Biologia, ecologia e pesca desportiva da truta, Salmo trutta morpha fario L., no rio Vez Diogo Sottomayor Pires de Abreu Novais Dissertação de Mestrado em Ciências do Mar – Recursos Marinhos Especialização em Aquacultura e Pescas 2012 Diogo Sottomayor Pires de Abreu Novais Biologia, ecologia e pesca desportiva da truta, Salmo trutta morpha fario L., no rio Vez Dissertação de Candidatura ao grau de Mestre em Ciências do Mar – Recursos Marinhos submetida ao Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar da Universidade do Porto Orientador – Professor Doutor José Carlos Fernandes Antunes Categoria – Professor Auxiliar Afiliação – Escola Superior Gallaecia Co-orientador – Professor Doutor António Manuel dos Santos Afonso Categoria – Professor Associado Afiliação – Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto Agradecimentos Ao Prof. Dr. Carlos Antunes por ter aceite ser orientador desta tese, por todo o acompanhamento e indicações essenciais e por me ter proporcionado todas as condições para a realização da mesma. Ao Prof. Dr. António Afonso por ter aceite ser meu co-orientador, pelas observações e conselhos fundamentais. Ao Jorge Araújo pela disponibilidade para ajudar, em especial pelas respostas prontas às minhas constantes perguntas e também pela colaboração na pesca eléctrica À Catarina Braga por todo apoio essencial na estruturação da tese, na identificação de conteúdos estomacais e também pela grande ajuda na pesca eléctrica. À Micaela Mota pela grande ajuda na parte laboratorial. Ao Rodrigo Lopez pelos mapas excelentes. Ao Patrício Bouça pela ajuda nas pesquisas mais difíceis. À Sílvia Marinho e à Catarina Antunes pela colaboração na pesca eléctrica. À Cláudia Ferreira pela ajuda na estruturação da tese. A todos os colaboradores do Aquamuseu pela forma como me acolheram e pelo excelente ambiente de trabalho. A todos os pescadores desportivos que gentilmente me forneceram informações e dados relevantes, nomeadamente aos meus amigos Paulo Sampaio, José Carmo, Jorge Gonzalez, Horácio Araújo e José Marinho. Ao meu amigo Miguel Calhau que me acompanhou nestas e em muitas outras jornadas de pesca. À instituição Aquamuseu do rio Minho por todas as condições proporcionadas. Aos pescadores dos Arcos de Valdevez, que me ensinaram a pescar. i ii Resumo A truta fário (Salmo trutta morpha fario) é frequentemente usada como atracção turística e é o alvo mais importante e popular da pesca desportiva na Europa. Em Portugal o número de licenças de pesca desportiva emitidas nos últimos anos, para pesca nas águas interiores, tem ultrapassado as 200 mil por ano. A pesca têm assim uma elevada importância socio-económica e normalmente o benefício económico para as regiões aumenta com o número de pescadores. O rio Vez (rio da região norte de portugal) tem sido palco de alguns campeonatos do mundo de pesca à truta e de várias provas de âmbito nacional. No rio existe uma zona de pesca reservada (ZPR) com um regime de pesca específico e uma zona livre sujeita ao regime geral da pesca. Em cinco dias de seis meses diferentes, o rio apresentou parâmetros da água, na generalidade, dentro dos limites recomendáveis apesar de algumas amostras mais a jusante ultrapassarem os valores máximos admissíveis. Em relação à truta, o período de postura numa zona do rio Vez parece ter ocorrido entre 5 de Dezembro de 2011 e pelo menos 16 de Janeiro de 2012, com temperaturas da água a variar entre 7 e os 11,4 ºC. O aumento do número de trutas no local de postura ocorreu em dias de precipitação em que o caudal do rio aumentou. Durante a migração para a postura, a percentagem de saltos de trutas que tiveram sucesso, conseguindo as trutas transpor uma represa que existe no troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez, foi de apenas 0,6 %. Este estudo aborda fundamentalmente a pesca com isco artificial especificamente com colher nº2 dourada. Nas jornadas de pesca desportiva capturou-se em média uma truta por hora e em média a cada dois ataques ao isco apenas uma truta foi capturada. A truta aparenta ser um peixe crepuscular com máxima actividade ao amanhecer e ao anoitecer. Nas jornadas de pesca com isco artificial existiu uma diferença significativa entre as capturas por unidade de esforço (CPUE - truta/hora) na zona livre e as CPUE na zona de pesca reservada do rio Vez. Igualmente foram significativas as diferenças entre as capturas por unidade de esforço em dias de aguaceiros e em dias sem precipitação. Pela análise dos resultados da pesca eléctrica, é significativa a diferença entre os pesos e comprimentos entre as trutas da ZPR e da zona livre verificando-se um aumento do comprimento e do peso médio das trutas de jusante para montante. iii O número de trutas nos locais amostrados por pesca eléctrica aumentou de jusante para montante. O comprimento mínimo de captura parece determinar a estrutura da população de trutas do rio Vez. Palavras- chave: Truta, Salmo trutta, rio Vez, pesca desportiva iv Abstract The brown trout (Salmo trutta morpha fario) is often used as tourist attraction and is the most important and popular target of recreational fishing in Europe. In Portugal the number of licenses issued for fishing in recent years, for inland fishing has exceed the 200.000 per year. Thus fishing has a high socio-economic importance and generally the economic benefit to the regions increases with the number of fishermen. The River Vez (River in Northern Portugal) has been the scene of some world and national trout fishing championships. In the river there is a reserved fishing zone with particular fishing rules and a free zone, subject to the general rules of fishing. In five days of six months, the river had water parameters, in general, within the limits recommended, although some samples further downstream exceed the maximum permissible values. The period of trout posture in an area of the River Vez seems to have occurred between 5 December 2011 and at least 16 January 2012, with water temperatures range between 7 and 11,4°C. The Increasing number of trout in the site of posture occurred in days of precipitation when flow increased. During migration to posture the percentage of jumps of trout that managed to cross a dam that exists in the stretch of the river that runs through village of Arcos de Valdevez was only 0,6%. This study is essentially about fishing with artificial bait. In the days of sport fishing, trouts were caught at an average of one trout per hour and, in average, in two attacks to the bait just one trout was caught. The trout seems to be a crepuscular fish with maximum activity at dawn and dusk. In days of fishing with artificial bait, there was significant difference between the catch per unit effort (trout/hour) in the free zone and in the reserved fishing zone of river Vez. Equally significant were the differences between the catch per unit effort in days of downpours and days without precipitation. By analysis of the results of electric fishing there was a significant difference between the weights and lengths between trout caught in the reserved fishing zone and in the free zone, an increase in the length and weight of trout from downstream to upstream was verify. The number of trout sampled clearly increased from downstream to upstream. The minimum length of capture seems to determine the population structure of trout in River Vez. Keywords: Trout, Salmo trutta, River Vez, fishing v vi Índice Agradecimentos .................................................................................................................. i Resumo ............................................................................................................................ iii Abstract ............................................................................................................................. v Índice ............................................................................................................................... vii Índice de Abreviaturas ....................................................................................................... x Índice de Tabelas ............................................................................................................. xi Índice de Figuras ............................................................................................................. xii 1. Introdução geral ............................................................................................................ 1 1.1. Caracterização da área de estudo .......................................................................... 1 1.2. A truta .................................................................................................................... 3 1.2.1. Posição sistemática ......................................................................................... 3 1.2.2. Características gerais ...................................................................................... 3 1.2.3. Distribuição e habitat ....................................................................................... 5 1.2.4. Dinâmica populacional ..................................................................................... 6 1.2.5. Ecologia alimentar ..........................................................................................11 1.2.6. Crescimento....................................................................................................14 1.2.7. Estatuto e conservação da espécie.................................................................15 1.2.8. Determinação da idade de peixes em populações selvagens .........................16 1.2.9. Outros estudos................................................................................................17 1.3. Pesca desportiva/lúdica .........................................................................................19 1.3.1. Potencialidades da pesca desportiva em Portugal ..........................................20 1.3.2. Caracterização da pesca desportiva dirigida à truta ........................................21 1.3.3. Legislação.......................................................................................................23 1.3.4. Evolução da emissão de licenças em Portugal de 2007 a 2011 ......................24 1.3.5. Campeonatos .................................................................................................25 vii 1.4. Objectivo ...............................................................................................................25 2. Material e Métodos ......................................................................................................26 2.1. Área de estudo ......................................................................................................26 2.1.2. Divisão dos troços...........................................................................................27 2.2. Recolha de amostras e trabalho laboratorial .........................................................27 2.2.1. Temperaturas .................................................................................................27 2.2.2. Migração para montante - saltos .....................................................................28 2.2.3. Análises da água do rio Vez ...........................................................................29 2.2.4. Pesca desportiva ............................................................................................30 2.2.5. Pesca eléctrica................................................................................................32 2.2.6. Escamas e otólitos ..........................................................................................33 2.2.7. Conteúdo estomacal .......................................................................................33 2.2.8. Factor de condição K ......................................................................................34 2.2.9. Inquérito ..........................................................................................................35 2.3. Análise e tratamento de resultados .......................................................................35 3. Resultados e discussão ...............................................................................................36 3.1. Parâmetros fisico-químicos da água......................................................................36 3.2. Análise de um local de postura (lp1)......................................................................38 3.3. Análise da migração (saltos) numa represa do rio Vez ..........................................41 3.4. Pesca desportiva ...................................................................................................44 3.4.1. Jornadas de pesca..........................................................................................44 3.4.2. Dados das trutas capturadas nas jornadas de pesca e das trutas capturadas por vários pescadores desportivos no rio Vez ...........................................................63 3.4.3. Pescadores desportivos ..................................................................................67 3.4.4. Análise de conteúdos estomacais ...................................................................68 3.4.5. Análise de idade .............................................................................................70 3.4.6. Otólitos ...........................................................................................................72 3.5. Pesca eléctrica ......................................................................................................72 3.5.1. Análise da idade .............................................................................................74 viii 3.6. Pesca eléctrica e pesca desportiva .......................................................................74 3.6.1. Capturas por unidade de esforço ....................................................................74 3.6.2. Comprimento médio ........................................................................................76 3.6.3. Peso médio .....................................................................................................81 3.6.4. Coeficiente de condição K ..............................................................................82 3.7. Relações peso vs comprimento .............................................................................84 3.8. Inquérito ................................................................................................................85 4. Considerações finais....................................................................................................86 5. Conclusão ....................................................................................................................88 6. Bibliografia ...................................................................................................................91 Anexos ..........................................................................................................................113 Anexo I ..........................................................................................................................114 Anexo II .........................................................................................................................115 Anexo III ........................................................................................................................116 Anexo IV ........................................................................................................................117 Anexo V .........................................................................................................................123 Anexo VI ........................................................................................................................124 Anexo VII .......................................................................................................................127 ix Índice de Abreviaturas LBE – Limite para consideração de um Bom Estado VMR – Valor máximo recomendado VMA – Valor máximo admissível ZPR - Zona de pesca reservada CPUE - Capturas por unidade de esforço CMLC - Comprimento mínimo legal de captura Comp – Comprimento Lp1 – Local de postura x Índice de Tabelas Tabela 1 - Qualidade de águas doces para fins aquícolas – águas piscícolas (águas de salmonídeos). ..................................................................................................................29 Tabela 2 - Limiares máximos para os parâmetros físico-químicos gerais para o estabelecimento do Bom Estado Ecológico em Rios. ......................................................30 Tabela 3 - Comparação entre dados de pesca da zona reservada (lotes) e da zona livre. ........................................................................................................................................50 Tabela 4 - Descrição geral do estado do rio e do tempo, apresentação do número de horas de pesca, de trutas capturadas e CPUE (truta/hora) de 1 de Março até 21 de Julho de 2012............................................................................................................................56 Tabela 5 - Percentagens de sucesso nas quatro zonas de pesca....................................57 Tabela 6 - Número de trutas, percentagem do total de capturas com CMLC e número de trutas que, nestas jornadas, poderiam ser retidas ou que teriam de ser obrigatoriamente libertadas, caso o comprimento mínimo legal de captura (CMLC) aumentasse ou diminuísse. ......................................................................................................................61 Tabela 7 - Média do comprimento furcal e do peso de trutas do rio Vez e respectivo desvio padrão, nos lotes e na zona livre. .........................................................................66 Tabela 8 - Pescadores observados em acção de pesca no rio Vez (50 dias). .................68 Tabela 9 - Abundância relativa e frequência de ocorrência de várias ordens e classes de artrópodes e moluscos.....................................................................................................69 Tabela 10 – Dados da pesca eléctrica .............................................................................73 Tabela 11 – Comprimento e peso médios das trutas, perante os tipos pesca. .................77 Tabela 12 - Quantidades e percentagens de trutas capturadas com recurso à pesca eléctrica e nas jornadas de pesca desportiva. .................................................................78 Tabela 13 - Comprimento de amostragem e tempo de amostragem da pesca eléctrica e desportiva. .......................................................................................................................80 Tabela 14 - Média e desvio padrão do coeficiente de condição K na pesca eléctrica e desportiva. .......................................................................................................................83 Tabela 15- Comprimento e peso minimos e máximos da maior truta que capturada ....118 xi Índice de Figuras Figura 1 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez ............................ 1 Figura 2 - Localização do rio Vez. ..................................................................................... 2 Figura 3 - Diferença de cor entre truta juvenil e adulta, trutas capturadas no rio Vez. ....... 4 Figura 4 - Exemplo de coloração do flanco de uma truta fário. Truta nº 118, comp: 20,1 cm, peso: 98 g. ................................................................................................................. 4 Figura 5 - Número total de licenças (Nacionais + regionais + concelhias) e regionais para a zona Norte emitidas por ano (Fonte: ICNF)...................................................................24 Figura 6 - Número de licenças nacionais, regionais e concelhias emitidas por ano (Fonte: ICNF). ..............................................................................................................................24 Figura 7 - Número de licenças especias diárias emitidas para a zona reservada do rio Vez (lotes) por ano (Fonte: ICNF). ..........................................................................................25 Figura 8 - Lote 8, local mais a montante atingido nas jornadas de pesca. .......................26 Figura 9 - Local de postura (lp1) (zona e/vila). .................................................................28 Figura 10 - Represa que existe na zona e/vila. ................................................................29 Figura 11 - Perfil da represa ............................................................................................29 Figura 12 - Amostras ou colheres utilizadas (marca mepps e mosca) .............................30 Figura 13 - Divisão das 20 zonas definidas para a pesca desportiva e eléctrica. .............32 Figura 14 - Valores de temperatura da água em 5 dias de 5 meses diferentes, em 3 locais, um na parte alta do rio (lote 6), outro na zona média (zona m) e outro perto de foz (zona a). ..........................................................................................................................36 Figura 15 – Concentração de cloro livre...........................................................................37 Figura 16 – Concentração de amoníaco. .........................................................................37 Figura 17 - Concentração de nitritos. ...............................................................................37 Figura 18 - Concentração de nitrato.................................................................................37 Figura 19 - Concentração de fosfatos. .............................................................................37 Figura 20 - Variação da temperatura do ar e da água no local de postura lp1 no rio Vez e variação do número de trutas observadas no local lp1. ...................................................38 Figura 21 - Nivel hidrométrico instantâneo no pontilhão de celeiros (INAG 2012) (estação de medição 3000 m a montante da zona de postura situada no limite entre a zona f e a zona g: 41º52’06’’ N 8º25’13’’) e número de trutas observadas na zona de postura. .......39 Figura 22 - Truta a escavar o “ninho” no local de postura lp1, ano 2007. ........................40 Figura 23 - Trutas num "ninho" no local lp1, ano 2011. ...................................................41 xii Figura 24 - Trutas no local lp1, ano 2007. ........................................................................40 Figura 25 - Número de trutas presentes no local de postura e número de saltos, durante 15 minutos, numa represa 500 m a montante do local lp1. ..............................................41 Figura 26 - Número de saltos, sem sucesso, a cada meia hora ao longo de 4 dias. ........42 Figura 27 - Cardume de trutas em migração na base da represa (2011). ........................43 Figura 28 - Esquema da represa existente no troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez. ..........................................................................................................43 Figura 29 - Locais onde foram capturadas trutas (n=209) no rio Vez, nas jornadas de pesca e respectivo comprimento furcal (CF). ...................................................................45 Figura 30 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por unidade de esforço (CPUE) (± desvio padrão), por zona do rio Vez. ...............................46 Figura 31 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço (±desvio padrão), nos 4 troços. .........................................................47 Figura 32 - Truta nº 57, CF: 46 cm, peso: 820 g, local: zona j. .........................................48 Figura 33 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, capturas por unidade de esforço, por mês, em todo o curso do rio Vez. ..............................................48 Figura 34 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por unidade de esforço, por mês, para todos lotes.................................................................49 Figura 35 – Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, por mês, para a zona livre................................................................49 Figura 36 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço (±erro padrão), de hora em hora, para todo o curso do rio Vez. ........51 Figura 37 – Dendrograma da percentagem de similaridade de CPUE entre intervalos de tempo (hora) (nº de horas de pesca = 192)......................................................................52 Figura 38 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de hora em hora, para o troço dos lotes...........................................52 Figura 39 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de hora em hora, para o troço a montante da vila. ...........................53 Figura 40 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de hora em hora, para a zona e/ vila. ...............................................54 Figura 41 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de hora em hora, para o troço a jusante da vila. ..............................54 Figura 42 - Número de horas de pesca, número de capturas e capturas por unidade de esforço face a diferentes intervalos de temperatura do rio. ..............................................55 Figura 43 - Número de horas de pesca e número de capturas em cada troço face a diferentes intervalos de temperatura. ...............................................................................56 xiii Figura 44 - Número de ataques ao isco, com captura de truta e número de ataques ao isco, sem captura de truta. ...............................................................................................57 Figura 45 - Número de capturas de truta em água parada e água corrente. ....................58 Figura 46 - Número de ataques ao isco, sem captura de truta, em águas paradas e correntes..........................................................................................................................59 Figura 47 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona dos lotes (n=97). ..............................................................................................................59 Figura 48 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona livre (n=112).....................................................................................................................60 Figura 49 - Classes de comprimentos das trutas capturadas nos 4 troços amostrados por pesca desportiva (n=209). ...............................................................................................60 Figura 50 - Média (± erro padrão) dos comprimentos das trutas nas várias zonas. .........63 Figura 51 - Média dos comprimentos (± erro padrão) das trutas nos quatro troços. .........64 Figura 52 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas nas várias zonas. ...65 Figura 53 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas nos quatro troços. ....................65 Figura 54 – Média do coeficientes de condição K (± desvio padrão) em cada zona. .......66 Figura 55 - Coeficientes k médios (± desvio padrão) em cada troço. ...............................67 Figura 56 - Conteúdo estomacal regurgitado por uma truta do lote 3, truta nº116, comp: 23 cm, peso: 132 g. .........................................................................................................68 Figura 57 - Número de trutas com idades 0+, 1+, 2+, 3+, 4+ e 5+ em cada classe de comprimento (n=163), determinada pela análise de escamas. ........................................70 Figura 58 - Escama da truta nº 216, idade 1+, CF: 12,4 cm, peso: 22 g, local de captura: lote1.................................................................................................................................71 Figura 59 - Escama da truta nº 111, idade: 2+, CF: 18 cm, Peso: 73 g, local de captura: lote 3................................................................................................................................71 Figura 60 - Escama nº 129, idade 3+, CF: 18 cm, peso: 68 g, local de captura: lote 1. ....71 Figura 61– Escama da truta nº 150, idade 5+, CF: 26 cm, peso: 212 g, local de captura: lote 2................................................................................................................................71 Figura 62 -Otólito da truta nº90, idade 2+, CF: 19 cm, peso: 77 g, local de captura: zona L.