vivalgarve
Suplemento integrante do jornal «Algarve 123» n.º 588 que não pode ser vendido separadamente.
Cultura e Sociedade
Life and Culture
Kultur und mehr
13/08/2009
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«Mobilehome»
Arte feita aqui • Art made here • Kunst vor Ort geschaffen
Não é apenas mais uma exposição. é o resultado
do projecto «Mobilehome – Curso Experimental
de Arte Contemporânea» que envolveu 25 artistas
sediados no Algarve, na maioria ligados às artes
visuais. Também não é para ver numa galeria,
mas sim num antigo lagar de azeite, no centro
de Loulé, alunos e formadores trabalharam em
conjunto ao longo das últimas cinco semanas.
Fotografia, desenho, pintura, escultura, colagens,
vídeo e instalação são algumas das propostas que
poderá ver no Lagar das Portas do Céu, até 27 de
Setembro.
This is not just another exhibition. It is the
culmination of the project “Mobilehome – Curso
Experimental de Arte Contemporanea” (experimental
contemporary art course), which involved more than
25 artists from the Algarve - most of whom create
visual art. It is not on display in a gallery, but in an old
olive oil factory in the centre of Loulé, where teachers
and students have worked alongside each other for
the last five weeks. Photography, drawings, paintings,
sculptures, video clips/ collages are just some of the
items on display at the Lagar das Portas do Céu until
27th September.
Es handelt sich hier nicht einfach nur um eine weitere
Ausstellung. Es ist das Resultat des Projektes “Mobilehome”,
bei dem 25 Künstler aus der Algarve mitwirken. Die
meisten von ihnen stehen mit der Visuellen Kunst in
Verbindung. Auch befindet sich diese Ausstellung nicht in
einer gewöhnlichen Galerie, sondern in einer ehemaligen
Olivenölkelterei im Herzen von Loulé, wo die Schüler und
Ausbilder in den letzten fünf Wochen gemeinsam gearbeitet
haben. Fotografien, Zeichnungen, Gemälde, Skulpturen,
Videocollagen und Installationen gehören zu den Werken, die
man sich bis zum 27. September im «Lagar das Portas do
Céu» anschauen kann.
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vivalgarve
13/08/09
tema de capa
03
Texto: Bruno Filipe Pires (PT); Traduções: Sally Goodchild (EN), Julia Bragança (DE)
mais algarve
Trabalhos de:
Alexandre Lima
Cândida Paz
Carla Cabanas
Christine Henry
Esther Andres
Francisco Lobo
Gustavo Jesus
Isabel Macieira
João Viegas
Jorge Graça
Jorge Simão
José Nuno Lamas/
Valter Ventura
Maria Trindade
Meinke Flesseman
Miguel Cheta
Milita
Otelo Fabião
Paula Tojal
Paulo Serra
Sara Almiro
Sílvia Traistaru
Teresa Calem
Teresa Ramos
Vasco Célio
No início de Junho passado, a autarquia de Loulé divulgou
a abertura das inscrições para um curso experimental de arte
contemporânea. Os destinatários seriam artistas com formação
e/ou actividade no campo das artes visuais. Aberto a apenas 25
candidatos, os participantes foram seleccionados qualitativamente
a partir da análise da carta de motivação, do currículo e do portfolio
com trabalhos recentes.
“São artistas de grande qualidade que durante cinco semanas
tiveram oportunidade de confrontar as suas ideias com as de
pessoas que são respeitadas no contexto internacional da arte
contemporânea”, explica Nuno Faria, curador deste projecto e
programador do futuro Museu de Arte Contemporânea de Faro.
O curso desenvolveu-se em três locais diferentes - Querença,
onde decorreu a parte teórica (seminários), no Palácio da Fonte da
Pipa (conferências/masterclasses) e no Lagar das Portas do Céu
(parte prática), que abre agora as portas ao público para mostrar os
resultados.
Há muito para ver. E é apenas uma parte do que foi feito. “Foi
muito difícil seleccionar os trabalhos porque os participantes
revelaram uma grande perspicácia, um grande refinamento
conceptual, e portanto, o resultado foi muito denso”, considera Faria.
O antigo lagar, semi-arruinado e de paredes cruas (quase no
domínio da arquelogia industrial), está em perfeita sintonia com
o carácter experimental do curso. A cada canto há desenhos,
fotografias, pinturas. Vários trabalhos artísticos são exibidos nas
mesmas mesas onde os artistas trabalharam, iluminados de forma
simples, através de candeeiros de secretária.
“Este é um espaço que eu conheço bem. Descobri-o o ano passado,
quando estava a trabalhar na organização do programa «Allgarve».
Aqui decorreu a exposição «Reacções em Cadeia» pensada pelo
arquitecto Luís Tavares Pereira. É um espaço que tem memória da
arquitectura local e um passado muito forte nas pessoas da terra”,
conta Nuno Faria.
