ID: 29244259
12-03-2010 | Finanças Pessoais
Tiragem: 24843
Pág: VII
País: Portugal
Cores: Cor
Period.: Semanal
Área: 7,07 x 34,78 cm²
Âmbito: Economia, Negócios e.
Corte: 1 de 1
RUI CASTRO PACHECO
Direcção de investimentos do Banco Best
‘It’s the end
of the world
as we know it’
Descubra o que há de comum
entre uma música dos R.E.M e
o estado da economia mundial.
Há vinte e poucos anos, mais
precisamente no seu álbum ‘Document’
de 1987, os R.E.M. lançavam uma faixa
intitulada “It’s the end of the world as
we know it”. Olhando para o que era o
mundo há umas décadas, para o que é
hoje e tentado perspectivar o que serão
os próximos anos, vem-me à memória o
refrão desta canção… será que é o fim do
mundo tal como o conhecemos?
Há umas décadas, as economias
desenvolvidas lideradas pelos Estados
Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido,
dominavam o crescimento económico
mundial. As economias emergentes e em
desenvolvimento estavam totalmente
dependentes dos mercados
desenvolvidos quer para escoar as suas
exportações, quer para manter os fluxos
de capitais que suportavam os seus altos
défices e endividamentos. Os países
desenvolvidos tinham o conhecimento,
altos níveis de escolaridade e acesso à
informação e alto valor acrescentado na
sua produção de bens e serviços,
enquanto as economias emergentes
tinham baixa escolaridade, baixo valor
acrescentado na sua produção e
deficientes redes de comunicação quer
de transportes quer de informação. Não
raras vezes, vimos países a terem sérias
crises económicas, a desvalorizarem as
suas moedas e a renegociarem a sua
dívida.
Hoje, vemos as economias desenvolvidas
altamente endividadas, com défices
elevados e a emitir dívida, ao mesmo
tempo que vários países emergentes
conseguiram ultrapassar a crise mundial
com um nível de turbulência nada
comparável ao passado. As economias
emergentes provaram que estão hoje
menos dependentes das desenvolvidas e
que os seus níveis de endividamento,
com algumas excepções, são bastante
saudáveis. Ao nível da educação, vemos
todos os anos milhões de jovens
terminarem a sua formação superior nos
países emergentes... e não se pense que a
sua formação é inferior à dos países
desenvolvidos. Em termos de
comunicações, a penetração de
telemóveis e o acesso à internet crescem
a cada dia que passa e muitos países
estão a fazer um esforço de
modernização das suas infra-estruturas
de transportes de pessoas e mercadorias.
Como podem, nos próximos anos, os
países desenvolvidos competir com
países menos endividados, com níveis de
instrução semelhantes, com salários
muito mais competitivos e a subirem na
cadeia de valor? Possivelmente, mesmo
com os emergentes a “subir”, os
desenvolvidos poderão ter que “descer”
até se encontrarem novos equilíbrios.■
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`It`s the end of the world as we know it`