(Luz transmitida). ..........................................................................................................72 Figura 63 - Otólito da truta nº46, idade 3+, CF: 22,2 cm, peso: 114 g, local de captura: zona d (Luz transmitida). .................................................................................................72 Figura 64 - Número de trutas capturadas por pesca eléctrica com idades de 0+, 1+, 2+, 3+, determinadas por leitura de escamas, para cada classe de comprimento (n= 25). ....74 Figura 65 - Número de capturas por unidade de esforço (truta/hora) da pesca eléctrica (n=108) e nas jornadas de pesca desportiva (n=209), em 4 zonas. .................................75 xiv Figura 66 - Lote 6 (41º58’28’’N, 8º22´93’’ W). ..................................................................76 Figura 67 - Zona i (41º5’ 87’’N, 8º25’61’’ W). ...................................................................76 Figura 68 - Zona a (41º48’93’’ 8º24’57’’). .........................................................................76 Figura 69 - Comprimento médio (± erro padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica (108) e por pesca desportiva (n=249), por zona. .............................................................77 Figura 70 - Classes de comprimento das trutas capturadas por pesca eléctrica em 4 zonas, de 3 troços. ..........................................................................................................78 Figura 71 - Percentagens de trutas de cada classe, capturadas nas jornadas de pesca desportiva (n=209) e por pesca eléctrica (n=108). ...........................................................79 Figura 72 - Classes de comprimento das trutas capturadas pela pesca desportiva (249) e na pesca eléctrica (108). ..................................................................................................81 Figura 73 - Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica (n=108) e por pesca desportiva (n=249), por zona. .........................................................82 Figura 74 - Coeficiente de condição K médio (± desvio padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica e por pesca desportiva, por zona. ...........................................................83 Figura 75 - Relação comprimento furcal vs peso de 249 trutas capturadas por pesca desportiva e 108 trutas capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez. ...............84 Figura 76 - Relação comprimento total vs peso de 207 trutas capturadas por pesca desportiva e 108 trutas capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez. ...............85 Figura 77 - Juvenil de truta de pequenas dimensões capturado na zona e (2008) ...........87 Figura 78 - Truta nº 40, CF: 22,8 cm, peso: 124g ............................................................90 Figura 79 - Truta atacada (truta nº 42) comp: 17,4 cm, peso: 57 g, local: zona j. ...........114 Figura 80 - Truta nº 162 comp: 22,4 peso:122 g local: lote 3. .......................................115 Figura 81 - Truta nº 123 comp: 20,9 peso 105 g local: lote 4. ........................................115 Figura 82 - Truta nº 73 comp:17,5 peso: 54 g local: zona a. ..........................................115 Figura 83 - Truta nº 84 comp: 34,5 peso: 342 g local: zona i. ........................................115 Figura 84 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez (zona e), local de captura 41º50’91’’ N 8º25’16’’ W - Fotografia aérea da zona (Google Earth). ................116 Figura 85 - Salmão (Salmo salar) capturado no rio Vez no ano 2010. ...........................116 Figura 86 - Categoria de idades dos pescadores inquiridos. ..........................................117 Figura 87 - Residência dos pescadores inquiridos (percentagem). ................................117 Figura 88 - Técnicas de pesca praticadas pelos pescadores no rio Vez (percentagem). ......................................................................................................................................118 Figura 89 - Ano da maior captura de cada pescador (percentagem)..............................118 Figura 90 - Ano com maior número de capturas num dia (percentagem). ......................119 Figura 91 - Destino do peixe capturado (percentagem). ................................................119 xv Figura 92 - Concorda com o repovoamento do rio? ......................................................120 Figura 93 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca? .......120 Figura 94 - Que condições gostaria de ver melhoradas? ...............................................121 Figura 95 - O que mudaria na Gestão do rio Vez? .........................................................122 Figura 96 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez? .........................................................122 Figura 97 - Licença de pesca diária, notar que no verso existe uma declaração de capturas por espécie de entrega obrigatória. .................................................................123 xvi 1. Introdução geral A truta é um recurso importante das massas de água interiores do Centro-Norte do País, alvo de pesca desportiva pela, qualidade da sua carne, combatividade, dificuldade de captura e beleza. É um peixe que necessita de níveis de qualidade da água elevados. Perante a crescente pressão de pesca, degradação da qualidade das águas dos rios e possíveis alterações climáticas, o futuro da espécie pode ficar em risco. Torna-se assim crucial a tomada de medidas que salvaguardem a espécie e que ao mesmo tempo vão de encontro ao desejo dos pescadores desportivos que, têm um papel importante a desempenhar e que cada vez mais se preocupam com a sua conservação. 1.1. Caracterização da área de estudo O rio Vez é um afluente do rio Lima, é um rio amplo, destino de pesca de muitos pescadores desportivos. Na freguesia de Vilela é atravessado por uma ponte medieval que marca o limite jusante da zona de pesca reservada (ZPR), mais para jusante o rio atravessa a vila de Arcos de Valdevez (figura 1). Figura 1 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez 1 Figura 2 - Localização do rio Vez. Comprimento do rio Vez – 36 km Nascente – Lamas do Vez, Serra do Soajo, nas proximidades do Santuário de N. Senhora da Peneda. Altitude da nascente – 1250 m Foz – Milhundos - Souto (rio Lima) Principais afluentes – Rio Ázere, rio Cabreiro, rio Frio, ribeira de S. Mamede e ribeira de Frades Área da bacia - 263,3 km2 2 1.2. A truta 1.2.1. Posição sistemática Reino: Animalia Filo: Chordata Subfilo: Vertebrata Classe: Osteichthyes Subclasse: Actinopterygii Ordem: Salmoniformes Subordem: Salmonoidei Familia: Salmonidae Género: Salmo Espécie: Salmo trutta morpha fario L. 1758 Nomes vulgares: Truta fário, truta comum, truta-de-rio, truta dos regatos, truta sapeira, truta pinta (Portugal) Brown trout (Inglaterra) Truite de rivière (França) Trota fario ou trota di fiume (Itália) 1.2.2. Características gerais A boca está armada com dentes cónicos e fortes, havendo dentes nos maxilares, sobre os palatinos e no vómer. Os olhos são grandes e situados por cima do maxilar superior, a íris é amarelada. Barbatana: Dorsal - 12 a 14 raios ramificados. Caudal - 18 a 21 raios. Anal - 10 a 12 raios. Ventrais - 9 raios. Peitorais - 13 a 15 raios. Adiposa – sem raios. A barbatana caudal homocerca é chanfrada nos jovens, mas à medida que a idade avança, a concavidade do bordo posterior da barbatana atenua-se, até se converter 3 numa linha recta ou mesmo arredondada. A barbatana adiposa é avermelhada ou alaranjada e apresenta manchas negras. A cor das trutas altera-se com a idade, qualidade da água, habitat e com a estação do ano. O tipo de coloração mais usual das trutas adultas é o dorso castanho a cinzento esverdeado, flancos acastanhados ou acinzentados (com manchas negras e vermelhas) e ventre amarelado ou esbranquiçado (figura 3 e 4) (anexo II). As trutas pequenas jovens são sempre mais escuras que as adultas (figura 3) (Pereira 1994). Figura 3 - Diferença de cor entre truta juvenil e adulta, trutas capturadas no rio Vez. Dependendo do seu habitat a truta de montanha pode atingir tamanhos de 20 cm, a de rio 70 cm e a de lago 100 cm com pesos respectivamente de 200 g, 4 a 5 kg e 15 kg. Nas nossas águas as dimensões mais frequentes situam-se entre os 20 e os 40 cm. Embora já tenham sido capturadas trutas com 20 anos de idade a maioria vive menos tempo. Em populações anádromas poucos peixes vivem mais que 10 anos (Jonsson 1991). Figura 4 - Exemplo de coloração do flanco de uma truta fário. Truta nº 118, comp: 20,1 cm, peso: 98 g. 4 1.2.3. Distribuição e habitat A truta fário (Salmo trutta morpha fario L. 1758) é indígena da Eurásia, sendo a sua distribuição essencialmente restrita à Europa. A Este, estende-se até à Asia enquanto o limite Sul são os Montes Atlas no Norte de Africa (Elliott 1994). O seu interesse social e económico está no seu valor como alvo de pesca desportiva que incentivou a sua cultura extensiva em muitos países europeus (Laikre et al. 1999). Consequentemente, a truta fário também foi introduzida em pelo menos 24 paises fora da Europa, incluindo EUA, Canadá e Austrália, bem como em vários países da América do Sul, Africa e Asia. A maior parte destas introduções foram feitas no final no séc. XIX e primeira metade do séc. XX, antes do conhecimento dos riscos biológicos da introdução de espécies exóticas (MacCrimmon e Marshall 1968; MacCrimmon et al. 1970; Laikre et al. 1999). A truta fário é exigente em termos de habitat e qualidade da água, como resultado este peixe é um relevante bioindicador da qualidade das massas de água doce mundiais (Lagadic et al. 1998; Wood 2007). Este salmonídeo está actualmente dividido em morfotipos de acordo com a sua presença em diferentes ambientes. Assim, pode crescer, no mar e migrar para água doce para reprodução (S. trutta morpha trutta – truta marisca), viver em lagos (S. trutta morpha lacustris) ou viver exclusivamente em água doce (S. trutta Morpha fario – truta fário) (Laikre et al. 1999). Como resultado dessas capacidades de adaptação, a truta fário tem colonizado com sucesso diversas massas de água (Elliott 1994; Klemetsen et al. 2003). Existe controvérsia quanto à classificação taxonómica da espécie Salmo trutta tendo em atenção os diferentes grupos morfológicos e genéticos identificados. A truta é selectiva relativamente ao habitat que escolhe, essa preferência é particularmente determinada pelas condições hidrodinâmicas. A ocupação do habitat pelos peixes depende da sua espécie e tamanho. A truta prefere zonas com corrente e profundas, áreas com corrente moderada a fraca e substratos rochosos. A profundidade da água é considerada a variável de habitat mais importante para a truta (Heggenes 1996, 1999). Com o aumento do tamanho a truta habita sucessivamente zonas de correntes mais profundas que proporcionam áreas de melhor abrigo e espaço (Wesche et al. 1987) existindo um forte correlação entre o tamanho da truta e o uso dessas zonas mas profundas. Trutas maiores em pequenas correntes evitam águas pouco profundas, grandes gradientes de temperatura e correntes fortes (Heggenes 1996). Numa zona do rio mais larga, é reportado que as trutas também são encontradas em zonas de corrente mais 5 forte (Kalstrõm 1977) este facto pode ser explicado por uma tendência de optimizar a relação entre a profundidade e a velocidade da corrente (Shirvell e Dungey 1983). A truta como peixe de águas vivas cansa-se por vezes da sua luta contínua contra a corrente necessitando de um refúgio para se esconder, descansar ou escapar dos predadores. O seu comportamento territorial predispõe-a a estabelecer um perímetro de caça em redor do seu refúgio. Portanto o número de trutas num determinado trajecto será proporcional à quantidade de alimento disponível e sobretudo à presença de refúgios individuais. 1.2.4. Dinâmica populacional O comportamento territorial é muitas vezes considerado como o principal mecanismo que regula as populações de salmonídeos (Keeley 2001) sendo o tamanho do território o factor que limita a sua abundância (Grant et al. 1998). Apesar de muitos factores como a pressão de intrusos (Imre et al., 2004), abundância de alimento (Keeley 2000) ou o isolamento visual (Imre et al. 2002), poderem afectar o tamanho do território dos salmonídeos, estudos anteriores têm evidenciado que o tamanho é o melhor previsor (Grant et al. 1989; Elliot 1990; Keeley e Grant 1995; Keeley e McPhail 1998). As tácticas de vida da truta fário no rio Oir (Normandia, França) foram estudadas durante 5 gerações seguidas, 5900 indivíduos monitorizados entre 1995 e 2002. Os resultados demonstraram que os traços dos ciclos de vida variam entre gerações, influenciados principalmente pela variabilidade ambiental e pelo crescimento juvenil. Particularmente o crescimento no segundo ano desempenha um importante papel na determinação do ambiente de crescimento e as trutas apresentam um comportamento variável de migração relacionado com a sua taxa de crescimento juvenil (Cucherousset et al. 2005). 1.2.4.1. Migrações À semelhança de outras espécies de salmonídeos, a truta fário efectua migrações para montante para a postura durante os seus ciclos reprodutivos, migrando para pequenos afluentes ou para zonas mais a montante do rio principal (Libosvárský 1967, 1976; Ovidio et al. 1998; Aarestrup e Jepsen 1998; Meyer 2001; Ovidio et al. 2004). O caudal do rio, a temperatura, a luminosidade, a precipitação, em conjunto com as suas inter-relações, são frequentemente citados como factores que actuam como mecanismos de desencadeamento para ciclos de reprodução e que influenciam a duração das migrações 6 para a postura (Libosvárský 1974; Arnekleiv e Kraabol 1996; Jonsson 1991; Jonsson e Jonsson 2002; Rustadbakken et al. 2004). Na Finlândia as migrações para reprodução podem-se estender por centenas de quilómetros. Muitos autores estudaram estas migrações usando radiotelemetria (Gerlier e Roche 1998; Ovidio et al. 2002; Ovidio e Philippart 2002; Monet e Soares 2001; Aarestrup et al. 2002; Knouft e Spolita 2002). Nos rios a truta pode modificar as suas estratégias de movimento dependendo do desenvolvimento ontogénico (Solomon e Templeton 1976; Elliott 1994) e como resposta ao ambiente externo (Ovidio et al. 1998; Young 1999; Burrell et al. 2000). Movimentos maiores (>200m) podem ser comuns em mudanças de zona de vida entre a Primavera e o Outono (Clapp 1990) e é comum na reprodução (Solomon e Templeton 1976; Ovidio et al. 1998; Burrell et al. 2000). Na Noruega a migração para postura e o retorno ao local postura foi analisado usando telemetria.Vinte e oito trutas grandes entre os 37 e 64 cm foram marcadas durante e após a postura no rio Nea. Foram observados dois comportamentos de migração, cerca de metade (57 %) das trutas deslocaram-se muito pouco e permaneceram nas zonas mais profundas do rio, a outra metade (43 %) das trutas migraram maiores distâncias (12,5-28 km) pelo rio acima antes de postura. Sendo presumido que estas últimas trutas pertencem a uma população de trutas migrantes que usam a parte superior do rio para postura. Neste estudo não foi detectada nenhuma diferença significativa entre o tamanho das trutas que migram e as que permanecem no mesmo local e entre os machos e as fêmeas das trutas que migram. Entre as trutas que migram não foi encontrada correlação entre o tamanho e a distância percorrida (Arnekleiv et al. 2004). Pelo contrário noutros estudos de salmonídeos a distância de migração está muitas vezes correlacionada com o tamanho do peixe sendo que a distância percorrida aumenta com o tamanho (Shaffer e Elson 1975; Scarnecchia 1983; L´Abée-Lund 1991). Em 2003, 20 trutas fário foram rádio etiquetadas no rio Oulankajki na Finlândia na sua migração para as zonas de postura para examinar os seus movimentos, habitat e a sua zona de repouso no Inverno. A distância média mínima diária estimada antes da postura foi de 348 m, durante a postura, em Setembro, foi de 208 m. No Inverno os peixes estiveram menos moveis, a média mínima diária foi de 53 m. Durante a postura os peixes eram frequentemente encontrados em zonas rápidas e em zonas de transição rápidas dos poços. No Inverno as trutas encontravam-se quase totalmente em zonas mais fundas das poças. Na Primavera os peixes migraram para jusante durante duas semanas, deslocando-se uma média de 2062 m por dia (Saraniemi 2008). 7 Os custos energéticos da migração, postura e construção de ninhos são altos (Jonsson et al. 1997; Hendry e Berg, 1999) e as actividades de postura aumentam a suscetibilidade à predação (Carss et al., 1990). Das espécies da família Salmonidae, S. trutta caracteriza-se por ser a que apresenta maior diversidade ecológica, quer entre diferentes populações quer entre indivíduos da mesma população (Elliot 1994). 1.2.4.2. Postura A truta atinge a maturidade sexual entre 1 e os 10 anos (Klemetsen et al. 2003). Os machos podem atingir a maturidade com menos de 10 cm e um ano de idade (Dellefors e Faremo 1988). Em 17 rios da Noruega os comprimentos médios de machos (residentes) maduros situaram-se entre os 16 e os 24 cm (Jonsson et al. 2001). A diferença nas idades de maturação entre sexos parece ser genética e independente da taxa de crescimento. Perante as mesmas condições artificiais machos e fêmeas imaturos crescem á mesma taxa, mas as fêmeas maturam mais tarde (Jonsson 1989). Para as mesmas condições ecológicas, o crescimento somático é maior normalmente em pequenas densidades, o que pode influenciar tanto a mortalidade como a fecundidade (Jenkins et al. 1999; Nordwall 2001). Os factores que podem influenciar o sucesso reproductivo e a sobrevivência dos salmonídeos são as características físicas dos habitats (substrato e temperatura), as características hidrológicas (fluxo e velocidade), a competição intra e interespecífica e as oportunidades de postura (Wootton 1990; Diana 2003; Klemetsen et al. 2003). Quando existe competição pelos locais de postura esta pode impedir os indivíduos de selecionarem os melhores locais e forçar alguns a utilizar áreas menos adequadas (Curry e Noakes 1995). Na postura, as populações de truta de rio escolhem locais com profundidades entre 6 e 82 cm, velocidades de corrente entre 6 e 80 cm.s-1, temperaturas entre os 3 e os 11ºC e granulosidade do substrato entre 2 e 256 mm (Ottaway et al. 1981; Shirvell e Dungey 1983; Witzel e MacCrimmon 1983; Crisp e Carling, 1989; Grost et al. 1990; Essington et al. 1998). De acordo com alguma literatura a truta efectua a postura geralmente com a temperatura da água entre os 2 e os 6ºC (Elliot 1994), num estudo da Finlândia a postura ocorreu entre os 9 e os 12ºC e num estudo em Portugal no rio Estorãos (afluente do rio Lima) o período da postura ocorreu entre valores de temperatura de 9 e 13ºC (Pires 2003). Nas trutas a fêmea efectua a postura durante 1 a 3 dias (Evans 1994). Cada fêmea constrói um ninho na gravilha contendo 2 a 5 lotes de postura que são fertilizados pelo macho (Elliot 1984). 8 É largamente reconhecido que os salmonídeos modificam a composição da zona de postura retirando sedimento fino do ninho durante a postura (Kondolf et al. 1993), preferindo pequena gravilha para a reprodução (Kondolf e Wolman 1993). A truta enterra os seus ovos numa depressão no leito do rio (Ottaway et al. 1981; Crisp e Carling 1989; Grost et al. 1991). As cheias podem causar grandes perdas durante o período de incubação arrastando os ovos da gravilha (McNeil 1966; Elliott 1976) ou impedindo a sobrevivência dos alevins através do deslocamento corrente abaixo ou por mortalidade directa (Heggenes e Traaen 1988). Quando a temperatura subitamente decresce o número de peixes migrantes normalmente diminui estes migram outra vez após um aumento rápido da temperatura (Libosvársky 1967, 1976). Muitos rios no Sul da Inglaterra são importantes zonas de pesca aos salmonídeos, em particular da truta fário. Vários laboratórios e experiências de campo têm demonstrado que a presença de grandes quantidades de sedimentos finos nas gravilhas onde as trutas desovam tem um efeito negativo na sobrevivência dos embriões incubados (Turnpenny e Williams 1980; Olsson e Person 1988). A deposição destas pequenas partículas nas zonas de postura como resultado das descargas provenientes de terras agrícolas é apontada como uma das principais razões para o declínio dos salmonídeos no Reino Unido (Acornley 1999). Num estudo sobre a migração para postura da truta fário de uma barragem na Republica Checa para o rio Moravka no Outono (Outubro-Novembro), mostrou as seguintes características: demorou 22, 24 e 27 dias respectivamente nos anos 2002, 2003 e 2004. Em 2002 foram capturadas 187 trutas enquanto em 2003 foram capturadas 447 espécimes e em 2004, 2230 trutas. Na postura, os machos eram significativamente maiores que as fêmeas. Em 2002 migraram mais fêmeas que machos, a diferença de sexos nas épocas seguintes não variou significativamente da proporção 1:1. A migração começou nas condições de aumento do nível da água e de diminuição da temperatura abaixo dos 8ºC na lagoa. O pico da postura, nas 3 épocas ocorreu entre 28 de Outubro e 3 de Novembro e a temperatura da água do rio variou entre 6 e os 8ºC. A postura em 2002 foi mais nocturna (entre 8:00 p.m. até 6:00 a.m.) do que diurna. Não se notou uma diferença significativa entre a migração diurna e a migração nocturna em 2003, 2004 (Piecuch 2007). Libosvársky (1967, 1974) monitorizou durante 3 anos a duração da postura da truta entre Setembro e Dezembro, notando que o pico de postura ocorreu entre 20 de Outubro e 10 de Novembro. Noutro estudo na Noruega o movimento de 34 trutas grandes (39-73 cm) foi monitorizado usando telemetria durante 74 dias num pequeno rio Norueguês (Brumunda) 9 que desagua no lago Mjosa. A distância máxima percorrida no rio foi de 20 km. Nesse estudo não foi encontrada nenhuma relação entre o movimento individual e o fluxo de água. A postura ocorreu entre Setembro e Outubro e os indivíduos marcados estiveram entre 2 e 51 dias nas zonas de postura (Rustadbakken 2004). Tem sido demonstrado que a latitude está relacionada com diversos traços dos ciclos de vida como o crescimento, a idade de maturação e a longevidade (Jonsson e L’Abée-Lund 1993). O factor mais importante, responsável por essas variações é provavelmente a temperatura da água (Elliott 1982). Assim a latitude influencia o período de postura, verificando-se mais cedo nas altas latitudes devido à temperatura mais baixa, seguindose um período de incubação mais longo (Klemetsen et al. 2003). O potencial reprodutivo das fêmeas é determinado pelo número e qualidade dos seus ovos, ovos maiores produzem descendentes maiores, que crescem e competem melhor pelos recursos alimentares (Elliot 1994). De entre os factores que influenciam o tamanho dos ovos, o tamanho da fêmea é o mais importante, pois a quantidade de energia disponível para a produção de ovos e a capacidade de acomodação da cavidade abdominal aumentam (Jonsson e Jonsson 1997,1999). 1.2.4.2.1. Comportamento reprodutivo no local de postura Descrição de uma sequência típica de acasalamento (Jones e Ball 1954): A fêmea explora o sedimento, efectuando algumas escavações. Alguns machos lutam, assumindo um a dominância, a fêmea é cortejada. O macho repele outros machos ou fêmeas que se tentam introduzir no local, enquanto a fêmea avalia o estado da depressão através da barbatana anal e das barbatanas pélvicas. Quando a depressão atinge aproximadamente 7 a 8 cm a fêmea coloca-se dentro dela, o macho junta-se e ambos vibram para que os ovos e o esperma sejam expulsos. Em seguida a fêmea move-se para montante e executa rápidas escavações deslocando o cascalho, que assim cobre os ovos. O processo pode ser repetido várias vezes e cada ninho pode conter várias posturas. Os casais de salmonídeos raramente estão sozinhos nos locais de postura pelo que a competição é intensa. Os machos disputam intensamente a possibilidade de fecundarem uma postura e defendem o território de reprodução. Por outro lado as fêmeas competem pelas áreas postura (Beall 1994, Petersson et al. 1999). 10 As fêmeas têm o tempo de reprodução limitado pela viabilidade dos ovos, enquanto que os machos têm um período de reprodução mais prolongado. Este facto aliado à dessincronização do tempo de maturação das fêmeas, origina muitas vezes uma proporção desequilibrada entre géneros, existindo assim um grande número de machos (Beal 1994). Os machos apresentam assim dois tipos de estratégia ou lutam pela dominância ou tentam reproduzir-se sem ou outros darem por isso. Podemos distinguir assim três tipos de machos (Beall 1994, Beall e de Gaudemar 1999): Os machos dominantes – Estabelecem um território em redor da fêmea e protegem-no. Os machos satélites – Posicionam-se atrás do macho dominante, pondo por vezes em causa a sua dominância, cortejando a fêmea e partilhando a postura com o macho dominante (Jones e Ball 1954, Beall 1994). Os machos furtivos – Geralmente de tamanho inferior, posicionam-se atrás dos machos satélites, raramente participam na corte, mas podem participar na fecundação, intrometendo-se dissimuladamente no ninho (Beall e de Gaudemar 1999). O peso de uma truta residente que atingiu a maturidade pode variar entre os 75 a 100 g enquanto que uma truta anádroma que regressa para a postura pode atingir os 5 kg (Elliott 1994). 1.2.5. Ecologia alimentar A truta é um excelente organismo modelo para analisar factores que explicam hábitos alimentares pois a sua ecologia foi extensivamente estudada em muitos locais. Estes estudos reportam uma grande variação na composição da dieta entre populações (García de Jalón e Barceló 1987; Kara e Alp 2005). Alguns estudos salientam a importância dos organismos arrastados pela corrente na dieta da truta (Elliott 1967, 1970), enquanto outros reportam a grande contribuição do macrobentos (Neveu 1980; García de Jalón e Barceló 1987). Outra fonte de variação na dieta da truta está relacionada com o seu peso individual (Neveu e Thibault 1977; López-Álvarez 1984). É usualmente aceite que a dieta varia de acordo com o tamanho (Elliott 1967; López-Álvarez 1984; Steingrímsson e Gíslason 2002; Kara e Alp 2005) embora alguns estudos defendam que a partir do segundo ano de idade as diferenças na dieta sejam mínimas (Vollestad e Andersen 1985). A dieta da truta também varia sazonalmente (López-Álvarez 1984; Fochetti et al. 2003). 