As tulhas servem como “mini-museus”. “Foi uma ideia muito
interessante do artista cubano Diango Hernandez” (um dos
formadores que veio de Dusseldorf), revela Meinke Flesseman.
Questionada acerca do que achou do curso, a pintora holandesa
radicada em Lagoa diz que “para todos nós foi uma viagem incrível.
Cada um sentiu-o à sua maneira, mas penso que vai sem dúvida
influenciar tudo o que fizermos no futuro”.
“Aprendi a estar em grupo, que é uma coisa nova para mim. Nos
meus dias, isso é algo complicadíssimo”, considerou Paulo Serra.
Este pintor de Faro refere-se ao isolamento próprio dos artistas,
que acabam por ficar fechados nos seus próprios ateliers durante
muitas horas. Por isso, uma das preocupações do curso foi promover
a proximidade entre todos os envolvidos. Um exemplo de criação
conjunta, é a pintura mural no interior do lagar. “Foi um desafio
conceptual lançado por Jaroslaw Flicinski, artista polaco que veio
ensinar a pintura mural contemporânea”, revela Flesseman.
A crítica mais frequente ao programa «Allgarve» é o facto da
maioria das exposições vir encaixotada para a região, e no final do
Verão, regressar de novo às origens.
De acordo com Nuno Faria, esta iniciativa poderá contribuir para
que futuramente, os artistas da região, possam ter um papel mais
participativo e interventivo no programa.
“Uma coisa que rareia aqui no Algarve são as instâncias críticas,
de debate. Falta o confronto de ideias de agentes que tenham coisas
a dizer, apoiadas num trabalho sólido. Portanto, não tenho dúvidas
nenhumas que o que sai daqui é uma força colectiva, um grupo de
pessoas dispostas a fazer coisas pela comunidade e a desenvolver
o seu trabalho de uma forma ainda mais consistente”, conclui o
curador.
O Lagar das Portas do Céu (Rua Eça de Queiroz, Loulé) está aberto
ao público de terça-feira a domingo, das 17h00 às 23h00, e ao
sábado, das 10h00 às 13h00 e das 17h00 às 23h00.
At the beginning of June, Loulé council opened up
inscriptions for an experimental contemporary art course. The
applicants had to be artists involved in visual arts. It was open
to just 25 candidates, and they were chosen based on their
letter of motivation, curriculum vitae and portfolio of recent
works.
Those chosen “are quality artists who for five weeks were
given the opportunity to show their ideas to internationallyrecognised members of the contemporary art world”, explains
Nuno Faria, the project’s curator as well as programmer for
the future Museum of Contemporary Art, in Faro.
The course was held in three different locations – Querença,
where the theory parts were held (seminars), the Palácio da
Fonte da Pipa (for conferences/ masterclasses), and in Lagar
das Portas do Céu (for practical work). It is this third venue
that is now opening its doors to show the results to the public.
There is a lot to see - but it’s just a fraction of what was
actually produced. “It was very difficult to choose which
works to display, as the participants revealed a great
perspective, a great conceptual refinement, and thus, the end
result was substantial”, reflects Faria.
The old factory, now semi-ruined with bare walls, is in
tune with the experimental nature of the course. There are
drawings, photographs and paintings in every corner. There
are works of art spread over tables where the artists worked
– illuminated simply by desk lamps.
“This is a space I know well. I discovered it last year when
I was working for the «Allgarve» organisation. The «Reacções
em Cadeia» exhibition, presented by the architect Luís
Tavares Pereira was held here. It is a venue that is typical of
traditional local architecture, with a strong link to Portuguese
heritage”, says Nuno Faria.
Washing tubs used for the olives serve the purpose of
“mini-museums”. This was a very interesting concept from
Cuban artist Diango Hernandez, from Dusseldorf, says Meinke
Flesseman, one of the participating artists.
When asked about the course, Flesseman, a Dutch painter
who lives in Lagoa, said “for all of us it was an incredible
journey. Each one of us felt it in a different way, but I think
that it will undoubtedly influence everything we do in the
future”.
“I learnt to be part of a group – which is something new for
me. In my day, it was too complicated”, Paulo Serra – a painter
from Faro – considered. Serra talked of the isolation of artists,
who can be shut away in their workshops for hours on end.
An example of creative unity, which was also one of the
main objectives of the course, is a mural painting inside the
factory. “It was a conceptual challenge initiated by Jaroslaw
Flicinski, the Polish artist who came to teach contemporary
mural painting”, Faria reveals. One of the main criticisms of
the «Allgarve» programme, is that the majority of exhibitions
that come to the region pack up and go home at the end of the
summer.
According to Nuno Faria, this latest initiative could
contribute to local artists having a more involved and
interventive role in the future.
“Critical debates are a rarity here in the Algarve. There is
a definite lack of ideas put forth by those who have something
to say, which are supported by hard work. Therefore I have
no doubt that from this will come a collective force, a group
of people prepared to do things for the community and evolve
their work in a more permanent way”, he concludes.
