Com a devida vénia transcrevemos artigo publicado na edição do Jornal de Negócios Clientes recusam solução para papel comercial do GES Helena Garrido | [email protected], Maria João Gago | [email protected], Diogo Cavaleiro | [email protected] A proposta em que Banco de Portugal e Novo Banco estão a trabalhar, recusada pelos clientes, garante, no imediato, recuperação de 15% do valor investido. Percentagem idêntica à que se estima possa vir a ser paga aos credores do GES no Luxemburgo. Os clientes de retalho do Novo Banco recusam a solução que a instituição e o Banco de Portugal estão a ultimar e que, no curto prazo, garante a recuperação de 15% do valor investido em papel comercial do Grupo Espírito Santo, percentagem idêntica à que se admite vir a ser recuperada pelos credores do GES nos processos de insolvência a decorrer no Luxemburgo. A proposta em que supervisor e Novo Banco estão a trabalhar implicará perdas entre 60 e 70% para os clientes, percentagem que dependerá da empresa do GES que emitiu o papel comercial. Quem tem títulos da Espírito Santo International pode ambicionar recuperar apenas 30% do valor investido. Quem fez aplicações em dívida da Rioforte poderá conseguir reaver 40% do montante aplicado. No entanto, para terem esta possibilidade, os clientes terão de investir mais 20% do capital inicial em instrumentos de capital contingente ("CoCos") a emitir pelo Novo Banco. Ou seja, em títulos com risco e que, no curto prazo, não proporcionarão rendimento. "Impensável", responde Ricardo Ângelo, porta-voz da Associação de Indignados e Enganados do Papel Comercial. "No dia em que a proposta for apresentada, vamos convidar todos os associados, juntamente com todos os 1.500 detentores de papel comercial, a tirar todo e qualquer euro, até ao último cêntimo, do Novo Banco, nesse mesmo dia", promete o responsável em declarações ao Negócios. "Pedir para os clientes aumentarem o seu envolvimento, levando mais recursos para o banco, não garantindo o ressarcimento de 100% do nosso dinheiro, é um acto de má-fé e chantagem emocional", acusa o representante dos clientes. A proposta em cima da mesa prevê que o Novo Banco compre o papel comercial do GES detido pelos clientes, por valores entre 30 a 40% do valor aplicado. Em troca, os clientes recebem obrigações seniores da instituição, com um prazo de dez anos e uma taxa de juro anual de 5%. A adesão a esta solução exige a realização de um investimento adicional numa espécie de "CoCos" do NB, correspondente a 20% do montante aplicado em dívida do GES. Na prática, em termos líquidos e imediatos, os clientes podem ambicionar recuperar entre 10 e 20% do que investiram. Estas percentagens estão alinhadas com a expectativa de recuperação de créditos das empresas do GES que estão em insolvência no Luxemburgo. As estimativas avançadas publicamente pelo actual presidente do BES, Luís Máximo dos Santos, apontam para que o banco, maior credor do GES, venha a reaver 15% da sua exposição às empresas do grupo. A longo prazo, a solução em cima da mesa, permitirá recuperar entre 30 e 40%, ou até mais, desde que os clientes mantenham as obrigações a emitir pelo Novo Banco (recebendo os juros anuais de 5%) e consigam reaver o dinheiro aplicado em "CoCos". 2015-03-24