A DESCENTRALIZAÇÃO PRODUTIVA E A PRECARIDADE LABORAL DE ACORDO COM ORDENAMENTO JURÍDICO ESPANHOL1 Mirian Caldas2 RESUMO: As novas formas de emprego, consequência da globalização, provocaram uma crise no modelo contratual típico de prestação de trabalho. Por um lado, as empresas têm modificado a sua estrutura tradicional para, com uma estrutura mais flexível e descentralizada, se tornar mais competitiva e responder com mais agilidade às exigências de um mercado global. Por outro lado, a figura típica do trabalhador, reconhecido tradicionalmente como o sujeito contratual mais débil, passa a ser mais vulnerável e a estar menos protegido, principalmente nos momentos de crise econômica e de escassez de emprego. PALAVRAS-CHAVE: Descentralização produtiva, precarização laboral, trabalhadores, direitos mínimos e progresso econômico. INTRODUÇÃO RESULTADOS ALCANÇADOS A descentralização produtiva obriga os juristas e, em particular, os juristas acadêmicos, a uma reconstrução sistemática do Direito do Trabalho, para colocar numa mesma balança, de um lado, a tentativa de diminuir os elevados custos laborais e, de outro, a tentativa de preservar direitos laborais mínimos do trabalhador. Em síntese, a necessária modernização do Direito do Trabalho deverá manter as referidas mudanças de organização empresarial, de maneira a não se render facilmente às excessivas exigências (e ao egoísmo econômico) de uma economia descontrolada, para que não se restrinja a sua capacidade de transformar a realidade social em benefício do equilíbrio entre o capital e o trabalho, de modo a alcançar a justiça social. A proteção frente à insegurança, à precariedade no emprego e contra as situações de exclusão e desvantagem social é, sem dúvida, o novo (ou renovado) objetivo da política social atual. PROBLEMA DA PESQUISA Analisar como o fenômeno da descentralização produtiva é tratado pelo ordenamento jurídico espanhol e de que maneira as novas formas de organização do trabalho estão contribuindo para a precarização laboral. OBJETIVOS Tentar encontrar uma solução capaz de enquadrar um novo tipo de sistema com novos protagonistas, sem renunciar a aplicação do princípio da dignidade humana na valorização da força de trabalho, de forma a coibir ou diminuir a proliferação dos trabalhos precários. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO A metodologia utilizada neste trabalho foi o indutivo, por meio de pesquisa bibliográfica qualitativa. Faz-se necessário destacar, que não foi possível transcrever todas as doutrinas consultadas para a realização do estudo, sendo aqui referenciadas apenas uma parte delas. Todas as bibliografias foram consultadas na sua versão original e a tradução e interpretação foram realizadas pela autora. BIBLIOGRAFIA ÁLVAREZ CUESTA, H. La precariedad laboral, análisis y propuestas de solución, Albacete: Bomarzo, 2008. DESDENTADO DAROCA, E., “Descentralización productiva, transmisión de empresa y grupos de sociedad en el concurso”, TL, núm. 108, 2011. MOLERO MARAÑÓN, M. L., “Descentralización productiva y relaciones laborales”, RL, núm. 9, 2010. PIZARRO, S. N., O contrato de outsourcing, Coimbra: Coimbra, 2010. RODRÍGUEZ ESCANCIANO, S., “La necesaria adaptación de la estrategia sindical a las transformaciones actuales de las organizaciones empresariales: algunas cuestiones a considerar”, RUCT, núm. 10, 2009. VALDÉS DAL-RÉ, F., “El debate europeo sobre la «modernización del Derecho del Trabajo» y las relaciones laborales triangulares”, RL, núm. 3, 2009. O presente estudo, faz parte da tese de doutorado defendida no ano de 2013, na Universidade de León – Espanha, titulada "Nuevas formas de empresa en el mundo globalizado e sus repercuciones sobre los derechos de los trabajadores", sob a orientação da Prof.ª Dra. Susana Rodríguez Escanciano e do Prof. Dr. Roberto Fernández Fernández, tendo sido posteriormente revalidada pela Universidade Federal de Pernambuco no ano de 2014. 2 Doutora em Direito pela Universidade de León – UNILEÓN (Espanha). Professora na Universidade Estadual do Paraná – UNICENTRO (Guarapuava-Paraná). Professora no curso de Direito da Campo Real (Guarapuava-Paraná) e no curso de Direito da Faculdade do Centro do Paraná – UCP (Pitanga-Paraná). Professora na Universidade do Contestado–UNC (Canoinhas–Santa Catarina). Email: [email protected] Tel: (42) 9811 3583 1