11 A alimentação oportunistica sobre um leque variado de invertebrados de vários tamanhos e taxa é considerada a norma para a truta adulta em rios de corrente livre (Elliott 1973; Ringler 1979; Bachman 1984). A truta em muitos sistemas aquáticos necessita de ”inputs” externos de invertebrados terrestres, particularmente durante o verão, para satisfazer as suas necessidades energéticas (Nakano et al. 1999; Kawaguchi e Nakano 2001). Foi demonstrado que a truta fário piscívora tem um crescimento maior que a truta não piscívora tanto em laboratório (Elliott e Hurley 2000) como em estudos de campo (Grey 2001). Os regimes de temperatura e fluxo dos rios exercem um grande controlo sobre a distribuição e abundância dos invertebrados disponíveis para os salmonídeos (Waters 1969; Benke et al. 1988; Richardson 1993) bem como sobre o balanço energético dos salmonídeos (Smith e Li 1983). Pequenas trutas alimentam-se principalmente de larvas de insectos, quironomídeos (Díptera) em particular mas também podem alimentar-se de outros artrópodes. Com o aumento de peso estas alimentam-se gradualmente de presas maiores como larvas de insectos pertencentes aos grupos Ephemeroptera, Plecoptera, Simuliidae e Trichoptera (Jonsson e Gravem 1985; Haraldstad et al. 1987; Neveu 1999; Rincón e Lobón-Cerviá 1999; Steingrimsson e Gislason 2002). Num estudo em dois rios do Nordeste de Portugal, durante o Verão, nos anos 2000, 2001 e 2002 as trutas do ano alimentaram-se predominantemente das presas aquáticas mais disponíveis pertencentes às ordens Díptera e Ephemeroptera não sendo encontrados insectos da ordem Trichoptera nos conteúdos estomacais (Teixeira 2006). Num estudo em Espanha no rio Tormes as presas aquáticas constituíram 87,99 % do total do conteúdo estomacal sendo 56,01 % da família Baetidae, 9,09 % Simuliidae, e 6,17 % Ephemeroptera. Por outro lado a selecção do alimento esteve mais relacionada com a acessibilidade às presas do que com a abundância e tamanho do alimento no meio (Hernández 2010). Os hábitos alimentares e composição nutricional da dieta da truta fário nas zonas mais altas dos rios Ceyhan e Euphrates na Turquia foram investigados durante um ano, pela análise dos conteúdos estomacais de 611 espécimes. A análise das variações mensais do conteúdo estomacal indicou que a actividade alimentar foi mais alta entre Fevereiro e Junho do que entre a época de postura de Novembro a Janeiro. Um total de 42 taxa foram identificados na dieta, sendo organismos representativos dos grupos de Coleoptera, Trichoptera, Ephemeroptera, Plecoptera, Malacostraca, Díptera, Araneidae, Odonata, Gastropoda, Acridae, Acarii, Heteroptera, peixes e ovos de peixe. O índice de importância relativa revelou que 5 tipos de alimento em conjunto constituíram mais de 90 12 % da dieta, sendo as mais importantes Gammarus sp. (49,72%), Hydropsychidae (14,61%), uma espécie não identificada de Díptera (9,21%), Nemoura sp. (8,98%) e Isoperla sp. (6,90%) (Kara e Alp 2005). Outros estudos sobre a dieta dos salmonídeos demonstraram que durante o Verão os invertebrados terrestres podem constituir mais que 50% do total da biomassa da dieta (Zadorina 1988; Bridcut e Giller 1995; Wipfli 1997; Nakano et al. 1999 a,b; Webster & Hartman 2005). Segundo alguns estudos, devido aos salmonídeos serem predominantemente predadores visuais, estes detectam as presas melhor e têm taxas de consumo maiores durante o dia do que durante a noite (Mcintosh e Townsend 1995; Fraser e Metcalfe 1997), assim espera-se que os salmonídeos sejam predominantemente activos durante o dia no Verão (Bisson 1978; Allan 1981; Walsh et al. 1988; Angradi e Griffith 1990; Young et al. 1997). Outros estudos têm demonstrado que os salmonídeos são crepusculares (Eriksson 1978; Sagar e Glova 1988; Riehle e Griffith 1993) ou mesmo nocturnos no Verão (Elliott 1973; Adams et al. 1988; Gries et al. 1997). Segundo Eriksson (1978) a truta é um peixe crepuscular, com a máxima actividade ocorrendo ao amanhecer e ao anoitecer. A atividade no crepúsculo é provavelmente benéfica em termos de recompensa alimentar pois a densidade de deriva de insectos tipicamente aumenta neste período do dia mantendo-se elevada durante a noite (Waters 1972; Brittain e Eikeland 1988). A alimentação de trutas de idade 1+ num rio de terceira ordem no norte da Finlândia foi geralmente maior no crepúsculo e nas horas à volta do meio-dia (Kreivi et al. 1999). 1.2.5.1. Tamanho das presas Para peixes predadores de qualquer tamanho, uma tamanho óptimo de captura é assumido existir, acima do qual as presas se tornam mais difíceis de capturar e abaixo do qual a captura se torna menos rentável (Hart e Connelan 1984; Nilsson e Bronmark 2000; Turesson et al., 2002; Dorner e Wagner 2003). O tamanho do peixe predador e o tamanho da sua boca aberta estabelece o limite para o tamanho máximo das presas (Wankowski 1979; Hambright et al. 1991), mas muitos predadores preferem presas menores do que o tamanho máximo estabelecido pela abertura da boca (Damsgard 1995; Olson 1996; Nilsson e Bronmark 2000) para maximizar a energia ingerida por unidade de tempo (Wankowski e Thorpe 1979; Townsend e Winfield 1985; Turesson et al. 2002). Keeley e Grant (2001) concluíram que 30 cm é tamanho a partir do qual as trutas se tornam predominantemente piscívoras, e este facto não difere significativamente entre 13 habitats. Em pequenos rios e lagos (áreas<10 km2) a truta raramente atinge comprimentos totais de 30 cm e são principalmente insectívoras (Hunt e Jones 1972; Campbell 1979; L’Abee-Lund et al. 1992; Kreivi et al. 1999). Ao contrário, em grandes áreas (500-1500 km2) na Escandinávia e na Russia as trutas podem atingir tamanhos entre os 50 e os 90 cm (Toivonen 1972; Huusko et al. 1990; Vehanen 1995). Como a truta piscivora é capaz de se alimentar de uma grande variedade de espécies de peixe (Campbell et al. 1979; L’Abee-Lund 1992; Naesje et al. 1998) pode provavelmente mudar a espécie alvo, quando a disponibilidade e estrutura de tamanhos das populações de peixes alvo flutua. 1.2.6. Crescimento Os salmonídeos demonstram uma grande variabilidade de crescimento e tamanhos entre as populações, principalmente como resposta a diferentes condições ambientais (L’Abée-Lund et al. 1989; Elliott 1994; Lobón-Cerviá 2000; Nislow 2001; Jonsson et al. 2001; Klemetsen et al. 2003; Nicola e Almodóvar 2004). As condições de alimentação em rios podem mudar rapidamente devido a flutuações em factores abióticos como o caudal, turbulência e luz, bem como devido a factores bióticos como por exemplo a eclosão de invertebrados aquáticos ou terrestres (Sweeney e Vannote 1982). O crescimento de trutas pequenas é influenciado por muitos factores ambientais incluindo o estatuto social (Elliott 1994). Estudos em laboratório sugerem que as pequenas trutas dominantes têm acesso prioritário a recursos limitados (Johnsson et al. 2006). Na natureza estas pequenas trutas dominantes também demonstram crescer mais que as subordinadas (Höjesjö et al. 2002). A variação espacial de crescimento em trutas fário foi estudada em 13 populações de 1993 a 2004 em rios da baia do Golfo da Biscaia. A grande variabilidade no comprimento furcal (CF) na área de estudo foi semelhante ao intervalo de tamanho encontrado em toda a distribuição Europeia. O CF variou: para 0+ entre 57,4-100,7 mm; para 1+ entre 111,6-176,0 mm; para 2+ entre 155,6-248,4 mm e para 3+ entre 194,3-290,9 mm. A média do CF por idade foi maior nos cursos principais e ribeiros mais a montante quando comparado com pequenos afluentes e ribeiros mais a jusante. Modelos de regressão mostraram que a temperatura da água e a altitude foram os factores mais determinantes do CF por idade na área de estudo (Parra 2009). A idade e o crescimento de 509 trutas fário foram analisados no rio Çoruh, na Turquia entre Janeiro de 2001 e Dezembro 2001. A idade variou entre os 0 e os 7 anos e o ratio 14 macho:fêmea foi 1:1,05. O comprimento furcal e o peso das trutas variou entre 6,9 e 22,1 cm e entre 4,9 e 158,5 g para os machos, e entre 6,8 e 26,1 cm e entre 4,3 e 211,9 g para as fêmeas, respectivamente. A maior taxa de crescimento específico ocorreu entre a idade de 1 e 2 anos para ambos os sexos (Yilririm e Arslan 2007). 1.2.6.1.Temperatura Uma variável fundamental do ciclo de vida da truta é a temperatura (Jonsson e Jonsson 2009) sendo consequentemente a truta um bioindicador das alterações climáticas. A temperatura da água é considerada o factor ambiental mais relevante no crescimento da truta (Elliott 1994) afectando tanto o crescimento como o período de tempo de cada fase de vida (Webb e Mclay 1996). Embora tenham sido feitas varias tentativas para estabelecer a temperatura óptima de crescimento, os autores têm encontrado diversos valores para diversas latitudes (Elliott 1975a,b; Jensen 1990; Forseth e Jonsson 1994; Elliott et al. 1995). Igualmente a amplitude térmica que permite o crescimento parece variar entre populações (Elliott et al. 1995; Ojanguren et al. 2001; Vøllestad et al. 2002). Para o crescimento a temperatura mínima crítica situa-se entre os 3-6ºC e a temperatura máxima crítica está entre os 2526ºC. A temperatura óptima para crescimento está entre os 13 e os 18ºC aumentando com o aumento da ingestão de alimento (Elliott e Hurley 2000; Ojanguren et al. 2001) 1.2.7. Estatuto e conservação da espécie Barragens hidroelétricas e represas reduzem os fluxos de água nos rios, interrompendo os movimentos longitudinais, verticais e transversais dos peixes e afectando consequentemente a reprodução natural e as deslocações entre habitats (Jungwirth et al. 1998; Peter 1996; Kubecka et al. 1997; Rivinojaa et al. 2001). Nas trutas fário as populações muitas vezes consistem em pequenas trutas residentes e indivíduos migrantes maiores (Jonsson 1989; Hindar et al. 1991; Northcote 1992; Jonsson and Jonsson 1993b). Se as áreas críticas (habitat de postura, habitat de Inverno, habitat de alimentação) ficarem separadas por barreiras artificiais, as populações de peixe locais podem diminuir rapidamente (Hauser et al. 1991; Hindar et al. 1991; Northcote 1992; Peter 1996). 15 A decisão entre anadromismo e sedentarismo em água doce é um exemplo da plasticidade fenotípica e comportamental e é influenciada por factores genéticos e ambientais (Jonsson e Jonsson 1993b; Klemetsen et al. 2003). Esta espécie é importante para a pesca desportiva em Espanha, e está atualmente ameaçada pela poluição, destruição de habitats, introdução de espécies exóticas, sobrepesca e introdução de genes não autóctones causada por repovoamentos (Elvira 1995; Almodóvar e Nicola 1998, 1999, 2004; Machordom et al. 1999; Almodóvar et al. 2001, 2002, 2006; Elvira e Almodóvar 2001). A preocupação com a conservação e reabilitação de populações de salmonídeos está a crescer (Dodoson et al 1998; Crivelli 2000; Hallerman 2003; Caudron 2006). Truta marisca - Forma migradora anádroma, considerada em Portugal como rara e pouco abundante apresentando um estatuto de conservação de criticamente em perigo. Encontra-se em Portugal nas bacias hidrográficas do Minho, Âncora e Lima. Truta fário - É frequente em Portugal nas bacias hidrográficas dos Rios Minho, Lima, Cávado, Ave, Douro, Vouga e Mondego e na região Noroeste da bacia do rio Tejo. Apresenta um estatuto de conservação de pouco preocupante (Cabral et al 2006, Aquariport 2007, AFN 2012). 1.2.8. Determinação da idade de peixes em populações selvagens 1.2.8.1. Escamas As escamas são frequentemente usadas para estimar a idade de peixes (Jearld 1983; Baglinière e Le Louarn 1987). Em espécies de salmão e truta, a leitura de escamas é considerada um método fiável e útil para estimar a idade (Baglinière 1985; Richard e Baglinière 1990). Num estudo em França a idade estimada através da análise das escamas foi comparada com a idade real de peixes recapturados e etiquetados na idade 0+. Um total de 375 peixes foram analisados e a percentagem média de erro na análise das escamas foi de 6,4 %. A taxa de erro subiu com o aumento da idade. Não foi encontrada diferença estatística entre a idade real e a idade estimada através das escamas, confirmando a fiabilidade da leitura de escamas para estimar a idade (Rifflart 2006). As escamas são elementos de fácil obtenção, basta uma ligeira raspagem com um bisturi e é possível retirarem-se escamas sem causar lesões no peixe. É conveniente a colheita de um número suficiente destas estruturas porque, por vezes, muitas são de 16 regeneração. Estas últimas apresentam um núcleo amorfo, resultante dum rápido crescimento pois vieram ocupar o lugar de outras escamas que por razões diversas acabaram por soltar-se. As escamas devem ser obtidas ligeiramente acima da linha lateral e próximo da região média do corpo. A identificação da idade é feita através da observação de alguns aspectos: 1 - O método mais utilizado é o distinguir as zonas formadas por um conjunto de estrias (circuli) mais próximas entre si, formando um anel de Inverno ou anel de abrandamento de crescimento das zonas com círculos mais afastados devido a um crescimento mais rápido (anel de Verão). No caso da truta, é importante ter em conta a ocorrência dum erro frequente devido à pouca evidência do primeiro “annulus” que é delimitado pelos primeiros 7 “circuli” (Abad 1982). 2 - Por vezes os “circuli” tornam-se descontínuos, fundem-se entre si ou encontram-se erodidos. Como este tipo de “annulus” ocorre todos os anos, e é evidente quando se observam as escamas, é pois um indicador da idade do peixe. 3 – A existência de um “annulus” pode ser evidenciada por deformações específicas, como curvaturas, com características próprias de cada espécie, de algum ou alguns “circuli” (Cortes e Ferreira 1993). 1.2.8.2. Otólitos Os otólitos são estruturas calcificadas localizadas na cabeça, no interior do ouvido interno que, embora envolvendo técnicas de preparação mais elaboradas, são também utilizados para a determinação da idade. Dos três otólitos existentes em cada lado, apenas o maior (geralmente o sagitta) é usado. Estas estruturas permitem a determinação da idade por serem constituídas por sucessivas camadas de material opaco (anéis), formados durante a época em que a temperatura é mais elevada, separados por outras de material translúcido correspondente ao período do Inverno, quando vistas com luz transmitida (Cortes e Ferreira 2003). 1.2.9. Outros estudos 1.2.9.1. Rio Lima Todos os afluentes do rio Lima são considerados rios de salmonídeos. Como resultado de pesca intensiva alguns dos afluentes estão sujeitos a regulamentação especial. Num estudo as populações de 6 afluentes (Vade, Estorãos, Trovela, Labruja Tamente e 17 Froufe) foram caracterizadas. A partir Setembro de 1995 foram realizadas pescas elétricas todos os 3 meses no rio Vade (4 locais), Estorãos (2 locais) e Trovela (1 local) e uma amostra anual dos rios Labruja, Tamente e Froufe. A truta fário foi a única espécie de peixe presente em todos os pontos de amostragem, representando mais de 50% do total de capturas. As densidades de trutas variaram ao longo dos rios e entre os rios amostrados. Os valores médios foram sempre superiores a 10 ind/100 m2 mas em alguns locais densidades de 20 ind/100 m2 foram encontradas. A média da biomassa foi 285,5 gFW/100 m2 sendo a sua amplitude de 23,04 a 727,04 gFW/100 m2. A estrutura da população encontrada foi na sua maioria de trutas 0+ e 1+, embora trutas 5+ a 7+ fossem capturadas (Maia 1999). A população de truta do rio Estorãos caracteriza-se por apresentar densidades variáveis (Maia e Valente 2002), elevadas nas zonas a montante e muito baixas nas zonas a jusante, e exibindo um crescimento geralmente fraco, principalmente constituída por indivíduos de idades 0+, 1+, 2+ e 3+, sendo as duas primeiras classes de idade mais representativas (Valente 1993, Maia e Valente 2002). Noutro estudo sobre o rio Lima em 2001 e 2002 foi analisado o comportamento reprodutor de trutas no rio Estorãos. O período reprodutor iniciou-se a 4 de Janeiro de 2002 e prolongou-se até 3 de Fevereiro. O aumento de caudal nos dias anteriores a 4 de Janeiro parece ter sido o factor desencadeador das actividades reprodutoras (Pires 2003). 1.2.9.2. Rio Vez O leito do rio Vez é constituído por substratos predominantemente grosseiros e nas margens são comuns os amieiros, freixos e salgueiros. Num estudo realizado em duas fases (Março e Abril, e Junho) no rio Vez foram amostrados 16 troços do rio sendo feita pesca eléctrica para caracterização das populações piscícolas. A truta fário (33,7 %), boga (20,6 %) e a enguia (18,6 %) foram as espécies mais encontradas nos vários troços amostrados. Em relação ao factor de condição K (médio), este valor aumentou em média da nascente até à foz. O índice K médio calculado foi 0,845 (0.65/1,20), o valor do comprimento médio das trutas foi de 12,3 cm e o valor do peso médio foi 22,4 g. A truta apresentou uma ligeira falta de robustez. Das 253 trutas amostradas, 98 trutas tinham a idade 0+ (7,52 cm), 62 a idade 1+ (12,75 cm), 82 a idade 2+ (16,59 cm) e 9 trutas a idade 3+ (20,81 cm) (Vieira 2011) 18 1.3. Pesca desportiva/lúdica A pesca de caracter recreativo constitui uma área importante de utilização de recursos biológicos naturais e da gestão dos recursos aquáticos. Como utilizadores esclarecidos destes recursos, os pescadores recreativos têm um papel preponderante na sua defesa e conservação, desempenhando uma função importante na sensibilização de toda a comunidade para a necessidade de protecção e utilização racional do património aquícola. Como tal, devem adoptar códigos de conduta consistentes com uma ética de conservação dos recursos, assumindo a educação um papel de grande importância, pois actua como motor para mudança de atitudes (Ferreira 2010). A importância socio-económica da pesca desportiva está bem documentada (Linlokken 1995; Peirson et al. 2001; Ross e Loomis 2001; Wedekind 2001; Arlinghaus e Mehner 2002; Cooke e Cowx 2006) e normalmente o benefício económico para as regiões locais aumenta com o aumento do número de pescadores (Wedekind et al. 2001), mas este aumento do esforço de pesca pode causar uma menor densidade de peixes ou alterações na sua abundância. Nestas áreas sujeitas a pesca intensiva, a gestão da pesca, especialmente o repovoamento tem um importante papel a desempenhar (Arlinghaus et al. 2002). Contudo, o repovoamento também tem impacto em stocks selvagens (Cowx 1994; Ham e Pearsons 2001). A truta fário tem uma grande importância socio-económica, tanto na pesca comercial como na desportiva e é frequentemente usada como atracção turística (Aas et al. 2000; Butler et al. 2009), sendo o alvo mais importante e popular da pesca desportiva na Europa (Almodóvar e Nicola 1998). Num estudo na Alemanha verificou-se que o esforço de pesca aumentou após o repovoamento, aumentando assim o impacto da pesca desportiva nos stocks selvagens. O repovoamento com trutas fário adultas só diminui o impacto da pesca sobre trutas selvagens se o tempo despendido na pesca por todos os pescadores se mantiver estável (Baer et al. 2007). Em Espanha o número de licenças tem vindo gradualmente a aumentar de 27.000 em 1950 para 850.000 em 2004, aumentando cada vez mais a procura por mais peixe. (Almodóvar e Nicola 1998; Almodóvar et al. 2002). As populações de truta estudadas num estudo em Espanha apresentaram uma dominância das idades entre os 0+ e o 2+ e um máximo de longevidade entre 4 e 5 anos. As populações da truta fário estão sobre exploradas como resultado de actividades de gestão ineficazes e a sua singularidade genética está ameaçada pela intromissão de genes não autóctones devido ao repovoamento. A pesca desportiva intensa tem 19 diminuído a idade média, a diversidade de idades e o número de trutas que excedem o tamanho mínimo de captura. Muitas áreas exploradas demonstram um decréscimo geral na abundância e na produção bem como uma diminuição no stock produtivo e fecundidade da população. O tamanho mínimo de captura reduz as hipóteses de sucesso na postura de populações de crescimento rápido devido à suscetibilidade à pesca desportiva. Os efeitos da gestão da pesca desportiva na dinâmica da população, produção e características dos ciclos de vida exibem diferentes efeitos nos rios em Espanha e parecem depender das características ambientais e biológicas das populações. O actual declínio da truta fário pode ser reduzido com um regulamento específico para cada rio e por normas de pesca alternativas (Almodóvar e Nicola 2004). Muitos indícios têm sugerido que as populações de truta fário na Suíça estão em risco. Os registos dos pescadores indicam uma diminuição das capturas em cerca de 50% desde 1980 (Friedl 1999). Estudos na Galiza apresentaram dados de densidade, biomassa e produtividade de 1182 trutas/ha; 68,3 kg/ha e 37,2 kg/ha.ano para zonas de pesca desportiva com extracção e 3135,1 trutas/ha; 208,2 kg/ha; 144,2 kg/ha.ano para zonas vedadas à pesca (Almodôvar 2001). Contudo estudos realizados noutros rios do Norte de Espanha não detectaram uma redução na abundância nas populações devido ao efeito da pesca desportiva (Brana et al 1992). A pesca é designada desportiva ou lúdica quando é praticada como distração e profissional quando é praticada com fins lucrativos (ARH 2012) 1.3.1. Potencialidades da pesca desportiva em Portugal - Boas condições de pesca na maioria dos rios. - Grande percentagem de rios salmonídeos ainda pouco poluídos. - Existência de um grande número de Associações e Clubes. - Crescente apetência dos agentes locais e regionais (públicos e privados) para um melhor desenvolvimento do sector. - Grande número de sucessos desportivos a nível de clubes e nações em provas internacionais. - Investimento económico em materiais de pesca desenvolvidos com recurso a novas tecnologias. - Integração de uma percentagem significativa de pescadores oriundos das zonas mais urbanas da região em modelos de ordenamento piscícola. - Aproveitamento de incentivos financeiros para investimento no sector. 20 - Progressiva formação e profissionalização de pescadores e agentes do sector. - Maior participação na organização de eventos desportivos de alta competição nacionais e internacionais estabelecendo ligações com outros sectores económicos. 1.3.2. Caracterização da pesca desportiva dirigida à truta 1.3.2.1. Pesca com iscos naturais A utilização de iscos naturais na pesca aos salmonídeos é a mais praticada pelos pescadores desportivos, apesar de nos últimos anos ter sido progressivamente abandonada. Hoje em dia é principalmente utilizada por pescadores ribeirinhos. Nesta técnica o isco mais utilizado é a minhoca de terra, nos meses mais frios, e os insectos terrestres nos meses de maior calor. A pesca com minhocas tem maior eficácia no início da temporada de pesca (Março a Junho) quando os rios estão turvos, logo após as chuvas. A legislação portuguesa proíbe a utilização de larvas naturais nas águas salmonídeas, pois esta prática impede muitas vezes que as trutas pequenas sejam devolvidas à água em boas condições de sobrevivência. Os pescadores utilizam normalmente canas de dimensão variável que muitas vezes chegam aos 4 ou 5 metros, utilizam uma ou mais minhocas no anzol e lastram a linha com pequenos chumbos, em função da profundidade e velocidade da água. Deve-se pescar perto do fundo com uma linha de 24/100, uma base de linha 16/100 e um anzol nº5. Não se deve ferrar bruscamente, para não partir a base da linha, bem útil dada a desconfiança da truta. Esta por vezes não atacará imediatamente mesmo se tiver visto bem o isco: deve-se recomeçar a manobra, que consiste em deixar a minhoca descer a corrente tantas vezes quantas as necessárias para a decidir. 1.3.2.2. Pesca com iscos artificiais Um grande número de pescadores desportivos utiliza a técnica de pesca com iscos artificiais. Esta forma de capturar trutas, pela sua aparente simplicidade, tem um grande número de adeptos. Nesta pesca são utilizadas colheres rotativas (amostras) ou imitações de pequenos peixes (vulgarmente designadas por rapalas) nas quais são incorporadas uma ou duas fateixas com o máximo de três anzóis. As colheres rotativas, com várias cores e brilhos, ao serem recuperadas têm um movimento giratório bastante atractivo para as trutas. 21 Estas confundem a amostra com um peixe ou atacam-na simplesmente devido ao seu instinto predador. A forma das colheres varia com o objectivo de produzir vibrações e visualizações diferentes. As rapalas (imitações de peixes) são normalmente utilizadas para capturar exemplares de maior dimensão. As técnicas de pesca variam consoante o pescador, este tanto pode pescar a subir o rio (mais comum) ou a descer o rio. Em locais com fraca corrente, pouco profundos ou em pequenos rios, são utilizadas pequenas colheres. As canas são normalmente pequenas (< 2,7 m) e leves, permitindo lançamentos precisos. Na linha, normalmente não é colocado qualquer chumbo. 1.3.2.3. Pesca à pluma Esta modalidade praticada em todo o mundo, tem vindo a ser praticada mais regularmente em Portugal desde os anos 90. Considerada por muitos como a mais difícil de praticar, visa sobretudo a captura de salmonídeos com imitações do seu alimento natural. Para a montagem destas imitações utilizam-se vários materiais, como é o caso de plumas de aves, pelos de mamíferos, materiais sintéticos e fios de todas as cores. Muitas vezes é necessário ter conhecimentos de entomologia para obter bons resultados. Muitos pescadores pensam que a pesca à pluma apenas pode ser praticada em rios amplos e limpos de vegetação, mas esta pode ser aplicada em todos os locais dependendo da técnica de lançamento utilizada. As canas utilizadas são especiais (diferentes das convencionais) de modo a que se consiga projectar a linha até à distância pretendida. As linhas utilizadas são feitas em plástico ou seda, têm vários números em função do seu peso e podem ser flutuantes ou afundantes. Na pesca à pluma não se coloca chumbo na linha. A maioria das imitações utilizadas são de invertebrados aquáticos como é o caso dos tricópteros, efemeropteros e plecópteros. As ninfas correspondem à primeira fase de desenvolvimento do insecto aquático e as moscas secas ou afogadas imitam a fase adulta do insecto. Os streamers, por outro lado, tem por objectivo a imitação de pequenos peixes. Para além dos aspectos de protecção ambiental, em países ricos com rios truteiros, esta actividade desportiva movimenta anualmente milhões de euros em viagens para essas regiões. Alguns records de pesca para a truta fário: Francês: 10,3 kg Inglês: 11,5 kg Americano: 17,7 kg Mundial: 18,8 kg 22 1.3.3. Legislação Para efeitos de aplicação de diplomas legais consideram-se: Água de salmonídeos – as águas onde existem, ou com potencial ecológico para suportar, espécies da família Salmonidae, nomeadamente truta fário. Águas de ciprinídeos – as águas onde vivem ou poderão viver espécies piscícolas da família Cyprinidae, como o barbo, a boga e o escalo, bem como outras espécies não pertencentes à família Salmonidae. Águas de transição – águas onde ocorrem simultaneamente salmonídeos e ciprinídeos; para efeitos de fixação das normas de qualidade são consideradas águas de salmonídeos. Nas águas classificadas de salmonídeos, aplica-se o período de defeso da truta a todas as espécies piscícolas. Durante a época em que é livre a pesca da truta, é também livre a pesca de quaisquer outras espécies piscícolas nessas massas de água (Portaria nº 462/2001, de 8 de Maio). A lei nº 2097, de 6 de junho de 1959, estabelece o regime para o exercício da pesca, nas águas públicas interiores, classificando as águas em: a) Águas livres – nestas zonas podem praticar-se as duas modalidades de pesca (profissional e desportiva) b) Zonas de pesca reservada (ZPR) – estas zonas estão sujeitas a regulamento próprio, sendo apenas permitida a pesca desportiva. As condições para o exercício da pesca são definidas por edital, nomeadamente o número diário de pescadores, os períodos, processos e meios de pesca, as dimensões mínimas e o número máximo de exemplares a capturar, bem como o tipo de licenças especiais obrigatórias. Para estas zonas além da licença geral de pesca desportiva é ainda necessária uma licença especial, cujos tipos e custos são definidos no respectivo edital da zona (anexo V) c) Concessões de pesca - correspondem a zonas geridas por uma entidade concessionária (clubes, Câmaras Municipais), sujeitas a regulamento próprio, onde apenas é permitida a pesca desportiva. A zona de pesca reservada do rio Vez – Monção/Arcos de Valdevez, fica compreendida entre a Capela de Santo António de Vale de Poldras, freguesia de Riba de Mouro, concelho de Monção, a montante, e a Ponte de Aspra, freguesia de Vilela, concelho de Arcos de Valdevez, a jusante. Neste troço o período de pesca fica compreendido entre dia 15 de Abril e dia 31 de julho (anexo VI). 