Qualidade de vida e saúde sexual de mulheres e homens com idade igual ou superior a 60 anos que participam de grupos de convivência de Caxias do Sul Gabriela Bedin (Bosista PROBIC-FAPERGS), Eleonora Bedin Pasqualotto (Orientador(a)) Olívia Egger de Souza, Tainara Marcon Fincatto, Rulia Pedroso, Lucas Picolli Conzatti, Fábio Pasqualotto (Co-orientador) Introdução Resultados A pirâmide das idades mostra um envelhecimento progressivo da população, devido a progressos da medicina e de fatores ambientais, os quais proporcionam um aumento da expectativa de vida1. Sabe-se que o envelhecimento da população, acompanhado pela melhoria na qualidade de vida, vêm estimulando mudanças no comportamento sexual dessas pessoas. Pesquisas sobre o comportamento sexual da população brasileira, mostra que 39,2% do grupo que compreende a terceira idade, apresentam-se sexualmente ativos². Apesar disso, a sexualidade na terceira idade continua sendo um assunto envolto em preconceitos. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que havia um declínio da função sexual por volta dos cinqüenta anos, devido à menopausa feminina e às disfunções da ereção masculina1. No entanto, hoje sabese que raramente há deterioração da função sexual no envelhecimento normal quando o indivíduo encontra-se em condições satisfatórias de saúde1-3. Uma questão importante que necessita ser abordada sobre a sexualidade na população idosa é a grande prevalência de doenças sexualmente transmissíveis. Embora se observe um aumento nos casos de infecção pelo HIV e DST’s, essa população desconsidera a vulnerabilidade de contrair doenças sexualmente transmissíveis, através de comportamentos de risco, como sexo desprotegido2. Hoje, sabe-se que a qualidade de vida nesse grupo é uma abordagem importante de ser discutida, já que é influenciada e intimamente ligada a fatores biológicos, culturais e psicossociais. A amostra constitui-se por homens e mulheres com 60 anos ou mais que participam de um grupo de convivência de Caxias do Sul. Foram aplicados no total 154 questionários, sendo que 82,5% dos participantes eram mulheres e 17,5% homens. A média de idade foi de 66,83 (±5,270). Desses, 51,3% são casados, 31,8% divorciados, 10,4% viúvos e 6,5% solteiros. Apenas 16,2% não possuem filhos. Continuam exercendo suas atividades laborais, 27,9%. Em relação ao uso de preservativo masculino nas relações sexuais, 2,8% da amostra diz não fazer uso nunca. Quanto a doenças sexualmente transmissíveis, 8,4% já apresentaram, entre elas clamídia, sífilis e gonorreia. Da amostra, 66,9% tiveram um parceiro nos últimos 12 meses e 31,2% nenhum parceiro. Em relação às variáveis da qualidade de vida estudadas considerando a pontuação variando de 0 a 100 os entrevistados pontuaram: estado geral média de 62,7 (DP= ±24,4); capacidade funcional média de 69.4 (DP= ±26,5); aspecto social média de 75, 2 (DP= ±24,2); aspecto emocional média de 66,8 (DP= ±41,13). Quando comparadas estas variáveis com a presença ou não de sintomas (ansiedade, distúrbio do sono, fogachos ou diminuição da libido); status profissional; atividade sexual e companhia familiar não houve diferença significativa entre os grupos. Objetivo Avaliar o perfil socio-econômico e cultural e relacioná-los à qualidade de vida e à saúde sexual em homens e mulheres que participam de grupos de convivência em Caxias do Sul. Metodologia Estudo transversal cuja coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de dois questionários: um elaborado pela Liga Acadêmica da Saúde do Homem e da Mulher da Universidade de Caxias do Sul, para avaliar a saúde sexual dos participantes e outro, para avaliar a qualidade de vida dos participantes (SF-36). Os participantes, antes de responderem os questionários, leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram armazenados no Microsoft Excel e analisados no SPSS. Conclusão Sabe-se que são escassos no Brasil, estudos voltados para questões relacionadas à sexualidade na terceira idade, o que poderia contribuir para o planejamento da assistência da população no seu processo de envelhecimento. Além disso, reconhecer os fatores que influenciam a qualidade de vida do idoso também é uma maneira de aumentar ainda mais a expectativa de vida dessas pessoas. Os participantes do presente estudo foram idosos, casados, aposentados, grande maioria do sexo feminino, sexualmente ativos, com boa saúde sexual e acompanhamento médico regular. Em relação à prevalência de doenças sexualmente transmissíveis, esta é baixa, assim como a aderência ao uso de métodos de proteção de barreira. Apresentam-se com boa qualidade de vida em todos os parâmetros avaliados média maior que 60 pontos (varia de 0-100), sendo que o aspecto social obteve a maior média 75,2 pontos (0-100), o que pode constituir um viés, uma vez que os participantes do estudo frequentam grupos de convivência de idosos. Quando relacionada os maiores ou menores parâmetros de qualidade de vida com itens referentes à sexualidade, companhia no lar ou status profissional, não se pode estabelecer relação estatisticamente significativa. Referências Bibliográficas: 1- Vasconcellos, D. et al.. A sexualidade no processo do envelhecimento: novas perspectivas - comparação transcultural. Estudos de Psicologia 2004, 9(3), 413-419 2- Olivi, M; Santana, RG; Mathias, TAdeF. Comportamento, conhecimento e percepção de risco sobre doenças sexualmente transmissíveis em um grupo de pessoas com 50 anos e mais de idade. Rev Latino-am Enfermagem 2008 julho-agosto; 16(4) 3- Silva, RMO de. A sexualidade no envelhecer: um estudo com idosos em reabilitação. ACTA FISIÁTRICA 10(3): 107-112, 2003 4- Carreno I, Costa JSD. Uso de preservativos nas relações sexuais: estudo de base populacional. Rev Saúde Pública 2006 agosto; 40(4): 720-26.