3ª AULA
FRASE, ORAÇÃO, PERÍODO
1- Frase
Para o clássico tanto uma interjeição “Oh!” quanto uma frase elaborada em torno de um
verbo eram frases ou orações, para a gramática moderna, frase é a palavra ou palavras (mesmo a
mera interjeição) com sentido completo, e a oração é a idéia lógica centrada em torno de um verbo.
São dois os tipos:
a) Frase nominal - trata-se da frase em que há menos elaboração. Tem conteúdo significativo,
embora se opere na área da semântica por não estar centrada em torno de um verbo.
Ex: “Homem pequenino, ou embusteiro, ou bailarino”; “cabelos longos; idéias curtas...”
Na propaganda:
Ex: “Duas gotas, dois minutos.
Dois olhos claros e bonitos”.
b- Frase verbal – por estar concentrada num verbo e apresentar formas de comunicação de
maior dimensão, é a frase mais desenvolvida.
Chama-se articulada, oracional ou verbal.
2- Oração
Unidade gramatical desenvolvida em torno de um eixo verbal: oração ou frase verbal
EX: “A pesquisa de Joaquim Arruda Falcão leva-nos a outras áreas” (José Reinaldo L.Lopes)
“No Brasil, a inquietude democrática agita todas as forças vivas da nação.” (Shelma
Lombardi Kato)
3- Período
Unidade gramatical que se constitui de uma ou mais orações concluídas por ponto final ou
ouro sinal.
SIMPLES – uma só oração; COMPOSTO –duas ou mais orações
EX: “Esta foi mais uma causa do aumento dos litígios judiciais.” (Boaventura de Souza Santos)
“Não se trata de um problema novo.” (Boaventura S. Santos)
“Trata-se de uma cultura que ultrapassa os limites fixados pela dogmática tradicional e nem
por isso é ideológica ou irracional.” (José Eduardo Faria)
ESTRUTURA DA FRASE
As combinações: coordenação e subordinação
Coordenação: etimologicamente – cum + ordinare, isto é ordenar com, ordem em conjunto.
(equivalência)
EX: Ele saiu, mas ainda não voltou.
Subordinação:
Se uma oração for parte da outra, ela não dispõe de autonomia; fala-se, nesse caso de
subordinação ou dependência.
EX: “Dizemos que há flagrante quando o crime está sendo cometido.” (Adauto Suannes)
Período misto:
“São atos jurídicos os que derivam da vontade humana e que produzem efeitos legais.”
Feição estilística da frase e discurso jurídico
As principais modalidades estilísticas frasais são:
a)Frase arrastão: seqüência cronológica de coordenações. São muito utilizadas na linguagem infantil.
É totalmente imprópria para o jurista.
O julgamento iniciou e o juiz deu a palavra ao advogado e este apresentou sua tese com
entusiasmo, mas os jurados não aceitaram a legítima defesa e condenaram o réu.
b) Frase ladainha: variante da frase de arrastão, construída com excesso de polissíndeto da
conjunção e, sem dar à frase tom retórico de gradação.
Apesar de não ser recomendado seu emprego, pode, no discurso jurídico, eventualmente ser
usada no discurso oral, com auxílio de recursos fônicos
O réu entrou na sala e caminhou lentamente em direção à vítima e a olhava friamente, com riso
perverso nos lábios e balançava uma faca brilhante e afiada na mão direita e, com violência, enfiou
o instrumento perfurante no ventre da mísera mulher.
O recurso poderá demonstrar a crueldade do ato criminoso, se usado com habilidade.
c) Frase entrecortada: também imprópria ao discurso jurídico
O réu entrou na sala. Estava abatido. Sentou-se. Colocando as mãos na cabeça. Ela estava
abaixada. Ele parecia desanimado. Ele previa o resultado adverso. Ele esperava a condenação.
d) Frase fragmentária: variante da frase entrecortada, apresenta rupturas na construção frásica.
Não deve ser usada no discurso jurídico, salvo se ocorrer elipse gramatical retórica.
Condenado o réu, será encaminhado a presídio de segurança máxima.
e) Frase labiríntica: excesso de subordinações, dividindo-se a frase em idéias secundárias.
O Direito é, antes de tudo, a aplicação da lei imperativa, não convidando seus subordinados a
obedecer a ela, por exigir seu acatamento, sendo a norma jurídica a vontade do ordenamento
jurídico.
f) Frase caótica: estrutura frásica desorganizada, sem logicidade semântico-sintática, inaceitável no
discurso jurídico. (Apelidada de fluxo da consciência).
No discurso jurídico, o emprego adequado é o da medida retórica, a saber:
a) Período simples:expansão moderna da estrutura sintática mínima, evitando frases
entrecortadas.
O réu atacou a vítima. Estrutura sintática mínima
Suj VTD OD
O réu, de inopino, atacou a indefesa vítima.
b) Período composto: medida retórica = três orações, com seguinte esquema:
___________, __________, _________ = 1 frase/ período
1ª Oração
2ª Oração
3ª Oração
c) Parágrafo gráfico: medida retórica = Três frases, com o seguinte esquema:
__________,__________,_________.F1 _________,__________,__________F2
1ªoração
2ªoração
3ª oração
1ª oração
2ª oração 3ª oração
__________, __________,___________F3
d) Parágrafo formal: medida retórica = três argumentos no desenvolvimento do discurso, com o
seguinte esquema.