23 Para o rio Vez (zona livre) o período de pesca para a truta fário fica compreendido entre o dia 1 de Março e 31 de Agosto inclusive (excepção ao calendário, Portaria nº 151/79, de 5 de Abril). Comprimento mínimo legal de captura: 19 cm (ICNF). 1.3.4. Evolução da emissão de licenças em Portugal de 2007 a 2011 Nos últimos 3 anos o número total de licenças emitidas foi sempre superior a 200 mil (figura 5). 250.000 Nº licenças 200.000 150.000 Total 100.000 50.000 Regionais (Zona Norte) 0 2007 2008 2009 Ano 2010 2011 Figura 5 - Número total de licenças (Nacionais + regionais + concelhias) e regionais para a zona Norte emitidas por ano (Fonte: ICNF). A partir de 2009 o número de licenças regionais emitidas aumentou substancialmente enquanto que o número de licenças concelhias emitidas diminuiu, mantendo-se esta Nº licenças têndencia até 2011 (figura 6). 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 Nacionais Regionais Concelhias 2007 2008 2009 Ano 2010 2011 Figura 6 - Número de licenças nacionais, regionais e concelhias emitidas por ano (Fonte: ICNF). Para a ZPR do rio Vez podem ser emitidas no máximo 120 licenças para cada lote, por ano (anexo VI). Como a ZPR é constituída por 8 lotes podem no máximo ser emitidas 960 licenças mas nos últimos 5 anos o valor nunca foi superior a 283 (2008) correspondendo este valor a 29 % de ocupação máxima (figura 7). Em cada dia de pesca podem ser 24 retidos até 6 exemplares de truta com um comprimento superior a 19 cm exceptuando no lote 3 onde só é permitida a pesca sem morte. 300 Nº licenças 250 200 150 Especiais diárias emitidas para o rio Vez 100 50 0 2007 2008 2009 2010 2011 Ano Figura 7 - Número de licenças especias diárias emitidas para a zona reservada do rio Vez (lotes) por ano (Fonte: ICNF). 1.3.5. Campeonatos Portugal tem acolhido diversos Campeonatos do Mundo de Pesca ao longo dos últimos anos, tendo em 2006 acolhido os II Jogos Mundiais de Pesca Desportiva (21 campeonatos do mundo, 5000 atletas de 50 países anexo). No rio Vez foram realizados nesse ano dois Campeonatos do Mundo de pesca à truta, um com iscos naturais e outro com iscos artificiais. No ano anterior já se tinha disputado um Campeonato do Mundo de iscos artificiais (anexo – VII). Desde 2006 realizam-se neste rio provas do Campeonato Nacional de Pesca à truta com iscos artificiais e com menos regularidade provas dos Campeonatos de Pesca à truta com pluma, 1ª e 2ª divisões. 1.4. Objectivo O objectivo deste trabalho foi analisar aspectos da biologia e ecologia da truta presente no rio Vez. Dada a importância desta espécie no âmbito da pesca desportiva e lúdica pretendeu-se relacionar aspectos ecológicos com esta prática e contribuir para a gestão desta massa de água em termos piscícolas. 25 2. Material e Métodos 2.1. Área de estudo O rio Vez pertence à bacia hidrográfica do rio Lima e apresenta uma orientação NorteSul (Vieira 2011). Este estudo desenvolveu-se em toda a extensão do rio desde a sua foz até ao lote 8, mais concretamente até ao ponto 41º59’54’’ N 8º19’78’’ W (figura 8 e 29). Figura 8 - Lote 8, local mais a montante atingido nas jornadas de pesca. A divisão do rio adoptada para este trabalho, na ZPR, foi igual à divisão legal dos lotes. Para o resto do rio a divisão por zonas (letras) foi estabelecida com base em vários critérios, como a fácil identificação dos limites, o tamanho equivalente e o fácil acesso ao início e final das zonas. Comprimento de cada zona: Lote 8 – 7800 m* Zona j - 1400 m Lote 7 – 1900 m Zona i – 2000 m Lote 6 – 2500 m Zona h – 600 m Lote 5 – 1800 m Zona g – 1000 m Lote 4 – 2600 m Zona f – 2000 m Lote 3 – 2300 m Zona e – 2000 m Lote 2 – 1100 m Zona d – 1100 m Lote 1 – 1000 m Zona c – 1000 m Zona m – 1000 m Zona b – 1200 m Zona L – 1200 m Zona a - 1100 m (Total 36,6 km) (figura 13) 26 *não foi possível calcular a dimensão do lote, apresentou-se em alternativa a distância entre o ínicio do lote 8 e a nascente do rio Vez. Da zona “a” até ao lote 3 existem vários acessos ao rio e é relativamente simples caminhar pelo rio ou pelas margens apesar da existência de muitos obstáculos à passagem (vedações e vegetação densa). Do lote 3 ao lote 6, os caminhos de acesso ao rio são poucos, o vale é muito pronunciado e é complicado andar pelas margens contudo é possível caminhar pelo leito do rio devido à pouca profundidade. Os lotes 7 e 8 situam-se em zonas mais montanhosas e isoladas, de difícil acesso, mas que permitem a pesca se o pescador se deslocar pelo leito do rio. 2.1.2. Divisão dos troços Troço dos lotes (ZPR) - lotes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 (21 Km : 13,2 km sem contabilizar o lote 8) Troço a montante da vila – zonas f, g, h, i, j, l, m (7,2 km) Vila – zona “e” (2 Km) Troço a jusante da vila – zonas a, b, c, d (6,4 Km) 2.2. Recolha de amostras e trabalho laboratorial 2.2.1. Temperaturas Entre os dias 21 de Outubro de 2011 e 16 de Janeiro de 2012 foram efectuadas 71 medições da temperatura da água e do ar num local do rio Vez, que é artificializado, mas onde é frequente a postura de trutas (Centro da vila de Arcos de Valdevez (vila), lavadouros – lp1: 41º50’77’’ N, 8º24’99’’ W) (figura 9). 27 Figura 9 - Local de postura (lp1) (zona e/vila). Estas medições foram realizadas diariamente entre as 11:15 e as 15:45 de cada dia (cerca de metade das medições entre as 14:00 e as 15:00) com um termómetro digital. Nesse troço de rio de aproximadamente 200 m de comprimento e 6 m de largura (1200 m2), também foram contabilizadas as trutas avistadas em cada dia. A partir do dia 9 de Dezembro de 2011 as trutas visualizadas foram discriminadas por tamanhos em pequenas (aproximadamente 25 cm), médias (aproximadamente 35 cm) e grandes (aproximadamente 45 cm), esta avaliação embora tenha pouco rigor científico, dado o valor ser calculado apenas com base na avaliação visual, pretendeu dar uma ideia geral dos tamanhos das trutas observadas. O número de casais também foi contabilizado. 2.2.2. Migração para montante - saltos Desde o dia 10 de Novembro de 2011 até ao dia 13 de Janeiro de 2012, entre as 11:25 e as 15:45, foi contabilizado em 47 dias, durante 15 minutos diários, o número de saltos de trutas que tentaram ultrapassar uma represa que existe no troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez e que fica cerca de 500 m a montante da zona de postura Foi anotada a hora de cada salto. Em três dias de três semanas consecutivas o tempo de contagem, por dia, foi de 6 horas. A represa construída em betão de perfil côncavo de 60 m de comprimento e 1,2 m altura, tem três pilares que a dividem em quatro zonas iguais, foi também anotada a zona onde cada truta saltou. Em cada salto as trutas além de terem de transpor a altura da represa, tiveram de ultrapassar 3,5 m de represa nadando por uma lâmina de água que escoava pelo obstáculo (figura 10 e 11). 28 Figura 10 - Represa que existe na zona e/vila. Figura 11 - Perfil da represa 2.2.3. Análises da água do rio Vez Uma vez por mês, entre Fevereiro e Julho foram feitas recolhas de amostras de água em três locais do rio Vez: Ponto 1 - Sistelo – Latitude 41º58’53’’N Longitude 8º22’41’’W (ponto mais a montante). Ponto 2 - Vilela – Latitude 41º55’03’’N Longitude 8º26’82’’W (ponto médio). Ponto 3 - Ponte de Santar – Latitude 41º48’93’’N Longitude 8º24’57’’W (ponto mais a jusante) (figura 13). Através de um fotómetro (HANNA c200 Multiparameter Ion Specific Meter) foram medidos os valores de pH, amoníaco, cloro livre, nitrato, nitrito e fosfato. Para calcular o peso dos sólidos em suspensão foi também filtrado 1 litro de amostra de cada zona e pesado o precipitado. A temperatura da água também foi medida. Tabela 1 - Qualidade de águas doces para fins aquícolas – águas piscícolas (águas de salmonídeos). Parâmetros VMR VMA Expressão de resultados Amoníaco 0,005 Nitritos 0,01 Cloro residual disponível Sólidos suspensos totais 0,025 mg/ NO2 0,005 25 mg/l NH3 mg/l HOCl mg/l VMR – Valor máximo recomendado VMA – Valor máximo admissível (Decreto-Lei nº 236/98) 29 Tabela 2 - Limiares máximos para os parâmetros físico-químicos gerais para o estabelecimento do Bom Estado Ecológico em Rios. Parâmetros Limite para o Bom Estado Agrupamento Norte Oxigénio dissolvido > 5 mg O2/l Taxa de saturação em oxigénio Entre 60 e 120 % pH Entre 6 e 9 Azoto amoniacal < 1 mg NH4/l Nitratos < 24 mg NO3/l Fosforo total < 0,1 mg P/l (INAG 2009) 2.2.4. Pesca desportiva Entre os dias 1 de Março de 2012 e 21 de julho de 2012 foram realizadas 56 jornadas de pesca (50 dias), a pesca foi mais intensa nos meses de Março, Abril e Maio (90 %), desde a foz do rio Vez até ao lote 8, abrangendo a quase totalidade do comprimento do rio Vez (3 passagens). A pesca foi efectuada tanto na zona livre como na zona de pesca reservada quase sempre de jusante para montante. Foi utilizada uma cana de 2,70 m (Michell Spin Premium 15-45g), um carreto (Shimano Exage 3000 MRB 6:2:1) duas linhas de nylon (Spro Math) de espessura 0,14 mm e resistência até 2,8 Kg e 70 amostras nº 2 douradas com pintas pretas, das marcas mapso, mepps e mosca (5,6 × 1,5 cm e 5 × 1,3 cm) (figura 12). Figura 12 - Amostras ou colheres utilizadas (marca mepps e mosca) Em cada dia de pesca foi anotado: o número de pescadores observados; a hora de início e fim da actividade; a temperatura da água; a transparência do rio (limpo, ligeiramente 30 turvo, turvo – observação visual); o estado do tempo (limpo, pouco nublado, nublado) e a ocorrência de aguaceiros ou chuva. Foi anotado o comprimento de cada truta capturada (comprimento furcal (CF) e total (CT)), o seu peso (balança digital Soehnle e=1g), a hora da captura, o isco utilizado, as coordenadas GPS do local de captura, o número de anzois cravados e apontado se o rio tinha corrente no local de captura (observação visual). Quando no texto é referido comprimento este refere-se ao comprimento furcal. Foi fotografado cada exemplar capturado e foram retiradas várias escamas para posterior análise da idade. Ao longo de cada dia de pesca foram também registadas as horas em que ocorriam ataques ao isco, se os ataques eram simples “toques” ou se a truta chegava a ficar cravada num dos anzois por alguns segundos e se estes ataques ocorriam em zonas de corrente ou em águas paradas (observação visual). Para as jornadas de pesca desportiva o rio foi dividido em 20 zonas de pesca contiguas, agrupadas em 4 troços (lotes, troço a montante da vila, vila e troço a jusante da vila). O troço do rio mais a montante está sujeito a um regime especial, sendo uma zona de pesca reservada (ZPR) que é constituída por 8 lotes. Adoptou-se as delimitações dos lotes existentes e denominou-se este troço de “lotes”. Entre o lote 1 (último a contar de montante) e a vila de Arcos de Valdevez foram consideradas 7 zonas (f, g, h, i, j, L, m), troço denominado “troço a montante da vila”. Na vila foi considerada uma zona de pesca que foi alvo de um grande esforço de pesca e que foi denominada “zona e/vila”. O troço constituído pelas zonas mais a jusante (a,b,c,d) foi denominado “troço a jusante da vila” (figura 13). Na zona livre (zona “a” a “m”) foram dispendidos 3 dias de pesca em cada secção (zona) à excepção da zona e/vila onde se pescou durante treze dias e da zona L onde só se pescou durante 2 dias. Nos lotes os dias de pesca variaram entre 1 e 3 dias em cada lote. Nos lotes 5 a 8 devido ao seu isolamento, à perigosidade das suas margens e à impossibilidade de comunicações móveis (risco em caso de emergência) apenas foi possível pescar na companhia de outro pescador podendo este facto ser potenciador de um menor número de capturas devido à pesca partilhada. Face a estas dificuldades o número de horas de pesca foi menor nestes lotes. Em relação à zona e/vila devido à facilidade de deslocação e ao maior número de pescadores que frequentam o local, foi dispendido um maior esforço de pesca nesta zona por forma a obter dados do número de capturas e dados dos espécimes capturados pelos pescadores. O termo jornadas de pesca é referido quando a pesca foi efectuada por um pescador utilizando a técnica de pesca com amostra artificial. 31 2.2.5. Pesca eléctrica No dia 6 de Outubro foram feitas 4 amostragens com recurso a aparelhos de pesca eléctrica nas zonas a, i, m e no lote 6. Foram utilizados 2 aparelhos um (EL62ll GI 400750 V Hans Grassel Gmbh) manuseado por dois operadores (zonas a, i e lote 6) e outro aparelho individual portátil a bateria (corrente contínua [DC], 200-400 V; 1-3 A; Electracatch International), utilizado na zona m devido à dificuldade de aproximação ao rio. Nas 4 zonas o comprimento de amostragem foi de cerca de 50 m. Foi utilizada uma balança digital AND EK 610 i (e=0,1g) para pesar as trutas e uma sonda (YSI 6920 v2) para medir a temperatura, o oxigénio dissolvido e a condutividade. Figura 13 - Divisão das 20 zonas definidas para a pesca desportiva e eléctrica. 32 2.2.6. Escamas e otólitos Em laboratório as escamas das trutas obtidas, nas jornadas de pesca (209 amostras), de exemplares capturados por outros pescadores desportivos (40 amostras) e de exemplares capturados com recurso a pesca eléctrica (40 amostras), foram introduzidas num frasco com hidróxido de potássio colocado de seguida num aparelho de ultrassons (Elma Transsonic 700) durante cerca de 1 minuto, para limpeza. As escamas foram de seguida lavadas em água destilada e as que apresentavam um melhor estado de conservação e leitura foram colocadas entre duas lamelas para posterior análise. As 289 preparações de escamas foram analisadas por dois observadores. Quando as leituras do primeiro e do segundo observadores foram coincidentes adoptou-se essa leitura como válida, quando as leituras não foram coincidentes ou existiu alguma dúvida por parte de um dos observadores um terceiro observador fez outra leitura. Finalmente estabeleceu-se como válidas as escamas com 2 ou 3 leituras coincidentes. Os otólitos recolhidos de 15 exemplares de truta foram colados numa lâmina e depois polidos com uma folha abrasiva (lixa). A mesma metodologia de leitura das escamas foi aplicada na leitura da idade dos otólitos. 2.2.7. Conteúdo estomacal De entre as trutas pescadas, 15 foram guardadas, uma de cada uma das 20 zonas do rio Vez previamente estabelecidas (Não foi possível obter trutas de todas as zonas devido ao tamanho mínimo de captura ser de 19 cm). O conteúdo estomacal e as gónadas destas trutas foram analisados e o fígado foi pesado. - A frequência de ocorrência (F) é a percentagem de ocorrência de uma presa na dieta de uma espécie, calcula-se através do número de estômagos que contêm um ou mais indivíduos da espécie presa em relação com o total de estômagos estudados ou em relação ao total de estômagos cheios. - A abundância relativa (Pi) é a percentagem do quociente entre o número de determinadas presas (i) sobre o número de presas totais. - O índice de enchimento do estomago é igual ao peso do conteúdo estomacal a dividir pelo peso total do peixe*10000 (Kara e Alp 2005). 33 2.2.8. Factor de condição K Em 1902, Fulton propôs o uso de uma fórmula matemática que quantifica a condição física de um peixe: K = (100 × W)/ L3 K – Factor de condição ou coeficiente de condição W - Peso do peixe em gramas (g) L - Comprimento do peixe em centimetros (cm), comprimento furcal Para os salmonídeos os valores de K variam usualmente entre 0,8 e 2. O factor K é influenciado pela idade do peixe, sexo, estação do ano, grau de maturação da gónada, estado de replecção do estômago/intestino, tipo de alimento consumido, quantidade de reservas de gordura e grau de desenvolvimento muscular (Froese 2006). Com base na comparação dos valores de K com a aparência geral e reservas de gordura as seguintes avaliações podem ser feitas: Valor de K Observação 1.60 Excelente condição 1.40 Bom, peixe bem proporcionado 1.20 Normal 1,00 Peixe magro 0.80 Peixe muito magro (Barman e Baxter 1998) 34 2.2.9. Inquérito Entre o dia 19 de Maio de 2012 e o dia 17 de Junho de 2012 foi realizado um inquérito a 38 pescadores desportivos que se encontravam na zona do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez (zona e). Inquérito efectuado a pescadores desportivos: Sexo, idade, residência 1 - Há quantos anos é pescador desportivo? 2 - Que técnica de pesca mais utiliza? 3 - Quantos dias pesca por ano? 3.1 – Quantos dias pesca por ano no rio Vez? 4 - Quantas trutas pesca por ano? 4.1 - Quantas trutas pesca por ano no rio Vez? 5 - Quantas trutas pescou este ano? 5.1 – Quantas trutas pescou no rio Vez? 6 – Que comprimento ou peso tinha a maior truta que capturou no rio Vez? 6.1 - Quando? 7 - Qual o número máximo de trutas capturadas num dia no rio Vez? 7.1 - Quando? 8 - Leva o peixe para casa ou devolve-o? 9 – Concorda com o repovoamento do rio? 10 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca? 10.1 - Se sim, Que condições gostaria de ver melhoradas? 11 - O que mudaria na Gestão do rio Vez? 12 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez? 13 – Comentários 2.3. Análise e tratamento de resultados A análise estatistica foi feita com o software Minitab Release 14 12 (Minitab Inc. Pennsylvania State University, PA, USA) e software PRIMER 6. Foram efectuados os testes Mann-Whitney e Kruskall-Wallis para dados não paramétricos e os testes t-test e ANOVA para dados de distribuição normal. Consideraram-se diferenças significativas quando p<0,05. 35 3. Resultados e discussão 3.1. Parâmetros fisico-químicos da água O pH nos 3 locais de amostragem em todas as medições apresentou sempre valores entre 6,5 e 6,6 apresentando valores dentro do intervalo de referência para a água doce não indiciando perturbação a este nível. Em geral a temperatura da água aumentou, nas três zonas, de Fevereiro até Julho apesar de se ter verificado uma descida (que pode ser pontual) da temperatura de Março a Maio. Em todas as zonas a subida da temperatura foi semelhante e em seis meses a temperatura subiu mais de 11 ºC em todos os locais (figura 14). Temperatura (ºC) 25 20 15 Lote 6 10 Zona m 5 Zona a 0 Data Figura 14 - Valores de temperatura da água em 5 dias de 5 meses diferentes, em 3 locais, um na parte alta do rio (lote 6), outro na zona média (zona m) e outro perto de foz (zona a). Em relação à concentração de amoníaco nas 15 amostras de água, 11 amostras apresentaram valores abaixo do valor máximo recomendado (0,005 mg/l NH3), 3 amostras apresentavam valores abaixo do máximo admissível (0,025 mg/l NH3) enquanto que uma das amostras na zona “a”, em Junho, apresentou um valor (0,146 mg/l NH3) muito acima do máximo admissível (figura 16). No que se refere à concentração de nitritos, em 14 amostras não se verificou a sua presença mas uma amostra também da zona “a” revelou um nível muito acima do VMR (figura 17). A concentração de nitratos esteve sempre abaixo do valor máximo (24 mg/l) para consideração de um bom estado do rio (figura 18). Em todos os dias de análise da água do rio Vez esta apresentou poucos sólidos em suspensão sendo o valor mais elevado de 1,5 mg/l, muito abaixo dos 25 mg/l (VMR). 36 Nitrato Cloro livre [NO3-] (mg/l) 2 [Cl] (mg/l) 1,5 1 0,5 0 30 25 20 15 10 5 0 Lote 6 Zona m Zona a LBE Lote 6 Zona m Data Zona a Data Figura 15 – Concentração de cloro livre. Figura 18 - Concentração de nitrato. Fosfato Amoníaco 0,15 Lote 6 0,1 Zona m 0,05 Zona a 0 [PO43-] (mg/l) [ NH3] (mg/l) 0,2 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 VMA Lote 6 VMR Zona m Data Data Figura 16 – Concentração de amoníaco. Zona a Figura 19 - Concentração de fosfatos. [NO2-] (mg/l) Nitrito 0,035 0,03 0,025 0,02 0,015 0,01 0,005 0 LBE – Limite para consideração de um Bom Lote 6 Zona m Estado VMR – Valor máximo recomendado VMA – Valor máximo admissível Zona a VMR Data Figura 17 - Concentração de nitritos. 37 3.2. Análise de um local de postura (lp1) Do dia 2 ao dia 12 de Dezembro é visível na figura 20 um grande aumento no número de trutas observadas no local de postura (lp1), esse aumento ocorreu durante um período em que ocorreu precipitação durante alguns dias, é também visível que só a partir de dia 12 de Dezembro é que as temperaturas apresentaram valores abaixo dos 10ºC. Nos dias de precipitação não foi possivel contabilizar as trutas presentes no local (lp1) devido ao 10 5 5 0 0 Data N 10 13-01-2012 15 06-01-2012 15 30-12-2011 20 23-12-2011 20 16-12-2011 25 09-12-2011 25 02-12-2011 30 25-11-2011 30 18-11-2011 35 11-11-2011 35 04-11-2011 40 28-10-2011 40 21-10-2011 Temperatura (ºC) aumento de caudal e à consequente turbidez da água. Nº de trutas Temperatura água Tempertura ar Dias de precipitação Figura 20 - Variação da temperatura do ar e da água no local de postura lp1 no rio Vez e variação do número de trutas observadas no local lp1. Na área assinalada na figura 21 foram geralmente observadas mais trutas no periodo em que se verificou um aumento de caudal no rio Vez. No entanto o aumento progressivo do cauda impossibilitou a observação de trutas dificultando o estabelecimento de uma relação. 38 40 4,2 30 25 3,2 20 N Nivel hidrométrico (m) 35 15 2,2 10 5 14-01-2012 00:00 09-01-2012 00:00 04-01-2012 00:00 30-12-2011 00:00 25-12-2011 00:00 20-12-2011 00:00 15-12-2011 00:00 10-12-2011 00:00 05-12-2011 00:00 30-11-2011 00:00 25-11-2011 00:00 20-11-2011 00:00 15-11-2011 00:00 10-11-2011 00:00 05-11-2011 00:00 31-10-2011 00:00 26-10-2011 00:00 0 21-10-2011 00:00 1,2 Trutas na zona de postura Nivel hidrométrico instantâneo Data Figura 21 - Nivel hidrométrico instantâneo no pontilhão de celeiros (INAG 2012) (estação de medição 3000 m a montante da zona de postura situada no limite entre a zona f e a zona g: 41º52’06’’ N 8º25’13’’) e número de trutas observadas na zona de postura. É difícil estabelecer uma ligação directa individual de cada parametro físico que parece desencadear as actividades de reprodução, pois esta é provavelmente desenqueada pela conjugação de vários factores. Em trabalhos de vários autores Libosvárský (1974), Trepanier (1996) Arnekleiv e Kraabol (1996), Jonsson (1991), Jonsson e Jonsson (2002), Rustadbakken (2004), Piecuch (2007) o caudal do rio, a temperatura e a precipitação foram factores apontados para o desencadeamento do ciclo de reprodução. No trabalho de Pires (2003) no rio Estorãos é referido que o aumento de caudal parece ter sido o factor desencadeador das actividades reprodutoras. Entre o dia 5 de Dezembro e o dia 25 de Dezembro o número de trutas presentes no local de postura foi sempre elevado e superior a 14 trutas podendo este período corresponder ao período de postura. No dia 16 de Dezembro a chuva foi intensa, o nível da água aumentou inundando as margens e a corrente ficou muito forte. A partir do dia 9 de Dezembro as temperaturas do ar e da água apresentaram uma tendência de descida mas não foi encontrada nenhuma relação entre o aumento do número de trutas avistadas e a temperatura. Desde o dia 13 de Novembro de 2011 até dia 16 de Janeiro de 2012 (48 dias de contagem) foi contabilizado o número de trutas presentes no local de postura (n = 546, 39 contagem cumulativa). Em relação a este número apenas podemos afirmar, com certeza, que no local estiveram pelo menos 35 trutas, valor máximo de avistamentos num dia (12/12/2011). O número médio de trutas presentes no local por dia foi de 11 trutas. No dia 14 de Novembro de 2011 foi avistada a primeira truta a escavar o “ninho” (truta grande), no dia seguinte uma truta com as mesmas dimensões e mesma aparência foi avistada a escavar o “ninho” noutro local, e no dia seguinte verificou-se o mesmo fenómeno. Aparentemente a mesma truta escavou um “ninho” em três locais diferentes. Entre os dias 9 de Dezembro de 2011 e 16 de Janeiro de 2012, em 24 dias, foram contabilizadas 370 trutas das quais 83,5 % eram pequenas; 11,6 % eram médias e 4,9 % grandes. Nesse mesmo período o número de casais contabilizados variou entre 0 e 4 casais sendo o número total de casais avistados de 34. Do número total de casais, 68 % eram constituídos por trutas com sensivelmente o mesmo tamanho (com 65% casais formados por trutas pequenas e 3% dos casais formados por trutas médias) por outro lado 32 % dos casais eram formados por trutas com tamanhos substancialmente diferentes, trutas de tamanho pequeno com trutas médias (24 %), trutas médias com trutas grandes (3 %) e trutas pequenas e com trutas grandes (6%) (figura 24). Num estudo no rio Estorãos, afluente do rio Lima (Pires 2003), o período de postura situou-se entre dia 4 de Janeiro e dia 3 de Fevereiro de 2002 com os valores de temperatura do rio a variar entre 9 a 13ºC. Se para o rio Vez analisarmos só o número de trutas presentes no local, o período de postura parece ter decorrido entre 5 de Dezembro e o dia 25 de Dezembro com temperaturas da água, às horas de medição, a variar entre os 9,4 e os 11,8ºC. Se analisarmos o número de casais o período de postura parece ter ocorrido entre dia 9 de Dezembro de 2011 e dia 16 de janeiro 2012 com temperaturas da água a variar entre 7 e 11,4ºC, existindo apenas diferença substancial no dia do final da época de postura. Figura 22 - Truta a escavar o “ninho” no local de Figura 24 - Trutas no local lp1, ano 2007. postura lp1, ano 2007. 40 Figura 23 - Trutas num "ninho" no local lp1, ano 2011. 3.3. Análise da migração (saltos) numa represa do rio Vez Há cerca de uma década foi construída uma represa no rio Vez que parece dificultar a migração das trutas e de outras espécies de peixe. Apesar de existir uma passagem para peixes (visível no canto esquerdo da figura 10), durante o final de 2011 e 2012 esta esteve sempre semi-aberta não permitindo a passagem de peixes. A única forma de as trutas ultrapassarem esta barreira foi saltando por cima da represa. A contagem dos saltos foi feita dentro do possível o mais próximo das 14:00. Existiu uma maior frequência de saltos entre dia 23 de Novembro e 12 de Dezembro, sendo que dia 40 35 35 30 30 25 25 20 20 15 15 10 10 5 5 0 0 Data Nº de saltos Nº de trutas 30 de Novembro existiu um pico de saltos (30 saltos em 15 minutos) (figura 25). Trutas presentes na zona de postura Saltos observados numa represa - 15 minutos diários Figura 25 - Número de trutas presentes no local de postura e número de saltos, durante 15 minutos, numa represa 500 m a montante do local lp1. 41 Durante os 47 dias de observações (32 horas) foram contabilizados 818 saltos (25 saltos/hora), dos quais apenas cinco (0,6 %) é que tiveram sucesso conseguindo as trutas ultrapassar a barreira. Destas trutas, três eram pequenas, uma era média e outra era grande. Em relação ao tamanho das trutas que tentaram ultrapassar a barreira: 97,4 % dos saltos foram de trutas pequenas; 2,1 % de trutas médias e 0,5 % de trutas grandes. Estes factos poderão ser indício que as trutas médias e grandes têm maior facilidade em transpor a represa logo não são vistas a saltar com tanta frequência, apesar da sua aparente menor frequência na população. Por seu lado as trutas pequenas como na sua grande maioria não conseguem ultrapassar a represa são mais contabilizadas nas suas sucessivas tentativas. No que respeita ao número de saltos é necessário ter em atenção que não foi possivel saber a quantas trutas correspondem exactamente esses saltos. No dia 30 de Novembro o número de saltos na represa foi máximo e o número de trutas observadas na zona de postura foi mínimo, nos dias em que os números de trutas presentes na zona de postura foram mais elevados os números de saltos na represa foram mínimos (figura 25). Pela análise dos dados podemos deduzir, embora com reservas, que quando mais as trutas estão em migração menos se encontram nas zonas de postura e quanto mais trutas estão na zona de postura menos trutas estão em migração. Para se saber se o número de saltos era constante ao longo do dia foi analisado o número de saltos ao longo de 4 dias (figura 26). 