Caracterização, Compressibilidade e Adensamento de uma Argila Mole da Zona Industrial de Santa Cruz, Rio de Janeiro, RJ Ana Carolina Souza Lima de Campos Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil Tácio Mauro Pereira de Campos Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil Franklin dos Santos Antunes Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro. FAPERJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Armando José da Silva Neto Light Serviços de Eletricidade S.A., Rio de Janeiro, Brasil RESUMO: Um amplo trabalho de pesquisa, envolvendo extensivas investigações de campo e laboratório de um depósito de argila mole localizado na Zona Industrial de Santa Cruz, Rio de Janeiro, RJ, vem sendo desenvolvido pela PUC-Rio desde meados de 2005. Evidências de recalques em estruturas construídas nessa região têm sido reportadas desde o final da década de 70. O presente trabalho apresenta resultados preliminares de estudos de laboratório realizados visando a caracterização da argila e determinação de seus parâmetros de compressibilidade e adensamento a partir da execução de ensaios edométricos convencionais e especiais em amostras retiradas de uma dada profundidade do solo argiloso. Aspectos de qualidade das amostras usadas são discutidos com base nos resultados apresentados. PALAVRAS-CHAVE: Argila Mole, Caracterização Físico-Química, Compressibilidade. 1 INTRODUÇÃO O comportamento de solos moles tem sido motivo de inúmeros estudos executados tanto no Brasil quanto no exterior (e.g. Costa Fo et al, 1985; Burland, 1990; Martins & Lacerda, 1994; Almeida & Marques, 2002; Ladd & DeGroot, 2004). A complexidade de problemas associados a este tipo de terreno, seja do ponto de vista de recalques ou de resistência, torna, entretanto, necessário um contínuo desenvolvimento de estudos e pesquisas que propiciem um entendimento adequado do comportamento de engenharia desses materiais, incluindo as técnicas utilizadas para a determinação de suas propriedades mecânicas e hidráulicas. Dentro deste contexto e, também, visando a solução de um problema prático, um amplo trabalho de pesquisa envolvendo o estudo da evolução de movimentos de estruturas assentes sobre uma camada argilosa espessa vem sendo desenvolvido na PUC-Rio. Tais pesquisas compreendem, além do monitoramento das estruturas, a execução de diferentes tipos de ensaios de campo (e.g. Bello et al, 2006) e laboratório (e.g. Campos, 2006). A área em estudo localiza-se na Zona Industrial de Santa Cruz, Rio de Janeiro, RJ. Evidências de recalques em construções estabelecidas nessa região têm sido reportadas desde o final da década de 70 sendo, entretanto, escassas as informações existentes na literatura sobre propriedades mecânicas e hidráulicas do solo local. O presente trabalho tem o propósito de contribuir neste sentido, apresentando dados de caracterização físico-químico-mineralógica do material, discutindo aspectos de qualidade das amostras indeformadas obtidas no campo e apresentando e discutindo, de forma preliminar, resultados de ensaios de compressão edométrica executados em amostras indeformadas e amolgadas da argila, incluindo aspectos de avaliação de permeabilidade e de compressão secundária do solo mole. 2 LOCAL DE ESTUDO 3 A área em estudo está localizada na Zona Industrial de Santa Cruz, à cerca de 100km à oeste da cidade do Rio de Janeiro (Figura 1). N Zona Industrial de Santa Cruz Baía da Guanabara Baía de Sepetiba Figura 1. Localização da área estudada. Os depósitos de solo mole nas regiões de baixada do Grande Rio são constituídos por sedimentos flúvio-marinhos que se depositaram há cerca de 6000 anos nas terras baixas em torno das Baías da Guanabara e de Sepetiba, durante períodos de transgressão e regressão marinha (Antunes, 1978; Massad, 1988). Sondagens tipo SPT, realizadas na