Lagar das Portas de Céu (Rua Eça de Queiroz, Loulé) is open
to the public from Tuesdays to Sundays, from 5pm to 11pm, and
on Saturdays from 10am to 1pm and 5pm to 11pm.
Anfang vergangenen Juni eröffnete die Stadtverwaltung
Loulé die Einschreibemöglichkeiten zu einem experimentellem
zeitgenössischem Kunstkurs. Die Bewerber sollten Künstler aus
dem Bereich „Visuelle Kunst“ sein. Die Teilnehmerzahl war auf 25
beschränkt, und sie wurden anhand ihres Begründungsschreiben,
Lebenslaufs und Portfólio mit ihren jüngsten Arbeiten ausgewählt.
“Es sind Künstler von höchster Güte, die fünf Wochen lang
die Gelegenheit hatten, ihre Ideen international anerkannten
kontemporären Künstlern vorzustellen”, erklärt Nuno Faria, Kurator
des Projektes und Programmleiter des zukünftigen «Museu de Arte
Contemporânea» de Faro.
Der Kurs fand an drei unterschiedlichen Orten statt: in
Querença, wo in Seminaren die Theorie vermittelt wurde, im
Palácio da Fonte da Pipa (Konferenzen und Meisterklassen)
und im Lagar das Portas do Céu (praktischer Teil), das der
Öffentlichkeit nun seine Türen geöffnet hat, um die Resultate zu
präsentieren.
Es gibt dort viel zu sehen, obwohl es nur ein kleiner Teil von dem
ist, was geschaffen wurde. “Die Auswahl der Ausstellungsstücke
war nicht einfach, weil die Teilnehmer viel Weitblick und
konzeptionelle Rafinesse entwickelt haben. Daher war das
Ergebnis sehr kompakt”, sinnt Faria.
Die alte Kelterei, die mit ihren rohen Wänden inzwischen fast
eine Ruine ist, passt zu dem experimentellen Charakter des
Kurses. In jeder Ecke befinden sich Zeichnungen, Fotografien,
Gemälde. Einige Arbeiten liegen auf den Arbeitsplätzen der
Künstler ausgebreitet, ganz einfach mit einer Schreibtischleuchte
illuminiert.
“Diesen Ort kenne ich sehr gut. Ich habe ihn letztes Jahr
entdeckt, als ich für die Organisation «Allgarve» gearbeitet habe.
Die Ausstellung «Reacções em Cadeia» von dem Architekten
Luís Tavares Pereira hat hier stattgefunden. Dieser Ort steckt
voller Erinnerungen an die traditionelle lokale Architektur und
hält eine starke Verbindung zu den Landsleuten”, berichtet Nuno
Faria. Die Öltanks dienen als “Mini-Museen”. “Diese äußerst
interessante Idee stammt von dem kubanischem Künstler aus
Düsseldorf Diango Hernandez”, sagt Meinke Flesseman, eine der
Teilnehmerinnen.
Zu dem Kurs befragt, sagt die holländische Malerin, die in
Lagoa lebt:“Es war für uns alle eine unglaubliche Reise. Jeder
von uns empfand auf ganz eigene Weise, aber ich glaube, es
wird alles, was wir in Zukunft tun, stark beeinflussen.“ „Ich habe
gelernt, ein Teil einer Gruppe zu sein, was mir neu war. Zu meiner
Zeit war das etwas kompliziert”, berichtet Paulo Serra, ein Maler
aus Faro. Er bezieht sich auf die Einsamkeit der Künstler, die sich
stundenlang in ihre Ateliers zurückziehen.
Ein Beispiel kreativer Gemeinschaft, das ebenfalls zu den
Zielen des Kurses gehört hat, sind die Wandmalereien in der
Ölkelterei. “Es war eine konzeptionelle Herausforderung, die uns
Jaroslaw Flicinski, polnischer Maler, der als Dozent zu diesem
Thema kam, gestellt hat”, erklärt er.
Eine der Hauptkritikpunkte an dem Programm von «Allgarve»,
ist die Tatsache, dass die meisten Ausstellungen in der Region
am Ende des Sommers wieder eingepackt werden und an ihren
Ursprungsort zurückgehen. Laut Nuno Faria könnte diese jüngste
Initiative für die Künstler aus der Region in Zukunft größere
Einbindung und Intervention bedeuten.
“Etwas, das an der Algarve auch noch sehr selten ist, sind
kritische Diskussionen. Es fehlen die Ideen derjenigen, die etwas
zu sagen haben, unterstützt von solider Arbeit. Ich habe keinen
Zweifel daran, dass von hier eine kollektive Kraft ausgeht, eine
Gruppe Personen, die bereit sind, Dinge für die Gemeinschaft zu
tun und ihre Arbeiten auf beständige Weise weiterentwickeln”,
schließt der Kurator.
O Lagar ist von Dienstag bis Sonntag, 17 bis 23 Uhr, geöffnet,
und samstags von 10 bis 13 Uhr und 17 bis 23 Uhr.
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«Mobilehome»