50 45 40 10-11-2011 Nº saltos 35 24-11-2011 30 25 01-12-2011 20 08-12-2011 15 10 5 0 Intervalo de tempo Figura 26 - Número de saltos, sem sucesso, a cada meia hora ao longo de 4 dias. 42 No dia 10 de Novembro e dia 8 de Dezembro o número de saltos foi mais ou menos constante ao longo do dia. No dia 1 de Dezembro o número de saltos manteve-se sensivelmente constante de manhã e diminuiu à tarde e no dia 24 de Novembro não ocorreram saltos de manhã e o número de saltos aumentou gradualmente à tarde. Não existiu um padrão na frequência de saltos ao longo do dia apesar de os valores serem mais constantes da parte da manhã. Perante estes resultados os dados do gráfico anterior (figura 25) são menos fiáveis devido à variação diária. Os 15 minutos de contagem podem assim não ser representativos da frequência de saltos do dia, contudo devido ao número de dias de contagem (47) podem apresentar uma linha de tendência verdadeira. No dia 24 de Novembro às 10:00 foram observadas cerca de 25 trutas na base da represa. Figura 27 - Cardume de trutas em migração na base da represa (2011). Os pilares de uma ponte que existe sobre a represa, dividem-na em quatro zonas que são aparentemente iguais, apenas parece existir uma pequena variação no fluxo de água, entre elas. A zona 2 foi o local onde as trutas mais saltaram (61,8 %) seguida pela zona 4 (27,4 %) pela zona 1 (6,2 %) e finalmente pela zona 3 (4,6 %) (figura 28). O leito do rio na zona imediatamente abaixo da represa é artificializado e igual durante cerca de 5 metros. Figura 28 - Esquema da represa existente no troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez. 43 Este local, durante o período de pesca, foi o local de todo o rio Vez onde foram observados mais pescadores desportivos em acção de pesca, sendo relatados dias com a presença de mais de 15 pescadores. Como referem Jungwirth (1998), Peter (1996) Kubecka (1997) e Rivinojaa (2001) as represas reduzem os fluxos de água nos rios, interrompendo os movimentos longitudinais, verticais e transversais dos peixes e afectando consequentemente a reprodução natural e as deslocações entre habitats. A represa que pode ter influência no número de trutas que aparece todos os anos na zona de postura situada 500 m a jusante. 3.4. Pesca desportiva 3.4.1. Jornadas de pesca As capturas de trutas com comprimentos (CF) entre os 10 e os 20 cm ocorreram em todo o percurso do rio Vez. Na zona mais a montante, a partir do lote 5, foi difícil a captura de exemplares com mais de 20 cm, na zona média do rio foi onde se capturaram as trutas de maior dimensão (> 30 cm) (figura 29). 44 Figura 29 - Locais onde foram capturadas trutas (n=209) no rio Vez, nas jornadas de pesca e respectivo comprimento furcal (CF). 3.4.1.1. Análise de captura por zonas Das trutas capturadas nas jornadas de pesca desportiva, 206 foram capturadas com o mesmo tipo de colher (tamanho nº2, cor dourada com pintas pretas) duas foram capturadas com anzol iscado com pão e uma com asticot. 45 Os resultados das capturas são apresentados em: Capturas por unidade de esforço (CPUE) = número de indivíduos capturados / total de horas de pesca. Os lotes 1, 2 e 4 foram as zonas com mais capturas por unidade de esforço (truta/hora) com valores acima de 2 trutas por hora. Para trutas com mais de 19 cm (tamanho mínimo de captura) a captura por unidade de esforço foi maior no lote 2 (superior a 1,5 trutas/hora) e no lote 3 e nas zonas j e L (superior a 0,5 truta/hora) (figura 30). Contudo as capturas no lote 2 têm menor valor estatístico pois correspondem apenas a um dia de pesca. Do lote 5 ao lote 8 não foi capturada nenhuma truta com mais de 19 cm de comprimento, mas também foram dispendidas poucas horas de pesca nestas zonas e a pesca foi partilhada. 60 4,5 4 50 3,5 2,5 2 N 30 1,5 20 1 0,5 10 0 -0,5 Lote 8 Lote 7 Lote 6 Lote 5 Lote 4 Lote 3 Lote 2 Lote 1 Zona m Zona L Zona J Zona i Zona h Zona g Zona f Zona e/ vila Zona d Zona c Zona b Zona a 0 Lotes Troço a montante Truta/hora 3 40 Horas de pesca Trutas capturadas CPUE CPUE Truta>19cm Troço a jusante da vila Figura 30 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por unidade de esforço (CPUE) (± desvio padrão), por zona do rio Vez. A diferença entre as CPUE no troço dos lotes e na zona livre (troço a montante da vila + zona e + troço a jusante) é muito significativa (ANOVA F[1,18] = 12,7; p = 0,003). Estes resultados determinam que compensa pescar nos lotes pois capturam-se mais trutas por unidade de esforço. Contudo não existiu diferença significativa entre as capturas com mais de 19 cm nos lotes e na zona livre (ANOVA F[1,18] = 0,08; p = 0,782). Assim em relação a trutas com o comprimento mínimo legal de captura (CMLC) a diferença já não é significativa não compensando para este caso a pesca nos lotes. 46 Os melhores locais para praticar pesca desportiva são então os lotes se o interesse for a captura do maior número de exemplares de truta (2 trutas/hora). Se o interesse do pescador for a pesca de exemplares com comprimentos superiores ao CMLC então os lotes, podem não justificar a opção, devido ao pagamento da licença diária (3 ou 6 €) e à não existência de diferenças significativas entre as CPUE para trutas com mais de 19 cm. As duas CPUE (figura 31) diminuem de montante para jusante, o principal motivo das diferenças pode ser a presença de mais trutas nas zonas mais a montante ou a melhor eficiência do método de pesca (amostra) nestas zonas (zonas de maior corrente). 120 3 100 2,5 N 1,5 60 1 40 0,5 Trutas/hora 2 80 Horas de pesca Trutas capturadas CPUE CPUE - truta>19cm 20 0 0 -0,5 Lotes Troço a montante da vila Zona e/ vila Troço a jusante da vila Local Figura 31 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço (±desvio padrão), nos 4 troços. Quando avaliadas as CPUE nos 4 troços, existem diferenças significativas (ANOVA F[3,16] = 5,58 p = 0,008) nomeadamente entre as CPUE do troço dos lotes e do troço a jusante da vila (Comparações emparelhadas de Tukey). Contudo não existiram diferenças significativas entre as CPUE de trutas com mais de 19 cm, nos quatro troços (ANOVA F[3,16] = 0,06 p = 0,981)(Comparações emparelhadas de Tukey). Estes dados são o reflexo da pesca de um pescador, assim embora os resultados sejam significativos matemáticamente podem eventualmente não se verifivar com outros pescadores e outras técnicas. 47 Figura 32 - Truta nº 57, CF: 46 cm, peso: 820 g, local: zona j. 3.4.1.2. Análise das capturas ao longo dos meses Nos meses de Junho e Julho, além do esforço de pesca ter sido baixo, a pesca foi realizada quase na totalidade em lotes, pelo que o seu valor não foi considerado para cálculo do melhor mês de pesca. Em termos gerais o melhor mês de pesca foi Abril influenciado pela abertura dos lotes e diferenciando-se um pouco de Maio pelo número de trutas, com mais de 19 cm, capturadas por hora (figura 33). Em termos de CPUE o pior mês foi Março, salientando-se o facto de grande parte das jornadas de pesca ter-se realizado na zona “e” /vila (zona com baixo valor de CPUE). A partir de Abril embora a pesca tenha apresentado valores de CPUE sempre acima de uma truta por hora, a 1,8 80 1,6 70 1,4 60 1,2 50 1 40 0,8 30 0,6 20 0,4 10 0,2 N 90 0 0 Março Abril Maio Junho Julho Truta/hora captura de trutas com tamanhos superiores a 19 cm foi mais difícil. Horas de pesca Trutas pescadas CPUE CPUE truta>19cm Mês Figura 33 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, capturas por unidade de esforço, por mês, em todo o curso do rio Vez. 48 Para analisar melhor os dados analisou-se em separado a evolução da pesca ao longo dos meses para o troço dos lotes e para a zona livre (troço a montante da vila + vila + troço a jusante da vila). No troço dos lotes nos meses de Abril, Maio e Junho obtiveram-se níveis de captura bastante idênticos, acima de duas trutas por hora. No que respeita à pesca de exemplares com mais de 19 cm ao longo dos meses foi cada vez mais difícil a sua 60 2,5 50 2,0 N 40 1,5 30 1,0 20 Truta/hora captura (figura 34). 0,5 10 0 Horas de pesca Trutas capturadas CPUE CPUE - truta>19cm 0,0 Abril Maio Junho Julho Mês Figura 34 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas, e capturas por unidade de esforço, por mês, para todos lotes. Os melhores meses de pesca para a zona livre foram Abril e Maio com capturas acima de um exemplar por hora. Para o mesmo número de horas, em Maio capturaram-se mais trutas mas em Abril o número de capturas de trutas com mais de 19 cm foi maior (figura 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 Truta/hora N 35). Horas de pesca Trutas capturadas CPUE CPUE - truta>19 cm 0 Mar Abril Maio Junho Mês Figura 35 – Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, por mês, para a zona livre. 49 Tabela 3 - Comparação entre dados de pesca da zona reservada (lotes) e da zona livre. CPUE CPUE Comprimento Desvio padrão trutas/hora trutas com > 19 cm/hora médio (cm) (cm) 24 2 0,49 17,45 5,24 112 43 0,78 0,23 17,8 5,39 209 67 1,09 0,35 17,64 5,31 Nº horas Nº trutas Nº trutas >19 cm Lotes 48,5 97 Zona livre 143,5 Total 192 No total, nas jornadas de pesca capturaram-se 209 trutas com uma média de comprimentos de 17,6 cm, tendo-se capturado cerca de uma truta por hora. A CPUE para os lotes foi aproximadamente o dobro da CPUE para a zona livre, tanto para as capturas totais como para trutas com mais de 19 cm. 50 3.4.1.3. Análise das capturas ao longo do dia Os intervalos de horas mais "produtivas” para pesca pareceram ser os intervalos das [9:00-10:00[, das [10:00-11:00[ e das [19:00-20:00[ com CPUE de 1,5; 1,4 e 1,9 trutas/hora respectivamente. Para trutas com mais de 19 cm as CPUE mais elevadas registaram-se aparentemente no intervalo de horas [8:00-11:00[ com valores acima de 0,5 trutas/hora (figura 36). 40 2,5 35 N 25 1,5 20 1 15 10 Truta/hora 2 30 0,5 Horas de pesca 0 Trutas capturadas CPUE 5 0 Intervalos de horas CPUE trutas>19 cm Figura 36 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço (±erro padrão), de hora em hora, para todo o curso do rio Vez. Contudo quanto efectuada a similaridade de Bray Curtis (transformação raiz quadrada), no que respeita aos intervalos com maior CPUE, apenas se verificou uma semelhança elevada (cerca de 90%) entre os intervalos [9:00-10:00[ e das [10:00-11:00[. Das 15:00 às 19:00 a similaridade também foi elevada (figura 37). Estes dados apresentam algum paralelismo com a observação de Eriksson (1978) que refere que a truta é um peixe crepuscular, com a máxima actividade ocorrendo ao amanhecer e ao anoitecer. Em outros estudos Sagar (1988) e Riehle (1993) também salientaram que os salmonideos são crepusculares. 51 Figura 37 – Dendrograma da percentagem de similaridade de CPUE entre intervalos de tempo (hora) (nº de horas de pesca = 192). Nos lotes, nos intervalos das [14:00-15:00[ e das [18:00-19:00[ registaram-se capturas médias de 3 trutas/hora. Para trutas com mais de 19 cm verificaram-se mais capturas entre no intervalo [8:00-9:00[ e no das [19:00-20:00[ com valores de 1,5 e 1 truta/hora respectivamente (figura 38). Existe alguma semelhança com o estudo de Kreivi (1999) que refere que a alimentação de trutas com idade 1+, num rio na Finlândia, foi 14 3,5 12 3 10 2,5 2 6 1,5 4 1 2 0,5 0 0 N 8 Truta/hora geralmente maior no crepúsculo e nas horas à volta do meio-dia. Horas de pesca Trutas capturadas CPUE CPUE - truta >19 cm Intervalos de horas Figura 38 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de hora em hora, para o troço dos lotes. 52 No troço a montante da vila capturaram-se mais trutas no intervalo das [9:00-10:00[ e no intervalo das [19:00-20.00[, cerca de 2,5 trutas/hora. Para trutas maiores que o tamanho mínimo de captura os melhores intervalos foram os das [9:00-10:00[ e das [18:00-19:00[ 14 3 12 2,5 10 2 8 N 1,5 6 1 4 Truta/hora com capturas de 0,75 trutas/hora e 1 truta/hora respectivamente (figura 39). Horas de pesca 2 0,5 0 0 Trutas capturadas CPUE CPUE - truta >19 cm Intervalos dehoras Figura 39 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de hora em hora, para o troço a montante da vila. Na zona “e”/vila as CPUE apresentaram valores mais elevados nos intervalos [9:0010:00[ e [19:00-20:00[ com 1 truta/hora e 2 truta/hora respectivamente. O periodo das [9:00-10:00[ revelou-se também um bom momento para captura de trutas com mais de 19 cm bem como o intervalo das [16:00-17:00[ com CPUE de 1 truta/hora e 0,5 truta/hora respectivamente (figura 40). 53 12 2,5 10 8 N 1,5 6 1 4 Truta/hora 2 0,5 2 Horas de pesca Trutas capturadas 0 0 CPUE CPUE - truta >19 cm Intervalos horas Figura 40 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de hora em hora, para a zona e/ vila. Para o troço do rio Vez a jusante da vila, os melhores intervalos de pesca tanto para o total de trutas como para as trutas com comprimentos superiores a 19 cm, foram os intervalos das [16:00-17:00[ e das [19:00-20:00[ com CPUE de cerca de 0,6 e 1 truta/hora respectivamente e para trutas com mais de 19 cm de cerca de 0,4 e 0,3 trutas/hora respectivamente (figura 41). 9 1,2 8 N 6 0,8 5 0,6 4 3 0,4 2 Truta/hora 1 7 0,2 1 0 0 Horas de pesca Trutas capturadas CPUE CPUE - truta >19 cm Intervalos de horas Figura 41 - Número de horas de pesca, número de trutas capturadas e capturas por unidade de esforço, de hora em hora, para o troço a jusante da vila. 54 Em geral, nos 4 troços as CPUE foram mais elevadas ao crepúsculo, nos lotes os valores de CPUE também foram elevados durante o dia. Como referem Waters (1972), Brittain e Eikeland (1988) a atividade no crepúsculo é provavelmente benéfica em termos de recompensa alimentar pois a densidade de deriva de insectos tipicamente aumenta neste período do dia. 3.4.1.4. Análise de capturas em relação à temperatura da água A temperatura da água do rio está intimamente ligada tanto à divisão dos troços, ou seja, quanto mais para montante menor foi a temperatura, como ao mês, ou seja, de Março a Julho a temperatura média da água do rio aumentou (figura 14). Tendo em atenção este aspecto é difícil estabelecer a temperatura óptima de captura pois esta depende de duas variáveis zona e mês. Apesar deste facto o intervalo de temperatura da água do dos 8 aos 10ºC foi aquele que apresentou aparentemente mais capturas por unidade de 60 2 1,8 1,6 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 50 N 40 30 20 10 0 Truta/hora esforço, embora influenciado em grande parte pela pesca nos lotes (figura 42 e 43). Horas de pesca Trutas capturadas CPUE Intervalos de temperatura (ºC) Figura 42 - Número de horas de pesca, número de capturas e capturas por unidade de esforço face a diferentes intervalos de temperatura do rio. 55 60 45 40 Trutas capturadas nos lotes 35 40 30 25 30 20 20 15 Nº horas Nº trutas 50 Trutas capturadas no troço a montante da vila Trutas capturadas na zona da vila 10 10 5 0 Trutas capturadas no troço a jusante da vila 0 Horas de pesca Intervalos de temperatura (ºC) Figura 43 - Número de horas de pesca e número de capturas em cada troço face a diferentes intervalos de temperatura. 3.4.1.5. Análise das capturas perante as condições climáticas Tabela 4 - Descrição geral do estado do rio e do tempo, apresentação do número de horas de pesca, de trutas capturadas e CPUE (truta/hora) de 1 de Março até 21 de Julho de 2012. Estado do Rio Estado do tempo Nº Horas Nº Trutas CPUE Limpo (cor amarelada) Pouco nublado/aguaceiros 12 29 2,4 Limpo Pouco nublado/aguaceiros 7,5 14 1,9 Limpo Nublado/aguaceiros 16 23 1,4 Turvo Nublado/chuva 2,5 3 1,2 Limpo Nublado 18,5 21 1,1 Limpo (cor amarelada) Pouco nublado 6,5 7 1,1 Limpo Limpo 6 6 1 Limpo Limpo 89,5 84 0,9 Limpo (cor amarelada) Nublado 9,5 8 0,8 Limpo (cor amarelada) Limpo 2,5 2 0,8 Limpo Pouco nublado 17,5 12 0,7 É significativa a diferença entre as CPUE em dias de aguaceiros/chuva e as CPUE em dias sem precipitação (t-test t=3,85 p=0,0039). A pouca precipitação (aguaceiros) influência positivamente a captura de trutas, contudo deve-se ressalvar que não foi efectuada pesca em condições de elevada precipitação. 56 3.4.1.6. Ataques ao isco (colher) Nas jornadas de pesca ocorreram 391 ataques ao isco, 53,5 % das trutas que atacaram o isco foram capturadas (percentagem de sucesso igual à percentagem do quociente entre o nº de capturas e o nº total de ataques); 8,4 % das trutas foram cravadas mas fugiram em algum momento da recuperação e 38,1 % apenas atacaram o isco não chegando a ficar cravadas em nenhum dos 3 anzois (figura 44). Nº de ataques ao isco, com captura de truta 33 149 Nº de ataques ao isco, sem captura 209 Nº de ataques ao isco com truta cravada, sem captura Figura 44 - Número de ataques ao isco, com captura de truta e número de ataques ao isco, sem captura de truta. Extrapolando um pouco sobre a eficácia da colher, esta poderá estar relacionada com a forma de ataque das trutas, com a sua desconfiança, com o tamanho das trutas (trutas pequenas serão mais dificilmente cravadas devido ao tamanho proporcionalmente maior dos anzois) ou com a forma de pescar do pescador (velocidade de recuperação da colher e ângulo da cana em relação à linha no momento do ataque). Dada esta percentagem de sucesso, existe uma margem substancial para o melhoramento técnico da amostra por forma a maximizar as capturas por unidade de esforço. Tabela 5 - Percentagens de sucesso nas quatro zonas de pesca. Troço % sucesso Lotes 61,0 Troço a montante da vila 54,4 Zona e/vila 37,3 Troço a jusante da vila 42,9 Total 53,5 Nos lotes, 61 % dos ataques resultaram na captura de uma truta enquanto que no troço abaixo da vila apenas 43 % dos ataques deram origem à captura de uma truta. A zona 57 livre (troço a montante da vila + vila + troço a jusante da vila) teve uma percentagem de sucesso de 48 %. A razão para a percentagem de sucesso nos lotes ser maior poderá estar relacionada com: as trutas serem menos “desconfiadas” devido ao menor número de pescadores diários (apenas 1 ou 2) e consequentemente ao menor esforço de pesca; à maior voracidade devido à competição existente (muitas trutas) ou à melhor eficiência do isco em zonas de corrente. A percentagem de sucesso total revelou que cerca de metade dos ataques ao isco resultou na captura de um exemplar, mas das trutas capturadas apenas 32 % (67 trutas) é que podiam ter sido retidas pelo pescador pois superavam o comprimento mínimo de captura. Nos lotes e no troço a montante da vila a maior parte das capturas 67,7 % e 73,3 % respectivamente, ocorreu em água corrente enquanto na vila e a jusante da vila o número de capturas foi semelhante em águas paradas e em águas correntes. Em todo o curso do rio 65,5 % das capturas ocorreu em locais de corrente enquanto 34,5 % das capturas ocorreu em locais de água parada (figura 45). Nº trutas 120 100 80 60 40 20 0 Lotes Troço a montante da vila Zona e/vila Troço a jusante da vila Capturas em água corrente Capturas em água parada Figura 45 - Número de capturas de truta em água parada e água corrente. Nos dois troços mais a montante os ataques sem captura ocorreram mais em zonas de corrente 75,9 e 60,5 % respectivamente, enquanto que nos dois troços mas a jusante os ataques ocorreram mais em águas paradas 53,8 % e 66,7 %. Do total de ataques sem capturas 63,2 % ocorreu em zonas de corrente e 36,8 % em locais de água parada (figura 46). 58 Nº trutas 70 60 50 40 30 20 10 0 Ataques ao isco, sem captura, em água corrente Lotes Troço a montante da vila Zona e/vila Ataques ao isco, sem captura, em água parada Troço a jusante da vila Figura 46 - Número de ataques ao isco, sem captura de truta, em águas paradas e correntes. Verifica-se assim um paralelismo entre valores e percentagens de captura de trutas e entre valores e percentagens de ataques ao isco sem captura em águas paradas e correntes. Estes resultados mostram que as trutas descravam-se igualmente da colher em cada troço seja o local de corrente ou de água parada. 3.4.1.7. Número de anzois cravados Nos lotes 40,7 % das trutas foram capturadas com somente um anzol cravado. A percentagem de trutas capturadas com 3 anzois cravados foi de 25,9 % (figura 47). 25,9 33,3 40,7 % 1 anzol cravado % 2 anzois cravados % 3 anzois cravados Figura 47 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona dos lotes (n=97). Contrariamente, na zona livre 28,1 % das trutas foi capturada com 1 anzol cravado enquanto que 38,6 % das trutas foram capturadas com 3 anzois cravados (figura 48). 59 38,6 28,1 33,3 % 1 anzol cravado % 2 anzois cravados % 3 anzois cravados Figura 48 - Percentagens de trutas capturadas com 1, 2 ou 3 anzois cravados, na zona livre (n=112). Analisando os dados de anzois cravados de todas as trutas em ambas as zonas as percentagens são muito semelhantes: 35,5 % para um anzol cravado; 33,3 % para dois anzois cravados e 31,2 % para três anzois cravados. 3.4.1.8. Classes de comprimento das trutas capturadas nas jornadas de pesca A classe de comprimentos com maior número de capturas foi a dos 10 aos 15 cm. Cerca de 94 % das trutas pescadas apresentaram comprimentos entre os 10 e os 25 cm enquanto que apenas 6 % apresentava comprimentos entre os 25 e os 50 cm. Como se pode ver na figura 49 a maior parte das capturas foi feita no troço dos lotes e no troço a montante da vila (82%) o que pode ser justificado pelo maior comprimento da soma destes dois troços e pelo possivel maior número de trutas. 90 80 70 60 Trutas capturadas nos lotes N 50 Trutas capturadas no troço a montante da vila 40 30 Trutas capturadas na zona da vila 20 Trutas capturadas no troço a jusante da vila 10 0 Classe de comprimento (cm) Figura 49 - Classes de comprimentos das trutas capturadas nos 4 troços amostrados por pesca desportiva (n=209). 60 O facto de se capturarem poucas trutas com comprimentos superiores a 25 cm poderá estar relacionado com a estrutura real da população, com a eficácia da colher para trutas maiores ou com o comprimento mínimo legal de captura (CMLC). Como referem Keeley e Grant (2001) o tamanho a partir do qual as trutas se tornam predominantemente piscívoras é 30 cm (ver anexo I), logo a colher pode não ser uma boa imitação de um peixe, sendo apenas um estimulador do instinto predatório da truta ou uma imitação de um insecto. Quanto maior for o CMLC, em principio, mais protegida será a truta pois mais exemplares terão mais oportunidades de reprodução. O CMLC parece determinar a estrutura da população. Se visualizarmos a figura 49 foram capturadas cerca de 40 trutas da classe [20-25[ mas o número decresceu muito para a classe seguinte (5 trutas). O facto de existir um número relevante de trutas da classe [20-25[ poderá dever-se ao facto de terem sido protegidas pelo CMLC no ano anterior, mas como a pesca desportiva extrativa parece incidir predominantemente sobre esta classe no ano seguinte a classe [25-30[ apresenta poucos indivíduos. Esta hipótese explicaria os poucos indivíduos capturados das classes de comprimentos mais altas. Como referem Almodóvar e Nicola (2004) a pesca desportiva intensa tem diminuído a idade média, a diversidade de idades e o número de trutas que excedem o tamanho mínimo de captura. O tamanho mínimo de captura reduz as hipóteses de sucesso na postura de populações de crescimento rápido devido à suscetibilidade à pesca desportiva. O actual declínio da truta fário pode ser reduzido com um regulamento específico para cada rio e por normas de pesca alternativas. Tabela 6 - Número de trutas, percentagem do total de capturas com CMLC e número de trutas que, nestas jornadas, poderiam ser retidas ou que teriam de ser obrigatoriamente libertadas, caso o comprimento mínimo legal de captura (CMLC) aumentasse ou diminuísse. Nº de trutas que poderiam ser Nº trutas % de com capturas CMLC com CMLC 21 cm 38 18,2 - 27 20 cm 54 25,8 - 11 19 cm* 67 32,1 0 18 cm 83 39,7 + 18 17 cm 96 45,9 + 31 CMLC retidas (+) ou nº que teriam que teriam de ser libertadas (-) caso o CMLC fosse diferente *CMLC em vigor 61 Com um do comprimento mínimo de captura maior ou com zonas de pesca sem morte o número de trutas de classes de comprimento mais altas poderia teoricamente aumentar apesar da maior predação e competição que existiria. Estudos de Almodôvar (2001) na Galiza apresentaram dados de densidade, biomassa e produtividade nas zonas de pesca desportiva inferiores aos valores das zonas vedadas à pesca. Contudo estudos realizados por Braña (1992) noutros rios do Norte de Espanha não detectaram uma redução na abundância nas populações devido ao efeito da pesca desportiva. Jonsson (2001) verificou em 17 rios da Noruega que os comprimentos médios de machos (residentes) maduros situaram-se entre os 16 e os 24 cm, se em Portugal se verificar um intervalo de maturidade semelhante quer dizer que algumas trutas podem ser retidas sem terem efectuado a reprodução pelo menos uma vez, o que coloca a espécie em risco. 3.4.1.9. Melhor zona de pesca Para avaliar a melhor zona de pesca estabeleceram-se como 4 critérios de avaliação o valor das CPUE (truta/hora e truta>19 cm/hora) e as médias dos comprimentos e pesos das trutas capturadas. A cada critério atribuiu-se o peso de 25 pontos sendo assim a pontuação máxima de 100 pontos. As melhores zonas para pesca foram o lote 2 (90,9 pontos), o lote 3 (75,8 pontos) e a zona j (64 pontos). Como já foi referido anteriormente, no lote 2 só se pescou num dia, sendo este valor menos consistente. 3.4.1.10. Melhor troço de pesca Para calcular o melhor troço de pesca, aplicaram-se os mesmos critérios do cálculo da melhor zona. O melhor troço de pesca foi o troço dos lotes (95 pontos) seguido pelo troço acima da vila (82 pontos) e pela zona da vila e troço abaixo da vila, ambos com 67 pontos. 62 3.4.2. Dados das trutas capturadas nas jornadas de pesca e das trutas capturadas por vários pescadores desportivos no rio Vez 3.4.2.1. Comprimento médio das trutas capturadas (n=209 + 40) Tendo em atenção que a pesca desportiva é uma pesca selectiva a média dos comprimentos para as várias zonas situou-se entre os 12,9 cm e os 20,9 cm. Em cinco zonas as trutas apresentaram comprimentos médios de cerca de 20 cm (Zona c, d, g, lote 2 e lote 3) (figura 50). Em relação ao comprimento individual de cada truta os valores variaram entre 10,5 e 46 cm. Comprimento médio (cm) 26 24 22 20 18 16 14 12 Zona a Zona b Zona c Zona d Zona f Zona g Zona h Zona e/vila Zona Zona i Zona j Zona l Lote 1 Zona m Lote 2 Lote 3 Lote 4 Lote 5 Lote 6 Lote 7 Lote 8 10 Figura 50 - Média (± erro padrão) dos comprimentos das trutas nas várias zonas. Nota: no lote 7 e 8 apenas foi capturada uma truta. No troço dos lotes a média dos comprimentos foi de 17,5 cm (n=104), no troço a montante da vila a média foi de 18 cm (n=78), na zona da vila a média foi de 19,1 cm (n=48) e no troço a jusante da vila a média dos comprimentos foi de 19 cm (n=19) (figura 51). 63 Comprimento médio (cm) 22 20 18 16 14 12 10 Lotes Troço a montante da vila Zona e/ vila Troço a jusante da vila Figura 51 - Média dos comprimentos (± erro padrão) das trutas nos quatro troços. Não existiram diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas nos 4 troços (Kruskal-Wallis H (3, N=249) = 7,63 p=0,054) e também não existiram diferenças significativas entre comprimentos das trutas nos lotes e na zona livre. 3.4.2.2. Peso médio das trutas capturadas (n=249) A média dos pesos em cada zona variou entre os 25 g (lote 6) e os 149 g (lote 3). O lote 3 (lote de pesca sem morte) apresentou uma média de pesos elevada influenciado pelo dia de pesca na abertura do lote, em que se capturaram três trutas com pesos de 440 g, 721 g e 910 g. O lote 6 apresentou um valor de peso médio bastante baixo mas assente apenas na média de pesos de 3 trutas. Em relação ao peso individual de cada truta os valores variaram entre 12 e 910 g (figura 52). 64 225 200 Peso médio (g) 175 150 125 100 75 50 25 0 Zona Figura 52 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas nas várias zonas. A média do peso das trutas nos lotes foi de 80,2 g, na vila foi de 90 g e no troço a jusante da vila a média so peso das trutas capturadas foi de 80,5g. Contudo não existiram diferenças significativas entre os pesos das trutas nos 4 troços (Kruskal-Wallis H (3, N=248) = 6,11 p = 0,106) e também não existiram diferenças significativas entre o Peso médio (g) peso das trutas dos lotes e da zona livre (figura 53). 