Introdução
Desenvolvimento { idéia 1
idéia 2
idéia 3
conclusão
Atendida a medida retórica, cada parágrafo gráfico terá, em média, seis linhas, perfazendo 30
linhas, medida retórica redacional, todavia não há rigidez retórica.
4ª AULA (30/09/05)
O PARÁGRAFO JURÍDICO
“Parágrafo é a unidade de composição do texto que apresenta uma idéia básica à
qual se agregam idéias secundárias (idéia principal + suas ramificações), relacionadas pelo sentido.
Conceituando-se parágrafo como unidade de idéias, verifica-se que o parágrafo de descrição
corresponde a cada objeto descrito; o parágrafo de narração reflete cada fato da seqüência
narrada; o de dissertação corresponde a cada argumento ou raciocínio”. 1
De maneira geral, nos textos bem escritos, cada parágrafo deve conter apenas uma idéia
principal.
Um parágrafo deve apresentar quatro qualidades fundamentais:
Clareza Depende, em grande parte, da seleção das palavras. A palavra adequada
concorre para que o parágrafo se torne de fácil compreensão e de leitura agradável.
Concisão
Não é aconselhável estender demasiadamente as exemplificações e os
desdobramentos da idéia principal. A concisão, contudo, não deve ser alcançada em
detrimento da clareza.
Unidade
Unidade é uma questão de ordem; sem ordem, o processo se torna dispersivo,
se não caótico, perdendo-se a noção de conjunto. Há de haver uma mesma linha de
raciocínio que agrupe as idéias, uma só linha que cosa o parágrafo todo. Com unidade e
continuidade é que se dá a coerência.
Ex: Cap. 2 – O Direito como valor – Do livro Introdução ao estudo do Direito, de A.
Machado Paupério(199:45)
“É um truísmo afirmar que o homem é um animal social.E que à sociedade muito deve
quanto à sua formação física, psicológica e moral.
O convívio social é fator importantíssimo de evolução das próprias idéias humanas. Sem
ele, o homem estaria privado do exemplo, da educação, do coforto material e de todos os bens,
em geral, que só se conseguem pelo esforço cooperativo de todos os membros da comunidade.
A essência de qualquer sociedade é a reunião moral dos homens ordenada ao Bem
Comum.
Para a consecução desse Bem Comum, é preciso que os interesses privados se
subordinem aos interesses supremos da comunidade. Daí temos a justiça social, conjunto de
direitos e deveres característicos ao Bem Comum.
Para a consecução desse Bem Comum, há de imperar na sociedade o Direito, conjunto de
condições existenciais dela própria.”
Todas as frases e parágrafos gravitam em torno de uma idéia central – O sentido
axiológico do Direito enquanto conseqüência da vida em sociedade. Há, portanto UNIDADE ao
texto.
Coerência
O conjunto de unidades sistematizadas numa adequada relação semântica
configura a coerência.
Ênfase É indispensável dar ênfase à idéia-núcleo, quer pela posição dos termos nas
orações e nas frases no texto, quer pela expressividade dada ao pensamento chave, ou seja,
a proposta temática.
Alguns auxiliares da ênfase:
a) A técnica de intercalar aos parágrafos curtos os de média extensão .
b) A voz ativa, porque realça a ação do agente.
c) As repetições intencionais, sem contudo prejudicar a coesão.
d) O aspecto verbal para marcar o momento do processo verbal.
Ex: A violência do réu acabou por ofender a integridade física da vítima.
“A tarde ia morrendo...”
e)A pontuação:funciona como condutor do pensamento do autor e marco de
expressividade das idéias.
O parágrafo pode ser considerado um micro texto e, como tal, não prescinde da delimitação
do assunto e fixação do objetivo. Método simples e prático de apresentar esses dois requisitos
indispensáveis é responder às questões:
O que? (delimitação)
Para que? (fixação do objetivo)
Assim como sucede com o texto, o parágrafo deve conter introdução, desenvolvimento e
conclusão.
Tópico frasal
O tópico frasal, ou idéia-núcleo, orienta o desenvolvimento do parágrafo e possibilita ao
redator manter-se coerente com as idéias expostas, policiando o desenvolvimento das idéias para
que o parágrafo não fuja do objetivo determinado. O tópico frasal introduz o assunto, ainda que de
forma geral. Portanto é uma frase sintética que traça a direção que o desenvolvimento deve seguir.
Ele indica ao autor os limites das idéias que pode explanar no parágrafo.
É o exórdio ou introdução do tema.
EX: “Não há cidadania sem efeito acesso à justiça. Não há acesso à justiça se esta apenas
atende à parcela da população que consegue desfrutar os recursos mal distribuídos da sociedade
de consumo. Não há acesso à justiça se grande parte da população não detém os meios
concretos para exercê-lo , e socorre-se de mecanismos primitivos de justiça privada, em que a
violência converte-se no cenário do cotidiano. Não há acesso à justiça quando o Estado se revela
impotente para responder às demandas reais da sociedade, inclusive através do seu poder
competente: o Judiciário.”
