Governo do Estado de Minas Gerais Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - SEAPA Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo ZAP de sub-bacias hidrográficas SEMAD/SEAPA-MG 2014 Governo do Estado de Minas Gerais Alberto Pinto Coelho Sistema Estadual de Meio ambiente e Recursos Hídricos - Sisema Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável - Semad Alceu José Torres Marques Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Seapa André Luiz Coelho Merlo Elaboração: Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento - Seapa Amarildo José Brumano Kalil (coordenador) Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável (Semad) Leonardo Vieira de Faria Gabriela Cristina Barbosa Brito Éder Pereira Oliveira Adrielly Silveira Lima Andreza Cristina da Silva Marcos Antônio de Almeida Rodrigues (Estagiário) Fabricio Lisboa Vieira Machado (Estagiário) Colaboração: Antônio Giacomini Ribeiro (Universidade Federal de Uberlândia- UFU) Thales Rodrigo do Carmo Pinto (Instituto BioAtlântica - IBIO) Daniel Pereira Guimaraes (Embrapa) Humberto Paulo Euclydes (Universidade Federal de Viçosa - UFV) Diogo Soares de Melo Franco (Sisema) Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------------- 3 2. METODOLOGIA ----------------------------------------------------------------------------------------- 5 2.1 2.1.1 Busca de dados secundários ---------------------------------------------------------------------------------------- 6 2.1.2 Elaboração dos Mapas ----------------------------------------------------------------------------------------------- 6 2.1.3 Procedimentos de Cartografia ------------------------------------------------------------------------------------- 8 2.1.4 Primeiro Trabalho de campo ------------------------------------------------------------------------------------- 19 2.1.5 Qualificação das Unidades de Paisagem ---------------------------------------------------------------------- 19 2.1.6 Segundo Trabalho de Campo ------------------------------------------------------------------------------------- 27 2.1.7 Caracterização das potencialidades, limitações e aptidões ---------------------------------------------- 27 2.2 Estudo de disponibilidade hídrica -------------------------------------------------------------------- 30 3.2.1 Metodologia Disponibilizada no Atlas das Águas do Estado de Minas Gerais ---------------------- 30 3.2.2 Metodologia por meio da base de dados do IGAM -------------------------------------------------------- 40 3.3 3. Definição de unidades de paisagem em sub-bacia hidrográfica -------------------------------5 Uso e Ocupação do Solo --------------------------------------------------------------------------------- 44 3.3.1 Método manual de vetorização --------------------------------------------------------------------------------- 45 3.3.2 Classificação automática segmentada por classes de cor ------------------------------------------------ 50 REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------------------ 56 ANEXO -------------------------------------------------------------------------------------------------------- 57 2 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas 1. INTRODUÇÃO O Decreto Estadual nº 46650, de 19 de novembro de 2014 aprovou a Metodologia Mineira de Caracterização Socioeconômica e Ambiental de Sub-bacias Hidrográficas, denominada Zoneamento Ambiental Produtivo – ZAP, desenvolvida pelas Secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável – SEMAD-MG e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – SEAPA-MG. Segundo o artigo 2º do Decreto Estadual nº 46650/2014 essa metodologia possui como objetivo a disponibilização de base de dados e informações que subsidiarão a formulação, implantação e monitoramento de planos, programas, projetos e ações que busquem o aprimoramento da gestão ambiental por sub-bacia hidrográfica no estado de Minas Gerais. Embora os sistemas agrossilvopastoris, com suas potencialidades e limitações, venham se aperfeiçoando no intuito de se inserir em um contexto ambiental mais amplo, ainda torna-se necessário a inclusão de uma perspectiva mais abrangente, integradora e participativa na construção de instrumentos de gestão dos recursos ambientais associados a essas atividades. A discussão do novo Código Florestal provocou um conjunto de estudos sobre a necessidade de recuperação de áreas classificadas como de preservação permanente (APP) e de Reserva Legal (RL), com déficit estimado em 42 milhões de hectares. Além disto, foram identificados 49 milhões de hectares de pastagens degradadas. Isto em um cenário atual onde a agricultura ocupa 60 milhões de hectares e a pecuária 128 milhões, em uma extensão total do território nacional de 780 milhões de hectares (SPAROVEK et al., 2011). Dessa forma a adoção de um zoneamento territorial capaz de considerar os aspectos produtivos econômicos e o viés ambiental, visando orientar o planejamento do uso conservacionista dos recursos naturais, permite simplificar e tornar ágil a gestão e o monitoramento do uso do solo adequado no âmbito da propriedade rural e, simultaneamente, do próprio conjunto dessas propriedades nas bacias hidrográficas. A elaboração da metodologia ZAP constitui o resultado da busca de convergência e harmonização entre a SEAPA e a SEMAD efetivando a governança em rede, em múltiplas escalas. O ZAP nasce como contribuição essencial para as diretrizes de ordenamento e organização territorial no marco das bacias hidrográficas, além de ser uma importante ferramenta de gestão a ser aplicada nos processos de regularização ambiental. A metodologia ZAP se situa na mesma perspectiva da metodologia de Indicadores de Sustentabilidade em Agroecossistemas – ISA, elaborada para ser aplicada em propriedades agrícolas. Os indicadores de ambas as metodologias estão diretamente relacionados, dando assim início a um processo de coerência com as estratégias de sustentabilidade nas bacias 3 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas hidrográficas organizadas no estado em 36 UPGRHs. Coerência esta monitorada por indicadores gerenciais do Estado e de Sustentabilidade da Política Ambiental. Atualmente, o ZAP e o ISA se constituem como instrumentos esseciais para a construção de processos sustentáveis no cenário agrosilvopastoril com vistas ao uso adequado dos recursos ambientais sob a perspectiva do manejo conservacionista. A aplicação da metodologia ZAP permite uma avaliação preliminar do potencial de adequação de uma sub-bacia. É o primeiro passo para efetivar o processo de adequação propriamente dito, que envolve a elaboração de planos, pactos e ações e a definição de indicadores para acompanhamento e avaliação. A concretização do ajustamento socioeconômico e ambiental da sub-bacia, possibilitando principalmente melhor gestão dos recursos hídricos, somente é possível por meio das seguintes ações: Estabelecimento do potencial de benefícios ambientais, sociais e econômicos que poderão resultar da execução de um Plano de adequação da sub-bacia; Mobilização e pactuação entre as partes interessadas, estabelecendo o escopo do Plano de adequação; Levantamento dos recursos necessários para realização dos pactos e ações; Definição de um instrumento contratual para garantir os investimentos envolvidos e a boa gestão de infraestruturas de uso múltiplo. O artigo 5º do Decreto Estadual nº 46650/2014 instituiu o Comitê gestor encarregado de articular ações e acompanhar as questões relacionadas ao Zoneamento Ambiental e Produtivo, composto pelos órgãos e entidades: Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento – SEAPA; Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável – SEMAD; Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior – SECTES; Instituto Estadual de Florestas – IEF; Instituto Mineiro de Gestão das Águas – IGAM; Fundação Estadual do Meio Ambiental – FEAM; Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais – EMATER; Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG; Fundação Rural Mineira – RURALMINAS; Instituto Mineiro de Agropecuária – IMA. Os dados produzidos pela aplicação do ZAP, após validação pelo grupo de trabalho, serão sistematizados e incorporados à base de dados do sistema de informações geográficas do Zoneamento Ecológico e Econômico – ZEE-MG, estando disponíveis para acesso e download no sítio eletrônico http://geosisemanet.meioambiente.mg.gov.br/zee/. Esse documento apresenta a metodologia de base para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo, o qual se consolidou como metodologia mineira de caracterização socioeconômica e ambiental de sub-bacias hidrográficas. 4 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas 2. METODOLOGIA O Zoneamento ambiental e produtivo envolve três grandes etapas, a saber: definição das unidades de paisagem, levantamento do uso e ocupação do solo e diagnóstico da disponibilidade hídrica da sub-bacia. A escolha e delimitação da sub-bacia hidrográfica a ser utilizada para elaboração do ZAP deverá considerar sub-bacias de nível 5 ou 6 de acordo com a Ottocodificação de bacias hidrográficas do Estado de Minas Gerais (IGAM, 2012) Dentro dessa faixa de nível de bacias, sugere-se o uso de sub-bacias com área variando de 30.000 a 150.000 ha. Essa faixa de tamanho possibilita um levantamento mais detalhado das informações necessárias no ZAP, permitindo apresentá-las em uma escala maior em um sistema de informações geográficas. Uma proposta de delimitação de sub-bacias hidrográficas do Estado de Minas Gerais para aplicação do ZAP está disponível para acesso e download no sítio eletrônico do ZEE/MG (http://geosisemanet.meioambiente.mg.gov.br/zee/). A seguir serão detalhadas as três etapas do ZAP, utilizando como área de estudo a sub-bacia do Ribeirão Santa Juliana - UPGRH PN2/ bacia federal do Rio Paranaíba, para fins de reprodutibilidade dessa metodologia para demais sub-bacias. 