110 105 100 95 90 85 80 75 70 65 60 Lotes Troço a montante da vila Zona e/ vila Troço a jusante da vila Figura 53 – Média (± erro padrão) dos pesos das trutas nos quatro troços. 65 3.4.2.3. Comprimento e peso médios das trutas capturadas (n=249) Tabela 7 - Média do comprimento furcal e do peso de trutas do rio Vez e respectivo desvio padrão, nos lotes e na zona livre. Comprimento (cm) Peso (g) Média Desvio padrão Média Desvio padrão Lotes 17,45 5,244 80,23 118,13 Zona livre 18,46 5,80 85,11 95,9 Total 18,04 5,59 83,08 105,5 Existiu uma diferença de 1 cm entre a média dos comprimentos das trutas nas duas zonas e uma diferença de cerca 5 g entre a média dos pesos. 3.4.2.4. Coeficientes de condição K médios das trutas capturadas (n=249) A média dos coeficientes de condição K para cada zona situou-se entre o valor 1,03 (zona g) e 1,19 (lote 5) (figura 54). Analisando os coeficientes individuais de todas as trutas capturadas o coeficiente menor foi de 0,75 (peixe muito magro) e o coeficiente maior foi de 1,41 (peixe bem proporcionado). Coeficiente de condição K médio 1,3 1,25 1,2 1,15 1,1 1,05 1 0,95 0,9 0,85 0,8 Zona Figura 54 – Média do coeficientes de condição K (± desvio padrão) em cada zona. 66 O troço dos lotes foi aquele que apresentou um coeficiente de condição K médio maior (1,16) enquanto que o troço mais a jusante da vila apresentou um coeficiente K médio menor (1,07). A zona livre apresentou uma média do coeficiente K de 1,09. A diferença entre os coeficientes de condição K entre os lotes e zona livre não foi significativa (t-test t=1,46 p=0,12). Contudo pela análise ANOVA F[3,244] = 10,33 p<0,01 é muito significativa a diferença entre o coeficiente de condição K médio nos lotes e cada coeficiente de condição K médio uma das outras 3 zonas (figura 55). 1,3 1,25 1,2 1,15 1,1 1,05 1 0,95 0,9 0,85 0,8 Lotes Troço a montante da vila Zona e/vila Troço a jusante da vila Lotes Troço a montante da vila Zona e/vila Troço a jusante da vila Figura 55 - Coeficientes k médios (± desvio padrão) em cada troço. 3.4.3. Pescadores desportivos Durante as jornadas de pesca no rio Vez foram avistados 122 pescadores em açcão de pesca, tendo em atenção que alguns pescadores foram vistos mais de que uma vez o número total real de pescadores foi mais baixo. Desses pescadores, 57 foram inquiridos (alguns mais de que uma vez) sobre o número de trutas capturadas no dia. Não foi possível inquirir todos os pescadores porque alguns encontravam-se na margem contrária ao observador. As respostas para o número de trutas capturadas por dia variaram entre 0 e 15 trutas (n=125) sendo a média de 2,2 trutas/pescador.dia. De uma amostra de 40 trutas pescadas pelos pescadores desportivos e cujos dados foram analisados (Comprimento furcal e total, peso e isco utilizado) 17 foram capturadas com colher, 15 com “asticot” e 8 com minhoca. 67 Tabela 8 - Pescadores observados em acção de pesca no rio Vez (50 dias). Zona Nº pescadores Nº horas de observação Lotes 6* 48,5 Troço a montante da vila 8 60 Zona e/vila 92 50,5 Troço a jusante da vila 16 33 Total 122 192 *Pescador que acompanhou as jornadas de pesca (6 vezes) 3.4.4. Análise de conteúdos estomacais As trutas analisadas, pescadas em 15 zonas diferentes, foram capturadas entre Março e Maio e apresentaram comprimentos entre os 12,5 (truta que morreu) e 26,5 cm e pesos entre os 20 e os 172 g. Embora a amostra seja pequena, nestas trutas a proporção de sexos encontrada foi de 1:1,3 (fêmea:macho) As ordens mais abundantes nos conteúdos estomacais foram a Ephemeroptera e Díptera tendo esta última uma frequência de ocorrência bastante mais elevada. A ordem Trichoptera embora tenha apresentado uma abundância relativa baixa apresentou uma frequência de ocorrência muito elevada (tabela 9). O índice de replecção dos estômagos variou entre 36 e 327. Figura 56 - Conteúdo estomacal regurgitado por uma truta do lote 3, truta nº116, comp: 23 cm, peso: 132 g. 68 Tabela 9 - Abundância relativa e frequência de ocorrência de várias ordens e classes de artrópodes e moluscos. Ordem Pi F Ephemeroptera 67,6 64,3 Pi ≡ Abundância relativa (%) Díptera 20,4 92,9 F ≡ Frequência de ocorrência (%) Trichoptera 6,9 85,7 Coleoptera 2,2 35,7 Plecoptera 1,4 35,7 Hemiptera 0,2 14,3 Odonata 0,1 7,1 Lepidoptera 0,1 7,1 Isopoda 0,1 7,1 Arachnida 0,6 21,4 Gastropoda 0,1 7,1 Classe O número de identificações de organismos variou com o grau de digestão dos conteúdos estomacais, podendo ser um factor de erro na análise das abundâncias e ocorrências. Não foram encontrados estômagos vazios contudo numa das trutas não foi identificada nenhuma ordem. A partir de uma observação inicial considerou-se que cerca de metade das trutas apresentava o estômago cheio e a outra metade apresentava o estômago pouco cheio, posteriormente através do índice de replecção dos estômagos verificou-se que os estômagos considerados cheios apresentavam os valores do índice mais elevados com valores quase sempre acima de 100. Estes dados sugerem que o ataque ao isco poderá não estar directamente ligado com a necessidade alimentar das trutas. No estudo de Teixeira (2006) nos rios Baceiro e Sabor as trutas do ano alimentaram-se predominantemente das presas aquáticas mais disponíveis pertencentes às ordens Díptera e Ephemeroptera não sendo encontrados insectos da ordem Trichoptera nos conteúdos estomacais. 69 3.4.5. Análise de idade Para análise da idade, foram observadas 249 amostras de escamas de truta. Em 86 amostras não foi possível estimar a idade: por impossibilidade de leitura, por não existir concordância entre as observações ou por existir dúvida numa ou em duas observações. Para as restantes 163 amostras a idade das trutas foi estabelecida por maioria de observações coincidentes. Como a análise dos otólitos estabelece mais fielmente a idade das trutas, a idade estimada por observação de otólitos de 13 trutas foi comparada com a idade estimada a partir da observação de escamas dos mesmos exemplares. Como a concordância foi de apenas 38 % os dados obtidos são pouco esclarecedores e afectados por um erro elevado. Como refere Abad (1982) para a truta, é importante ter em conta a ocorrência dum erro frequente devido à pouca evidência do primeiro “annulus” que é delimitado pelos primeiros 7 “circuli”. 18 16 Idade 0+ 14 Idade 1+ 12 Idade 2+ N 10 8 Idade 3+ 6 Idade 4+ 4 Idade 5+ 2 [10-11[ [11-12[ [12-13[ [13-14[ [14-15[ [15-16[ [16-17[ [17-18[ [18-19[ [19-20[ [20-21[ [21-22[ [22-23[ [23-24[ [24-25[ [25-26[ [26-27[ [27-28[ [28-29[ [29-30[ [30-31[ [31-32[ [32-33[ [33-34[ [34-35[ [35-36[ [36-37[ [37-38[ [38-39[ [39-40[ [41-42[ [42-43[ [43-44[ [44-45[ [45-46[ [46-47[ 0 Classe de comprimento Figura 57 - Número de trutas com idades 0+, 1+, 2+, 3+, 4+ e 5+ em cada classe de comprimento (n=163), determinada pela análise de escamas. O facto de a pesca ter sido praticada durante 5 meses também pode ser um factor que dificulta a atribuição de um intervalo de comprimentos para a idade, devido ao crescimento de cada truta em cada mês. 70 2anos 1 ano 1 ano Figura 58 - Escama da truta nº 216, idade 1+, CF: Figura 59 - Escama da truta nº 111, idade: 2+, CF: 12,4 cm, peso: 22 g, local de captura: lote1. 18 cm, Peso: 73 g, local de captura: lote 3. Figura 60 - Escama nº 129, idade 3+, CF: 18 cm, Figura 61– Escama da truta nº 150, idade 5+, CF: peso: 68 g, local de captura: lote 1. 26 cm, peso: 212 g, local de captura: lote 2. Á medida que a idade dos peixes aumentou foi mais difícil a leitura das escamas, como refere Rifflart (2006) a taxa de erro sobe com o aumento da idade, assim para cálculo de idades mais elevadas existirá um maior erro associado. Muitas das escamas recolhidas apresentavam o núcleo amorfo (escamas de regeneração) e outras apresentavam-se um pouco degradadas. 71 3.4.6. Otólitos Figura 62 - Otólito da truta nº90, idade 2+, CF: Figura 63 - Otólito da truta nº46, idade 3+, CF: 22,2 cm, 19 cm, peso: 77 g, local de captura: zona peso: 114 g, local de captura: zona d (Luz transmitida). L.(Luz transmitida). Nas figuras 62 e 63 são visíveis as bandas de crescimento para a idade 2+ e para a idade 3+. 3.5. Pesca eléctrica Este é o processo de captura mais usado em ribeiros para fins científicos, pois permite frequentemente a obtenção de amostras da população estatisticamente significativas num espaço de tempo limitado. A reacção dum peixe à corrente eléctrica deve-se ao estímulo do seu sistema nervoso, e é traduzida por uma série de movimentos musculares involuntários. Estes podem conduzir à saída do peixe de um abrigo e ao seu movimento na direcção do eléctrodo transportado pelo operador, permitindo assim a sua fácil captura. Factores que afectam a eficiência da corrente eléctrica: a) Tamanho do peixe – os indivíduos de dimensões superiores são mais susceptíveis à corrente eléctrica. b) Espécie – cada espécie possui para cada tipo de corrente um determinado tipo de reacção. c) Propriedades físicas da água e do habitat – as reacções do peixe à corrente eléctrica dependem essencialmente da diferença de potencial entre a cabeça e a barbatana caudal, sendo tanto maior quanto mais elevada for acondutividade (Cortes e Ferreira 2003). A abundância das espécies de peixe dos rios é calculada através de amostragens: uma secção do rio é espacialmente delimitada, grupos de peixes são sucessivamente 72 removidos da secção por pesca elétrica e contados, e finalmente os peixes são libertados todos juntos (Lobón-Cerviá 1991). Neste trabalho, nas zonas mais a jusante devido à largura do rio foi mais dificil amostrar e delimitar toda a área originando assim uma menor eficiência do método. Tabela 10 – Dados da pesca eléctrica Lote 6 Zona m Zona i Zona a Condutividade (S/m) 0,021 0,048 0,033 0,046 Temperatura (ºC) 14,9 16,5 15,6 16 Oxigénio dissolvido (%) 95,5 81,6 95,2 90,9 Oxigénio (mg/l) 9,65 7,85 9,48 8,99 Comprimento de amostragem (m) 50 50 50 70 Largura (m) 20 15 30 30 Tempo de amostragem (min) 60 60 45 45 Trutas (n) 59 25 19 5 Barbos (n) 0 0 2 27 Panjorca (n) 10 2 23 26 Enguias (n) 7 6 6 7 Lampreias* (n) 0 0 0 2 *amocetes Com a pesca eléctrica capturaram-se 307 peixes: 35,2 % trutas (salmo trutta); 26,4 % bogas (Chondrostoma polylepis); 19,9 % panjorcas (Chondrostoma arcasii); 9,4 % barbos (Barbus bocagei); 8,5 % enguias (Anguilla anguilla) e 0,7 % lampreias (Petromyzon marinus). Estranhamente não se capturaram escalos. Estes dados apresentam semelhanças com o estudo de Vieira (2011), especialmente na percentagem de trutas, que obteve, para as três espécies mais representativas, percentagens de abundância para a truta fário de 33,7 %, para a boga de 20,6 % e para a enguia de 18,6 %. No estudo de Maia (1999) em 6 afluentes do rio Lima (Vade, Estorãos, Trovela, Labruja, Tamente e Froufe) a truta fário representou mais de 50 % das capturas. 73 3.5.1. Análise da idade 6 5 N 4 Idade 0+ 3 Idade 1+ 2 Idade 2+ 1 Idade 3+ [27-28[ [26-27[ [25-26[ [24-25[ [23-24[ [22-23[ [21-22[ [20-21[ [19-20[ [18-19[ [17-18[ [16-17[ [15-16[ [14-15[ [13-14[ [12-13[ [11-12[ [10-11[ [9-10[ [8-9[ [7-8[ [6-7[ 0 Classe de comprimentos Figura 64 - Número de trutas capturadas por pesca eléctrica com idades de 0+, 1+, 2+, 3+, determinadas por leitura de escamas, para cada classe de comprimento (n= 25). Apesar do número de escamas analisadas ser pequeno (n=25) as trutas entre 7 e 9 cm de comprimento apresentaram uma leitura de idade de 0+ e trutas entre os 13 e os 19 cm apresentaram uma idade de 2+. 3.6. Pesca eléctrica e pesca desportiva 3.6.1. Capturas por unidade de esforço Existiu uma grande diferença, na pesca eléctrica, entre o número de total de trutas capturadas e o número de trutas com mais de 19 cm capturadas, por hora. Essa diferença diminuiu de montante para jusante. Nas jornadas de pesca desportiva essa diferença é muito menor. Pela análise das linhas de capturas por unidade de esforço, a linha de CPUE por pesca eléctrica (verde claro) apresenta valores muito superiores às outras linhas, demonstrando a eficiência do método pelo menos para trutas mais pequenas e consequentemente a maior densidade de trutas no local (figura 65). 74 70 Truta/hora 60 50 CPUE - pesca eléctrica 40 CPUE - pesca eléctrica truta > 19 cm 30 CPUE - pesca desportiva 20 CPUE - pesca desportiva truta > 19 cm 10 0 Lote 6 Zona m Zona i Zona a Zona Figura 65 - Número de capturas por unidade de esforço (truta/hora) da pesca eléctrica (n=108) e nas jornadas de pesca desportiva (n=209), em 4 zonas. Pela amostragem por pesca eléctrica o lote 6 demonstra ser o habitat de muito mais trutas do que as zonas mais a jusante. As zonas m e i, que pertencem ao troço a montante da vila, apresentaram valores de CPUE semelhantes para o total de trutas, embora apresentem um valor aparentemente diferente no que se refere à captura de trutas com mais de 19 cm. O número de trutas nos locais amostrados diminuiu claramente de montante para jusante (figura 65). Num estudo de Maia e Valente (2002) num afluente do rio Lima (rio Estorãos) a população de trutas também apresentou uma densidade elevada nas zonas a montante e muito baixa nas zonas a jusante. O facto de a pesca eléctrica ter-se realizado em Outubro, após o período legal de pesca desportiva, pode ter influenciado o número baixo de capturas de trutas com tamanhos superiores ao comprimento mínimo de captura. Dos quatro locais amostrados, um pertence ao troço dos lotes (6), dois pertencem ao troço acima da vila (m e i) e o outro ao troço abaixo da vila (a). 75 Locais onde foram realizadas as pescas eléctricas: Figura 66 - Lote 6 (41º58’28’’N, 8º22´93’’ W). Figura 67 - Zona i (41º5’ 87’’N, 8º25’61’’ W). Figura 68 - Zona a (41º48’93’’ 8º24’57’’). 3.6.2. Comprimento médio Exceptuando o lote 6, o comprimento médio das trutas capturadas por pesca desportiva foi superior ao comprimento médio das trutas capturadas por pesca eléctrica confirmando a selectividade do método. As capturas por pesca desportiva no lote 6 foram apenas 3, facto que influencia a proximidade dos comprimentos médios de captura pelos dois tipos de pesca (figura 69). 76 Comprimento médio (cm) 22 20 18 16 14 Amostragem por pesca eléctrica 12 10 Amostragem por pesca desportiva 8 6 Amostragem por pesca desportiva em todo o troço Figura 69 - Comprimento médio (± erro padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica (108) e por pesca desportiva (n=249), por zona. Existem diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas por pesca eléctrica nos 3 troços (Kruskal-Wallis H (2, n=108) = 8,43 p=0,0148). A média dos comprimentos das trutas no troço dos lotes foi de 13,6 (±3,7) cm, no troço a montante da vila a média foi de 11,7(± 5,3) cm e no troço a jusante da vila a média foi de 10,2 (±2,4) cm. Verificou-se assim um aumento do comprimento médio das trutas de jusante para montante. Existem também diferenças significativas entre os comprimentos das trutas capturadas por pesca eléctrica nos lotes e na zona livre (Mann-Whitney U = 978 p = 0,0039). Como já foi referido o comprimento médio das trutas capturadas nos lotes foi de 13,6 cm enquanto que na zona livre o comprimento médio foi de 11,5 (±5,1) cm. Tabela 11 – Comprimento e peso médios das trutas, perante os tipos pesca. Média comprimento (cm) Desvio padrão (cm) Média peso Desvio (g) padrão (g) Pesca eléctrica 12,66 4,46 33,33 40,19 Pesca desportiva (n=249) 18,04 5,59 83,08 105,5 Pesca pescadores (n=40) 20,78 2 6,07 113,4 95,34 Jornadas de pesca (n=209) 17,64 5,31 77,1 106,61 2 24 trutas com mais de 19 cm restantes trutas libertadas Em relação à média do comprimento das trutas amostradas por pesca eléctrica o valor foi semelhante ao valor do estudo de Vieira (12,3 cm) (2011), em relação ao peso médio 77 (22,4 g) os valores foram um pouco diferentes, facto que poderá estar relacionado com a diferença dos meses em que foram feitas as amostragens nesse estudo (Março, Abril e Junho) e Outubro para este estudo (tabela 10). À medida que a classe de comprimentos aumentou o número de exemplares capturados foi diminuindo. A grande parte das capturas da classe [10-15] ocorreu no lote 6, capturando-se poucas trutas desta classe nas outras zonas, facto que é um pouco estranho. É de salientar que, em Outubro, não foi capturada nenhuma truta com menos de 5 cm, dado o grande número de indivíduos de classes mais baixas, este facto aponta, com grande probabilidade, para o comprimento de indivíduos de idade 0+ começar, para este mês, por volta dos 5 cm (figura 70). 50 45 40 Lote 6 Nº trutas 35 30 Zona m 25 20 Zona i 15 10 Zona a 5 0 [5-10[ [10-15[ [15-20[ [20-25[ [25-30[ Classe de comprimento (cm) Figura 70 - Classes de comprimento das trutas capturadas por pesca eléctrica em 4 zonas, de 3 troços. A pesca eléctrica é muito mais eficaz como método de captura, tendo-se neste trabalho capturado cerca de 31 trutas/hora. No que se refere à captura de espécimes com mais de 19 cm a pesca elétrica também apresentou melhores resultados, embora a diferença seja menor, 2 trutas/hora contra 0,35 trutas/hora de pesca desportiva (tabela 11). Tabela 12 - Quantidades e percentagens de trutas capturadas com recurso à pesca eléctrica e nas jornadas de pesca desportiva. Nº N º Trutas % trutas > 19 CPUE Truta > 19 trutas > 19 cm cm (trutas/hora) cm/hora Pesca eléctrica 108 7 6,5 30,9 2 Jornadas de pesca 209 65 31,1 1,1 0,35 78 Como a pesca eléctrica foi realizada em Outubro, a pequena percentagem de captura de espécimes com mais de 19 cm (6,5 %) poderá estar relacionada com: a estrutura real da população; a menor quantidade de trutas com tamanho mínimo legal presentes no rio, face ao grande esforço de pesca que tem lugar de Março a Agosto; as poucas amostragens efectuadas; a dificuldade de aproximar o campo eléctrico às trutas de maior dimensão que se encontram em zonas mais profundas ou mesmo devido ao comportamento territorial das trutas, estas estarão mais distribuídas pelo rio não sendo capturadas com comprimentos de amostragem tão curtos e não limitados por redes. Wesche (1987) refere que com o aumento do tamanho a truta habita sucessivamente zonas de correntes mais profundas e Keeley (2001) afirma que o comportamento territorial é muitas vezes considerado como o principal mecanismo que regula as populações de salmonídeos. 60 Percentagem (%) 50 40 30 Pesca eléctrica sem a classe [5-10[ 20 Jornadas de pesca desportiva 10 0 Classe de comprimento (cm) Figura 71 - Percentagens de trutas de cada classe, capturadas nas jornadas de pesca desportiva (n=209) e por pesca eléctrica (n=108). A figura 71 visa fornecer informação de modo a se poder compreender de que forma é que a pesca eléctrica e a pesca desportiva com colher fazem a amostragem da população e de como será a estrutura da população real. Na classe de comprimentos [10-15[ a percentagem de trutas capturadas por pesca desportiva foi menor do que a percentagem de trutas capturadas por pesca eléctrica. O tamanho do isco poderá ter influenciado esta diferença pois trutas pequenas embora existam em maior quantidade como têm uma boca pequena mais dificilmente são cravadas pelos anzóis. 79 Existe uma diferença elevada, para a classe [20-25[, entre as duas percentagens, este facto pode ter duas explicações: a classe foi sub-amostrada pela pesca eléctrica pelas razões descritas anteriormente ou a pesca desportiva é muito eficaz para trutas dentro desta classe de comprimentos limitando a população real nesta classe. A hipótese abordada do capitulo 3.4.1.8 de o CMLC determinar a estrutura da população, parece ser válida dado o decréscimo acentuado do número de indivíduos capturados a partir dos 20 cm. Neste estudo, nas jornadas de pesca desportiva com amostra não se capturam trutas com menos de 10 cm enquanto na pesca eléctrica foi possível capturar muitos exemplares da classe [5-10[ (classe com mais capturas). No que se refere a trutas com comprimentos superiores a 30 cm só foram capturadas trutas com estas dimensões com recurso à pesca desportiva mas esta última também teve um comprimento de amostragem e número de horas de pesca muito superiores (tabela 12). Tabela 13 - Comprimento de amostragem e tempo de amostragem da pesca eléctrica e desportiva. Comprimento de amostragem (km) Tempo de amostragem (h) Pesca eléctrica ≈ 0,22 3,5 Pesca desportiva ≈30 (3 passagens) 192 O recurso à pesca eléctrica para definição da estrutura populacional das trutas parece ser uma boa opção, mas é necessário ter em atenção que pode subestimar classes de comprimentos maiores, quando os comprimentos de amostragem são curtos ou quando as amostragens são poucas. Como a frequência de trutas maiores nesta população no rio Vez parece ser baixa a probabilidade de em poucos metros capturar um destes exemplares também é baixa (figura 72) 80 35 30 Nº trutas 25 20 Pesca eléctrica 15 Pesca desportiva 10 5 0 Classe de comprimento Figura 72 - Classes de comprimento das trutas capturadas pela pesca desportiva (n=249) e na pesca eléctrica (n=108). No trabalho de Vieira (2011) em Março, Abril e Junho, em 16 pontos de amostragem ao longo de todo o troço do rio Vez com utilização de pesca eléctrica não foram capturadas trutas com mais de 25 cm de comprimento. 3.6.3. Peso médio Na pesca eléctrica a média dos pesos variou ao longo das zonas, existindo diferença significativa entre os pesos das capturas nos 3 troços (Kruskal-Wallis H (2, N=107) = 9,77 p=0,0148). A média dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica nos lotes foi de 36,2 (±29) g, a média dos pesos no troço a montante da vila foi de 31,6 (±53,3) g, a média dos pesos no troço a jusante da vila foi 14,4 (±11,9) g, enquanto que a média dos pesos na zona livre foi de 29,8 (±50,8) g. Existiram também diferenças significativas entre os pesos das trutas capturadas nos lotes e na zona livre (Mann-Whitney U = 918,5 p = 0,0019). Pela análise dos dados de pesca eléctica o peso médio das trutas aumentou signifivativamente de jusante para montante (figura 73). 81 120 Peso médio (g) 100 80 60 Amostragem por pesca eléctrica 40 Amostragem por pesca desportiva 20 Amostragem por pesca desportiva em todo o troço 0 Figura 73 - Média (± erro padrão) dos pesos das trutas capturadas por pesca eléctrica (n=108) e por pesca desportiva (n=249), por zona. 3.6.4. Coeficiente de condição K A diferença entre a média do factor de condição das trutas capturadas por pesca eléctica nos lotes e na zona livre não foi significativa Kruskal-Wallis H (2, N=107) = 2,37 p=0,306). Também não foi significativa a diferença entre a média do factor de condição nos 3 troços (Mann-Whitney U=1170.5 p=0,12). 82 Coeficiente de condição K 1,4 1,3 1,2 1,1 Amostragem por pesca eléctrica 1 Amostragem por pesca desportiva 0,9 Amostragem por pesca desportiva em todo o troço 0,8 Figura 74 - Coeficiente de condição K médio (± desvio padrão) das trutas capturadas por pesca eléctrica e por pesca desportiva, por zona. O coeficiente de condição K médio amostrado (Outubro) foi de 1,18 o que corresponde, em média, a peixes com uma condição normal, este valor difere do estudo de Vieira (2011) em que o valor referido foi de 0,85 esta diferença, como já foi referido, é provávelmente resultado da diferença entre os meses em que foram realizadas as amostragens por pesca eléctrica (tabela 13). Tabela 14 - Média e desvio padrão do coeficiente de condição K na pesca eléctrica e desportiva. Média do Coeficiente de condição K Desvio padrão Pesca eléctrica 1,18 0,09 Pesca desportiva 1,12 0,1 83 3.7. Relações peso vs comprimento Com base em dados de 357 trutas, foram feitas duas relações entre o comprimento furcal e o peso (figura 75). 1000 900 y = 0,0183x2,8264 R² = 0,9886 800 700 Peso (g) 600 500 Pesca desportiva 400 Pesca eléctrica 300 y = 0,011x3,0266 R² = 0,995 200 Potencial (Pesca desportiva) 100 Potencial (Pesca eléctrica) 0 0 5 10 15 20 25 30 35 Comprimento (cm) 40 45 50 Figura 75 - Relação comprimento furcal vs peso de 249 trutas capturadas por pesca desportiva e 108 trutas capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez. As trutas capturadas por pesca desportiva apresentaram comprimentos (CF) entre os 10,5 e os 46 cm e pesos entre os 12 e os 910 g. A pesca eléctrica capturou trutas com comprimentos entre os 6,3 e os 27,3 cm e pesos entre os 2,5 e os 260 g (figura 73) Como na pesca desportiva para as primeiras 42 trutas pescadas não foi medido o comprimento total, para a seguinte relação a amostra de trutas da pesca desportiva é de 207 trutas (figura 76) 84 1000 y = 0,0132x2,8915 R² = 0,987 900 800 700 Peso (g) 600 500 Pesca desportiva 400 Pesca eléctrica 300 y = 0,0085x3,0497 R² = 0,9938 200 Potencial (Pesca desportiva) 100 Potencial (Pesca eléctrica) 0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Comprimento (cm) Figura 76 - Relação comprimento total vs peso de 207 trutas capturadas por pesca desportiva e 108 trutas capturadas com recurso a pesca eléctrica, no rio Vez. Na pesca elétrica, realizada em Outubro, as trutas como já foi referido anteriormente apresentavam maior peso para o mesmo comprimento embora a diferença seja ligeira. 3.8. Inquérito No que respeita ao inquérito efectuado na zona da vila dos Arcos de Valdevez a 38 pescadores desportivos, todos os inquiridos eram do sexo masculino. A idade média dos pescadores abordados foi de 45 anos e em média estes praticavam pesca desportiva há mais de 26 anos. Dos inquiridos 71 % era residente no concelho de Arcos de Valdevez. Em média cada pescador pratica este desporto cerca de 45 dias por ano em vários rios, cerca de metade dos dias (22) pratica a pesca no rio Vez. O número médio de trutas capturadas pelos pescadores, por ano, em todos os rios é de cerca de 100 exemplares, no rio Vez é de cerca de 28 trutas. Estes dados resultam numa captura média geral de 2,2 trutas capturadas por dia em vários rios e de 1,3 trutas capturadas por dia no rio Vez. À data do inquérito (Maio e Junho) o número médio de capturas, por pescador, no ano corrente (2012) era de cerca de 28 exemplares para vários rios e 9 trutas para o rio Vez. 85 As maiores trutas capturadas pelos pescadores tinham em média 35 cm quando o tamanho era o factor revelado e 1,6 kg de peso médio quando o peso era o factor referenciado (aparentemente quando a truta é maior o pescador tem mais tendência a revelar o seu peso) 36,4 % destas trutas maiores foram capturadas em 2012. A média para o maior número de exemplares capturados num dia foi de 10 espécimes, sendo que 50% desses dias com mais capturas ocorreram em 2012. 50 % dos pescadores pratica a técnica de pesca à boia. 58 % leva todo o peixe para casa. 82 % concorda com o repovoamento do rio. 66 % dos pescadores estaria disposto a pagar um valor de licença mais elevado para ter melhores condições de pesca. 47 % dos pescadores elege as margens limpas como a condição que mais queriam ver melhorada. 