Educação antes da barbárie1 Os ocorridos violentos da semana passada em Canoinhas vêm a demonstrar uma das conseqüências que o desenvolvimento econômico trará a região, sendo essa somente uma das conseqüências, tendo necessariamente outras como pobreza, fome, desigualdade social, poluição... sendo em maior grau a violência existente em grandes centros. Esse será o preço a se pagar pelo desenvolvimento econômico que ocorrerá na cidade futuramente. O fato ocorrido coloca instantaneamente em debate, a criação de Centros de Internamento Provisório (CIP) em Canoinhas, (onde menores infratores seriam recolhidos) e o aumento do efetivo policial nas ruas da cidade. Medidas rápidas como essas ficam longe de resolver o problema na sua raiz, sendo claro que problemas como esses são de níveis culturais e sociais, dito de outra forma os CIPs não recuperam os infratores para reintegração social, servindo esse somente como “Vestibulares do crime” onde o menor entra por um delito leve e sai gabaritado para colocar em prática o mais bárbaro ato que irá novamente ferir os preceitos de normas estabelecidas para manter a ordem do convívio social. Os CIPs de São Paulo e Rio Janeiro vêem para corroborar com essa tese, onde eles demonstram sua ineficiência, sendo que os menores tomam conta do sistema punitivo e vigiativo, exercendo eles a função que cabe ao Estado, sendo assim quem rege a instituição são os menores. Sintetizando com as idéias do professor Valter Marcos Knaesel Birkner, onde ele relata no jornal da semana passada a fundamentação da educação como o processo que irá resolver esses desvios de comportamento social, esta tese também corrobora com o pensamento de Teodhor Adorno, mais especificamente relatado em seu texto “ Educação após Auschiwitz ”, onde ele cita que a educação é imprescindível para que campos de concentração como Auschiwitz não se repitam, essa é a mesma idéia, o fato de omitir ou renegar as barbáries faz somente com que o homem possa colocâ-las em prática novamente, e a peça – chave para resolver tudo isso está na autonomia e subjetividade que a educação pode proporcionar ao cidadão para que fatos como esses que ocorreram em Canoinhas jamais se repitam aqui e no mundo. 1 fase do curso de Ciências Sociais da UnC – Canoinhas. O processo educativo é a longo prazo porem eficaz. E os CIPs já como o próprio nome sugere é provisório dando margem assim para que a barbárie se repita, não sendo nada feito para uma conscientização subjetiva de reflexão dos atos. As propostas primordiais estão lançadas à muito tempo por pensadores que refletem intensamente a violência, mas a classe média é incrivelmente ignorante quanto as causas que a geram, não basta colocar o monopólio da força do Estado em repressão as pessoas em contravenção com a lei, muito menos trancafiá-las em locais onde não irão recupera-las, o fator que gera a violência e regido por uma sociedade extremamente consumista, injusta e desigual. ONISTO, Felipe. Educação antes da barbárie. Correio do Norte. Canoinhas, 14 de mar. 2008. OPINIÃO, p. 3.