década de 70, revelaram a ocorrência de uma camada de argila mole com espessura variando entre cerca de 6 e 15m, com resistência à penetração variando de 0 a 10 golpes, com valor médio de 2 golpes. A partir destas sondagens, foi possível elaborar uma representação espacial do perfil local (Fig. 2), que compreendia um aterro sobrejacente à camada de argila mole, com intrusões de lentes de areia, seguida de uma camada de areia de espessura não definida. Área AE-1 Figura 2 – Representação espacial do perfil local. Novas investigações, realizadas pela PUC-Rio, em 2005, revelaram uma espessura do aterro variando entre 2m e 3m e um nível d’água a cerca de 1,60m abaixo do topo do aterro. AMOSTRAGEM E EXTRAÇÃO DO SOLO DO SHELBY O comportamento de um solo mole é muito afetado pelo amolgamento durante a amostragem, por isso cuidados devem ser tomados para se ter amostras de boa qualidade. A retirada de amostras no campo foi realizada com amostradores shelby de pistão estacionário, construídos na PUC-Rio. Os mesmos são constituídos por um tubo de alumínio de 3” de diâmetro externo com ponta bizelada, 1,5mm de parede e 55cm de comprimento; uma cabeça de adaptação para hastes de SPT e um sistema de pistão com anéis de vedação de borracha. A metodologia empregada para a amostragem envolveu três etapas distintas: a abertura de pré-furos; a retirada da amostra de solo e a proteção da amostra para o transporte. A abertura do pré-furo foi efetuada utilizando-se trados ocos acionados por uma perfuratriz motorizada (Fig. 3a e 3b). O trado da extremidade inferior possui um sistema com tampa basculante que previne a entrada de solo durante a perfuração. Essa tampa é travada por meio de um selo feito com arame recozido para facilitar a sua abertura. Ao chegar à profundidade desejada, os trados ocos são içados o suficiente para permitir a abertura da tampa, travando-os nesta profundidade. Então, o conjunto de composição do shelby é inserido pelo interior dos trados ocos da perfuratriz (Fig. 3c) até a tampa da ponteira, forçando a sua abertura. Com o shelby em posição, mantém-se travada a composição das hastes do pistão estacionário, enquanto crava-se a camisa amostradora a uma velocidade constante de 2cm/s. Ao chegar no limite de penetração, rodase a composição para cisalhar a amostra, içando o conjunto, em seguida. Com este procedimento, obteve-se amostras do solo mole com 100% de recuperação até cerca de 6m de profundidade dentro da argila. Após a amostragem, as extremidades dos tubos foram protegidas com filmes de PVC e alumínio, com parafina formando o selo final. Para minimizar amolgamento de amostras no ato de suas retiradas dos shelbies em laboratório, seguiu-se o procedimento de extração indicado em Ladd e DeGroot (2004), ilustrado na Figura 4. Assim, cada shelby foi cuidadosamente serrado, formando subamostras com comprimentos adequados ao ensaio em vista. Após a separação da subamostra da parede do tubo utilizando o fio de aço, a mesma era extraída e, em seguida, moldada conforme requerido. a) Posicionamento da perfuratriz para executar o pré-furo são usuais, poderiam existir dúvidas a respeito da qualidade das amostras indeformadas. Realizou-se, então, uma avaliação de sua qualidade, baseada na proposta de Oliveira (2002). Tal avaliação é apresentada no item 5. 