rotundo fracasso. Entre 1883-1888 Dona Isidora Goynechea de Cousiño (Viúva do Industrial do carvão Luis Cousiño) conseguiu realizar o sonho do marido instalando a primeira piscicultura de trutas Fario no rio Chivilingo a partir de ovos trazidos diretamente da Europa. Utilizado a assessoria técnica de um especialista escocês, eles conseguiram introduzir com êxito algumas destas trutas nos rios do Golfo de Arauco. Lamentavelmente Dona Isidora acabara falecendo em 1897 em Paris, sem puder apreciar os resultados da sua obra. Durante suas varias expedições à Patagônia, o argentino Francisco Pascasio (Perito) Moreno teria sido o primeiro em avaliar a possibilidade de incorporar estas espécies nos rios e lagos da região. Segundo os registros oficiais argentinos, a primeira introdução com êxito de trutas aconteceu em 1904 graças aos esforços dos americanos John W. Titcomb e posteriormente Eugene Tulián, ambos contratados pelo governo argentino para realizar a visão de Perito Moreno. A primeira introdução foi a partir de ovos de truta de arroio (Salvelinus fontinalis), truta de lago (Cristovomer namaycush), salmão encerrado (Salmo salar sebago) e whitefish (Coregus clupeaformis) trazidas do estado de Nova Iorque, USA. Os primeiros alevinos foram soltos nos lagos Nahuel Huapi, Traful, Espejo e Francisco Pascasio (Perito) Moreno Gutierrez. Nos anos posteriores, houve outras (1852-1919) importações adicionais de ovos das mesmas espécies vindos dos Estados Unidos, Canadá, França, Bélgica, Inglaterra e Alemanha, e foram adicionadas novas espécies tais como: trutas arco-íris, marrons e algumas espécies de salmões do pacífico e do atlântico. Em 1905, quase que simultaneamente com a primeira introdução de sucesso na Argentina, o governo chileno encomenda ao biólogo e conservacionista Federico Albert Taupp e com o suporte dos piscicultores Rodolfo Wilde e Pedro Golusda a construção de uma piscicultura no rio “Blanco”, um afluente do Aconcangua. Os primeiros ovos das espécies salmão salar, salmo truta e irridens foram importados da Alemanha, os peixes foram distribuídos em vários rios do sul do Chile. Em 1910 foram registradas as primeiras capturas de exemplares vindos desta piscicultura, confirmado o êxito do projeto. Após este primeiro sucesso o governo decidiu construir entre 1910 e 1914 outras pisciculturas nos rios Maullín, Cautín e Lautaro para expandir os alcances do projeto para outros rios do Chile, sempre sob a assessoria de Pedro Golusda. Em 1924 o Chile começa a experimentar com a introdução de salmões provenientes do Alaska: Orconchynchus tachsryscha, Orconchynchus nesca, Orconchynchus kisutch entre outros. Quase 100 anos após todos estes esforços, cinco espécies de salmonídeos estão firmemente estabelecidas em todas as bacias fluviais da Patagônia, com populações residentes que completam 100% dos seus ciclos de vida em água doce. As espécies mais comuns são a Arco-Íris, a Marrom e a truta de Arroio. As outras duas: O Salmão encerrado e a Truta de Lago, existem em áreas mais restritas. Já as espécies anádromas 3 tais como o salmão Chinook, o Coho e o do Atlântico connseguiram de adaptar às bacias chilenas. Originalmente introduzidas para a criação 3 Wikipedia: (Anádroma) Anádromos são os peixes ou outros animais aquáticos que se reproduzem em água doce mas se desenvolvem até à forma adulta no mar em cativeiro, alguns exemplares conseguiram escapar ocupando alguns rios de água doce (Corcovado, Pico e Futaleufú na província de Chubut) e inclusive migraram através do estreito de Magalhães chegando até a bacia do rio Santa Cruz. Neste rio, tem sido identificada uma espécie anádroma da truta Arco-Íris chamada de Stealhead. cuja origem se remonta as primeiras introduções de trutas Arco-Íris provenientes da California, USA. As correspondentes