2.1 Definição de unidades de paisagem em sub-bacia hidrográfica Essa etapa consiste na delimitação e caracterização das unidades de paisagem objetivando o planejamento do uso conservacionista dos recursos ambientais em bacias de pequeno porte. Ilustração utilizando o estudo de caso da sub-bacia Ribeirão Santa Juliana. Os procedimentos adotados para a definição das unidades de paisagem foram adaptados de Giacomini Ribeiro (1989), baseados na metodologia de álgebra de mapas e que reconhece nas paisagens categorias metodológicas que discorre sobre o potencial econômico e ecológico das mesmas. Desta forma, se reconhece que: “Apesar de a paisagem apresentar-se visível e concretamente percebida, a sua compreensão racional não deve restringir-se à mera descrição formal e subjetiva de seus componentes e, muito menos, às simples relações de causa e efeito entre eles. Seu estudo pode ser o ponto de partida para o entendimento racional de um processo mais amplo e abrangente, envolvendo a sociedade e natureza” (GIACOMINI RIBEIRO, 1989). Considerando o uso agrossilvopastoril sustentável dos recursos ambientais sob a perspectiva do manejo conservacionista a finalidade para a qual se destina o estudo das paisagens deve valorizar os elementos do meio físico e biótico na sua construção e, por consequência, na definição das unidades de paisagem. Desta feita, o mapeamento das paisagens deve ser embasado nos elementos fornecidos pela geomorfologia, geologia, pedologia, biogeografia, ecologia e uso agrossilvopastoril do solo. 5 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas A objetividade da delimitação deve ser alcançada por meio de um sistema simples e descomplicado, ao alcance de um nível técnico básico a ser elaborado por pesquisadores com formação em Ciências da Natureza, compreendendo o meio físico e o meio biótico. É fundamental o conhecimento básico de geologia, geomorfologia, pedologia, biogeografia, ecologia, além dos fundamentos da agricultura, silvicultura e pecuária. As equipes multidisciplinares podem ser compostas, basicamente, por geógrafos, engenheiros agrônomos, biólogos e engenheiros florestais. Então, levando-se em conta os parâmetros da finalidade e objetividade, conforme anteriormente enunciados, apresentamos roteiro metodológico, passo a passo, a ser desenvolvido na construção das unidades de paisagem de uma sub-bacia. 2.1.1 Busca de dados secundários O estado de Minas Gerais é dotado de significativo acervo de informações geoambientais oriundo de diversas fontes e apresentado sob diversas formas; em textos de relatórios técnicos depositados nos órgãos estaduais, como os EIA/RIMAs, RCA/PCAs e os inúmeros estudos e projetos desenvolvidos pelo poder público. Também são muitos os textos acadêmicos gerados no âmbito universitário; além de mapas e produtos cartográficos apresentados em diversas escalas que podem ser utilizados na elaboração dos produtos necessários para a definição das unidades de paisagem. Considerando o espaço da bacia hidrográfica em questão devem-se buscar os dados e as informações relacionadas com o meio físico e o meio biótico, além daquelas que dizem respeito às formas e sistemas de exploração agrossilvopastoril. 2.1.2 Elaboração dos Mapas Os mapas necessários às operações devem ser gerados e compatibilizados em escala sempre superior a 1:50.000. 2.1.2.1 Mapas Básicos Mapa Geomorfológico, com ênfase nos aspectos morfoesculturais. Mapa Geológico, com destaque aos aspectos lito-estratigráficos. Mapa Pedológico, com mapeamento das unidades dos solos, evitando-se as associações. 2.1.2.2 Elaboração do Mapa Preliminar das Unidades de Paisagem Segundo o critério da objetividade, a primeira aproximação do mapa das unidades de paisagem deve ser elaborada segundo a técnica de análise denominada Álgebra de Mapas. 6 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Para a aplicação prática tomou-se como exemplo a bacia do Ribeirão Santa Juliana (Figura 3.1.1). Figura 3.1.1: Mapa de Localização da Bacia do Ribeirão Santa Juliana-MG Uma vez que a bacia hidrográfica é considerada uma unidade de planejamento ambiental, é preciso identificar as áreas homogêneas existentes na mesma. Para tal análise utiliza-se a abordagem sistêmica para identificação das unidades de paisagem. Nessa perspectiva foram utilizados mapas básicos do meio físico (Geomorfologia, Geologia e Solos) da área de estudo. Dessa forma, para elaboração das unidades de paisagem foram utilizados os mapas: geomorfológico, geológico e pedológico da Bacia do Ribeirão Santa Juliana, elaborado por meio de técnicas de campo aplicadas, que foram digitalizados no software Arcgis. O cruzamento das informações foi feito por meio da técnica de geoprocessamento conhecida como Álgebra de Mapas, que permite criar/calcularem novos mapas por meio de fórmulas. Essas fórmulas podem se basear nas expressões matemáticas (aritmética, relacional, lógica, condicional, etc.). Para tal, foi utilizado o software Arcgis. Os mapas (Geomorfológico, Geológico e de Solos) foram reclassificados, onde cada categoria recebeu peso diferenciado. Foi utilizada a ferramenta SpatialAnalyst>Reclassify. A Geomorfologia é a delimitação de maior peso na diferenciação das Unidades de Paisagens. Pois, ao reconhecer os “processos responsáveis pela evolução atual das formas de relevo e as implicações possíveis e prováveis que podem ocorrer, haverá indicações precisas sobre o modo como o território deve ser corretamente explorado e ocupado pelo homem” (PEDROSA, 1997). 7 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Levando em consideração o peso maior para a Geomorfologia, a equação utilizada para obtenção das unidades de paisagem na Bacia do Ribeirão Santa Juliana-MG foi: UP=Mapa Geomorfológico x 0,6 + Mapa Geológico x 0,1 + Mapa de Solos x 0,3 Para tal procedimento, utilizou-se a ferramenta chamada “rastercalculator” do software ArcGis. São atribuídos pesos para os polígonos representados em cada mapa temático, segundo o critério de fragilidade/vulnerabilidade. 2.1.3 Procedimentos de Cartografia Identificação das unidades da paisagem na bacia Santa Juliana-MG (figura 3.1.2) utilizando a Metodologia conhecida como Álgebra de Mapas. Figura 3.1.2: Imagem do Landsat8 com a localização da Bacia do Ribeirão Santa Juliana-MG 2.1.3.1 Procedimentos metodológicos A função"Raster Calculater" só calcula layers do tipo raster, portanto é preciso transformar todas feições para raster. No arcGis, essa função está disponibilizada pelo seguinte caminho: SpatialAnalyst>Convert>Featuretoraster. Selecione a coluna da tabela que indica o nome das unidades descritas de cada shape. Abra o Arcgis: 8 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Abra o ArcTolbox: Conversion Tools → To Raster → Raster → Polygon to Raster No campo Input Features selecione o arquivo Geomorfologia, No Campo Value Field selecione UG, No campo Output rasterDataset selecione a pasta de saída do arquivo renomeando-a para geomorfologia_raster No campo Cel assignment type selecione CELL_CENTER No campo Priorty Field (optional) deixe NONE No campo CellSize (optional) deixe como está, OK. A ilustração abaixo mostra o procedimento para transformação de rasters em polígono. Transformando shapes para raster no Arcgis (figura 3.1.3, 3.1.4, 3.1.5 e 3.1.6). 9 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.1.3: Geomorfologia em formato Poligono. Figura 3.1.4: Geomorfologia em formato Raster Repita a mesma operação para as shapes de Solo e Litologia. As figuras 3.1.5 e 3.1.6 mostram como ficaram os shapes (Geologia e Solos) transformados em raster. 10 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.1.5: Geologia em formato Raster. Figura 3.1.6: Solos em formato Raster. 2.1.3.2 Reclassificação dos Rasters primários Atribuição de pesos para as classes dos mapas (Geomorfológico, Litológico e Pedológico), de acordo com Giacomini Ribeiro (2012). Relação entre as compartimentações geomorfológicas e os pesos atribuídos: Geomorfológico Peso ChU 2 ChS 1 11 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas DLL 3 DFC 7 DFB 10 Af 10 Em que: ChU- Chapadas Úmidas. Superfície Aplanada. Topos planos e rampas muito longas em colúvios residuais, com declividade inferior a 5% e entremeadas por depressões fechadas e nascentes em veredas com solos hidromórficos. Chs- Chapadas Secas- Superfície Aplanada. Rampas longas com declividades entre 2 a 8%. Solos bem drenados desenvolvidos em colúvios. DLL-Dissecação Lateral de Superfícies Conservadas em longas rampas coluviais latossólicas. Declividade entre 8 a 12%. Solos bem desenvolvidos. DFC- Dissecado Fluvial. Vales com rampas curtas entralhados em colúvios cascalhentos. DFB- Dissecado Fluvial. Rampas estruturais esculpidas em patamares de litologia do trapp basáltico. AF- Planícies Fluviais. Depósitos Holocênico turfo-argilosos inconsolidados. (Veredas). O processo de Reclassificação para atribuir os pesos da metodologia é feita por meio do aplicativo Rasteralculator encontrado no seguinte caminho no Arcgis: SpatialAnalyst>Reclass>Reclassify. A ilustração abaixo mostra o procedimento para atribuir os novos pesos. Abra o ArcTolbox: Spatial Analyst Tools → Reclass → Reclassify. No campo Input Raster selecione o arquivo Geomor_rass, No Campo Reclass Field selecione UG, No Campo Reclasssification digite os pesos de acordo com a tabela acima 12 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas No campo Output raster selecione a pasta de saída do arquivo renomeando-a para geomor_reclass OK Figura 3.1.7: Mapa geomorfológico após a atribuição dos pesos. Relação entre as compartimentações litológicas e os pesos atribuídos: Litologia Peso Qa 10 TQDi 2 K2m 1 K1bsg 10 J3K1BT 7 Em que: Qa- Depósitos do Quaternário. Formações Aluviais: Cascalhos, areias, siltes e argilas. Sedimentos aluviais inconsolidados em planícies e/ou terraços fluviais. Solos orgânicos hidromórficos e turfas incipientes. TQDI- Cobertura Detrítico-lateríticas do Terciário e Quaternário. Formações Aluviais: Cascalhos, areias, siltes e argilas. Sedimentos aluviais inconsolidados em planícies e/ou terraços fluviais. Solos orgânicos hidromórficos e turfas incipientes. K2m- Cretáceo Superior- Grupo Bauru. Formação Marília: arenitos com intercalações de lamito arenoso. 