4 CARACTERIZAÇÃO DO SOLO O solo estudado, saturado, representado por amostras retiradas da profundidade de 3,50 a 4,10m na área AE-1 (Fig. 2), foi caracterizado a partir de observações de campo, análises físicoquímico-mineralógicas e ensaios geotécnicos executados segundo procedimentos recomendados pela EMBRAPA e Normas Brasileiras pertinentes. Resultados de tais investigações encontram-se resumidos nas Tabelas 1 a 4. Tabela 1: Cátions adsorvidos e sais solúveis principais Cátions Adsorvidos Sais Solúveis cmolc/kg cmolc/kg Ca2+ Mg2+ H+ K+ Na+ K+ Na+ 10,9 14,2 5,3 1,3 1,0 0,22 2,35 b) Perfuração na camada c) Amostrador sendo inserido de argila dentro do trado oco Figura 3 – Detalhes da perfuração e da inserção do amostrador para a retirada de amostras indeformadas. Tabela 2: Outros parâmetros químicos / físico-químicos Cond. Matéria Teor de Óxidos pH Elétr. Orgânica (%) CTC (g/kg) C 400oC SiO2 Al2O2 µS/cm 5,7 3,85 1,32 3,6 32,4 254 151 Tabela 3: Caracterização geotécnica (valores médios) Granulometria (%) Limites de Atterberg* Ac ou wL wP IP Areia Areia Ia Silte Argila Média Fina (%) (%) (%) 0,5 3,5 42,7 53,3 130 49 82 1,54 *Ensaios executados a partir da umidade natural do solo Tabela 4: Índices físicos médios naturais wn γd γt e (%) (kN/m³) (kN/m³) 13,94 6,20 125,1 3,28 Corte do tubo + solo com serra de aço fina Amostras para ensaios de caracterização Sub-amostra a ser separada do tubo usando corda de violão inserida com auxílio de agulha de seringa. Figura 4 - Procedimento para extração do solo do tubo de amostragem (modificado de Ladd e DeGroot, 2004). Como as metodologias de amostragem e de extração de amostras do shelby adotadas não Gs 2,58 Quando da amostragem de campo, verificouse ter o solo uma coloração cinza escura e um forte odor de enxôfre. Como o teor de matéria orgânica obtido a partir da determinação do carbono total, C, presente no solo é baixo (1,32%), tais características não devem decorrer da presença de matéria orgânica. Segundo Antunes (1978), as mesmas, potencialmente, constituem um reflexo do ambiente redutor de formação do depósito, com o cheiro de enxofre sendo devido à redução de sulfatos para sulfetos em presença de água salina (água do mar) e, a coloração cinza escura, da transformação de ferro férrico para ferro ferroso. O pH, ligeiramente ácido das amostras (5,7) é coerente com tal observação. O valor de condutividade elétrica mensurado (3,85µS/cm), constitui um potencial indicador da salinidade do fluído existente nos interstícios do solo. Tendo em vista, entretanto, os inúmeros fatores que afetam tal tipo de propriedade físico-química (e.g. mineralogia, teor de finos, umidade, grau de saturação, estrutura do solo), maiores investigações são requeridas para que se possa estabelecer a relevância da mesma na caracterização de solos moles saturados. É interessante notar que o teor de matéria orgânica, MO, obtido por meio do aquecimento do solo a 400oC (3,6%) é ligeiramente inferior ao obtido para argilas moles de outros locais do Grande Rio, consideradas orgânicas (MO = 4,1 a 6%, e.g. Almeida & Marques, 2002). Tais argilas orgânicas apresentam pH, determinado em H2O, tipicamente maiores (pH = 6,6 a 7,8) que o aqui obtido (pH = 5,7). Futai et al (2001), considerando argilas do Rio de Janeiro com elevados teores de matéria orgânica (MO = 8,4 a 53%), possivelmente determinados pelo método de aquecimento, sugerem haver uma boa correlação entre a umidade natural da argila e o MO. Considerando a relação proposta por esses autores, o MO da argila em estudo deveria ser maior que 16%, o que indica a necessidade de uso cuidadoso de tal tipo de correlação. Ensaios convencionais de difração de raios X revelaram a presença preponderante do mineral argílico caulinita na fração fina do material estudado, em concordância com o encontrado por Antunes (1978) em estudos envolvendo diferentes depósitos de argila mole do Estado do Rio de Janeiro. Tal resultado, entretanto, carece de maiores investigações por ser possível a ocorrência de argilominerais de alta atividade (e.g, esmectita) no solo em estudo, tendo em vista: (a) ocorrência de uma relação sílica/alumina elevada (Ki = 2,86) e o ambiente salino, indicativos de presença de argilominerais do tipo 2:1 (Antunes, 1979); (b) capacidade de troca catiônica relativamente elevada (CTC = 32,4); (c) valor médio de densidade relativa dos grãos consideravelmente baixo (Gs = 2,58), em particular quando se considera o baixo teor de matéria orgânica presente e, (d), valor elevado de atividade coloidal ou índice de atividade de Skempton do solo (Ac ou Ia = 1,54). Os dados apresentados nas Tabelas 3 e 4 indicam estar-se em presença de um solo argilosiltoso de alta plasticidade (solo CH no SUCS), com características granulométricas, de plasticidade e índices físicos similares aos encontrados em outros locais da Baixada Fluminense (e.g. Costa Fo et al, 1985; Almeida et al, 2005). 