ÒMNIA: OS
TELECENTROS
COMUNITÁRIOS DA
CATALUNHA
Bruno Fuser
UFJF – Universidade Federal de Juiz de Fora
Projeto realizado com bolsa do CNPq
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Fratura digital na Catalunha
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32 mil km2 (pouco maior que Alagoas)
7 milhões de habitantes
450 telecentros
65,4% da população acima de 15 anos não é
usuária da Internet
Mais alta renda, usuários: 63,8%
Rendimentos médios: 53,7%
Rendimentos baixos: 15,4%
50 anos ou mais: 8,4%
Mais de 50 anos, e de rendimentos baixos:
2 2,2%
Rede de Telecentros da Catalunha
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3 “comunidades”
Teletrabalho: trabalho à distância (29 telecentros)
De cidadania: cerca de 300; rede fragmentada,
essencialmente bibliotecas
Comunidade social: Projeto Òmnia (111 pontos)
Finalidade dos pontos Òmnia: “evitar a fratura
digital por meio do incentivo a ações dirigidas a
formação, inserção social e laboral e uso
comunitário para o acesso às novas tecnologias”
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Projeto Òmnia - histórico
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Criado a partir de trabalho com jovens do bairro do
Raval, em Barcelona
Em 1999, 43 telecentros: 9 computadores (1 para
gerenciamento), 1 dinamizador
Convênios com entidades localizadas nos bairros
marginalizados das principais cidades da
Catalunha (ONGs, associações de bairro)
Generalitat financia máquinas, conexão e salário
do dinamizador
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Projeto Òmnia - histórico
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2001: ampliação do projeto, com mais 68 pontos
Generalitat deixa de pagar, nos novos pontos, o
salário do dinamizador e a conexão com a Internet
Majoritariamente, são telecentros instalados em
prefeituras e conselhos comarcais
Além da instalação em bairros marginais das
grandes cidades, incorpora-se a idéia de equilíbrio
territorial em pequenos “pueblos” rurais e em
áreas isoladas de regiões montanhosas
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Metodologia
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Entrevistas centradas com os dinamizadores de 20
pontos Òmnia, nas cidades catalãs de:
Barcelona (8 telecentros), Badalona (4),
L'Hospitalet de Llobregat (1), L'Escala (1),
Banyoles (1), Palafrugell (1), Terrassa (1), Valls
(1), Sant Adrià de Besòs (1) e Roda de Barà (1)
Principais tipologias de pontos Òmnia: ONGs em
bairros com população em risco de exclusão social
de grandes cidades,e aqueles administrados
principalmente por prefeituras de cidades menores
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Exclusão digital, alfabetização tecnológica
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Sérgio Amadeu da Silveira (2001; A exclusão
digital: a miséria na era da informação):
Alfabetização tecnológica: além do ensino de
informática
Professor é orientador
Aprendizagem: processo permanente
MOVA Digital: "não se trata de uma alfabetização
restrita ao ensino de linguagens ou domínio de
uso de software ou de novos aplicativos como
planilhas ou o uso da internet”
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Alfabetização crítica e libertadora
Análise das entrevistas
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Uma forma de aprendizado que rompe com a
estrutura tradicional, do sistema escolar
regulamentado
O ensino tradicional, regulamentar, não consegue
na Espanha incluir muitíssimos jovens.
Os telecentros Òmnia buscam se constituir em
espaços abertos a esses jovens e outros grupos
sociais, e não salas de aula, visto que essa
dimensão oficial foi em parte responsável, ou é
responsabilizada, pelo afastamento de tais
coletivos da escola.
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Os pontos Òmnia tentam se associar ao lazer, ao
tempo livre, à aquisição de conhecimentos por
opção e não por obrigação, e de conhecimentos
que se distinguem daqueles obtidos em escolas,
pois não conferem títulos, são um “clube das
novas tecnologias” no bairro.
Constituir-se um espaço aberto, no entanto, traz por
vezes problemas: a cultura do sistema vertical,
autoritário, de uma pedagogia formalista está
suficientemente arraigada, e traz dificuldades para
a implantação de experiências participativas, não
formais.
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Na diversidade de realidades que abrange o Projeto
Òmnia, os telecentros que estão localizados em
escolas de adultos obedecem, por vezes, a
dinâmicas que estão consolidadas nessas
instituições, e que por vezes podem se
assemelhar àquelas do sistema escolar oficial.
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Análise das entrevistas
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A participação da comunidade na apropriação
do espaço, na definição de atividades do ponto
Òmnia
Caracterizado por sua ligação estreita com o
entorno local, com o bairro, o telecentro Òmnia
busca adaptar suas dinâmicas e objetivos a esse
contexto: “cada punto es un mundo”.
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O
Projeto Òmnia se volta para os planos de
desenvolvimento
comunitário,
desenvolvidos
principalmente em bairros degradados das periferias
das grandes cidades catalãs, com o objetivo de
criação de um sistema público coordenado em várias
áreas, como saúde, trabalho, educação.
Conjuntos habitacionais populares implantados durante o
franquismo, com graves problemas de construção, nos
quais não havia pavimentação, transporte, infraestrutura de equipamentos públicos, quase sempre
com moradores provenientes de outras regiões da
Espanha ou de outros países.
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Habitualmente se inclui um ponto Òmnia na implantação dos
planos comunitários. A linha de ação de uso comunitário
em grande parte é incorporada em função dessas ações
sociais nas periferias das cidades industriais catalãs.
Plano de desenvolvimento comunitário pode ser visto como
uma escola de participação, pois muitos dos moradores
que estão ativamente inseridos nas atividades do bairro
começaram desde pequenos a conhecer e serem
incentivados a participar dessa iniciativa.
Desenvolver trabalhos com entidades do bairro tem sido uma
das manifestações mais importantes da chamada linha de
uso comunitário - embora essa linha dos pontos Òmnia
seja também, em muitos casos, confundida com uso livre,
ou sala aberta.
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Considerações gerais sobre os pontos Òmnia
Absorvem elementos do cotidiano da população.
Valorizam o entorno e a participação direta na sua
gestão.
Respeito à diversidade e autonomia relativa de cada
telecentros gera pluralidade de iniciativas.
Alfabetização digital busca inserir-se em projeto mais
amplo de educação e de cidadania.
Há cooperação entre dinamizador e educandos no
processo de construção do conhecimento.
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Incógnitas, ressalvas
Os dinamizadores estabelecem limites por conta própria,
às vezes de forma muito restritiva.
Há divisões profundas entre telecentros cujos
dinamizadores pertencem ao primeiro grupo, nos
quais os salários são pagos pela Generalitat, e os do
segundo, em que os dinamizadores dependem das
entidades conveniadas.
Verificaram-se ainda casos de dinamizadores que são
funcionários de outras áreas da Generalitat, com mais
estabilidade, ou, ao contrário, em que são obrigados a
acumularem a atividade de dinamziador com outras
funções, prejudicando o projeto.
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Download

Relato da experiência na rede Òmnia da Catalunha