13 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas K1bsg- Cretáceo Inferior e médio. Formação Serra Geral - Basalto com intercalações de arenitos eólicos e diques de diabásio da Formação Botucatu. J3K1BT- Cretáceo Inferior. Formação Botucatu - Arenito eólicos com intercalações de siltitos e argilitos. A ilustração abaixo mostra o procedimento para atribuir os novos pesos. Abra o ArcTolbox: Spatial Analyst Tools → Reclass → Reclassify. No campo Input Raster selecione o arquivo Lito_rass, No Campo Reclass Field selecione CLASSES, No Campo Reclasssification digite os pesos de acordo com a tabela acima No campo Output raster selecione a pasta de saída do arquivo renomeando-a para lito_reclass OK 14 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.1.8: Mapa Litológico após a atribuição dos pesos. Relação entre as classes de solo e os pesos atribuídos: Solos Peso LVAd 1 LVd 5 LVdf 2 Gmd 10 Em que: LVAd- ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO eutrófico típico A moderado textura média/ argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO distrófico típico A moderado textura siltosa/ argilosa, cascalhento/não cascalhento; ambos fase caatinga hipoxerófila, relevo forte ondulado. LVd- LATOSSOLO VERMELHO; distrófico típico A ,fraco/moderado textura argilosa , LATOSSOLO VERMELHO-AMARELO distrófico típico A, fraco/moderado textura argilosa; ambos fase cerrado, relevo plano e suave ondulado. LVDf- LATOSSOLO VERMELHO distroférrico típico A moderado textura argilosa, e ARGISSOLO VERMELHO-AMARELO eutrófico típico A moderado textura média/ argilosa + CAMBISSOLO HÁPLICO eutrófico típico A chernozêmico textura média/argilosa, fase pedregosa; todos fase cerrado e floresta caducifólia, relevo plano esuave ondulado e ondulado. 15 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas GMd- GLEISSOLO MELÂNICO distrófico típico A proeminente; fase veredas, relevo plano. A ilustração abaixo mostra o procedimento para atribuir os novos pesos. Abra o ArcTolbox: Spatial Analyst Tools → Reclass → Reclassify. No campo Input Raster selecione o arquivo solos_rass, No Campo Reclass Field selecione CLASSES, No Campo Reclasssification digite os pesos de acordo com a tabela acima No campo Output raster selecione a pasta de saída do arquivo renomeando-a para solos_reclass OK Figura 3.1.9: Mapa de solos após a atribuição dos pesos. 16 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Após feito a reclassificação dos rasters com a atribuição dos pesos para cada unidade, iremos agora obter o mapa preliminar das Unidades de Paisagem segundo o critério de fragilidade/Vulnerabilidade ambiental. Para este procedimento iremos utilizar a ferramenta a “Map Algebra” do ArcGis. Levando em consideração o peso maior para a Geomorfologia, a equação utilizada para obtenção das unidades de paisagem na Bacia do Ribeirão Santa Juliana-MG foi: UP=Mapa Geomorfológico x 0,6 + Mapa Geológico x 0,1 + Mapa de Solos x 0,3 A ilustração abaixo mostra o procedimento da Álgebra de Mapas. Abra o ArcTolbox: Spatial Analyst Tools → Map Algenra → Raster Calculator. No campo Map Algebra expression digite a fórmula descrita acima, No campo Output raster selecione a pasta de saída do arquivo renomeando-a para unidades_paisagem. OK 17 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.1.10: Mapa Preliminar das Unidades de Paisagem Raster. Figura 3.1.11: Mapa Preliminar das Unidades da Paisagem na Bacia do Ribeirão Santa Juliana. Quadro 3.1.1: Áreas (ha) das Unidades de Paisagem na Bacia do Ribeirão Santa Juliana. UNIDADE DE PAISAGEM ha % UP1 STI Superfície Tabular Conservada Interfluvial 11.390,4983 24,84 UP2 RCL Rampa ColuvialLatossólica em Longas Vertentes 11.706,0330 25,53 UP3 RCC Rampa Coluvial Cascalhenta 14.848,0438 32,38 UP4 DEB Dissecado Estrutural Escalonado Basáltico 3.217,3703 07,01 UP5 VVV Vales Planos Drenagem Difusa – Veredas 4.694,5539 10,24 45.856,4993 100,00 Área da Bacia Para a definição e denominação das unidades de paisagem delimitadas na sub-bacia recomenda-se o uso do livro "Minas Gerais: Caracterização de Unidades de Paisagem" (FERNANDES, 2013). 18 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas 2.1.4 Primeiro Trabalho de campo Com o mapa preliminar das unidades de paisagem em mãos deve-se fazer a primeira checagem de campo, quando todas as unidades de paisagem devem ser visitadas para confirmação de seus limites e de suas características agroambientais e as respectivas associações com os solos locais, além dos graus de degradação ambiental associados a cada uma das unidades de paisagem mapeadas. O máximo de características qualificadoras deve ser observado em cada unidade de paisagem. 2.1.5 Qualificação das Unidades de Paisagem Uma vez definidas as unidades de paisagem essas devem ser categorizadas segundo o grau de vulnerabilidade considerando os critérios de sustentabilidade e manejo conservacionista. A dinâmica hidrológica na paisagem orienta critério que fundamenta o manejo conservacionista. A menor vulnerabilidade é apresentada pela unidade de paisagem onde as taxas de infiltração são minimizadas pelas condições do relevo, da geologia, dos solos e do tipo de cobertura vegetal do solo, natural ou artificial. Os qualificadores são denominados atributos das paisagens. São os atributos do relevo, da geologia, do solo, da vegetação e do uso do solo. Uma vez identificados, os atributos qualificadores recebem notas (pesos) e cada unidade de paisagem é tratada estatisticamente segundo a técnica da Distância Euclidiana. Pesos dos Atributos Geológicos (GL) ATRIBUTO (GL01): LITOLOGIA DA ROCHA AFLORANTE Arenitos eólios selecionados PESO Depósitos aluviais recentes 10 Formações superficiais inconsolidadas 9 Arenitos lacustres indiferenciados 8 Rochas basálticas 3 ATRIBUTO (GL02) ESTRUTURA GEOLÓGICA PESO Depósitos aluviais recentes em ambiente flúvio-lacustre 10 Estruturas plano-paralelas em rochas areníticas 10 Derrames de rochas ígneas basálticas com baixo fraturamento 4 ATRIBUTO (GL03): PERMEABILIDADE DA ROCHA AFLORANTE Muito alta PESO 10 10 19 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Alta 8 Média 6 Baixa 4 Muito baixa 1 ATRIBUTO (GL04): ESPESSURA DA COBERTURA DAS FORMAÇÕES SUPERFICIAIS Muito alta PESO Alta 8 Média 6 Baixa 4 Muito baixa 1 ATRIBUTO (GL05): CAPACIDADE AQUÍFERA DAS ROCHAS Muito alta PESO Alta 8 Média 6 Baixa 4 Muito baixa 1 10 10 Pesos dos Atributos Geológicos (GL) ATRIBUTO (GM01): DECLIVIDADE DO RELEVO PESO Muito baixa - Zero a 2,5% 10 Baixa - 2,5 a 12% 8 Média - 12 a 25% 6 Alta 25 a 50% 4 Muito alta - > 50% 1 ATRIBUTO (GM02): FORMA DAS VERTENTES PESO Côncava 10 Linear 5 Convexa 1 ATRIBUTO (GM03): COMPRIMENTO DAS VERTENTES PESO Longa 10 Mediana 5 Curta 1 ATRIBUTO (GM04): TIPO DE PROCESSO EROSIVO PESO ATUAL - EROSÃO LAMINAR 20 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Aparente ausência de erosão laminar 10 Erosão laminar ligeira 8 Erosão laminar moderada 5 Erosão laminar severa 3 Erosão laminar muito severa 2 Erosão laminar extremamente severa 1 ATRIBUTO (GM05): TIPO DE PROCESSO EROSIVO PESO ATUAL - EROSÃO EM SULCOS (profundidade dos sulcos) Aparente ausência de erosão em sulcos 10 Sulcos superficiais 8 Sulcos rasos 6 Sulcos medianos 4 Sulcos profundos 2 Sulcos muito profundos 1 ATRIBUTO (GM06): TIPO DE PROCESSO EROSIVO PESO ATUAL - EROSÃO EM SULCOS (frequência dos sulcos) Aparente ausência de erosão em sulcos 10 Frequência ocasional 8 Frequência baixa 6 Frequência mediana 4 Frequência alta 2 Frequência muito alta 1 ATRIBUTO (GM07): INTERVENÇÃO ANTRÓPICA NAS PESO MICROFORMAS DO RELEVO Ausente, mas não necessária 10 Presente, necessária e adequada 9 Presente, necessária e inadequada 5 Ausente mas necessária 1 Pesos dos Atributos pedológicos (PD) ATRIBUTO (PD01): PROFUNDIDADE EFETIVA PESO Muito profundo (>200 cm) 10 Profundo (100 a 200 cm) 8 Moderadamente profundo (50 a 100 cm) 5 21 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Raso (25 a 50 cm) 3 Muito raso (<25 cm) 1 ATRIBUTO (PD02): TEXTURA PESO Muito leve (areia) 10 Leve (areia franca) 9 Moderadamente leve (franco arenosa) 7 Média (franca, franco argilosa, franco siltosa e silte) 6 Moderadamente pesada (franco argilo arenosa, franco argilo siltosa) Pesada (argilosa, argilo arenosa e argilo siltosa) 4 Muito pesada (muito argilosa) 1 ATRIBUTO (PD03):ESTRUTURA PESO Grumosa 10 Granular 9 Grão simples 8 Prismática forte 8 Bloco angular 7 Colunar forte 7 Prismática moderada 6 Bloco sub-angular 6 Colunar moderada 5 Maciça 1 Laminar 1 ATRIBUTO (PD04): DRENAGEM 3 PESO Excessivamente drenado 10 Fortemente drenado 9 Acentuadamente drenado 8 Moderadamente drenado por excesso 7 Bem drenado 6 Moderadamente drenado por falta 5 Imperfeitamente drenado 3 Mal drenado 2 Muito mal drenado 1 ATRIBUTO (PD05): PEDREGOSIDADE PESO Ausente na superfície e na massa do solo 10 Ligeira presença de cascalho na superfície do solo 9 Ligeira presença de cascalho na superfície e na massa do solo 8 22 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Moderada presença de cascalho na superfície do solo 7 Moderada presença de cascalho na superfície e na massa do solo 6 Forte presença de cascalho na superfície do solo 5 Forte presença de cascalho na superfície e na massa do solo 3 Muito forte presença de cascalho na superfície do solo 2 Muito forte presença de cascalho na superfície e na massa do solo 1 ATRIBUTO (PD06): MATÉRIA ORGÂNICA PESO Solos orgânicos de turfa semidecomposta (>30%) 10 Solos orgânicos de turfa decomposta (20 a 30%) 9 Solos muito ricos em matéria orgânica (5 a 20%) 8 Solos ricos em matéria orgânica (2 a 5%) 7 Solos medianamente ricos em matéria orgânica (1 a 2%) 6 Solos pobres em matéria orgânica (0,1 a 1%) 3 Solos muito pobres em matéria orgânica (<0,1%) 1 ATRIBUTO (PD07): FERTILIDADE APARENTE PESO Muito alta 10 Alta 8 Média 6 Baixa 3 Muito baixa 1 2.1.5.1 Classificação das sustentabilidade unidades de paisagens segundo o potencial de a. Elencar o máximo de atributos das UPs relacionados com as sustentabilidades; b. A consideração estatística dos atributos das UPs é adimensional, embora possam ter bases quantitativas; c. A cada atributo das unidades de paisagem deve ser atribuída uma nota ou peso, com valoração entre 01 a 10, sendo a menor mais restritiva. O consenso entre experts é aconselhável para a atribuição das notas. d. O conjunto dos pesos atribuídos é tratado estatisticamente por meio da comparação de cada linha representativa de cada UP com a linha de uma unidade de paisagem ideal, onde todos os pesos são máximos. e. A comparação é feita pelo cálculo da Distância Taxonômica ou Distância Euclidiana Generalizada. 