5 COMPRESSIBILIDADE E ADENSAMENTO Foram realizados ensaios de adensamento edométrico incremental, em corpos de provas com 19,8mm de altura e 71,5mm de diâmetro, de três tipos: convencional (AEI-1); com medida de compressão secundária (AEI-2) e com medida de permeabilidade (AEI-3 e AEI-4). Todos os corpos de prova foram carregados até a pressão de 950kPa e descarregados até 10kPa. As amostras AEI-1 e AEI-3 tiveram estágios de 24h, enquanto que, na AEI-2, os estágios foram de 72h. Já no ensaio realizado com a amostra AEI-4 optou-se por encerrar os estágios quando a taxa de variação da altura do corpo de prova ficasse constante no tempo. As permeabilidades das amostras AEI-3 e AEI-4 foram medidas ao final de dados estágios, em ensaios de carga variável executados por meio de uma bureta graduada acoplada ao sistema de drenagem da bacia de adensamento. 5.1 Resultados e Discussão As curvas de σ' x e/e0 para todos os ensaios apresentaram tendências semelhantes, como pode ser observado na Figura 5. Na Figura 5a também está plotada a curva de um ensaio convencional realizado em uma amostra reconstituída a partir de um teor de umidade de 1,5wL (ensaio AEI-1A). Tal condição foi arbitráriamente adotada visando, unicamente, ter-se uma amostra amolgada inicialmente saturada. Comparando-se a curva do ensaio AEI-1A com as demais, torna-se aparente que os procedimentos de amostragem e extrusão das amostras indeformadas foram satisfatórios. 1,0 0 AEI-1 AEI-2 AEI-1A AEI-3 0,9 AEI-4 Índice de Vazios e/e 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 (a) (b) 0,3 0,2 1 10 100 1000 1000 1 10 100 1000 10000 Tensão Efetiva (kPa) Figura 5 – Curvas σ´ x e/e0 dos ensaios: a) Ensaios AEI1, AEI-1A e AEI-2; b) Ensaios AEI-3 e AEI-4 Curiosamente, a boa qualidade dos corpos de prova implica em dificuldades na estimativa da pressão de pré-adensamento das amostras, pelo fato da “reta virgem” ser uma curva, como se pode observar na Figura 5. Optou-se, então, por plotar a curva log (σ’) vs log (e) como recomen-dado por Martins & Lacerda (1994) e, a partir dela, obter a tensão de pré-adensamento pelo método de Pacheco Silva. Assim, obteve-se uma tensão de pré-adensamento de 78kPa, à qual corresponde um OCR de 1,95 para a amostra AEI-1. O pré-adensamento de amostras relativa-mente superficiais observado no solo estudado também é verificado em outras regiões da Baixada Fluminense, como por exemplo, em Sarapuí (Almeida et al, 2005), podendo estar associado à história geológica dos depósitos, e a efeitos de envelhecimento (compressão secundária), ressecamento (variações climáticas) ou variações de nível do lençol freático. A Tabela 5 apresenta parâmetros de compressibilidade obtidos do ensaio realizado com a amostra AEI-1. Os mesmos encontram-se próximos aos valores médios encontrados por Aragão (1975) na região de Santa Cruz, e aos reportados por Almeida et al (2005) para a região de Sarapuí. Aragão observou em seu trabalho uma razoável dispersão nos valores de cv ao longo da profundidade, e a relaciona aos diferentes graus de pré-adensamento ao longo da camada, o que implicaria em diferentes efeitos de amolgamento durante a extração e manuseio das amostras. Essa pode ser uma explicação para a diferença em cv do presente trabalho e o