43% dos pescadores acabava com a zona de pesca reservada e cerca de 20 % não mudaria nada na gestão do rio Vez. 87 % dos pescadores não frequenta os lotes do rio Vez. (ver resultados no anexo IV) 4. Considerações finais Os dados das jornadas de pesca são resultado das capturas de uma pessoa, dado a dificuldade de obter dados de pesca de outros pescadores desportivos só foi possível acrescentar dados de 40 capturas de outros pescadores. A pesca com asticot é proibida em águas salmonídeas, mas é utilizada por alguns pescadores no rio Vez. Um facto interessante, mas de certa maneira não surpreendente, foi que nas jornadas de pesca embora só 32 % das trutas capturadas superavam o CMLC, estas representaram 64 % do peso total das capturas. No total capturaram-se 16 kg de trutas fário, subtraindo o peso das trutas sem CMLC, podia-se ter retido 10,3 Kg de trutas. Somando os gastos da licença concelhia (3€), das várias licenças diárias para os lotes (33€), das colheres (120€), dos fios de pesca (12€) e das deslocações (70€) dá um preço de cerca 23€ por kg de truta. Uma truta com 18,9 cm capturada em Março terá obrigatoriamente de ser libertada mas a mesma truta se for capturada em Julho terá provavelmente ultrapassado os 19 cm e 86 poderá ser retida, a protecção na primeira captura não a protegeu de modo a passar por outra época de reprodução. No rio Vez existe pontualmente alguma furtividade com artes ilegais e algum desrespeito pelos tamanhos mínimos de captura. Embora cada vez mais pescadores desportivos estejam mais dispertos para a questão da conservação e preservação da espécie. Na zona de pesca reservada do rio Vez é possível capturar até 6 trutas por dia, mas é virtualmente impossível a fiscalização de um pescador que capture 6 trutas de manhã e 6 trutas à tarde. Em relação aos possíveis predadores naturais das trutas, durante as jornadas de pesca desportiva foram avistadas duas lontras, uma na zona “a” na confluência do rio Vez com o rio Lima e outra no lote 2. Foram também avistadas garças reais e corvos marinhos. No que respeita ao possível ordenamento do rio Vez para implementa-lo é necessário recompensar o pescador do valor investido na licença, por exemplo, na limpeza das margens, no repovoamento e na fiscalização. Se as verbas não beneficiarem o rio, a truta e indirectamente o pescador, parece pouco provável que a comunidade de pescadores desportivos esteja receptiva a novas normas. As regras do ordenamento do rio devem ser estabelecidas por instituições ou pessoas que não sejam elas próprias partes interessadas no processo. Como parte interessada, tentei apenas dar um contributo técnico/cientifico de apoio à decisão mostrando a realidade menos conhecida, a pesca desportiva e o pescador. Parece-me essencial que o legislador tenha em conta o balanço entre a importância da preservação da espécie e a importância que a pesca tem na vida e no lazer de uma parte significativa da comunidade local. Figura 77 - Juvenil de truta de pequenas dimensões capturado na zona e (2008) 87 5. Conclusão Em geral, nos cinco dias de análise, os parâmetros da água do rio Vez, em três locais apresentaram valores dentro dos limites recomendáveis mas na zona mais a jusante os valores medidos ultrapassaram pontualmente os valores máximos admissíveis. Em relação ao início do período de postura da truta (S. trutta) este parece ter–se iniciado por volta do dia 5 de Dezembro prolongado-se pelo menos até dia 16 de Janeiro, pois nesse período foram observados casais de trutas e um número elevado de espécimes numa zona de postura situada no troço do rio vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez. Durante esses dias a temperaturas na água do rio apresentou valores entre os 7 e 11,4ºC. O aumento do número de trutas presentes no local de postura teve lugar durante um período em que ocorreu precipitação e consequente aumento de caudal. Na migração das trutas para montante, numa represa situada cerca de 500 m a montante da zona de postura ocorreu uma média de 25 saltos/hora mas apenas 0,6 % dos saltos tiveram sucesso conseguindo os peixes ultrapassar o obstáculo. Esta barreira influencia assim negativamente a migração das trutas e pode ter influência no número de trutas que aparece todos os anos na zona de postura. Nas jornadas de pesca desportiva, realizadas no rio Vez, com a utilização quase sempre do mesmo isco artificial, colher dourada nº2 (99%), capturaram-se 209 trutas, à média de cerca de uma truta por hora. Em relação a trutas com comprimento mínimo legal de captura (CMLC) estas foram capturadas à média uma truta a cada três horas. Estes valores são semelhantes à média de trutas capturadas por dia por pescadores desportivos, no rio Vez, e confirmada no local (cerca de 2 capturas/dia) e relatada no inquérito (cerca de 2 trutas/dia para vários os rios da região e de 1 truta/dia para o rio Vez). A percentagem de sucesso foi de 54 % ou seja capturou-se em média uma truta em cada dois ataques ao isco, existindo assim margem para melhoramento técnico da colher. As trutas capturadas com colher, apresentaram uma média de comprimentos de 17,6 cm, cerca de mais 5 cm que a média das trutas capturadas por pesca eléctrica (12,6 cm). Devolveram-se ao rio 192 trutas em boas condições de sobrevivência. Nas jornadas de pesca existiu uma diferença significativa entre as capturas por unidade de esforço (CPUE - truta/hora) na zona livre do rio Vez e na zona de pesca reservada. Capturou-se em média duas trutas por hora nos lotes e cerca de uma truta por hora na zona livre. Em relação à CPUE para trutas que superavam CMLC não existiram diferenças significativas entre as duas zonas. Nas trutas capturadas por pesca desportiva existiram diferenças significativas entre a média do coeficiente de condição K nos lotes 88 (superior) e em de cada uma das outras 3 zonas contudo na pesca electrica essa tendência não se verificou. Na pesca desportiva com isco artificial os intervalos de horas do dia com mais capturas por unidade de esforço foram os intervalos das [9:00-10:00[ e das [10:00-11:00[ estando estes resultados de acordo com os estudos de outros autores que afirmam que a truta é um peixe crepuscular com a máxima actividade ocorrendo ao amanhecer e anoitecer. Quando ocorreram aguaceiros ou chuva os valores de capturas de trutas por unidade de esforço foram significativamente superiores. Foram capturadas mais trutas em zonas onde o rio tem corrente do que em zonas de água parada. Na pesca desportiva (16 % de dados de capturas de outros pescadores) não existiram diferenças significativas entre o peso e o comprimento médio das trutas capturadas entre a zona de pesca reservada (lotes) e a zona livre. Porém pela análise dos resultados da pesca eléctrica é significativa a diferença entre os pesos e comprimentos nestas duas zonas verificando-se um aumento do comprimento e do peso médio das trutas de jusante para montante. O coeficiente de condição K médio amostrado pela pesca elétrica (Outubro) foi de 1,18 o que corresponde a peixes com uma condição normal enquanto o coefieciente de condição das trutas capturadas por pesca desportiva (Março a Julho) foi de 1,12 (peixes magros a normais) esta diferença deve-se provavelmente à diferença entre os meses de amostragem. Com a pesca eléctrica verificou-se que o número de trutas nos locais amostrados aumentou de jusante para montante. Estes dados tornam a zona de pesca reservada do rio Vez num local aparentemente interessante para a prática de pesca desportiva com isco artificial. Apesar deste facto as taxas de ocupação nos últimos 5 anos têm rondado os 25 %. Para um pescador residente no concelho o preço da licença diária para a ZPR é de 3 €, para um pescador de fora do concelho o valor da licença é de 6 €. Comparando com o custo médio de uma colher (2 €) o preço parece acessível mas comparando com o custo da licença para pescar, durante um ano inteiro, em toda a zona Norte (3 €) ou em todo o território Nacional (6 €), o valor parece muito elevado. Pela análise do inquérito efectuado, 87 % dos inquiridos não frequenta os lotes do rio Vez e cerca de 43 % gostaria que a ZPR se tornasse numa zona livre, contudo cerca de 66 % estaria disposto a pagar um valor de licença mais elevado para ter melhores condições de pesca. Com este trabalho foi possível verificar que nas jornadas de pesca desportiva com a utilização de isco artificial (colher nº2) se podem capturar trutas com comprimentos entre os 10,5 e os 46 cm. Dado o CMLC ser de 19 cm, e este isco ser selectivo em relação à 89 espécie e em relação ao tamanho (>10 cm) a utilização de colheres mais pequenas nº0 e nº1 com anzois com barbela pode não se justificar. Mesmo com uma colher média (nº2) a percentagem de trutas com tamanhos inferiores ao CMLC foi de 68 %. Assim, só deveria ser permitida a utilização destas colheres mais pequenas ou mesmo de colheres médias com anzois sem morte (sem barbela) de modo às trutas com comprimentos abaixo do CMLC serem libertadas em boas condições de sobrevivência. As ordens mais abundantes nos conteúdos estomacais de uma pequena amostra de trutas do rio Vez, foram a Ephemeroptera e Díptera apresentando também estas ordens uma frequência de ocorrência elevada. A ordem Trichoptera embora tenha apresentado uma abundância relativa baixa apresentou uma frequência de ocorrência muito elevada. O recurso à pesca eléctrica para determinação da estrutura populacional de trutas é um método rápido e eficaz, mas é necessário ter em atenção que pode subestimar classes de comprimentos maiores, quando os comprimentos de amostragem são curtos, quando as amostragens são poucas ou quando os troços não são delimitados com redes. O comprimento mínimo de captura parece determinar a estrutura da população de trutas do rio Vez, trutas a partir dos 20 cm de comprimento e especialmente a partir dos 25 cm são menos frequentes. Se um pescador escolher para isco uma colher nº2, for pescar para a ZPR, em zonas de corrente, em Abril, no crepúsculo, num dia de aguaceiros, provavelmente terá um bom dia de pesca. Vale a pena pescar nos lotes? Neste estudo não existiu diferença significatica para captura de trutas com mais de 19 cm contudo a ZPR foi uma zona de pesca significativamente melhor que a zona livre no que respeita ao total de trutas capturadas, a decisão depende do valor teórico que cada pescador dá a esse acréscimo, se esse valor teórico for superior ao valor monetário da licença diária, então vale a pena. Figura 78 - Truta nº 40, CF: 22,8 cm, peso: 124g 90 6. Bibliografia Aarestrup K & Jepsen N, 1998. Spawning migration of sea trout (Salmo trutta (L.)) in a Danish river. Hydrobiologia, 371/372: 275-281. Aarestrup K, Nielsen Ch, Koed A, 2002. Net ground speed of downstream migrating radiotagged Atlantic salmon (Salmo salar L.) and brown trout (Salmo trutta L.) smolts in relation to environmental factors. Hydrobiologia, 483: 95-102. Aas O, Haider W, Hunt L, 2000. Angler responses to potential harvest regulations in a Norwegian sport fishery: a conjointbased choice modeling approach. North American Journal of Fisheries Management, 20: 940-950. Abad N, 1982. Ecologie et dynamique das populations de truite communes (Salmo trutta fario L.) dans le basin du Tarn. Inst. Nac. Pol.,Toulouse. Acornley RM & Sear DA, 1999. Sediment transport and siltation of brown trout (Salmo trutta L.). Hydrological Processes, 13: 447-458. Adams NJ, Barton DR, Cunjak RA, Power G, Riley SC, 1988. Diel patterns of activity and substrate preference in young Arctic char from the Koroc River, northern Quebec. Canadian Journal of Zoology, 66: 2500-2502. AFN, 2012 Carta Piscícola Nacional, acedido em 26/9/2012 em: http://www.cartapiscicola.org/ Allan JD, 1981. Determinants of diet of brook trout (Salvelinus fontinalis) in a mountain stream. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 38:184-192. Almodóvar A & Nicola GG, 1998. Assessment of a brown trout (Salmo trutta L.) population in the River Gallo (Central Spain): angling effects and management implications. Italian Journal of Zoology, 65: 539-544. Almodóvar A & Nicola GG, 1999. Effects of a small hydropower station upon brown trout (Salmo trutta L.) and macrobenthos in the River Hoz Seca (Tagus River, Spain) one year after regulation. Regulated Rivers, Research and Management, 15: 477-484. 91 Almodóvar A, Suárez J, Nicola GG, Nuevo M, 2001. Genetic introgression between wild and stocked brown trout in the Douro River basin, Spain. Journal of Fish Biology, 59: 6874. Almodóvar A, Nicola GG, Suárez J, 2002. Effects of fishery management on populations of brown trout, Salmo trutta, in central Spain. In Collares-Pereira MJ, Cowx IG, Coelho MM, eds. Conservation of Freshwater Fishes: Options for the Future Oxford: Blackwell Science Publications, 337-345. Almodóvar A & Nicola GG, 2004. Angling impact on conservation of Spanish streamdwelling brown trout Salmo trutta. Fisheries Management and Ecology, 11:173-182. Almodóvar A, Nicola GG, Elvira B, García-Marín L, 2006. Introgression variability among Iberian brown trout evolutionary significant units: the influence of local management and environmental features. Freshwater Biology, 51: 1175-1187. Angradi TR & GriYth JS, 1990. Diel feeding chronology and diet selection of rainbow trout (Onchorhynchus mykiss) in the Henry’s Fork of the Snake River, Idaho Canadian. Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 47: 199-209. ARH, 2012. Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas dos rios Vouga, Mondego e Lis integrados na Região Hidrográfica 4. Arnekleiv JV & Kraabol M, 1996. Migratory behaviour of adult fast-growing brown trout (Salmo trutta L.) in relation to water flow in a regulated Norwegian river. Regulated rivers: Research & Management, 12: 39-49. Arnekleiv JV & Ronning L, 2004. Migratory patterns and return to the catch site of adult brown trout (Salmo trutta L.) in a regulated river. River research and aplications, 20: 929942. Arlinghaus R & Mehner T, 2002. Socio-economic characterization of specialized common carp (Cyprinius carpio L.) anglers in Germany, and implications for inland fisheries management and eutrophication control. Fisheries Research 1475: 1-15. Arlinghaus R, Mehner T, Cowx IG, 2002. Reconciling traditional inland fisheries management and sustainability in industrialized countries, with emphasis on Europe. Fish and Fisheries, 3: 261-316. 92 Bachman RA, 1984. Foraging behavior of free-ranging wild and hatchery brown trout in a stream. Transactions of the American Fisheries Society, 113: 1-32. Baer J, Blasel K, Diekmann M, 2007. Benefits of repeated stocking with adult, hatcheryreared brown trout, Salmo trutta, to recreational fisheries? Fisheries Management and Ecology, 14: 51-59. Baglinière JL, 1985. La dètermination de l’âge par scalimètrie chez le saumon atlantique (Salmo salar) dans son aire de répartition méridionale: Utilisation pratique et difficultés de la méthode. B. Fr. Pêche Piscic., 298: 69-105. Baglinière JL & Louarn H, 1987. Caractéristiques scalimétriques des principales espèces de poissons d’eau douce de France. B. Fr. Pêche Piscic., 306: 1-39. Baglinière JL, Maisse G, Lebail PY, Nihouarn A, 1989. Population dynamics of brown trout (Salmo trutta) in a tributary in brittany (France): spawning and juveniles. J. Fish. Biol., 34: 97-110. Barnham C, Baxter A, 1998. Condition Factor, k, for salmonid fish. Fisheries notes. Beall E, Dumas J, Claireaux D, 1994. Dispersal patterns and survival of atlantic salmon (Salmo Salar) juveniles in a nursery stream. Journal of Marine Science, 51: 1-9. Beall E, de Gaudemar B, 1999. Plasticity of reproductive behavior in Atlantic Salmo salar (Salmonidae) in relation to environmental factors. Cybium, 23:9-28. Bisson PA, 1978. Diel food selection by two sizes of rainbow trout (Salmo gairdneri) in an experimental stream. Journal of Fisheries Research Board of Canada, 35:971-975. Bohlin T, Dellefors C, Faremo U, 1996. Date of smolt migration depends on body-size but not age in wild sea-run brown trout. J Fish Biol, 49: 157-164. Benke AC, Hall CAS, Hawkins CP, Lowe-McConnell RH, Stanford JA, Suberkropp K, Ward JV, 1988. Bioenergetic considerations in the analysis of stream ecosystems. Journal of the North American Benthological Society, 7: 480-502. Brana F, Nicieza AG, Toledo MM, 1992. Effects of angling on population structure of brown, Salmo trutta L., in mountain streams of northern Spain. Hydrobiologia, 237: 61-66. 93 Bridcut EE & Giller PS, 1995. Diet variability and foraging strategies in brown trout (Salmo trutta): an analysis from subpopulations to individuals. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 52: 2543-2552. Brittain JE & Eikeland TJ, 1988. Invertebrate drift: a review. Hydrobiologia, 166: 77-93. Burrell KH, Isely JJ, Bunnell DB, Van Lear DH, Dolloff CA, 2000. Seasonal movements of brown trout in a southern Appalachian river. Transactions of the American Fisheries Society, 129: 1373-1379. Butler JRA, Radford A, Riddington G, Laughton R, 2009. Evaluating an ecosystem service provided by Atlantic salmon, sea trout and other fish species in the River Spey, Scotland: the economic impact of recreational rod fisheries. Fisheries Research, 96: 259-266. Cabral MJ (coord.); Almeida J, Almeida PR, Dellinger T, Ferrand de Almeida N, Oliveira ME, Palmeirim JM, Queiroz AL, Rogado L,Santos-Reis M (eds.), 2006. Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal. 2ª ed., Lisboa: Instituto da Conservação da Natureza/Assírio & Alvim. Campbell RN, 1979. Ferox trout, Salmo truta L., and char, Salvelinus alpines (L.), in Scottish lochs. J. Fish Biol. 14:1-29. Carss DN, Kruuk H, Conroy JWH, 1990. Predation on adult Atlantic salmon, Salmo salar L., by otters, Lutra lutra (L.), within the River Dee system, Aberdeenshire, Scotland. Journal of Fish Biology, 37: 935-944. Caudron A, Champigneulle A, Guyomard R, 2006. Assessment of restocking as a strategy for rehabilitating a native population of brown trout (Salmo trutta L.) in a fast-flowing mountain stream in the northern French Alps. Journal of Fish Biology, 69: 127-139. Clapp DF, Clark RD, Diana JS, 1990. Range, activity, and habitat of large, free-ranging brown trout in a Michigan stream. Transactions of the American Fisheries Society, 119: 1022-1034. Cortes R & Ferreira M,1993.Metodologia para estudo da estrutura das populações de ictiofauna em águas interiores, Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Cooke SJ & Cowx IG, 2006. Contrasting recreational and commercial fishing: searching for common issues to promote unified conservation of fisheries resources and aquatic environments. Biological Conservation, 128: 93-108. 94 Cowx IG, 1994. Stocking strategies. Fisheries Management and Ecology, 1: 15-30. Crisp DT & Carling PA, 1989. Observations on siting, dimensions and structure of salmonid redds. J. Fish Biol., 34: 119-134. Crisp DT, 2000.Trout and salmon. Ecology, conservation and rehabilitation. Blackwell Science, London. Crivelli A, Poizat G, Berrebi P, Jesensek D, Rubin JF, 2000. Conservation biology applied to fish: the example of a project for rehabilitating the marble trout (Salmo marmoratus) in Slovenia. Cybium, 24: 211-230. Cucherousset J, Ombredane D, Charles K, Marchand F, Baglinière J, 2005. A continuum of life history tactics in a brown trout (Salmo trutta) population. Can. J. Fish. Aquat. Sci., 62: 1600-1610. Cucherousset J, Ombredane D, Bagliniere JL, 2006. Linking juvenile growth and migration behaviour of brown trout (Salmo trutta) using individual PIT-tagging. Cah. Biol. Mar., 47: 73-78. Curry RA & Noakes DLG, 1995. Groundwater and the selection of spawning sites by brook trout (Salvelinus fontinalis). Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences 52: 1733-1740. Damsgard B, 1995. Arctic charr, Salvelinus alpinus (L.), as prey for piscivorous fish – a model to predict prey vulnerabilities and prey size refuges. Nordic Journal of Freshwater Research, 71: 190-196. Decreto-Lei nº 236/98 de 1 de Agosto. Diário da Republica nº 176/98 I série A. Ministério do Ambiente, Lisboa. Dellefors C & Faremo U, 1988. Early sexual maturation in males of wild sea trout, Salmo trutta L. inhibits smoltification. Journal do fish biology, 33:741-749. Diana JS, 2003. Biology and Ecology of Fishes. Traverse City, MI: Cooper Publishing Group. Dodson JJ, Gibson RJ, Cunjak RA, Friedland KD, Garcia de Leaniz C, Gross MR, Newburym R, Nielsen JL, Power ME, Roy S, 1998. Elements in the development of 95 conservation plans for Atlantic salmon (Salmo salar). Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 55: 312-323. Dorner H. & Wagner A, 2003. Size-dependent predator-prey relationships between perch and their fish prey. Journal of Fish Biology, 62:1021-1032. Durantel P,1994. Nuevo manual de la pesca, Planeta. Elliott JM, 1967. The food of trout (Salmo trutta) in a dartmoor stream. J. Appl. Ecol., 4: 60-71. Elliott JM, 1970. Diet changes in invertebrate drift and the food of trout Salmo trutta L. J. Fish Biol., 2:161-165. Elliott JM, 1973. The food of brown and rainbow trout (Salmo trutta and S. gairdneri) in relation to the abundance of drifting invertebrates in a mountain stream. Oecologia, 12: 329-347. Elliott JM, 1975a. The growth rate of brown trout, Salmo trutta L. fed on maximum rations. Journal of Animal Ecology, 44: 805-821. Elliott JM, 1975b. The growth rate of brown trout, Salmo trutta L. fed on reduced rations. Journal of Animal Ecology, 44: 823-842. Elliott JM, 1976. The downstream drifting of eggs of brown trout, Salmo trutta L. Journal of Fish Biology, 9: 45-50. Elliott JM, 1982. The effects of temperature and ration size on the growth and energetics of salmonids in captivity. Comparative Biochemical Physiology, 73: 81-91. Elliott JM, 1984. Numerical changes and population regulation in young migratory trout Salmo trutta in a Lake District stream, 1966–83. Journal of Animal Ecology, 53: 327-350. Elliott JM, 1990. Mechanisms responsible for population regulation in young migratory trout, Salmo trutta. III. The role of territorial behaviour. Journal of Animal Ecology, 59: 803818. Elliott JM, 1994. Quantitative Ecology and the Brown Trout. Oxford: Oxford University Press, 286 pp. 96 Elliott JM, Hurley MA, Fryer RJ, 1995. A new, improved growth model for brown trout, Salmo trutta. Functional Ecology, 9: 290-298. Elliott JM & Hurley MA, 2000. Daily energy intake and growth of piscivorous brown trout, Salmo trutta. Freshwater Biology, 44: 237-245. Elvira B, 1995. Native and exotic freshwater fishes in Spanish river basins. Freshwater Biology, 33: 103-108. Elvira B & Almodóvar A, 2001. Freshwater fish introductions in Spain: facts and figures at the beginning of the 21st century. Journal of Fish Biology, 59: 323-331. Eriksson LO,1978. Nocturnalism versus diurnalism: dualism within fish individuals. In Thorpe JE (eds), 1978, Rhythmic Activity in Fishes. London: Academic Press, 69–89. Essington TE, Sorensen PW, Paron DG, 1998. High rate of redd superimposition by brook trout (Salvelinus fontinalis) and brown trout (Salmo trutta) in a Minnesota stream cannot be explained by habitat availability alone. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 55: 2310-2316. Evans DM, 1994. Observations on the spawning behaviour of male and female adult sea trout, Salmo trutta L., using radio telemetry. Fisheries Management and Ecology, 1: 91105. Ferreira MT, Franco A, Amaral S, Albuquerque A, 2010. Pesca desportiva em albufeiras do centro e sul de Portugal: Contribuição para a redução da eutrofização por biomanipulação, Instituto Superior de Agronomia. Fochetti R, Amici I, Argano R, 2003. Seasonal changes and selectivity in the diet of brown trout in the River Nera (Central Italy).J. Freshwat. Ecol., 18: 437-444. Forseth T& Jonsson B,1994. The growth and food ration of piscivorous brown trout (Salmo trutta). Functional Ecology, 8: 171-177. Forseth T, Naesje TF, Jonsson B, Harsaker K, 1999. Juvenile migration in brown trout: a consequence of energetic state. J. Anim. Ecol., 68: 783-793. Fraser NHC & Metcalfe NB, 1997. The costs of becoming nocturnal: feeding eficiency in relation to light intensity in juvenile Atlantic Salmon. Functional Ecology, 11: 385-391. 97 Friedl C, 1999. Fish Catch Reduction in Swiss Rivers (in German). Swiss Agency of the Environment, Forests, and Landscape (SAEFL), Bern, Switzerland. Froese R, 2006. Cube law, condition factor and weight-length relationships: history, metaanalysis and recommendations,Journal of Applied Ichthyology, 22: 241–253. García de Jalón D. & E. Barceló, 1987. Estudio sobre la alimentación de la trucha común en ríospirenaicos. Ecología, 1: 263-269. Gerlier M & Roche P,1998. A radio telemetry study of the migration of Atlantic salmon (Salmo salar L.) and sea trout (Salmo trutta trutta L.) in the upper Rhine. Hydrobiologia, 371/372: 283-293. Grant JWA., Noakes DLG, Jonas KM, 1989. Spatial distribution of defence and foraging in young-of-the-year brook charr, Salvelinus fontinalis. Journal of Animal Ecology, 58: 773784. Grant JWA., Steingrımsson SO, Keeley ER, Cunjak RA, 1998. Implications of territory size for the measurement and prediction of salmonid abundance in streams. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 55: 181-190. Grey J, 2001. Ontogeny and dietary specialization in Brown trout (Salmo trutta L.) from Loch Ness, Scotland, examined using stable isotopes of carbon and nitrogen. Ecology of Freshwater Fish, 10: 168-176. Gries G, Whalen KG, Juanes F, Parrish DL, 1997. Nocturnal activity of juvenile Atlantic salmon (Salmo salar) in late summer: evidence of diel activity partitioning. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 54:1408-1413. Grost RT, Hubert WA, Wesche TA, 1990. Redd site selection by brown trout in Douglas Creek, Wyoming. Journal of Freshwater Ecology, 5: 365-371. Grost RT, Hubert WA, Wesche TA, 1991. Description of brown trout redds in a mountain stream. Transactions of the American Fisheries Society, 120: 582-588. Hallerman EM, 2003. Population Genetics and Applications for Fisheries Scientists. Bethesda, MD: American Fisheries Society, 458 pp. Ham KD & Pearsons TN, 2001. A practical approach for containing ecological risks associated with fish stocking programmes. Fisheries, 26: 15-23. 98 Hambright KD, Drenner RW, McComas SR, Hairston NG Jr., 1991. Gapelimited piscivores: planktivore size refuges and the trophic cascade hypothesis. Archiv fur Hydrobiologie, 121: 389-404. Haraldstad O, Jonsson, B, Sandlund OT, Schei TA, 1987. Lake effect on stream living brown trout (Salmo trutta). Archievium fur Hydrobiologie, 109: 39-48. Hart PJB. & Connelan B, 1984. Cost of prey capture, growth rate and ration in size in pike, Esox lucius L., as functions of prey weight. Journal of Fish Biology, 25: 279-292. Hauser L, Beaumont AR, Marshall GTH, Wyatt RJ, 1991. Effects of sea trout stocking on the population genetics of landlocked brown trout, Salmo trutta L., in the Conway River system, North Wales, U.K. Journal of Fish Biology, 39: 109-116. Havre MV, 1983. O manual do pescador, Litexa. Heggenes J & Traaen T, 1988. Downstream migration and critical water velocities in stream channels for fry of four salmonid species. Journal of Fish Biology, 32: 717-727. Heggens J, 1996. Habitat selection by brown trout (Salmo trutta) and young atlantic salmon (S. salar) in strams: static and dynamic hydraulic modelling. Regulated rivers: research e management, 12: 155-169. Heggens J, Baglinière JL, Cunjak RA, 1999. Spatial niche variability for young Atlantic salmon (Salmo salar) and brown trout (S. trutta) in heterogeneous streams. Ecology of Freshwater Fish, 8: 1-21. Heggenes J, Omholt PK, Kristiansen JR, Sageie J, Okland F, Dokk JG, Beere MC, 2007. Movements by wild brown trout in a boreal river: response to habitat and flow contrasts. Fisheries Management and Ecology, 14: 333-342. Hendry AP & Berg OK, 1999. Secondary sexual characters, energy use, senescence, and the cost of reproduction in sockeye salmon. Canadian Journal of Zoology 77: 1663-1675. Hernández JS, 2009. Biología del alimentacíon de la trucha común (Salmo truta Linné, 1758) en los ríos de Galicia, Tese de Doutoramento, Universidade de Santiago de Compostela. 