23 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas f. Quanto menor a distância da linha considerada em relação à linha ideal de referência, maior é o índice de sustentabilidade da UP considerada. Fórmula para a determinação da Distância Taxonômica A. Matriz de Caracterização do meio físico Esta tabela apresenta, nas colunas, as notas atribuídas às características do meio físico, notadamente aquelas referentes à geologia, geomorfologia e solos, conforme indicado nas tabelas mostradas anteriormente. GL 01 GL 02 GL 03 GL 04 GL 05 GM 01 GM 02 GM 03 GM 04 GM 05 GM 06 GM 07 PD 01 PD O2 PD O3 PD O4 PD O5 PD O6 PD O7 STI 10 10 9 10 8 10 5 10 8 8 8 9 10 7 8 8 10 7 6 RCL 9 10 8 9 8 8 5 10 4 5 6 9 10 4 8 8 10 7 6 RCC 8 10 7 7 7 6 3 1 3 4 4 5 5 4 6 5 6 3 3 DEB 3 4 1 1 4 4 6 1 2 2 2 1 4 6 10 9 8 7 10 VVV 10 10 10 10 10 10 5 10 10 10 10 10 3 3 10 1 10 10 1 Legenda: (STI) - Superfície Tabular Conservada Interfluvial (RCL) - Rampa Coluvial Latossólica em Longas Vertentes (RCC) - Rampa Coluvial Cascalhenta (DEB) - Dissecado Estrutural Escalonado Basáltico (VVV) - Vales Planos com Drenagem Difusa. ATRIBUTOS GEOLÓGICOS: (GL01): litologia da rocha aflorante (GL02): estrutura geológica permeabilidade da rocha aflorante (GL04): espessura da cobertura das formações superficiais. (GL03): ATRIBUTOS GEOMORFOLÓGICOS: (GM01): declividade do relevo (GM02): forma das vertentes (GM03): comprimento das vertentes (GM04): tipo de processo erosivo atual - erosão laminar (GM05): tipo de processo erosivo atual - erosão em sulcos (profundidade dos sulcos) (GM06): tipo de processo erosivo atual - erosão em sulcos (frequência dos sulcos) (GM07): intervenção antrópica nas microformas do relevo ATRIBUTOS PEDOLÓGICOS: (PD01): profundidade efetiva (PD02): textura (PD03):estrutura (PD04): drenagem (PD05): pedregosidade (PD06): matéria orgânica (PD07): fertilidade aparente. B. Matriz de determinação numérica do meio físico Nas colunas, correspondendo a cada atributo referente às unidades de paisagem, é feita a notação da expressão: (xik-xjk)2 24 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Onde: xik = peso da unidade de paisagem considerada Xjk = peso da unidade de paisagem ideal; ou seja, o quadrado da diferença entre a os atributos das unidades de paisagem e os atributos de uma unidade de paisagem ideal cujos pesos são sempre máximos, ou seja: dez. Na penúltima coluna, à direita, observa-se a somatória dos valores anteriormente calculados e, na coluna final, a DEf (Distância Euclidiana do meio físico). GL 01 GL 02 GL 03 GL 04 GL 05 GM 01 GM 02 GM GM GM GM GM PD PD PD PD PD PD PD 03 04 05 06 07 01 O2 O3 O4 O5 O6 O7 STI 0 0 1 0 4 0 25 0 4 4 4 1 0 9 4 4 0 9 RCL 1 0 4 1 4 4 25 0 36 25 16 1 0 36 4 4 0 RCC 4 0 9 9 9 16 49 81 49 36 36 25 25 36 16 25 DEB 49 36 81 81 36 36 16 81 64 64 64 81 36 16 0 VVV 0 0 0 0 0 0 25 0 0 0 0 0 49 49 0 ∑ DEmf 16 85 2,115 9 16 186 3,129 16 49 49 539 5,326 1 4 9 0 758 6,32 81 0 0 81 285 3,87 Legenda: (STI) - Superfície Tabular Conservada Interfluvial (RCL) - Rampa Coluvial Latossólica em Longas Vertentes (RCC) - Rampa Coluvial Cascalhenta (DEB) - Dissecado Estrutural Escalonado Basáltico (VVV) - Vales Planos com Drenagem Difusa. ATRIBUTOS GEOLÓGICOS: (GL01): litologia da rocha aflorante (GL02): estrutura geológica permeabilidade da rocha aflorante (GL04): espessura da cobertura das formações superficiais. (GL03): ATRIBUTOS GEOMORFOLÓGICOS: (GM01): declividade do relevo (GM02): forma das vertentes (GM03): comprimento das vertentes (GM04): tipo de processo erosivo atual - erosão laminar (GM05): tipo de processo erosivo atual - erosão em sulcos (profundidade dos sulcos) (GM06): tipo de processo erosivo atual - erosão em sulcos (frequência dos sulcos) (GM07): intervenção antrópica nas microformas do relevo ATRIBUTOS PEDOLÓGICOS: (PD01): profundidade efetiva (PD02): textura (PD03):estrutura (PD04): drenagem (PD05): pedregosidade (PD06): matéria orgânica (PD07): fertilidade aparente. O mapa final das unidades de paisagem não se restringe apenas à delimitação de áreas homogêneas que configuram estas unidades. Enfim, trata-se de um mapa cujas unidades de paisagem são devidamente qualificadas segundo os paradigmas do manejo conservacionista visando à sustentabilidade ambiental. Entretanto, para completar este quadro é necessário incorporar, nesta qualificação, os atributos relacionados com a cobertura vegetal natural e a com o uso do solo, com ênfase no manejo e na sazonalidade das lavouras. Assim, o uso do solo e da vegetação natural são, agora, qualificadas segundo os pesos dos quadros abaixo. Peso dos Atributos da Vegetação Nativa (VN) ATRIBUTO (VN01): GRAU DE PROTEÇÃO DO SOLO PESO Floresta mesófila 10 Cerradão 9 25 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Floresta mesófila secundária 7 Cerradão secundário 7 Cerrado senso estrito 7 Cerrado senso estrito secundário 5 Campo gramíneo lenhoso rupestre 3 Pesos atributos do uso do solo (US) ATRIBUTO (US01): GRAU DE PROTEÇÃO DO SOLO PESO Silvicultura 10 Lavoura de cultura permanente 9 Lavoura temporária de olerícolas irrigada 9 Lavoura temporária de grãos irrigada 8 Cana-de-açúcar 8 Pastagem plantada abandonada 6 Pastagem plantada em uso 5 Lavora temporária de grãos no sequeiro (cultura de verão) 5 Área urbanizada 3 C. Matriz de caracterização do uso do solo e vegetação natural VN01 US01 STI 5 5 RCL 8 5 RCC 6 4 DEB 9 8 VVV 10 10 D. Matriz de determinação numérica do uso do solo e vegetação natural VN01 US01 ∑ DEuso/veg STI 25 25 100 7,07 RCL 4 25 29 3,81 RCC 16 36 52 5,10 DEB 1 36 37 4,30 VVV 0 0 0 0 26 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas E. Matriz classificatória final DEuso/veg DEmf STI 7,07 2,115 RCL 3,81 3,129 RCC 5,10 DEB VVV 2.1.6 DEfinal 5,326 Raiz quadrada 14,953 DEuso/veg X 11,921 DEmf 27,163 4,30 6,32 27,176 5,213 0 3,87 0 0 3,867 3,453 5,212 Segundo Trabalho de Campo O objetivo do segundo trabalho de campo é a elucidação de dúvidas e complementação do mapeamento qualificado das unidades de paisagem, principalmente no que diz respeito aos atributos qualificadores relacionados com a cobertura vegetal e uso do solo. Após essa etapa é proposto o Mapa Final das Unidades de Paisagem e a Matriz de correlação das unidades de paisagens com as aptidões para uso/ocupação do solo. 2.1.7 Caracterização das potencialidades, limitações e aptidões Nessa etapa é realizada a caracterização de cada unidade de paisagem identificando suas potencialidades, limitações e aptidões para usos e ocupações múltiplos. São estabelecidas, para cada unidade, inferências sobre a vegetação nativa original (meio biótico) e as aptidões para uso/ocupação (meio antrópico) (Quadro 3.1.2). As unidades de paisagem são integradas e apresentam respostas diferenciadas aos eventos pluviais refletindo na dinâmica do ciclo hidrológico. Unidades de paisagem que apresentem relevos suaves e solos permeáveis condiciona a predominância da infiltração das águas pluviais e condicionam a manutenção dos aquíferos (água subterrânea). Unidades de paisagem com afloramentos rochosos podem armazenar as águas de chuva em fraturas (aquífero em meio fraturado) e na porosidade das rochas (aquífero em meio poroso). Já os principais aquíferos freáticos oscilam na porosidade dos solos estando situados próximos da superfície. 27 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Quadro 3.1.2: Matriz de correlação das unidades de paisagens com as aptidões para uso/ocupação do solo Unidades de Paisagem Planície Fluvial Ambientes de ocorrência São áreas mais baixa do relevo, distribuído ao longo dos cursos d água. Anteriormente chamados de planície de inundação Atuais planícies de inundações de cursos d'água. Solos gerados de sedimentos variados por ocasião de cheias Relevo Plano, ao longo dos cursos d água. <3% de declividade Tipos de Solo Neossolo Flúvico Gleissolos Potencialidades Relevo plano podendo ocorrer solos de média e alta fertilidade. Terraços Fluviais Antigas planícies de inundações de cursos d’ água quando fluíam em níveis de cotas superiores à atual. Solos originados de sedimentos variados Plano Relevo plano podendo ocorrer solos de média e alta fertilidade Colinas de Topo Aplainado/Alongado Distribuem-se nas cotas superiores da paisagem, apresenta certa convexidade comumente denominado de meia laranja Ocupam os topos de morro, cotas superiores das colinas. Solos originados de sedimentos variados evoluídos para Cambissolos e Argissolos. Latossolos Vertentes convexas e Rampas de Colúvio São característica desta unidade a uniformidade do relevo que condiciona a distribuição uniforme do escoamento apresenta tendência natural ao aplainamento que irão formar as rampas de colúvio, caracterizado por terracetes Parte intermediária, meia encosta em relevo ondulado e suave ondulado. Vertentes Côncavas São áreas de concentração de águas pluviais e nutrientes, estas unidades são conhecidas como grotas. Vales Encaixados em Vertentes Ravinadas De grande ocorrência no estado, são vertentes íngremes, inexistência de planícies fluviais e com ocorrência de afloramento rochoso, predominam em áreas de altitudes elevadas Parte intermediária do relevo, meia encosta em relevo ondulado e suave ondulado Áreas de topo em relevo fortemente ondulado Limitações Suscetibilidades à ocorrências de inundações periódicas e encharcamento dos solos. Redução de áreas para uso e ocupação da vegetação ciliar. Risco de