Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Cassia leptophylla Vog. EM DIFERENTES TRATAMENTOS DE QUEBRA DE DORMÊNCIA Alexandre Techy de Almeida Garrett, Michiko Nakai de Araujo, Antonio José de Araujo, Andrea Nogueira Dias Departamento de Engenharia Florestal – UNICENTRO – Universidade Estadual do Centro-Oeste, BR 153 Km 7 - Riozinho, 84500-000, Irati/Paraná, [email protected] RESUMO O objetivo deste trabalho foi avaliar diferentes tratamentos para a superação de dormência de sementes de Cassia leptophylla Vog. Foi utilizado o delineamento de blocos completos ao acaso, com quatro repetições (blocos), cinco tratamentos e 100 sementes por parcela. Os cinco tratamentos de quebra de dormência foram: água à temperatura ambiente por 24h; água à temperatura de 80ºC e imersão por 24h; escarificação mecânica; ácido sulfúrico por 3 minutos e ácido sulfúrico por 30 minutos. Os tratamentos que apresentaram melhores resultados foram a aplicação de ácido sulfúrico por 30 minutos e a escarificação mecânica lateral. Introdução O desmatamento e o aumento da urbanização têm gerado a necessidade de manter os ambientes naturais remanescentes e de recompor áreas, principalmente nas próprias cidades, na forma de praças, parques e arborização urbana. Busca-se, assim, criar um ambiente de melhor qualidade de vida para a população. Para atingir esse objetivo é necessário definir as espécies a serem utilizadas. A escolha de espécies nativas regionais para uso em arborização urbana é uma opção ecologicamente adequada. A espécie objeto deste trabalho, Cassia leptophylla Vog., é muito utilizada para fins ornamentais. É nativa nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (BIONDI, 2005; CARVALHO, 2008). Essa espécie tem muitos nomes populares, sendo que na Lista de Espécies Florestais para Inscrição no RNC (Registro Nacional de Cultivares) é sugerido o nome popular de cássia-barbatimão (BRASIL, 2009). Um dos problemas na produção de mudas é a superação da dormência. A dormência é uma adaptação para a sobrevivência das espécies a longo prazo, pois geralmente faz com que as sementes mantenham-se viáveis por maior período de tempo (OLIVEIRA, 2007). O objetivo deste trabalho foi de estudar qual o melhor método para a superação de dormência de Cassia leptophylla. Desenvolvimento Material e Métodos O projeto foi desenvolvido no Laboratório de Gestão Ambiental e no viveiro florestal do Departamento de Engenharia Florestal (DEF) da UNICENTRO em Irati, PR, no período de novembro de 2008, quando foram aplicados os tratamentos de quebra de dormência em laboratório, a fevereiro de 2009. No viveiro as mudas permaneceram em casa de sombra, com sombreamento de Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais 50%. O clima é do tipo Cfb – temperado sempre úmido, com verão suave e inverno seco, com geadas freqüentes (IRATI, 2010). O experimento foi realizado utilizando-se o delineamento de blocos completos ao acaso, com quatro repetições (blocos), cinco tratamentos e 100 sementes por parcela. As sementes de Cassia leptophylla foram do lote de sementes LS 08085, registrado no Laboratório de Silvicultura do DEF. Os tratamentos consistiram de imersão em água quente, escarificação mecânica e escarificação química. O tratamento testemunha consistiu da imersão das sementes em água fria por 24 horas. O tratamento em água quente foi realizado com a imersão das sementes em água à temperatura inicial de 80ºC, permanecendo nessa mesma água, sem aquecimento, por 24 horas. A escarificação mecânica foi efetuada na lateral da semente, para evitar danos ao embrião, com profundidade de 1 mm, utilizando-se uma lixa 3M, P-80 e subsequente imersão em água à temperatura