EDITORIAL: SUBIR JUROS NÃO É UMA ONDA, MAS UM
TSUNAMI
8 de novembro de 2015
Escrito por: Adeodato Netto
Esta semana foi mais uma vez recheada de discussões sobre uma a tal subida de juros do Banco
Central Americano (FED). Trouxemos uma ótica em nosso podcast semanal sobre uma eventual
influência política na decisão do Comitê de Política Economica deles (FOMC), similar ao nosso COPOM.
Curioso e muitas vezes não compreendido por todos aqueles que não vivem profundamente o
mercado financeiro é o racional de que o FED subir os juros está também ligado ao contexto de que a
inflação americana está estacionada ABAIXO da meta entendida como ideal. Esquecemos que há
menos de 10 anos houve o crash do mercado financeiro internacional pós Lehman Brothers. Este
evento colocou em cheque a tese de desenvolvimento acelerado dos EUA e debitou na conta do Tio
Sam a obrigação de criar um modelo diligente de recuperação equilibrando todos os fatores
macroeconômicos com retenção de liquidez. Impulsionar a economia por geração de valor e não
"vapores do mercado financeiro".
Em 05 de Setembro, publicamos um texto chamado "A Amiga Inflação. Mas amiga de quem?" (para
assinantes). Citamos aqui um pequeno extrato daquela análise que diz:
"O entendimento de inflação muda entre economistas e países. A dinâmica e peculiaridade de cada
realidade não permite generalizações ou rótulos que invariavelmente forçam a criação de visões
míopes e preconceituosas. Não há recuperação (reaceleração) sólida baseada na geração de
riqueza, produção e consumo sem impacto mínimo sobre a inflação."
No último dia 05/11 o "Governador" do Banco Central Inglês, Mark Carney em entrevista à Bloomberg
citou o modelo de recuperação da economia inglesa, abordando fatores como o controle positivo dos
juros incidentes sobre financiamento habitacional, retenção e geração de empregos, tudo isso
alinhado com a gestão da política monetária.
Ao ser indagado sobre as dificuldades brasileiras, Carney preferiu não emitir opinião sobre o país
especificamente mas respondeu que "gerir uma economia com recursos ingressando o tempo todo,
pagando juros altos e incentivando descontroladamente o consumo, pode parecer bom, mas uma
hora as medidas difíceis têm que ser tomadas". Bem-vindos ao ajuste fiscal.
Em resumo, temos EUA e Inglaterra focados em controlar o ritmo da economia e do fluxo de capitais,
adicionando juros para puxar um pouco para CIMA a inflação. Enquanto isso no cantinho esquerdo ao
Sul do Mapa-Mundi, a terra do Pau-Brasil perdeu a mão da política monetária em uma sequencia
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interminável de tentativas ineficientes de controlar a inflação.
Está claro que cada um por suas razões, tanto o FED (EUA) quanto o BOE (Banco Central Inglês)
subirão em algum momento suas taxas de juros. Mais do que atrair capital pelo spread, farão atração
de recursos com argumento de timing de desenvolvimento sólido.
Neste momento já devemos ter nossas defesas e muralhas da costa construídas, porque caso
contrário, o que um dia foi chamado por alguém de "marolinha" pode ter o efeito de um Tsunami!
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