inundação e encharcamento do solo Aptidões Culturas anuais de entressafra, preservação de nascentes difusas. Agropecuária e expansão urbana. Relevo suave nos topos, com solos profundos e permeáveis. Áreas de recarga de aquíferos freáticos. Uso limitado pela legislação ambiental nos topos das colinas. Relevo acidentado das vertentes e predisposição a processos de erosão laminar. Manutenção da vegetação nativa nos topos. Vertentes convexas aptas a culturas permanentes incluindo pastagens, cafeícultura fruticultura e silvicultura. Argissolos Neossolo Litolico Cambissolos Solos profundos e permeáveis Culturas permanentes como: pastagens, silvicultura, fruticultura arbórea, cana-de-açúcar e cafeicultura. Argissolos Médio a altos níveis de fertilidade e boas condições hídricas dos solos. Comprimento das rampas em declive e suscetibilidade a processos de erosão hídrica laminar. Suscetibilidades à erosão. Neossolo Litólico Cambissolos Áreas de surgências de aquíferos (nascentes). Solos rasos e pedregosos em relevos fortemente acidentados. Áreas para preservação permanente e proteção de nascentes Culturas anuais e permanentes incluindo capineiras 28 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Unidades de Paisagem Superfícies Tabulares e Superfícies Onduladas Ambientes de ocorrência Caracterizam-se por extensos planaltos em altitudes superiores a 800 m e declividade < 3%, comumente chamada de chapadas. Relevo Relevo Plano em altitudes superiores a 800 m e declividade <3% Tipos de Solo Latossolos Gleissolos Neossolo Quartizarênicos Relevo Cárstico Relevo moldado pela solubilidade dos carbonatos, onde se destacam as seguintes formações: Afloramento de rochas calcárias; Maciços e Dolinas. Depressões, maciço e colinas amplas em suaves. Neossolo Litólico Gleissolo Latossolo Rampas de Colúvio Áreas em superfícies elevadas, suavemente onduladas em associação com as rampas colúviais, áreas de deposição. Parte intermediária meia encosta. Latossolos Cambissolos Chapadas Secas Superfícies planas com ocorrência de solos profundos de baixa fertilidade natural e elevada acidez A vegetação original é de cerrado “stricto sensu”. Constituem áreas de recarga de aquíferos. em meio granular. A geologia é constituida por coberturas detrito-lateríticas. Plano Latossolos Relevo plano, solos profundos e permeáveis. Baixa fertilidade natural e elevada acidez trocável. Produção de cereais tecnificadas, silvicultura, fruticultura e pastagens cultivadas. Chapadas Úmidas Superfícies planas com ocorrência de solos profundos de baixa fertilidade natural e elevada acidez . A vegetação original é de cerrado “stricto sensu”. Diferem das chapadas secas pela deficiência de drenagem Vertentes ravinadas e patamares estruturais basálticos Plano Latossolos Relevo Plano Baixa fertilidade natural e elevada acidez trocável e deficiência de drenagens. Produção de cereais tecnificadas, silvicultura, fruticultura e pastagens cultivadas. Ondulado a Forte Ondulado Neossolos litólicos e Cambissolos eutróficos Solos de médios a altos níveis de fertilidade. Relevo acidentado, solos rasos e elevada erodibilidade. Agricultura em nível familiar sob cultivo mínimo Plano Gleissolos Habitat de flora e fauna especificas. Solos encharcados e deficientes em micronutrientes. Área de preservação permanente. Dissecados Estruturais Basálticos Depressões Depressões inseridas nas superfícies tabulares. Podem permanecer inundadas periodicamente. Potencialidades Relevo plano e solos bem desenvolvidos e permeáveis. Limitações Aptidões Ecoturismo com forte cunho educativo e possibilidades de existir sítios arqueológicos/paleontológicos, Agricultura familiar. 29 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas 2.2 Estudo de disponibilidade hídrica Foram utilizadas duas metodologias para elaboração do estudo de disponibilidade hídrica de sub-bacias, sendo uma baseada no Atlas das Águas do Estado de Minas Gerais e a outra na base de dados do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam). Procurou-se apresentar uma sequência passo a passo com base no estudo de caso da sub-bacia do Ribeirão Santa Juliana, de forma a permitir aos planejadores e gestores de bacias hidrográficas o gerenciamento de informações espaciais sobre mapas de recursos hídricos digitais com vistas à tomada de decisões. 3.2.1 Metodologia Disponibilizada no Atlas das Águas do Estado de Minas Gerais A presente metodologia está fundamentada no instrumento “Atlas Digital das Águas de Minas”, desenvolvido através de parceria institucional entre duas secretarias de Estado e órgãos vinculados: SEAPA/RURALMINAS, SEMAD/IGAM e a Universidade Federal de Viçosa e disponibilizado no endereço www.atlasdasaguas.ufv.br. O “Atlas Digital das Águas de Minas” é um mapeamento completo e atualizado dos recursos hídricos superficiais do estado de Minas Gerais. No formato de website corresponde a 3ª Edição desta importante biblioteca virtual de recursos hídricos desenvolvida para as regiões mineiras. Essa edição foi patrocinada pelo Governo de Minas Gerais, através da SEMAD/IGAM, utilizando recursos do FHIDRO. A metodologia desenvolvida no ATLAS denominada SAGA - Sistema Simplificado de Apoio a Gestão das Águas, utiliza técnicas de regionalização hidrológica desenvolvidas em ambiente de sistemas de informações geográficas (SIGs), o que permite um grande avanço na maneira de produzir e transferir conhecimentos através da internet. Como instrumento de “socialização de informações hidrológicas” representa uma revolução na produção, consumo e apropriação de conhecimentos de geotecnologias sobre a realidade das regiões hidrográficas mineiras. O sistema de consulta do ATLAS está desenvolvido de forma a permitir o acesso à base de dados através de dois mecanismos a consulta espacial georreferenciada e a consulta informativa. As informações estão disponibilizadas por Região Hidrográfica e por Unidade de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos – UPGRH. As disponibilidades e potencialidades hídricas estão representadas pelas variáveis e funções hidrológicas: vazão mínima de sete dias de duração e período de retorno de 2, 5 e 10 anos com intervalo anual; vazão mínima de sete dias de duração e período de retorno de 10 anos com intervalo sazonal para período chuvoso (outubro a março) e trimestral (janeiro a março), vazão mínima com permanência de 50, 75, 85, 90 e 95%, vazão média de longo período, vazão máxima diária anual para os períodos de retorno de 2, 5, 10, 20 50, 100 e 500 anos, vazão máxima possível de ser regularizada através de barramentos, vazão 30 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas máxima possível de ser regularizada e disponibilizada para outorga à jusante do barramento, volume de armazenamento necessário a regularização da vazão máxima possível de ser regularizada, volume de armazenamento necessário a regularização da vazão mínima residual (50 ou 70% da Q7,10) e volumes de regularização em reservatórios. O objetivo é fornecer aos técnicos um acervo de informações confiáveis e atualizadas sobre as condições hídricas das regiões hidrográficas de interesse em termos de disponibilidade e demanda de água. O conhecimento dessas informações hidrológicas, por parte destes profissionais, são peças fundamentais para subsidiar as tomadas de decisões seguras e responsáveis no que diz respeito ao planejamento e a gestão sustentável dos recursos hídricos nas sub-bacias hidrográficas. 3.2.1.1 Apresentação do Atlas Digital das Águas de Minas O Atlas comporta uma apresentação inicial com: Histórico/origem do Atlas; Apresentação de 3 vídeos: • Instituições de fomento; • Histórico do gerenciamento dos recursos hídricos no Brasil; e • Aplicação das tecnologias geradas; Regionalização hidrológica (Software RH versão 4.1); Sistemas de Informações geográficas; Sistema Simplificado de Apoio a Gestão das Águas- SAGA; e Sistemas de acesso ao banco de dados: Consulta espacial georreferenciada e Consulta informativa. Os resultados dos estudos hidrológicos são disponibilizados por região hidrográfica, por meio da Consulta espacial georreferenciada e Consulta informativa. A Consulta espacial georreferenciada desenvolvida em ambiente de sistemas de informações geográficas - SIGs e com funcionamento on-line, propicia aos usuários uma interação dinâmica e objetiva, uma vez que as informações hidrológicas são obtidas ao simples clique com o mouse sobre mapa-base da rede hidrográfica da bacia apresentada na tela do monitor. Já a consulta informativa correspondendo aos comportamentos hidrológicos mais relevantes detectados em cada bacia hidrográfica por ocasião dos estudos hidrológicos, torna muito interessante a comparação entre situações díspares dentro de uma mesma unidade hidrográfica. São apresentadas na forma de mapas, desenhos, figuras, tabelas e de textos elucidativos sobre estes. A. Consulta espacial georreferenciada Informações na rede hidrográfica; Informações em qualquer seção fluvial; 31 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Modelos hidrológicos ajustados por curso d’água; Nascentes com informações hidrológicas; Imagens de satélite; Regiões hidrologicamente homogêneas; Balanço demanda/disponibilidade; Cadastro de barramentos; Informações para outorga sazonal; Rede hidrológica; Mapa de declividade; Mapa altimétrico; Mapa de solos; e Mapa de vulnerabilidade do solo. B. Consulta informativa Balanço hídrico simplificado nas sub-bacias; Contribuição dos afluentes principais; Comportamento hidrológico no rio principal; Comportamento da vazão máxima; Disponibilidade hídrica nas sub-bacias; Disponibilidade hídrica per capita; Índice de vazões mínimas; Impacto ambiental relevante; Modelos ajustados nas regiões hidrologicamente homogêneas; Mapas de vazões específicas; Mapas de precipitação pluvial; Mapeamento de rios com baixa capacidade de regularização natural; e Resumo expandido. Como exemplo de uma consulta espacial georreferenciada (uma das mais utilizadas na predição de vazões), cita-se a Consulta: “Informações em qualquer seção fluvial”, conforme pode-se observar na figura 3.2.2. Com funcionamento on-line o usuário identifica, no mapa da rede hidrográfica da bacia apresentada na tela do computador, o curso d’água de interesse (visualmente e com apoio de coordenadas geográficas) e após um clique com o mouse sobre a seção fluvial de interesse, o sistema determina, automaticamente, a área de drenagem da bacia e os valores das vazões máximas, médias e mínimas. Alicerçado na tecnologia dos sistemas de informações geográficas - SIG’s, o sistema foi desenvolvido com base nos modelos hidrológicos ajustados nas regiões hidrográficas mineiras no âmbito do programa HIDROTEC, na hidrografia digital do IBGE nas escala de 1:250.000 e no modelo digital de elevação (MDE) obtido do projeto Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), desenvolvido em escala mundial pelo agência espacial americana (NASA), italiana (ASI) e alemã (DLR). 