espécies anádromas da truta Marrom (ou Sea Trout) sustentam as pesca esportiva nos Rios Gallegos, Santa Cruz e Rio Grande no extremo sul da patagônia conhecida como a “Tierra del Fuego”. A introdução da truta no Brasil - A introdução de salmonídeos no Brasil teve como objetivo o incremento da pesca esportiva e do turismo, justificadas principalmente, pela ausência de espécies ícticas nativas nas regiões de montanha. Cabe ressaltar, que a diferença dos outros países, no Brasil a introdução sempre esteve limitada à truta arcoíris. Após concluídos os estudos de viabilidade, o médico veterinário Dr. Ascânio de Faria recebeu em 1949 o primeiro lote de ovos embrionados de truta arco-íris, provenientes da Dinamarca. O local escolhido para a primeira soltura de alevinos foi o Planalto do Sertão da Bocaina, Bacia do Rio Bracuí, município de Bananal, SP. Dos 5.000 ovos embrionados importados inicialmente, apenas metade sobreviveram e foram introduzidos nos rios Jacu Pintado e Bonito (formadores do rio Bracuí). No ano seguinte, Estação experimental de Salmonicultura em 1950, foi criado o Posto de Biologia e de Campos do Jordão - SP Criação de Trutas, à margem do rio Jacu Pintado. Em maio do mesmo ano, foram recebidos mais ovos embrionados da Dinamarca, que foram incubados nas instalações deste posto e os alevinos liberados em alguns rios das bacias do Bracuí e Mambucaba, ambos na vertente Atlântica da Serra da Bocaina. O Sucesso da aclimatação da truta na Serra da Bocaina incentivou pesquisas para sua introdução em outras regiões do país. Em 1952 se iniciaram os trabalhos de introdução da truta no Rio Macaé (RJ) e em 1953 pesquisadores da Ex-Divisão de Proteção e Produção de Peixes e Animais Silvestres iniciaram pesquisas da qualidade da água em alguns rios da região de Campos do Jordão (SP). Posteriormente em 1983, se iniciaria o povoamento de rios no Estado do Rio Grande do Sul, novamente com o intuito de incentivar a pesca esportiva e o turismo a região. O posterior interesse comercial incentivou a introdução das trutas em ambientes de cativeiro, hoje em existem no Brasil arredor de 120 truticulturas distribuídas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo, e duas estações de pesquisa experimentais: a Estação Nacional de Truticultura, em Lajes (SC); e a Estação Experimental de Salmonicultura “Dr. Ascânio de Faria” do Instituto de Pesca da Secretaria de Agricultura de São Paulo, localizada em Campos do Jordão (SP). Dos primeiros pescadores ao apogeu da pesca com mosca no hemisfério sul No inicio do século XX já era possível encontrar pescadores com mosca nos rios e lagos andinos. Não é de surpreender que os primeiros pescadores desta disciplina fossem os Ingleses e seus descendentes radicados no Chile e na Argentina. Nestes primeiros anos, a técnica preponderante de pesca era ainda o “bait”, no entanto uma geração importante de pescadores, principalmente argentinos e americanos, iriam provocar uma mudança radical que acabaria tornando a patagônia um dos principais destinos mundiais da Pesca com Mosca. José Evaristo (Bebé) Anchorena e seu inseparável companheiro de pesca Jorge Dónovan foram os primeiros pioneiros na pesca com mosca na Argentina. Mas ela só adquiriu proporções internacionais após 1955 com a visita dos americanos Joe Brooks e Charles Radziwill que trouxeram na bagagem toda uma nova geração de equipamentos, moscas e técnicas que serviram como base para o desenvolvimento da Pesca com Mosca neste país. Assim como os americanos 50 anos antes, os Argentinos absorveram e adaptaram estas técnicas e as moscas a suas condições particulares de pesca nos rios e lagos Patagônicos. Da esquerda à direita: “Bebé” Anchorena, Jorge Dónovan, Joe Brooks e Charles Radziwil Na bagagem Brooks e Radziwil trouxeram a primeira mosca “blonde” que