99 Hernández JS, 2010. Influencia del estiaje sobre el comportamento alimentário de la trucha común en un río de montaña (Espanha Central): Implicaciones en el estado de repleción y selección del alimento. Ecologia, 24: 61-72. Hindar K, Jonsson B, Ryman N, Stahl G, 1991. Genetic relationships among landlocked, resident, and anadromous Brown Trout, Salmo trutta, L. Heredity 66: 83-91. Höjesjö J, Johnsson JI, Bohlin T, 2002. Can laboratory studies on dominance predict fitness of young brown trout in the wild. Behav. Eco.l Sociobiol.,l 52: 102-108. Hunt PC & Jones JW, 1972. The food of brown trout in Llyn Alaw, Anglesey, North Wales. Journal of Fish Biology, 4: 333-352. Huusko A, Van der Meer O & Koljonen M-L, 1990. Life history patterns and genetic differences in brown trout (Salmo trutts L.) in the Koutajoki river system, Polskie Archiwum Hydrobiologii 37: 63-77. Imre I, Grant JWA, Keeley ER, 2002. The effect of visual isolation on territory size and population density of juvenile rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 59: 303-309. Imre I, Grant JWA, Keeley ER, 2004. The effect of food abundance on territory size and population density of juvenile steelhead trout (Oncorhynchus mykiss). Oecologia, 138: 371-378. INAG, 2009. Critérios para a classificação do estado das massas de água superficiais rios e albufeiras, 21. INAG, 2012. Sistemas de informação, monitorização, protecção e valorização das águas superficiais e subterrâneas, acedido em: 27/9/2012 http://snirh.inag.pt/index.php?idMain=2&idItem=1 Jearld A, 1983. In Nielsen L (Ed.), 1983, Age determination. Fisheries Techniques, Blacksburg, 301-324. Jenkins Jr TM, Diehl S, Kratz KW, Cooper SD, 1999. Effects of population density on individual growth of brown trout in streams. Ecology, 80: 941-956. Jensen AJ, 1990. Growth of young migratory brown trout Salmo trutta correlated with water temperature in Norwegian rivers. Journal of Animal Ecology 59: 603-614. 100 Jonsson B, 1985. Life history patterns of freshwater resident and searun migrant brown trout in Norway. Trans Am Fish Soc, 114: 182-194. Jonsson B & Gravem FR, 1985. Use of space and food by resident and migrant brown trout, Salmo trutta. Environmental Biology of Fishes, 14: 281-293. Jonsson B, 1989. Life history and habitat use of Norwegian brown trout (Salmo trutta). Freshwater Biology, 21: 71-86. Jonsson N, 1991. Influence of water flow, water temperature and light on fish migration in rivers. Nordic. J.Freshw. Res., 66: 20-35. Jonsson B & L’Abeée-Lund JH, 1993. Latitudinal clines in life-history variables of anadromous brown trout in Europe. Journal of Fish Biology, 43: 1-16. Jonsson B & Jonsson N, 1993b. Partial migration: niche shift versus sexual maturation in fishes. Reviews in Fish Biology and Fisheries, 3: 348-365. Jonsson N, Jonsson B, Hansen LP,1997. Changes in proximate composition and estimates of energetic costs during upstream migration and spawning in Atlantic salmon, Salmo salar. Journal of Animal Ecology, 66: 425-436. Jonsson N, Jonsson B, 1999. Trade-off between mass and egg number in brown trout. Journal of fish biology, 55: 767-783. Jonsson B, Jonsson N, Brodtkorb E, Ingebrigtsen PJ, 2001. Life-history traits of brown trout vary with the size of small streams. Functional Ecology, 15: 310-317. Jonsson N & Jonsson B, 2002. Migration of anadromous brown trout Salmo trutta in a Norwegian river. Freshw. Biol., 47: 1391-1401. Johnsson JI, Bohlin T, 2006. The cost of catching up: increased winter mortality following structural growth compensation in the wild. Proc R Soc Lond B, 273: 1281-1286. Jonsson B & Jonsson N, 2009. A review of the likely effects of climate change on anadromous Atlantic salmon Salmo salar and brown trout Salmo trutta, with particular reference to water temperature and flow. Journal of Fish Biology, 75: 2382-2447. Jones, JW & Ball JN, 1954. The spawning behavior of brown trout and salmon. British J. Animal Behavior, 2:103-114. 101 Jungwirth M, Schmutz S, Weiss S, 1998. Fish Migration and Fish Bypasses. Fishing News Books. Blackwell Science Ltd: Oxford. Kara C & Alp A, 2005. Feeding habits and diet composition of brown trout (Salmo trutta) in the upper streams of River Ceyhan and River Euphrates in Turkey.Turk. J. Vet. Anim. Sci., 29: 417-428. Karlstrom O, 1977. Habitat selection and population densities of salmon (Salmo salar L.) and trout (Salmo trutta L.) parr in Swedish rivers with some references to human activitieso, Univ: 12.. Kawaguchi Y & Nakano S, 2001. Contribution of terrestrial invertebrates to the annual resource budget for salmonids in forest and grassland reaches of a headwater stream. Freshwater Biology, 46: 303-316. Keeley ER, Grant JWA, 1995. Allometric and environmental correlates of territory size in juvenile Atlantic salmon (Salmo salar). Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences 52: 186-196. Keeley ER, McPhail JD, 1998. Food abundance, intruder pressure, and body size as determinants of territory size in juvenile steelhead trout (Oncorhynchus mykiss). Behaviour 135: 65-82. Keeley ER, 2000.An experimental analysis of territory size in juvenile steelhead trout. Animal Behaviour 59: 477-490. Keeley ER, 2001. Demographic responses to food and space competition by juvenile steelhead trout. Ecology 82: 1247-1259. Keeley ER & Grant JWA, 2001. Prey size of salmonid fishes in streams, lakes and oceans. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 58: 1122-1132. Klemetsen A, Amundsen PA, Dempson JB, Jonsson B,Jonsson N, O’Connell MF, Mortensen E, 2003. Atlantic salmon Salmo salar L., brown trout Salmo truta L. and Arctic charr Salvelinus alpinus (L.): a review of aspects of their life histories. Ecology of Freshwater Fish, 12: 1-59. Knouft JH & Spotila JR, 2002. Assessment of movements of resident stream brown trout, Salmo trutta L., among continuous section of stream. Ecol. Freshw. Fish 11: 85-92. 102 Kreivi P, Muotka T,Huusko A, Maki-Petays A, Huhta A, Meissner K, 1999. Diel feeding periodicity, daily ration and prey selectivity in juvenile brown trout in a subarctic river. Journal of Fish Biology, 55:553-571. Kondolf GM, Sale MJ, Wolman MG, 1993. Modification of fluvial gravel size by spawning salmonids, Wat. Res. Research, 29: 2265-2285. Kondolf GM & Wolman MG,1993. The size of salmonid spawning gravels. Water Resources Research 29: 2275-2285. Kubecka J, Matena J, Hartvich P, 1997. Adverse ecological effects of small hydropower stations in the Czech Republic: 1. Bypass plants. Regulated Rivers: Research and Management,13:101-113. L’Abée-Lund JH, Jonsson B, Jensen AJ, Saettem LM, Heggberget TG, Johnsen BO, Naesje TF, 1989. Latitudinal variation in life-history characteristics of searun migrant brown trout Salmo trutta. Journal of Animal Ecology 58: 525-542. L’Abée-Lund JH, 1991. Variation within and between rivers in adult size and sea age at maturity of anadromous brown trout, Salmo trutta. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 48: 1015-1021. L’Abée-Lund JH, Langeland A, Sægrov H, 1992. Piscivory by brown trout Salmo trutta L. and Arctic charr Salvelinus alpinus (L.) in Norwegian lakes. Journal of Fish Biology 41: 91–101. Lagadic L, Caquet T, Amiard JC, Ramade F, 1998. Utilisation de biomarqueurs pour la surveillance de la qualité de l’environnement. Lavoisier TEC DOC, Paris. Laikre L, Antunes A, Apostolidis A, Berrebi P, Duguid A, Ferguson A, Garcia-Marin JL, Guyomard R, Hansen MM, Hindar K, Koljonen ML, Largiader C, Martinez P, Nielsen EE, Palm S, Ruzzante DE, Ryman N, Trianthaphyllidis C, 1999. Conservation genetic management of brown trout (Salmo trutta) in Europe. Report by the concerted action on identification, management and exploitation of genetic resources in the brown trout (Salmo trutta).‘‘TROUTCONCERT’’; EU FAIR CT97-3882. Danmarks fiskeriundersrgelser, Silkeborg, 91 pp. Libosvárský J, 1967. The spawning run of brown trout, Salmo trutta m. fario L., and its analysis. Zool. Listy 16: 73-86. 103 Libosvárský J, 1974. Further notes on the spawning run of brown trout into the Hadůvka Brook. Zool. Listy., 23: 261-274. Libosvárský J, 1976. On the ecology of spawning migration of brown trout. Zool. Listy., 25: 175-182. Linlokken A, 1995. Angling pressure, yield and catch per effort of grayling, Thymallus thymallus (L.), and Brown trout, Salmo trutta L., on the rivers Glomma and Rena, southeastern Norway. Fisheries Management and Ecology, 2: 249-262. Lobón-Cerviá J, 1991. Dinámica de poblaciones de peces. Pesca eléctrica y los métodos de capturas sucesivas en la estima de abundancias. Museo Nacional de Ciencias Naturales (CSIC), Lobón-Cerviá J, 2000. Determinants of parr size variations within a population of brown trout Salmo trutta L. Ecology of Freshwater Fish, 9: 92-102. López-Álvarez JV, 1984. Observaciones sobre la alimentación natural de la trucha común (Salmo trutta fario L.) en algunos ríos de la Cuenca del Duero. Limnética, 1: 247-255. MacCrimmon HR & Marshall TL, 1968. World distribution of brown trout, Salmo trutta. J. Fish. Res. Board Can., 25: 2527-2548. MacCrimmon HR, Marshall TL, Gots BL, 1970. World distribution of brown trout, Salmo trutta: further observations. J. Fish. Res. Board Can., 27: 811-818. Machordom A, Garcia-Marin JL, Sanz N, 1999. Allozyme diversity in brown trout (Salmo trutta) from Central Spain: Genetic consequences of restocking, 41: 707-717. Maia CFC & Valente ACN, 1999. The Brown trout Salmo trutta L. populations in the river Lima catchement. Asociación Española de Limnologia, 17: 119-126. Maia C & Valente A, 2002. The brown trout Salmo trutta L. populations in the river Lima catchment. Limnetica, 17:119-126. McIntosh AR & Townsend CR, 1995. Contrasting predation risks presented by introduced brown trout and native common river galaxias in New Zealand streams. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 52: 1821-1833. McNeil WJ, 1966. Effect of spawning bed environment on reproduction of pink and chum salmon. Fishery Bulletin of the U.S. Fish and Wildlife Service, 65: 495-523. 104 Meyer L, 2001. Spawning migration of grayling Thymallus thymallus (L. 1758) in a Northern German lowland river. Arch. Hydrobiol., 152: 99-117. Monet G & Soares I, 2001. Tracking 48 and 150 MHZ radio-tagged male lake-trout during their spawning migration in a mountain regulated river. J. Mt. Ecol., 6: 7-19. Naesje TF, Thorstad EB, Forseth T, Aursand M, Saksgard R & Finstad A G, 2006. Lipid class content as an indicator of critical periods for survival in juvenile Atlantic salmon (Salmo salar). Ecology of Freshwater Fish 15: 572–577. Nakano S, Kawaguchi Y, Taniguchi Y, Miyasaka H, Shibata Y, Urabe H, Kuhara N, 1999a. Selective foraging on terrestrial invertebrates by rainbow trout in a forested headwater stream in northern Japan. Ecological Research, 14: 351-360. Nakano S, Miyasaka H, Kuhara N, 1999b. Terrestrial aquatic linkages: riparian arthropod inputs alter trophic cascades in a stream food web. Ecology, 80: 2435-2441. Neveu A. & M. Thibault,1977. Comportament alimentaire d’une population sauvage de truite fario (Salmo trutta L.) dans un ruisseau des Pyrènèes atlantiques, Le Lissuraga. Ann. Hydrobiol., 8: 111-128. Neveu A, 1980. Relations entre le benthos, la derive, le rythme alimentaire et le taux de consommation de truites comunes (S. trutta L.) en canal experimental. Hidrobiología, 76: 217–228. Neveu A, 1999. Feeding strategy of the brown trout (Salmo trutta L.) in running water Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 53: 2739-2744. Nicola GG & Almodóvar A, 2004. Growth pattern of stream-dwelling brown trout under contrasting thermal conditions. Transactions of the American Fisheries Society, 133: 6678. Nilsson PA & Bronmark C, 2000. The role of gastric evacuation rate in handling time of equal-mass rations of different prey sizes in northern pike. Journal of Fish Biology, 57: 516-524. Nielsen C, Aarestrup K, Norum U, Madsen SS, 2003. Pre-migratory differentiation of wild brown trout into migrant and residente individuals. J Fish Biol, 63: 1184-1196. 105 Nislow KH, 2001.International symposium on the implications of salmonid growth variation. Reviews in Fish Biology and Fisheries, 10: 521-527. Nordwall F, Naslund I, Degerman E, 2001. Intercohort competition effects on survival, movement, and growth of brown trout (Salmo trutta) in Swedish streams. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 58: 2298-2308. Northcote TG, 1992. Migration and residency in stream salmonids—some ecological considerations and evolutionary consequences. Nordic Journal of Freshwater Research, 67: 5-17. Ojanguren AF, Reyes-Gavilan FG, Brãna F, 2001. Thermal sensitivity of growth, food intake and activity of juvenile brown trout. Journal of Thermal Biology 26: 165-170. Oliveira JM, Santos JM, Teixeira A, Ferreira MT, Pinheiro PJ, Geraldes A e Bochechas J, 2007. Projecto Aquatiport: Programa Nacional de Monitorização de Recursos Piscícolas e de Avaliação da Qualidade Ecológica de Rios. Direcção-Geral dos Recursos Florestais, Lisboa, 96 pp. Okland F, Jonsson B, Jensen AJ, Hansen LP, 1993. Is there a threshold size regulating seaward migration of brown trout and Atlantic salmon? J. Fish Biol., 42: 541-550. Olson MH, 1996. Predator-prey interactions in size-structured fish communities: implications of prey growth. Oecologia, 108: 757-763. Olsson TI & Persson B, 1988. Efects of deposited sand on ova survival and alevin emergence in brown trout (Salmo trutta L.). Archiv Hydrobiol., 113: 621-627. Olsson IC, Greenberg LA, Bergman E, Wysujack K, 2006. Environmentally induced migration: the importance of food. Ecol Lett, 9: 645-651. Ombredane D, Bagliniere JL, Marchand F, 1998. The effects of passive integrated transponder tags on survival and growth of juvenile brown trout (Salmo trutta L.) and their use for studying movement in a small river. Hydrobiologia, 372: 99-106. Ottaway EM, Carling PA, Clark A, Reader NA,1981. Observations on the structure of brown trout , Salmo trutta Linnaeus, redds. Journal of Fish Biology, 19: 593-607. 106 Ovidio M, Baras E, Goffeaux D, Birtles C & Philippart JC, 1998. Environmental unpredictability rules the autumn migration of brown trout (Salmo trutta L.) in the Belgian Ardennes. Hydrobiologia, 372: 263-274. Ovidio M, Baras E, Goffaux D, Giroux F, Philippart JC, 2002. Seasonal variation of pattern of brown trout (Salmo trutta) in a small stream, as determined by radio-telemetry. Hydrobiologia, 470: 195-202. Ovidio M & Philippart JC, 2002. The impact of small physical obstacles on upstream movements of six species of fish. Hydrobiologia, 483: 55-69. Ovidio M, Parkinson D, Sonny D, Philippart JC, 2004. Spawning movements of European grayling Thymallus thymallus in the River Aisne (Belgium). Folia Zool., 53: 87-98. Parra I, Almodóvar A, Nicola GG, Elvira B, 2009. Latitudinal and altitudinal growth patterns of brown trout Salmo trutta at different spatial scales. Journal of Fish Biology, 74: 2355-2373. Peirson G, Tingley D, Spurgeon J, Radford A (2001). Economic evaluation of inland fisheries in England and Wales. Fisheries Management and Ecology, 8: 415-424. Pereira CA, 1994. Espécies aquícolas de Portugal Continental, Direcção dos Serviços Florestais. Peter A, 1996. Interruption of the river continuum and the consequenses for migratory fish. International Conference on Fish Migration & Fish Bypass Channels, Abstract Book 5. Petersson E, Jarvi T, Olsen H, 1999. Male-male competition and female choice in brown trout, Animal Behavior, 55: 777-783. Piecuch J, Lojkásek B, Lusk S, Marek T, 2007. Spawning migration of brown trout, Salmo trutta in the Morávka reservoir. Folia Zool., 56: 201-212. Pires DFCM, 2003. Estudo sobre a reprodução da truta, Salmo trutta L., em meio natural, com especial incidência no comportamento reprodutor. Tese de Mestrado, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. 107 Richard A, Baglinière JL, 1990. Description et interprétation desécailles de Truite de mer (Salmo trutta L.) des deux rivières de Basse-Normandie: l’Orne et la Touques. B. Fr. Pêche Piscic, 319: 239-257. Richardson JS,1993. Limits to productivity in streams: evidence from studies of macroinvertebrates. Canadian Special Publication in Fisheries and Aquatic Sciences 118: 9-15. Rifflart R, Marchand F, Rivot E, Bagliniere J, 2006. Scale reading validation for estimating age from tagged fish recapture in a brown trout (Salmo trutta) population, Fisheries Research, 78: 380-384. Riehle MD & GriYth JS, 1993. Changes in habitat use and feeding chronology of juvenile rainbow trout (Oncorhynchus mykiss) in fall and the onset of winter in Silver Creek, Idaho. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences 50, 2119-2128. Rincón PA & Lobón-Cerviá J, 1999. Prey-size selection by brown trout (Salmo trutta L.) in a stream in northern Spain. Canadian Journal of Zoology, 77: 755-765. Ringler NH,1979. Selective feeding by drift feeding brown trout Salmo trutta. Journal of the Fisheries Research Board of Canada, 36: 392-403. Rivinoja P, McKinnell S, Lundqvist H, 2001. Hindrances to upstream migration of Atlantic salmon (Salmo salar) in northern Swedish river caused by a hydroelectric power-station. Regulated Rivers: Research and Mangement, 17: 101-115. Ross MR & Loomis DK, 2001. Put-and-take fisheries: investigating catch and retention assumptions. Fisheries, 26: 13-18. Rustadbakken A, L´Abée-Lund JHL, Arnekleiv JV, Kraabol M, 2004. Reproductive migration of brown trout in a small Norwegian river studied by telemetry. Journal of Fish Biology, 64: 2-15. Sagar PM & Glova GJ, 1988. Diel feeding periodicity, daily ration and prey selection of a riverine population of juvenile chinook salmon, Oncorhynchus tshawytsha (Walbaum). Journal of Fish Biology, 33: 643-653. Saraniemi M, Huusko A, Tahkola H, 2008. Spawning migration and habitat use of adfluvial Brown trout, Salmo trutta,in a strongly seasonal boreal river, Boreal. Environment Research, 13: 121-132. 108 Scarnecchia DL, 1983. Age at sexual maturity in Icelandic stocks of Atlantic salmon (Salmo salar). Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 40: 1456-1468. Schaffer WM, Elson PF, 1975. The adaptive significance of variations in life history among local populations of Atlantic salmon in North America. Ecology, 56: 577-590. Shirvell CS & Dungey RG, 1983. Microhabitats chosen by brown trout for feeding and spawning in rivers. Transactions of the American Fisheries Society, 112: 355-367. Smith JJ & Li HW,1983. Energetic factors influencing foraging tactics of juvenile steelhead trout, Salmo gairdneri. In Noakes DLG ed. Predators and prey in fishes. The Hague: Dr. W. Junk Publications,173-180. Solomon DJ & Templeton RG, 1976. Movements of brown trout, Salmo trutta L., in a chalk stream. Journal of Fish Biology, 9: 411-423. Steingrimsson SO & Gislason GM, 2002. Body size, diet and growth of landlocked brown trout, Salmo trutta, in the subarctic River Laxa, north-east Iceland. Environmental Biology of Fishes, 63: 417- 426. Sweeney BW & Vannote RL, 1982. Population synchrony in mayflies: a predator satiation hypothesis. Evolution 36: 810-821. Teixeira A & Cortes R, 2006. Diet of stocked and wild trout, Salmo trutta: Is there competition for resources? Folia Zool., 55: 61-73. Toivonen J, 1972. The fish fauna and limnology of large oligotrophic glacial lakes in Europe, Journal of the Fisheries Research Board of Canada 29:629-37. Townsend CR & Winfield IJ, 1985. The application of optimal foraging theory to feeding behaviour in fish. In Tytler P & Calow P, Fish Energetics, 67–98. Turesson H, Persson A, Bronmark C, 2002. Prey size selection in piscivorous pikeperch (Stizostedion lucioperca) includes active prey choice. Ecology of Freshwater Fish, 11: 223-233. Turnpenny AWH & Williams R, 1980. Efects of sedimentation on the gravels of an industrial river system. J. Fish Biol., 17: 681. 109 Valente A, 1993. Biologia e dinâmica das populações de truta-de-rio, Salmo trutta L., da bacia hidrográfica do rio Lima. Tese de Doutoramento. Universidade do Porto, Porto. 244 pp. Vehanen T, 1995. Factors influencing the yield of brown trout, Salmo trutta m. lacustris L., in northern Finnish lakes. Fisheries Management and Ecology 2: 121-134. Vieira SCR, 2008.A Pesca nas Águas Interiores do Entre Douro e Minho, Associação Regional do Norte de Pesca Desportiva. Vieira SCR, 2011. O Rio Vez – Ordenamento aquícola e a Gestão Sustentável da Espécie Piscícola Salmo trutta. Tese de Mestrado, Instituto Politécnico de Castelo Branco. Vollestad LA & Andersen R, 1985. Resource partitioning of various age groups of brown trout Salmo trutta in the littoral zone of lake Selura, Norway. Arch. Hydrobiol., 105: 177185. Vollestad LA, Olsen EM, Forseth T, 2002. Growth rate variation in brown trout in small neighbouring streams: evidence for density-dependence? Journal of Fish Biology, 61: 1513-1527. Walsh G, Morin R, Naiman RR, 1988. Daily rations, diel feeding activity and distribution of age-0 brook charr, Salvelinus fontinalis, in two subarctic streams. Environmental Biology Fishes, 21: 195-205. Wankowski JWJ, 1979. Morphological limitations, prey size selectivity, and growth responses of juvenile Atlantic salmon, Salmo salar. Journal of Fish Biology, 14: 89-100. Wankowski JWJ & Thorpe J, 1979. The role of food particle size in the growth of juvenile Atlantic salmon (Salmo salar L.). Journal of Fish Biology, 14: 351-370. Waters TF, 1969. Invertebrate drift – ecology and significance to stream fishes. In Northcote TG, ed. Symposium on salmon and trout in streams. Vancouver, BC: University of British Columbia,121–134. Waters TF, 1972. The drift of stream insects. Annual Review of Entomology, 17:253-272. 110 Webb JHE & McLay HA, 1996. Variation in the spawning of Atlantic salmon (Salmo salar) and its relationship to temperature in the Aberdeenshire Dee, Scotland. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences, 53: 2739-2744. Webster JJ & Hartman KJ, 2005. The role of terrestrial invertebrates in allopatric brook trout headwater streams in the central Appalachian mountains. Journal of Freshwater Ecology, 20: 101-107. Wedekind H, Hilge V, Steffens W, 2001. Present status, and social and economic significance of inland fisheries in Germany. Fisheries Management and Ecology 8: 405414. Wesche TA, Goertler CM, Hubert WA, 1987. Modified habitat suitability index model for brown trout in southeastern Wyoming. North Am. J. Fish. Manage., 7: 232-237. Wipfli MS,1997. Terrestrial invertebrates as salmonid prey and nitrogen sources in streams: contrasting old-growth and young-growth riparian forests in southeastern Alaska, USA. Canadian Journal of Fisheries and Aquatic Sciences 54: 1259-1269. Witzel LD & MacCrimmon HR, 1983. Redd-site selection by brook trout and brown trout in Southwestern Ontario streams. Transactions of the American Fisheries Society 112: 760771. Wood C, 2007. Global warming: implications for freshwater & marine fish. In: Society for Experimental Biology Seminar Series, Vol. 61, Cambridge University Press, Cambridge. Yildirim A, Arslan M, 2007. Age and growth properties of brown trout (Salmo trutta L.) living in Kan Stream, upper Çoruh River, Turkey. Animal Biology, 57: 281-291. Young MK, Rader RB, Belish TA, 1997. Influence of macroinvertebrate drift and light on the activity and movement of Colorado River cutthroat trout. Transactions of the American Fisheries Society, 126: 428-437. Young M.K., 1999. Summer diel activity and movement of adult brown trout in highelevation streams in Wyoming, USA. Journal of Fish Biology 54: 181-189. Zadorina VM, 1988. Importance of adult insects in the diet of young trout and salmon. Voprosy Ikhtiologii 2: 259-265. 111 112 Anexos 113 Anexo I Num dos dias de pesca ao recolher uma truta de 17,4 cm cravada na colher, ocorreu um ataque ao isco/truta de uma truta de grandes dimensões. A truta maior ofereceu muita resistência e acabou por largar a truta mais pequena ou simplesmente soltou-se do anzol. Este comportamento é demonstrativo da voracidade deste peixe mesmo para com indivíduos da mesma espécie. Figura 79 - Truta atacada (truta nº 42) comp: 17,4 cm, peso: 57 g, local: zona j. 114 Anexo II Figura 80 - Truta nº 162 comp: 22,4 peso:122 g local: lote 3. Figura 81 - Truta nº 123 comp: 20,9 peso 105 g local: lote 4. Figura 82 - Truta nº 73 comp:17,5 peso: 54 g local: zona a. Figura 83 - Truta nº 84 comp: 34,5 peso: 342 g local: zona i. Como é possivel constactar pela figuras 80 a 83 a Salmo trutta no rio Vez apresenta diferente morfologias sendo dificil quer para os pescadores desportivos quer para um investigador a distinção entre truta fário e truta marisca. Enquanto as figuras 80 e 81 são claramente de Salmo trutta morpho fário as figuras 82 e 83 levantam algumas dúvidas. 115 Anexo III Salmão (Salmo salar) No rio Lima é consensual a existência de salmões e quase todos os anos são relatadas capturas à linha. Este ano observei dois salmões provenientes do rio Lima, um de 91 cm de comprimento e 4,6 kg de peso que um pescador desportivo encontrou morto na margem do rio, no dia 22/1/2012 e outro de 81 cm de comprimento que foi capturado por um pescador desportivo no dia 1/3/2012. Dado que não foi encontrada pelo autor nenhuma referência científica à sua existência no rio Vez, embora tenham ocorrido repovoamentos neste rio e apesar deste trabalho ser sobre a truta, achei relevante apresentar uma prova do aparecimento de um exemplar no rio Vez capturado por um pescador do concelho. Represa Local de captura 41 50,91 Zona de postura Figura 84 - Troço do rio Vez que atravessa a vila de Arcos de Valdevez (zona e), local de41 captura 41º50’91’’ N 8º25’16’’ W - Fotografia aérea da zona (Google Earth). Data e hora da captura: 2/3/2010 cerca das 10:00 horas 50,91 41 50,91 8 25,16 8 25,16 Isco: Minhoca Comprimento furcal: 59 cm Peso: 1.3 Kg (Medido pelo pescador) Figura 85 - Salmão (Salmo salar) capturado no rio Vez no ano 2010. 116 Anexo IV Dados do inquérito: Numero de individuos (n) 16 14 12 10 8 6 4 2 0 [20-30[ [30-40[ [40-50[ [50-60[ [60-70[ [70-80[ Categoria de idades Figura 86 - Categoria de idades dos pescadores inquiridos. 2,6 2,6 2,6 2,6 Arcos de Valdevez Vila Verde 5,3 Prado 5,3 Ponte da Barca 7,9 Guimarães Lisboa 71,1 Braga Pico dos Regalados Figura 87 - Residência dos pescadores inquiridos (percentagem). 117 2) 2,6 2,6 2,6 Boia Boia e fundo 5,3 28,9 5,3 Fundo 5,3 Minhoca 5,3 Tudo 5,3 Minhoca, pluma, gafanhoto Amostra 13,1 5,3 5,3 13,1 Boia e minhoca Boia e s/ boia Figura 88 - Técnicas de pesca praticadas pelos pescadores no rio Vez (percentagem). 6) Tabela 15- Comprimento e peso minimos e máximos da maior truta capturada Mínimo Máximo Comprimento (cm) Peso (g) 12 73 200 3000 6.1) 3 3 3 3 3 3 3 37 3 6 3 9 9 3 6 3 1970 1977 1980 1990 1992 1995 2000 2001 2002 2004 2005 2006 2007 2010 2011 2012 Figura 89 - Ano da maior captura de cada pescador (percentagem). 118 7.1) 1977 5 5 1980 5 1987 5 5 50 5 5 5 1992 2005 2006 2008 2009 10 2011 2012 Figura 90 - Ano com maior número de capturas num dia (percentagem). 8) 2,6 2,6 2,6 Leva 7,9 Devolve Leva e devolve 7,9 Leva para dar 18,4 57,9 Devolve ou dá Leva as trutas Leva trutas e enguias Figura 91 - Destino do peixe capturado (percentagem). 119 9) 2,6 2,6 2,6 5,3 Sim 5,3 Não Não sabe Mais ou menos Mais com preservação 81,6 Sim, com truta do rio Figura 92 - Concorda com o repovoamento do rio? 10) 2,6 7,9 Sim Não 23,7 Sim, se pouco 65,8 Talvez Figura 93 - Estaria disposto a pagar mais para ter melhores condições de pesca? 120 10.1) Margens limpas Mais peixe 3,6 3,6 3,6 Margens limpas e árvores podadas 3,6 Melhor qualidade da água 3,6 39,3 3,6 Repovoamentos/mais fiscalização/ zonas de pesca sem morte Poda das arvores 3,6 3,6 3,6 3,6 Repovoamentos Mais fiscalização/ número limite de capturas dia Margens limpas e repovoamentos 7 7 10,7 Mais fiscalização Repovoamento, mais ordenamento, pesca sem morte Margens e acessos ao rio Maior facilidade de aquisição da licença Figura 94 - Que condições gostaria de ver melhoradas? 121 11) Rio livre Nada Não conhece Regulamento de águas ciprinideas 3,3 3,3 Parte do rio fechada durante x anos 3,3 3,3 Pesca sem morte entre as duas pontes da Vila 3,3 30 3,3 Pagar 5 ou 6 euros e ter todo o rio livre Mais vigilância 3,3 3,3 3,3 Pesca todo o ano Controlo da poluição 3,3 3,3 Mais fiscalização, entregar a parte da gestão a um clube, lotes não Proibia a pesca de Santar até uma zona acima da vila Regulamento de águas ciprinideas, mais fiscalização 16,7 3,3 6,7 6,7 Tirar o canoismo do rio, rio livre Mais fiscalização, rio livre Mais fiscalização, legislação mais apertada, nº limite de capturas por dia, pesca sem morte Figura 95 - O que mudaria na Gestão do rio Vez? 12) 5,4 8,1 Não Sim Pouco 86,5 Figura 96 - Costuma pescar nos lotes do rio Vez? 122 Anexo V Figura 97 - Licença de pesca diária, notar que no verso existe uma declaração de capturas por espécie de entrega obrigatória. 123 Anexo VI 124 125 126 Anexo VII 127