32 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Ao longo da hidrografia de todas as regiões hidrográficas mineiras e partes das regiões dos Estados do Espírito Santo, Bahia, Goiás e Distrito Federal, as informações hidrológicas estão disponibilizadas na forma digital (3.468.450 pontos georreferenciados, com pixel 90 metros). 3.2.1.2 Passo a Passo da Consulta espacial georreferenciada Para iniciar esta consulta www.atlasdasaguas.ufv.br siga os seguintes passos: Entrar no site: Figura 3.2.1: Pagina inicial do atlas das águas. Clicar na barra resultados Selecionar a Bacia de Interesse Na aba banco de dados clicar em consulta espacial Clicar em informações em qualquer seção fluvial Dar um zoom no mapa que se abre E clicar com o mouse no local de interesse da seção fluvial, onde aparecerá um link com as informações sobre este curso d’água como mostrado na figura 3.2.2. 33 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.2.2: Coleta de informações a partir de localização no mapa ou informando as coordenadas geográficas 3.2.1.3 Obtenção do balanço demanda x disponibilidade de água O balanço entre demanda e disponibilidade de recursos hídricos reflete a situação real de utilização dos recursos hídricos e permite avaliar quão relevante é a estrutura de gestão requerida na bacia. Essas informações estão disponibilizadas na Consulta espacial georreferenciada “Balanço demanda/disponibilidade” desenvolvida no ATLAS. É uma das mais utilizadas na caracterização de recursos hídricos de uma região hidrográfica, principalmente em regiões de conflitos de uso já instalados. O balanço entre demanda e disponibilidade de recursos hídricos nas regiões hidrográficas mineiras foi realizado com base em um índice determinado pela razão entre a vazão de retirada para usos consuntivos (vazão outorgada) e o limite outorgável no estado de Minas Gerais conforme a região hidrográfica (30% ou 50% da Q7,10). A vazão outorgada foi extraída do cadastro de usuários outorgados disponibilizado no site do IGAM (rio Estadual) e ANA (rio federal), enquanto a vazão mínima de referência (Q7,10) foi obtida em estudos de regionalização hidrológica realizados no âmbito do programa HIDROTEC e disponibilizado no Atlas. 34 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Para efetuar a consulta do balanço hídrico siga os mesmo passos da consulta espacial georreferenciada para qualquer seção fluvial. Clicar na barra resultados Selecionar a Bacia de Interesse Na aba banco de dados clicar em consulta espacial Clicar em Balanço Demanda/ Disponibilidade Clicar na seção de interesse: ver exemplo da figura 3.2.4. Abrir uma figura com o perfil longitudinal do rio apresentando a relação entre a demanda (vazão outorgada) e a disponibilidade hídrica superficial (Q7,10 e 30% da Q7,10) - Figuras 3.2.5 e 3.2.6. Aplicação para a sub-bacia do Ribeirão Santa Juliana 1) Consulta espacial georreferenciada “Informações em qualquer seção fluvial rede hidrográfica” Consulta espacial: “Informações em qualquer seção fluvial da rede hidrográfica” (foz do rib. Santa Juliana). Figura 3.2.3: consulta espacial georreferenciada. Síntese da Caracterização dos recursos hídricos da bacia do rib. Santa Juliana (Afluente do Araguari /Bacia Paranaíba-MG): Área de drenagem da bacia: 469 km2 35 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Vazão de referência outorga (Q7,10 ): 1,2 m3/s Vazão média longo período (Qmlp): 8,7m3/s Capacidade de regularização natural: 13,8% , classificado como média capacidade - índice (r7,10 = Q7,10/Qmlp) intervalo 11 a 30% Disponibilidade (Vazão máx. outorgável 50% Q7,10): 0,6 m3/s Potencial hídrico da bacia ⇒ Construção de barragens de regularização de vazão Vazão máxima possível de ser regularizada e disponibilizada para outorga (70% da Qmlp – 50% da Q7,10) : 5,49m³/s Simulação: Área possível de ser irrigada considerando um coeficiente de 0,93 L/s.ha : 5.903 ha Síntese do balanço Demanda/Disponibilidade dos recursos hídricos na rede hidrográfica da bacia rib. Santa Juliana. Balanço negativo: Cabeceira do Santa Juliana (corrégo Pântano) e calha do rib. Santa Juliana até confluência com córrego Morada (QDem > Qdisp) Balanço positivo: Calha do rib. Santa Juliana da confluência com o córrego Morada até sua Foz) + 04 afluentes (córregos: Morada, Pião, das Pindaíbas e Ranchinho) (QDem < QDisp) 36 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas (a) (b) Figura 3.2.4: Balanço hídrico da sub-bacia do Ribeirão Santa Juliana (negativo -cor vermelha; positivo - cor azul) (b) - Imagem de satélite. 37 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Acesso às informações no modo gráfico: Consulta espacial Demanda/Disponibilidade” na rede hidrográfica do rib. Santa Juliana. “Balanço Nessa bacia hidrográfica o Gráfico e a Tabela do Balanço hídrico não se encontram disponibilizados no ATLAS por se tratar de bacia de pequeno porte. Para suprir essa deficiência a equipe do programa HIDROTEC realizará essa consulta de acordo com a demanda e, caso isso não seja possível em tempo hábil, os arquivos (shapefile na escala Ottocodificada de 1:1000.000) contendo por trecho, os valores das vazões (demanda/disponibilidade) serão disponibilizados aos interessados. Figura 3.2.5: Balanço demanda/disponibilidade na rede hidrográfica do Ribeirão Santa Juliana tabelado. 38 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.2.6: Perfil longitudinal do rib. Santa Juliana (nascente à foz): relação entre a Demanda /Disponibilidade hídrica ao longo do ribeirão. Consulta espacial georreferenciada “Modelos ajustados por curso d’água”. Por meio dessa consulta é possível estimar as vazões mínimas, médias, máximas e “volumes de armazenamento necessário à regularização da vazão máxima possível de ser regularizada” em qualquer seção fluvial da rede hidrográfica. O modelo hidrológico exige como variável de entrada somente a área de drenagem da bacia à montante da seção fluvial de interesse. OBS: A área de drenagem pode ser estimada diretamente na Consulta Espacial “Informações em qualquer seção fluvial” 39 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.2.7: Modelos ajustados por curso d’água da bacia rib. Santa Juliana e afluentes (Destaque p/ Qmlp, Q7,10 e Volume de armazenamento). 3.2.2 Metodologia por meio da base de dados do IGAM 3.2.2.1 Coleta de dados sobre o Ribeirão e sua bacia hidrográfica Nesta etapa ocorreu o levantamento dos principais dados do Ribeirão e sua bacia hidrográfica, tais como: UPGRH e macrobacia pertencente, localização geográfica com detalhamento do ponto no qual o Ribeirão está a montante, os municípios abrangentes etc. Foi utilizada como exemplo descritivo a bacia do Ribeirão Santa Juliana. 3.2.2.2 Solicitação de dados para Levantamento dos usuários de água da sub-bacia Para a obtenção dos dados dos processos de outorga e uso insignificante da sub-bacia deverá ser solicitado à SEMAD, por meio de requerimento o Relatório dos usuários de água da sub-bacia em questão, conforme modelo no Anexo desse documento. Esse relatório contém os dados referentes aos processos de outorga e uso insignificante necessários para o mapeamento de cada usuário, bem como levantamento da demanda de água de cada trecho dos cursos d’água da sub-bacia. Os dados apresentados no relatório são: Nº do Processo Coordenadas Geográficas Portaria 40 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Ano da portaria Vazão solicitada (m3/s) Vazão não regularizada - QDH (quando for o caso) Curso d’água UPGRH Finalidade Modo de uso Tipo Data de Publicação Validade A SEMAD tem o prazo de 15 dias para emitir o Relatório dos usuários de água da sub-bacia, encaminhando posteriormente ao solicitante, em formato eletrônico, via e-mail. 3.2.2.3 Processamento dos dados dos usuários da sub-bacia e Mapeamento da área de drenagem Após obtenção do Relatório dos usuários de água da sub-bacia, antes de iniciar o processamento dos dados, algumas observações devem ser consideradas: Todos os pontos de coordenadas geográficas coletados dos usuários da sub-bacia precisam ser convertidos para graus decimais. Os processos de outorga para intervenção em água subterrânea devem ser desconsiderados. É necessário verificar a ocorrência de processos repetidos na planilha. Também é necessário verificar a vazão solicitada (Q) de cada processo nas portarias de outorgas por meio do website da SEMAD (http://outorga.meioambiente.mg.gov.br/outorga/portaria.php), principalmente em relação à unidade de medida l/s ou m3/s, et.) e às vazões regularizadas dos barramentos com regularização de vazão. Para georreferenciar os dados dos usuários de água da sub-bacia utilizou-se o programa Quantum GIS. Os pontos em que ocorrem as intervenções na sub-bacia já convertidos para graus decimais foram, então, plotados neste programa. Para isto, salvouse em txt as informações: Processo/ Lat-Long/ Q solicitada de cada processo: 41 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Para adicionar os pontos em txt no Quantum GIS seguiram-se os seguintes passos: a) Criar camada a partir de um arquivo de texto delimitado (ferramenta do programa). b) Ativar delimitadores selecionados: Tabulação e Campos xy (Campo X LONGITUDE e Campo Y LATITUDE). No Quantum GIS foram criados shapefiles contendo os pontos georrefenciados dos usuários de cada tipologia (uso insignificante, barramentos, outorgas...). Para levantamento dos trechos com demanda, com disponibilidade hídrica negativa, etc. utilizou-se o programa ArcGIS 10.1. Nesse programa foram adicionados os shapes com os pontos dos usuários da bacia feitos no Quantum GIS e o shape de drenagem da macrobacia Paranaíba, onde foi recortada a sub-bacia do Ribeirão Santa Juliana. Os dados de drenagem das bacias hidrográficas do Estado de Minas Gerais, bem como a delimitação das subbacias estão disponíveis para download no sistema de informações geográficas do website do Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE/MG (http://geosisemanet.meioambiente.mg.gov.br/zee/). Com os dados da sub-bacia e dos pontos dos usuários de água é possível criar mapas e novos shapefiles. 