Em 2008
Comida sobe 4 vezes mais do que inflação
Alimentos subiram 4,43% contra 1,1% de reajuste geral em RP
Euclides Oliveira
Nos quatro primeiros meses deste ano, em Ribeirão Preto, o preço dos alimentos subiu
quatro vezes mais do que a inflação acumulada no período. De acordo com
levantamento do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas (Nepe), do Instituto Moura
Lacerda, a inflação geral acumulada, entre janeiro e abril de 2008, foi de 1,10%,
enquanto o preço da alimentação teve alta de 4,43%.
Em 2007, no mesmo período, a alta dos alimentos foi de 3,24% e a inflação geral, de
2,03%, uma diferença de 59,5% e não de 400% como ocorre agora.
Nos últimos 12 meses, a inflação geral acumulada em Ribeirão foi de 3,89%. Nesse
mesmo período, os itens de alimentação subiram 10,39%.
Também no intervalo de 12 meses, o pão subiu 23,27% e ficou no topo dos dez itens
mais reajustados. Na outra ponta da tabela, o açúcar ficou 22,36% mais barato.
Segundo a economista Andréa Tonani, do Nepe, o quadro atual é decorrente das altas de
preço ocorridas a partir do segundo semestre do ano passado. Ela citou os repasses no
leite e no feijão como principais exemplos.
“Acredito que a tendência da pressão dos alimentos na inflação deve se manter neste
ano. Quando eles sobem mais do que outras coisas, quem paga essa conta é a família de
baixa renda, que chega a gastar 80% de seu orçamento com alimentação”, afirmou
Segundo Aurélio Mialich, diretor regional da Associação Paulista de Supermercados
(Apas), a constatação do Nepe não influiu no desempenho do setor.
Nos quatro primeiros meses de 2008, de acordo com ele, houve aumento médio de 8%
no comércio de alimentos na comparação com 2007. Foram pesquisados 230
supermercados ligados à Apas (95% do total), em 91 cidades da região.
“Os preços não devem voltar aos valores de antes, mas nossa classe não crê no retorno
da inflação alta, como ocorria antigamente”, comentou Mialich.
SOLUÇÃO CASEIRA
Consumidor substitui produtos
Duas donas-de-casa, entrevistadas por A Cidade em um supermercado de Ribeirão na
tarde de ontem, disseram ter deixado de consumir derivados de leite, como mozarela e
requeijão em copo, por conta da alta dos preços.<br />
“Gastava R$ 400 todo mês. Hoje, gasto de R$ 520 a R$ 550 para comprar os mesmos
produtos. A mozarela, por R$ 14,90 o quilo, está muito cara. O arroz e a carne também
subiram bastante”, disse a atendente Iracilde Florek, moradora no Jardim Paulistano.
No caso do leite longa vida, entretanto, Iracilde disse que a troca do produto por outro
mais barato nem sempre compensa, em função da qualidade inferior.
A dona-de-casa Arlete Gonzales Martins deixou o requeijão em copo de lado. Ela
também trocou a manteiga em tablete de 200 gramas (R$ 3,19) pelo pote de margarina
comum de 500 gramas (R$ 2,99). Ela economizou R$ 0,20 e ainda levou o dobro da
quantidade que consumia anteriormente. Arlete também economizou R$ 6 na tarde de
ontem, ao comprar 12 frascos de 900 ml óleo de soja a R$ 2,50 cada. Uma marca
tradicional, que ela estava habituada a consumir, era vendida a R$ 3.
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