em março de 1961 “Bebé” utilizaria para fisgar na boca do Rio Chimehuín a famosa truta de 11 quilos que criou a famosa “Febre da Boca” e alimentaria aquela corrida pela pesca dos grandes peixes na Patagônia. Posteriormente, outros importantes convidados, entre eles Mel Krieger (1928- “Bebe” Anchorena e a famosa “La de los once” o recorde 2008), iriam promover ainda mais a mundial capturado no dia 2 de março de 1961 na Boca do Rio Chimehuín patagônia argentina e chilena como um dos principais destinos mundiais da Pesca com Mosca ao mesmo tempo que contribuíram ao desenvolvimento sustentável desta atividade esportiva. Os pioneiros da Pesca com Mosca no Brasil– No Brasil o Paulo César Domingues da Silva é apontado como um dos primeiros Pescadores com Mosca do nosso país. Conforme entrevista concedida ao site www.pescacommosca.com.br Paulo César indica que ele começou a ter conhecimento desta modalidade de pesca por volta do final dos anos 40 através de publicações americanas como a Outdoor Life, Sports Afield e Field & Stream. Além dos livros “Pescando com Mosca” e Histórias de um Pescador”, Paulo César publicou em 1993 um vídeo chamado “O ABC do Fly” que foi um grande marco de divulgação desta prática no Brasil. Paulo César junto com Carlos Roberto “Beto” Saldanha talvez tenham sido dois dos grandes percursores da pesca com mosca no nosso país. Beto Saldanha em conjunto como o Karkour Seyoufi (mais conhecido como “Gregório”) são hoje em dia os dois consagrados “rodmakers” do Brasil, como são chamados os construtores de “caniços” ou varas de bambu. Em nossas pescarias, Beto nos acostuma deleitar com suas histórias sobre a introdução deste esporte no Brasil. Segundo o Beto, o interesse por esta modalidade de pesca apareceu por volta do ano de 1962, quando caiu nas suas mãos uma edição da revista Field & Stream (Publicação americana, fundada em 1895) com um artigo sobre a pesca com mosca. Em 1968 ele conseguiu comprar o primeiro equipamento para a pesca com mosca de um americano que estava de volta para seu pais de origem. Já tendo observado a adaptação e disponibilidade da truta no Macaé de Cima ele partiu para sua primeira aventura com um mínimo de conhecimento sobre a pesca com Fly. Mais recentemente, Rubens de Almeida, o “Rubinho”, trouxe para TV a pesca com mosca e foi um grande vetor de desenvolvimento e divulgação deste esporte. Ainda há muitos pescadores, instrutores e “atadores de moscas” que foram fundamentais para o esporte no Brasil, entre os quais ressaltar além dos já mencionados: Adalberto Francisco de Oliveira “Betinho”, Gustavo dos Reis Filho “Gugu”, Luiz Fernando Pinheiro (†9 de Maio, 2011), Marco Valério da Costa e Gerson Kavamoto, entre outros. Com base nas informações de emissão de licenças de pesca amadora no Brasil, estimase que hoje em dia existam entre 10 e 12 mil praticantes de Fly no Brasil. Um numero ainda reduzido se comparado com o total de pescadores estimado em 287 mil4. Mas é um segmento que ano após ano vem conquistando cada vez mais adeptos. 4 Total de licenças de pesca amadora entre Maio de 2010 e Junho 2011, Fonte: Ministério de Turismo e Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). A Pesca com Mosca hoje em dia A Pesca com Mosca é hoje em dia um esporte amplamente difundido em todos os continentes: Desde a antiga Europa ao continente Asiático, as Américas e inclusive o continente Africano. Esta é uma modalidade com mais de 500 anos de historia, que ainda está em constante evolução onde novos materiais técnicas de pesca e atado são descobertos a cada ano, mas sempre mantendo suas tradições e origens trazendo de volta as formas clássicas de pesca com vara de bambu ou a modalidade de pesca japonesa, o Tenkara. Cena moderna de pesca, novas gerações estão começando a descobrir io esporte – Pesca com Fly no Rio Chimehuín Alto – Província de Neuquén, Argentina A Pesca com Mosca também está abandonando aos poucos seu caráter elitista, permeando uma ampla variedade de peixes além dos clássicos salmonídeos como a truta, o grayling e o salmão. Mas ela ainda conserva o espírito esportivo e o caráter conservacionista inspirado nos primeiros textos escritos por Dame Juliana Berners. A evolução da pesca com mosca: Além da Truta e do Salmão – A partir de 1993, começou-se a descobrir que existiam uma variedade incrível de peixes de água doce que atacavam streamers , imitações de formigas, içás, gafanhotos e outros insetos. Desde então, muitas outras espécies de peixes presentes na América do sul são pescadas utilizando moscas, entre eles: Dourados, tucunarés, matrinxãs, piabanhas, piraputangas, bass, pirapitinga, bicudas, cachorras, corvinas, jatuaranas, aruanãs, apaiarís, lambaris, tilápias, pacus, tabaranas, trairas, trairões, jacundás e até surubins. E hoje em dia podemos afirmar que o esporte está em pleno processo de desenvolvimento, incluindo o desenho de novas iscas para todos esses peixes nativos de água doce. Com o passar dos anos descobriu-se que a pesca com mosca se adapta também à captura de muitos peixes esportivos de água salgada e logo se verificou que eles superavam em tamanho, força, violência e rapidez os peixes de água doce. Descobriuse peixes tanto nas baías, praias, lagoas e oceano que mordiam um streamer ou popper com voracidade e que testavam o equipamento e perícia do mosqueiro ao máximo. Robalos, ubaranas, guaibiras, enchovas, cavalas, xaréus, ubaranas-rato (bonefish), marlim, tarpão e cernambiguaras entre outros, eram adversários que o pescador de água doce nunca imaginou encontrar. Novos equipamentos, moscas, nós e técnicas para enfrentar também os gigantes de alto mar tiveram que ser inventados e desenvolvidos. Hoje em dia, peixes muitas vezes pesando acima de 50 kg são apanhados no mar com equipamento de mosca. Exemplos de outras espécies de água doce capturadas no Fly – No Sentido horário: Dourados e Piraputangas (Paso de la Pátria– Rio Paraná) , Pirapitinga (Goiás ) e Tucunaré (Rio Negro, Amazonas) Fontes bibliográficas e outros documentos de consulta -‐ A Flyfishing History – Dr. Andrew Herd: www.flyfishinghistory.com -‐ Bibliografía da Pesca com Mosca: www.thefullwiki.org/Bibliography_of_fly_fishing -‐ Museu britânico da Pesca com Mosca: www.fishingmuseum.org.uk -‐ Museu americano da Pesca com Mosca: www.amff.com -‐ História da la pesca con Mosca en Chile: www.chileoutfitters.cl -‐ Historia de la pesca con Mosca en Argentina: www.pesca-con-mosca.com/mayo/bebe.asp www.aapm.org.ar -‐ Aux origines de la Pêche à la Mouche – Joan Michel: http://peche-mouche-seche.com/origines.htm -‐ The History of Fishing for Trout with Artificial Flies in Britain and America: A Chronology of Five Hundred Years, 1496 to 2000. - Gordon M. Wickstrom -‐ História da truta no Brasil: http://forellenhof.com.br/truta/historia.php -‐ Histórico de la introducción de Salmonídeos en Argentina: www.linea4.com.ar/articulos/historicos/sueno.htm -‐ Pescando com Mosca - Paulo César Domingues da Silva. -‐ A Pesca na Amazônia – José Verissimo – Livraria Clássica de Alves -‐ Plumas, Seda y Acero – Las Moscas del Manuscrito de Astorga – José Luis García Gonzalez -‐ “Two Centuries of Soft-hackled Flies” - Sylvester Nemes -‐ Introdução da truta no Brasil e na Bacia do RIo Macaé, estado do Rio de Janeiro: Histórico, legislação e Perspectivas – Henrique Lazzarotto & Érica Péllegrini Caramaschi (Dezembro - 2009) -‐ A trajetória da truticultura no estado de São Paulo no período de 1949-1999 – Hélio Ladislau Stempniewski (Maio - 2009) Entre em contato: [email protected] www.moscanagua.com.br © Mosca N’água São Paulo, Versão 5.1 - Abril de 2013