3.2.2.4 Análise da disponibilidade hídrica da sub-bacia Para a análise da disponibilidade hídrica da sub-bacia hidrográfica do ribeirão Santa Juliana foram avaliados os processos de outorga pelo uso da água que ocorrem na subbacia e utilizadas as informações de drenagem dos trechos com demanda. O cálculo da disponibilidade hídrica, quando identificada a presença de barramentos com regularização, considerou como real uso consuntivo a vazão não regularizada, ou seja, o QDH. Ex.: Q7,10 = 10,0 l/s 42 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Q regularizada 70% da Q7,10 = 7,0 l/s Q não regularizada (QDH) = 3,0 l/s De acordo com a Resolução SEMAD/IGAM nº 1548/2012 "Quando o curso de água for regularizado pelo interessado, a vazão outorgada poderá ser superior ao limite máximo estabelecido na bacia hidrográfica, aproveitando-se o potencial de regularização, desde que seja mantido o fluxo residual mínimo a jusante, estabelecido na bacia" (Art. 4º). Assim deve-se observar por meio desta Resolução qual é o fluxo residual mínimo a jusante para a bacia de interesse. Por meio do ArcGIS foi observado quais trechos da sub-bacia que possuem demanda pelo uso de recursos hídricos, e quais não possuem, sendo que os últimos, então, apresentam disponibilidade hídrica igual a 50% da Q7,10 (conforme a Resolução SEMAD/IGAM nº 1548/2012). Para a detecção dos trechos que apresentam demanda de recursos hídricos foi feito o recorte por meio da interseção dos trechos com os pontos georreferenciados dos usuários da bacia (ferramenta “seleção por localização”). A disponibilidade hídrica em cada trecho que possui demanda pelo uso de recursos hídricos pode ser determinada da seguinte forma: DH no trecho = 50% Q7,10 (m³/s) - Demanda no trecho (m³/s) Para este cálculo recomenda-se plotar os dados em planilha Excel com as seguintes colunas: Curso d'água Código do trecho Q7,10 (m³/s) 50% Q7,10 (m³/s) Processo(s) Demanda no trecho (m³/s) DH no trecho (m³/s) A coluna Disponibilidade hídrica foi adicionada na tabela de atributos do shape dos trechos com demanda e posteriormente foi feito um novo recorte, com os trechos selecionados com DH negativa (ferramenta “seleção por atributos” – disponib. Hídrica < 0). Pode-se também fazer um shape para os trechos com demanda “crítica”, ou seja >= a 50% da disponibilidade permitida (50% da Q7,10 - conforme a Resolução SEMAD/IGAM nº 1548/2012). 3.2.2.5 Regularização de Vazão A regularização das vazões naturais é um procedimento que visa uma melhor utilização dos recursos hídricos superficiais. Sempre que um projeto de aproveitamento hídrico de um curso d’água prevê uma vazão de retirada maior que a mínima, existirão, em consequência, períodos em que a vazão natural será superior a utilizada e períodos em a que a vazão será menor não 43 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas atendendo a demanda. Sendo assim, é necessário promover o represamento das águas, através da construção de reservatórios em seções bem determinadas dos cursos d’água naturais, para que se possa reter o excesso de água dos períodos de grandes vazões para ser utilizado nas épocas de estiagem. Qualquer que seja o tamanho da barragem ou a finalidade das águas acumuladas em seu reservatório, sua principal função é a de fornecer uma vazão maior que a possível de captação a fio d’água, ou não muito variável, tendo ela recebido do rio vazões muito variáveis no tempo, regulando assim o fluxo residual. Na sub-bacia hidrográfica do ribeirão Santa Juliana foi calculado o potencial de regularização (V Qreg) para cada trecho através da Equação abaixo. Potencial de regularização (V Qreg) = (0,7 x Qmld) – (0,5 x Q7,10) Para este cálculo recomenda-se plotar os dados em planilha Excel com as seguintes colunas: Curso d'água Código do trecho Qmld (m³/s) Q7,10 (m³/s) V Qreg (m³/s) Para os trechos com disponibilidade hídrica negativa a opção do incremento da regularização de vazão veio como uma forma de atender a demanda atual. Para isso, utilizaram-se os valores do potencial de regularização e os valores da disponibilidade hídrica de cada trecho para analisar a viabilidade desta proposição. Propõe-se plotar em Excel as colunas abaixo: Curso d'água Código do trecho V Qreg (m³/s) DH no trecho (m³/s) V Qreg + DH (m³/s) Obs.: analisar os trechos com DH negativa. Se a coluna "V Qreg + DH (m³/s)" der positiva significa que a criação de barragens para a regularização de cheias pode vir a ser uma medida para garantir a vazão necessária para aprovar as necessidades de diversas formas de uso das águas atuais. A coluna “V Qreg + DH” também foi adicionada na tabela de atributos do shape dos trechos com DH negativa e posteriormente foi feito um novo recorte, com os trechos selecionados com potencial de regularização de vazão, ou seja “V Qreg + DH” com valores positivos (ferramenta “seleção por atributos” – “V Qreg + DH” > 0). 3.3 Uso e Ocupação do Solo Para a classificação de Uso e Ocupação do solo da área de estudo – bacia do Ribeirão Santa Juliana foram utilizados dois métodos: método manual de vetorização das feições 44 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas identificadas na paisagem e o método de classificação automática segmentada por classes de cor. Cada método apresenta pontos positivos e negativos, sendo a definição da melhor ferramenta de acordo com as características da área de trabalho, da possibilidade de realização de estudo de campo, da gama de feições a ser mapeada, etc. O método manual de vetorização das feições identificadas na paisagem é indicado em situações que há a possibilidade de ocorrência de dados levantados em trabalho de campo prévio, o que otimiza a veracidade das informações classificadas e torna a classificação mais precisa, se comparada aos métodos automáticos, desde que haja imagens de satélite compatíveis com a data de realização do trabalho de campo. Contudo, a utilização deste método para grandes extensões territoriais não é indicada, em razão da alta demanda de tempo e de recursos humanos para a sua realização, uma vez que é um método manual. O método de classificação automática segmentada por classes de cor pode ser dividido em classificação supervisionada e não supervisionada. O primeiro procedimento se baseia na aquisição de pontos amostrais na imagem representativos das feições identificadas, em que cada pixel será associado à respectiva classe de feição. Já o segundo procedimento consiste na transformação das cores RGB em índices de cor, conforme delimitado pelo analista, de modo que cada feição da imagem possa ser classificada em classes diferentes. Dessa forma, a utilização dos métodos de classificação automática se traduz em ganho de tempo e minimização de recursos humanos, gerando um produto de qualidade próxima ao obtido na classificação manual. 3.3.1 Método manual de vetorização Inicialmente adquiriu-se as imagens do satélite Landsat 8 gratuitamente disponíveis para download no site da NASA e cedidas pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF) – que realizou a construção do banco de dados de Minas Gerais. Tais imagens foram escolhidas pela gratuidade, bem como, em razão da razoável resolução espacial (pixel de 30 metros). No entanto, uma vez aplicado o contraste da banda pancromática, a resolução passa a ter 15 metros, o que permite visualizar com qualidade, elementos pertinentes à classificação do solo (porções vegetacionais, feições hídricas, cultivos agrícolas, manchas urbanas, entre outros). Para a obtenção das imagens do Landsat 8 junto à NASA, basta seguir os caminhos explicitados: 1) Acessar o site http://earthexplorer.usgs.gov/; 2) registrar-se e efetuar login no domínio; 3) na aba Search Criteria do Earth Explorer, selecionar o local onde estão armazenados os arquivos em lat/long da sua área (coordenadas geográficas), conforme figura 3.3.1; 4) selecionar o produto L8 OLI/TIRS e descarregar um preview da imagem no mapa; 5) e por fim, delimitar a opção de download para o produto desejado (no caso do 45 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas conjunto das bandas completas, denominado “Level 1 Product”) e descarregar o arquivo, conforme figura 3.3.2. Figura 3.3.1: Processo de seleção de área de interesse para download das imagens do satélite Landsat 8. Figura 3.3.2: Processo de aquisição das imagens Landsat 8. Com as imagens em mãos, para dar prosseguimento ao processo de classificação dos usos do solo, realizou-se o mosaico dos quadrantes relativos à bacia do Ribeirão Santa Juliana, bem como a extração da máscara correspondente à bacia, através das ferramentas de análise espacial do software ArcGIS 10.1. Em seguida, foi necessário realizar a composição das bandas RGB do satélite, a fim de permitir a melhor visualização das 46 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas feições da paisagem identificadas, conforme os propósitos da classificação. O satélite Landsat 8 possui 11 bandas no total, variando entre as tradicionais RGB, infravermelho, bandas termais, pancromática, etc., orientadas conforme quadro 3.3.1 abaixo. Quadro 1. Características gerais do satélite Landsat 8 e seus sistemas sensores. Fonte: U.S. Geogological Survey. A vegetação apresenta melhor resposta espectral quando imageada sob a faixa do infravermelho próximo (banda 5), que se baseia na estrutura molecular da folha e dessa forma, promoverá o destaque das feições vegetais na imagem. Portanto, a composição de bandas escolhida foi a 6 – 5 – 4 (falsa cor), que através da ferramenta de gerenciamento de dados do software ArcGIS 10.1, na função de processamento de raster, foram compostas conforme figura 3.3.3. 