O tópico contém a idéia-chave, apresentada de forma genérica; a seguir especifica-se pela
repetição de mesma frase:”não há acesso à justiça”
Técnicas de iniciar parágrafos: a) declaração inicial
b) definição
c) alusão histórica
d) interrogação
e) divisão
Exercícios
1. Aos parágrafos abaixo falta a frase –núcleo. Após cada um, são apresentadas duas frases.
Indique qual delas seria a frase-núcleo mais adequada para o parágrafo.
A )Pesquisas mostram que as crianças que assistem por mais tempo à televisão são aquelas que
possuem pais mais autoritários e mais frustrantes. Assim também, o uso da televisão depende das
relações das crianças com os seus “pares”: a criança que vive mais na família e menos com seus
colegas de idade assiste mais à televisão.
a) O maior ou menor interesse da criança pela televisão depende de características pessoais.
b) Por que algumas crianças se prendem à televisão mais que outras?
B) A influência da televisão, na verdade, parece depender menos da quantidade de violência
apresentada do que da imagem do mundo em geral que ela propõe ao espectador. O que importa
não é a quantidade da violência, mas o valor que lhe é atribuído pelos meios de comunicação de
massa.
a) Um personagem em cada cinco filmes televisados é um criminoso. Tanta violência influirá
sobre o comportamento do espectador?
b) A violência é um dos temas preferidos pela televisão, e muitos acreditam que a
apresentação de tanta violência influi negativamente sobre o comportamento do espectador.
C) Milhares de pessoas viram pela TV americana uma experiência em que plantas cresciam ao
som do grupo Led Zeppelin. Usando fotografias com lapso de tempo, a TV mostrava que as
plantas procuravam se afastar da fonte sonora. Através dessa ingênua, porém maquiavélica,
analogia, o documentário da TV pretendia provar que a música do Led Zeppelin não só era nociva
às plantas, mas também ao organismo humano. No nível subliminar, uma musica que “fazia mal”
às plantas em crescimento deveria por extensão afetar igualmente à juventude.
a) O alto índice de decibéis do rock não pode deixar de prejudicar o organismo humano.
b) Um dos principais temas de discussão em torno do rock é a influencia que pode ter sobre a
juventude.
2. Um parágrafo é uma unidade de informação construída a partir de uma idéia-núcleo. Sublinhe as
idéias-núcleo dos trechos a seguir:
a) Iluminação representa muito mais do que conforto. Iluminação é segurança, produção e lazer.
Iluminação é, mais do que tudo, melhoria de qualidade de vida, um importante fator de justiça
social.
b) Os americanos já chegaram a uma estatística aterradora: em 1991, cerca de cinqüenta e quatro
mil pessoas morreram de aids nos Estados Unidos, m número superior ao de americanos mortos
em combate durante toda a guerra do Vietnã.
3. Um parágrafo bem construído não pode incluir elementos que não estejam contidos na idéianúcleo. Sublinhe nos parágrafos a seguir as idéias irrelevantes.
a) Quando eu tinha quatro anos de idade e morava com uma tia viúva e já idosa, que passava a
maior parte do dia acariciando um gatarrão peludo, sentada numa velha e rangente cadeira de
balanço, na sala de jantar de nossa casa, que ficava nos subúrbios, próximo ao Hospital São
Sebastião, já era louco por futebol.
b) Os tomates, reconhecidos hoje como um alimento muito rico em vitaminas, especialmente em
vitamina C, que previne contra o escorbuto, enfermidade que em outros tempos foi o terror dos
marinheiros, foram considerados por nossos antepassados, até meados do século XVIII,
venenosos.
4. Crie um tópico frasal para o parágrafo abaixo, levando em conta as idéias de seu
desenvolvimento:
A maioria dos meninos de hoje acredita que as mulheres em geral – e a namorada
principalmente – merecem tratamento especial. E tem a absoluta certeza de que ser cavalheiro é
ser atencioso – o que cada um pode fazer do seu jeito, sem virar um namorado-polvo, com oito
braços para oferecer flores, bombons, abrir portas e puxar a cadeira para você sentar.
(Capricho, julho/92, p. 58)
Estrutura do parágrafo
Delimitação do assunto
Quem escreve, geralmente faz uma seleção do assunto a ser tratado, tornando-se o menos
genérico possível. Deve-se “filtrar”o que vai ser escrito, a fim de evitar perder-se no texto e/ou
misturar assuntos.
A delimitação é necessária para que se possa controlar o que vai ser escrito.
Exemplos:
Tema
Assunto
Delimitação do assunto
Tema
Assunto
Delimitação do assunto
Automóveis
Tipos de automóveis
Automóveis econômicos em consumo de combustível.
Rio de Janeiro
A história da cidade
Monumentos históricos da cidade
Download

Frase Para o clássico tanto uma interjeição “Oh!” quanto uma frase