Centro médico militar desenvolve vacina que reduz recorrência do câncer O Centro Médico Militar de San Antonio (Texas) desenvolveu uma vacina que reduz as taxas de recorrência do câncer de mama, informou nesta sexta-feira a Assessoria de Imprensa das Forças Armadas dos Estados Unidos. O diretor e pesquisador principal do Programa de Desenvolvimento de uma Vacina para o Câncer, George Peoples, disse que a vacina, denominada E-75, "passará em breve à fase final de testes para obter a aprovação da Direção de Alimentos e Remédios". O câncer de mama, explicou George à assessoria, é o tipo de câncer mais frequente entre as pessoas que recebem serviços do hospital militar em San Antonio. "Temos o compromisso de cuidar do pessoal em serviço ativo, seus cônjuges e os aposentados", acrescentou. A vacina, segundo explicou George, aponta para uma proteína que aparece, comumente, expressada em excesso nas células de câncer de mama chamada "receptor 2 do fator de crescimento epidérmico". As vacinas contra o câncer apontam a uma proteína ou antígeno expressado nas células do câncer, e George explicou que "a ideia é 'treinar' o sistema imunológico para que reconheça essa proteína, ou porção de proteína, que aparece em excesso nas células do câncer, mas não nas células normais". "Dessa forma o sistema imunológico pode diferenciar o normal do anormal", acrescentou. "Se o sistema de imunidade pode reconhecê-lo, basicamente, o marca para matá-lo". Esse conceito de vacina contra o câncer se manteve por longo tempo, mas a equipe de George tomou um caminho diferente. A grande maioria das vacinas, no passado, foi testada com pacientes cujo câncer estava nos períodos finais, mas uma vacina tem a intenção de estimular o sistema de imunidade, que é algo que não se encontra habitualmente nas pessoas com câncer terminal. "Não é para se surpreender com o fato de que muitas das vacinas testadas com pacientes na etapa final do câncer não tivessem bom resultado", disse George. A equipe em San Antonio decidiu que testaria a vacina entre pacientes com um sistema de imunidade robusto, ou seja, sobreviventes do câncer que estão livres do mal, mas com risco de uma recorrência. Os pesquisadores prepararam a proteína, que se expressa em variados níveis de excesso nas mulheres com câncer de mama, e focaram nos 60% dessas mulheres nas quais ela aparecia em níveis baixos ou intermediários. A vacina consiste em uma mistura do peptídeo E-75 da proteína HER-2, e um estimulante do sistema imunológico. Os testes começaram em 2001 com 220 pacientes e os pesquisadores fizeram um acompanhamento das mulheres durante cinco anos. A metade das mulheres recebeu a vacina, que é uma injeção mensal por seis meses, e a outra metade foi o grupo de controle. O resultado foi muito promissor, segundo George. A taxa de recorrência do câncer foi de 20% entre o grupo de controle e de 10% entre as mulheres que receberam a vacina. Este sucesso levou à nova etapa de testes que começará este ano e envolverá de 700 a 1.000 pacientes. Mas, ao contrário dos períodos anteriores, esta fase será por conta da companhia comercial Galena Biopharma que buscará a aprovação do governo para o uso público da vacina.