47 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.33: Arquivo raster gerado na composição 6-5-4. A imagem gerada possui resolução espacial de 30 metros, porém, através da função de adição de nitidez da banda pancromática do ArcGIS, foi possível alcançar os 15 metros de pixel mencionados, conforme figura 3.3.4. Figura 3.3.4. Imagem gerada após fusão de rasters (adição da banda pancromática de resolução espacial de 15 metros). Com a imagem tratada em mãos e as informações de campo compiladas, partiu-se para a vetorização das feições da imagem. Foram criados arquivos do tipo shapefile para cada um dos elementos identificados, a saber: mancha urbana, represas, formações hidrófilas (veredas), silvicultura, cana, pastagem, cerrado, mata, pivô central, lavoura permanente (café) e lavoura temporária. O processo de vetorização se deu manualmente, orientado pelos aspectos revelados pela imagem tratada, conhecimentos empíricos dos analistas, coordenadas obtidas por GPS, além de informações secundárias de estudos de impacto ambiental. O resultado final da classificação pode ser visualizado na figura 3.3.5 abaixo. 48 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.3.5. Classificação do uso e ocupação do solo na área de estudo. Por fim, ainda foram gerados buffers representativos das áreas de preservação permanente hídricas, associadas aos cursos d’água e nascentes, conforme figura 3.3.6. Para tanto, utilizou-se as ferramentas de análise de proximidade do ArcGIS 10.1, em que se estabeleceu raio de trinta metros para a primeira feição e cinquenta para a segunda. 49 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.3.6. Áreas de preservação permanente na bacia do Ribeirão Santa Juliana. 3.3.2 Classificação automática segmentada por classes de cor Para a classificação dos tipos de uso do solo por métodos automáticos, utilizou-se dois softwares distintos: o HyperCube (classificação não supervisionada) e o Spring 5.2.3 (classificação supervisionada com classificador por máxima verossimilhança). HyperCube O procedimento de classificação de usos do solo através do HyperCube inicia-se pela adição da imagem composta e tratada e sua conversão de cor para índices de cor, o que envolve a categorização do número de cores em classes representativas das feições que se deseja identificar na imagem (se são encontrados vinte tipos distintos de uso do solos, por exemplo o número de classes será vinte), conforme figura 3.3.7. 50 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.3.7: Conversão do número de cores em índices de cor. Em seguida, o caminho inverso é realizado de modo a converter a imagem categorizada em 20 índices de cor para 20 classes de cor. Este procedimento é necessário, pois somente é possível classes de cor para classe de mapa (mapa temático), de onde será realizada a classificação dos usos do solo. A figura 3.3.8 revela o aspecto da imagem após ser transformada em classe de mapa. 51 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.3.8. Imagem convertida em 20 classes de mapa. Percebe-se que houve generalização dos aspectos da imagem original, contudo, a função primordial de um mapa nada mais é do que a representação aproximada da realidade e desta forma, atende bem os propósitos da classificação. Ao acessar o editor de classes de mapa do software é possível associar cada um dos vinte aspectos segmentados em cores e nomenclaturas diferentes, conforme figura 3.3.9. É possível ainda, exportar a feição em destaque para o formato shapefile, legível por qualquer Sistema de Informação Geográfica (SIG), o que se traduz em ganho temporal, uma vez que a velocidade para a criação da mesma feição através do ArcGIS, por exemplo, seria muito menor. Figura 3.3.9: Ferramenta de edição de classe de mapa do HyperCube. SPRING 5.2.3 Já no software SPRING é necessário inicialmente criar um banco de dados para hospedar o projeto a ser iniciado, conforme observado na figura 3.3.10. Uma vez criado, toda atividade realizada a partir de então estará linkada com este diretório e os arquivos gerados nas operações executadas serão aqui salvos. 52 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.3.10. Criação de banco de dados e projeto no SPRING. Com o banco de dados criados, basta importar a imagem até aqui trabalhada através da ferramenta de importação de dados vetoriais e matriciais do SPRING. Nesta ocasião, deverá ser informado o formato de arquivo de saída, bem como o nome do plano de informação, delimitado pelo analista. Após a adição da imagem, basta associar cada banda do satélte ao padrão RGB escolhido, conforme propósitos semelhantes aos da composição de bandas realizada previamente. Para dar início ao processo de classificação supervisionada, basta acessar as ferramentas de classificação do software, selecionar o tipo de segmentação (por pixel ou região) e criar um novo processo, aqui nomeado de “uso_solo”. O primeiro procedimento é o de treinamento da imagem, em que serão adquiridas amostras representativas das diversas feições a serem identificadas na imagem, conforme explicitado na figura 3.3.11. É necessário criar classes de uso do solo, atribuir cores e adquirir pontos amostrais para cada uma delas, até que se tenha um número razoável de amostras. Quanto mais atenta e precisa a delimitação, maior será a fidelidade da classificação. 53 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.3.11. Processo de treinamento e aquisição de amostras para classificação de imagem no SPRING. Após salvar as amostras adquiridas e finalizada a etapa de treinamento, parte-se para o procedimento de classificação, em que é necessário delimitar o tipo de classificador (aqui utilizado o índice de máxima verossimilhança, “maxver”), cuja base geoestatística é diferente de modelo para modelo. É possível ainda, realizar a análise das amostras adquiridas antes de executar o procedimento, de modo a verificar a matriz de confusão entre classes delimitadas. Para uma boa classificação, índices acima de 80% são aceitáveis. O resultado obtido pode ser refinado se utilizada a técnica de pós-classificação, que promove a eliminação de parte dos ruídos gerados. O produto final é um raster com a classificação gerada, realizado aqui de maneira rápida e robusta para fins de exemplificação, conforme figura 3.3.12. 54 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas Figura 3.3.12. Exemplo de classificação do solo produzido no SPRING 5.2.3. 55 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas 3. REFERÊNCIAS EUCLYDES, H.P. ATLAS Digital das Águas de Minas; uma ferramenta para o planejamento e gestão dos recursos hídricos. 2. ed. Belo Horizonte: RURALMINAS; Viçosa, MG : UFV , 2007 . FERNANDES, M.R. Minas Gerais: Caracterização de Unidades de Paisagem. Belo horizonte, MG: EMATER-MG. 2013. 92 p. GIACOMINI RIBEIRO, A. Paisagem e organização espacial na região de Palmas e Guarapuava - PR. São Paulo, USP, FFLCH, 1989. Tese (Doutoramento em Geografia), Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo, 1989. INSTITUTO MINEIRO DE GESTÃO DAS ÁGUAS – IGAM. Construção de Base Ottocodificada de Minas Gerais (Manual Técnico). Belo horizonte. 2012. 72 p. MINAS GERAIS. Decreto Estadual nº 46650 de 19 de novembro de 2014, que aprova a Metodologia Mineira de Caracterização Socioeconômica e Ambiental de Sub-bacias Hidrográficas, denominada Zoneamento Ambiental Produtivo – ZAP – e dá outras providências. Publicado na Imprensa Oficial de Minas Gerais em 20 de novembro de 2014. Disponível em: <http://jornal.iof.mg.gov.br/xmlui/handle/123456789/134277>. PEDROSA, A. Geografia física, ambiente e ordenamento do território, que perspectivas? Cadernos ESAP, 1, Porto, p. 7-13, 1997. Secretaria de Estado de Meio ambiente e Desenvolvimento Sustentável. Resolução SEMAD/IGAM nº 1548/2012. Dispõe sobre a vazão de referência para o cálculo da disponibilidade hídrica superficial nas bacias hidrográficas do Estado. Diário do Executivo de Minas Gerais, 30 março de 2012. SPAROVEK, G; BARRETO, A.; KLUG, I.; PAPP, L.; LINO, J. A revisão do Código Florestal brasileiro. Novos Estudos, São Paulo, n. 89, p 111-135, 2011. 56 Metodologia para elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP de sub-bacias hidrográficas ANEXO Requerimento do Relatório dos usuários de água da sub-bacia para fins de elaboração do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP Nome completo: Local: Data: ______/______/_____ CNPF/CNPJ: Telefone: (__) ______________ Email: Endereço: Rua:________________________________________________________, nº_________, complemento___________________________, Bairro ___________________________, CEP ____________________, UF_____. Solicito à SEMAD o Relatório dos usuários de água da sub-bacia _________________________, pertencente à UPGRH ___________, bacia _____________________, para fins de elaboração do Estudo de disponibilidade hídrica do Zoneamento Ambiental e Produtivo – ZAP da sub-bacia em questão. Declaro que os dados obtidos, por meio do Relatório dos usuários de água da sub-bacia, serão utilizados apenas para os fins determinados acima, sob penas da lei. ___________________________________________________ (Assinatura) _________________________________________ (Cargo ou profissão) À Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SEMAD Superintendência de Regularização Ambiental - SURA Cidade Administrativa de Minas Gerais - CAMG Rodovia Prefeito Américo Gianetti, s/n.º - Edíficio Minas - 2º andar Bairro Serra Verde - BH/MG CEP: 31.630-90 57