ambiente por 24 horas. No dia seguinte foram realizados os tratamentos com ácido sulfúrico de modo que a semeadura em bandejas de todos os tratamentos ocorresse ao mesmo tempo. Eles consistiram em banho das sementes em 200 ml de ácido sulfúrico por 3 minutos ou 30 minutos em um béquer de vidro, seguido de lavagem em água corrente. Em ambos os tratamentos com ácido sulfúrico foi utilizado um bastão de vidro para mexer a solução de ácido sulfúrico de modo a tornar a ação do ácido mais homogênea. Em resumo os cinco tratamentos foram: ►Tratamento 1: testemunha (imersão em água fria por 24 horas); ►Tratamento 2: água quente a 80°C e imersão por 24 horas; ►Tratamento 3: escarificação mecânica lateral e imersão por 24 horas; ►Tratamento 4: banho em ácido sulfúrico por três minutos e lavagem em água corrente; ►Tratamento 5: banho em ácido sulfúrico por trinta minutos e lavagem em água corrente. Em todos os tratamentos as sementes que estavam murchas ou que apresentavam sinais aparentes de dano foram descartadas. Foram semeadas 100 sementes em cada bandeja de germinação, totalizando 2000 sementes. Resultados e Discussão Os tratamentos que apresentaram melhores resultados na germinação de Cassia leptophylla foram a aplicação de ácido sulfúrico por 30 minutos e a escarificação mecânica lateral. A porcentagem média de germinação dos cinco tratamentos estão apresentados na tabela 1. Os resultados obtidos estão de acordo com os mencionados por Carvalho (2008) que variam de 50% a 97% para sementes submetidas a tratamentos de superação de dormência. A análise de variância (ANOVA) indicou que não houve diferença entre blocos. Já para os tratamentos utilizados, houve significativa diferença entre eles. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey. Os tratamentos 3 e 5, são iguais estatisticamente, diferindo dos demais tratamentos (1, 2 e 4). O tratamento 5 apresentou um desvio padrão menor (em torno de metade do desvio observado para o tratamento 3) ou seja uma germinação mais uniforme, que é desejável no processo de germinação e produção de mudas. Os dois melhores tratamentos resultaram numa germinação cerca de 88% superior à testemunha. Tabela 1 - Porcentagem média de germinação dos tratamentos de quebra de dormência em Cassia leptophylla Tratamento % de Germinação 1 42,00 2 48,00 3 79,00 4 52,75 5 79,25 Anais do II Seminário de Atualização Florestal e XI Semana de Estudos Florestais Figura 1 - Porcentagem média de germinação de cinco tratamentos de quebra de dormência em Cassia leptophylla 90 79,25 % 79 % 80 Germinação em % 70 60 50 52,75 % 48 % 42 % Tratamento 1 Tratamento 2 40 Tratamento 3 30 Tratamento 4 20 Tratamento 5 10 0 Média dos Tratamentos nos quatro blócos Conclusões Para a quebra de dormência de Cassia leptophylla os tratamentos que apresentaram melhores resultados foram a aplicação de ácido sulfúrico por 30 minutos, seguida de lavagem em água corrente e a escarificação mecânica lateral, seguida de imersão em água por 24 horas. Referências BIONDI, D.; ALTHAUS, M. Árvores de rua de Curitiba: cultivo e manejo. Curitiba: FUPEF. 2005, 182 p. BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Lista de espécies florestais para inscrição no RNC. 25 p. 2009. CARVALHO, P. E. R. Grinalda-de-Noiva (Cassia leptophylla). Colombo, PR: EMBRAPA FLORESTAS. Circular Técnica 151, Outubro 2008, 6 p. Disponível em: http://www.cnpf.embrapa.br/publica/circtec/edicoes/circ-tec151.pdf. Acesso em: 5 mar 2010. IRATI – Prefeitura Municipal. O Município Clima. http://www.irati.pr.gov.br/municipio/clima.asp. Acesso em: 25 fev 2010. Disponível em: OLIVEIRA, O. dos S. Tecnologia de Sementes Florestais. Curitiba: Imprensa Universitária. 2007.