obtido por Aragão (1975). Tabela 4 – Parâmetros obtidos da amostra AEI-1 Presente Aragão Almeida et Parâmetro trabalho (1975) al (2005) Cc 1,87 1,70 1,3 a 3,2 Cs 0,24 0,15 CR=Cc/(1+e0) 0,44 0,40 0,41 Cs/Cc 0,13 0,09 0,12 cv (cm²/s) 5,75 x 10-3 2,7 x 10-4 O coeficiente de compressão secundária foi obtido da curva tempo vs deformação, pela inclinação da reta após o final do adensamento primário, para a amostra AEI-2. Seu comportamento em relação à tensão efetiva está mostrado na Figura 6. Percebe-se neste gráfico que o cα inicialmente aumenta com as pressões até atingir o um máximo próximo à pressão de pré-adensamento, decrescendo em seguida para um valor aproximadamente constante. Tal tipo de comportamento tem sido encontrado para diferentes argilas (e.g. Coutinho & Lacerda, 1994). Coeficiente de compressão Secundária cα (%) Entretanto, utilizando-se o critério proposto por Oliveira (2002), enquanto a qualidade das amostras AEI-1 e AEI-3 é avaliada como de “muito boa a excelente”, a da amostra AEI-2 é de “boa a regular” e, da AEI-4, “pobre”. Porém, como tal critério se baseia em resultados de ensaios com 24h de duração, considera-se que as diferenças nas classificações obtidas estejam relacionadas aos diferentes tempos de duração dos estágios de carga dos ensaios AEI-2 e AEI-4, já que os processos de amostragem, armazenamento e extrusão de todas as amostras foram os mesmos. Assim, os resultados aqui apresentados são considerados como de qualidade adequada. Tensão Efetiva (kPa) Figura 6 - Curva logσ x ca da amostra AEI-2 Os ensaios com medida de permeabilidade apresentaram as curvas mostradas na Figura 5b. Conforme se pode notar, as diferentes metodologias empregadas afetaram os índices de vazios obtidos ao final dos estágios de carga. Entre-tanto, conforme se observa na Figura 7 os valo-res de permeabilidade, tanto calculados por meio do cv como medidos nos ensaios, apresen-tam uma boa correlação com o índice de vazios, dada por e = 0,57. ln( k ) + 4,12 . A permeabilidade média do solo estudado, de 2x10-9 m/s, se encontra dentro da gama de variação encontrada por Almeida et al (2005) para a argila de Sarapuí (valores variando de 24x10-8 m/s a 3x10-9m/s para a região sobreadensada). 4,5 4,0 3,5 AEI-3 calculado AEI-4 calculado AEI-3 medido AEI-4 medido Índice de Vazios 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 e = 0,5725Ln(k) + 4,1215 R2 = 0,8532 0,5 0,0 0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 Coeficiente de Permeabilidade K (x 10-6cm/s) Figura 7 – Variação da permeabilidade com o índice de vazios 6 CONCLUSÕES O solo estudado é constituído por uma argila siltosa de alta plasticidade, com atividade alta e baixo teor de matéria orgânica, encontrando-se levemente pré-adensado, com um OCR de 1,95 na profundidade investigada. A partir dos resultados dos ensaios de adensamento e da análise de qualidade das amostras verificou-se a eficiência das metodologias de amostragem e de extração adotadas, que forneceram amostras indeformadas de boa qualidade. Os parâmetros de compressibilidade, adensamento e permeabilidade obtidos encontram-se dentro da gama de variação observada em outras argilas moles da Baixada Fluminense. AGRADECIMENTOS Este trabalho foi desenvolvido dentro do projeto P&D Light/ANEEL nº 17/2003. Os autores agradecem o apoio recebido. O primeiro autor é grato ao CNPq pela bolsa de mestrado concedida. REFERÊNCIAS Almeida, M.S.S. & Marques, M.E.S. (2002). The behaviour of Sarapuí soft organic clay. International Workshop on Characterisation and Engineering Properties of Natural Soils, Singapore. Almeida, M.S.S; Marques, M.E.S.; Lacerda, W.A.L. & Fuitai, M.M (2005). Investigações de campo e de laboratório na argila de Sarapuí, Solos e Rochas, Vol. 28, No 1, p.3-20. Antunes, F. (1978). 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