Pró-Reitoria de Graduação
Curso de Física
Trabalho de Conclusão de Curso
ENSINO DE FÍSICA PARA DEFICIENTES VISUAIS: UMA
REVISÃO A PARTIR DE TRABALHOS EM EVENTOS
Autor: Ana Carolina Silva Machado
Orientador: Prof. MSc. Roseline Beatriz Strieder
Brasília - DF
2010
Ensino de Física para deficientes visuais: Uma revisão a partir de
trabalhos apresentados em eventos
(Physics teaching to visually impaired students: An analysis created based in projects presented in
events)
Ana Carolina Silva Machado, Roseline Beatriz Strieder1
Licencianda do Curso de Física - Universidade Católica de Brasília
Professora do Curso de Física – Universidade Católica de Brasília
1
Resumo
O presente artigo apresenta uma pesquisa bibliográfica a respeito do Ensino de Física para
Deficientes Visuais, na qual foi feito um levantamento e análise, seguindo a metodologia da Análise
Textual Discursiva, de trabalhos publicados nas atas dos encontros de pesquisa em ensino (SNEF,
EPEF e ENPEC) em edições realizadas entre os anos de 2000 a 2010. Para esse levantamento, num
primeiro momento, buscou-se trabalhos que se referem à Educação Especial num contexto mais
amplo, os quais foram classificados de acordo com a área de ensino e a deficiência em questão.
Num segundo momento foi feita uma investigação mais aprofundada nos trabalhos referentes ao
Ensino de Física para deficientes visuais, cujo objetivo foi investigar suas principais abordagens,
motivações e resultados e, a partir deste, identificar alguns aspectos relevantes e lacunas destes
trabalhos. De forma geral, os resultados apontam uma escassez de trabalhos relacionados à
Educação Especial, ao estudo das deficiências e à educação inclusiva. No entanto, dentro desta
pequena amostra de trabalhos, foi possível observar o predomínio de pesquisas relacionadas ao
ensino de Física para deficientes visuais.
Palavras-chave: Inclusão – Ensino de Física - Deficiência visual.
Abstract
The following article presents a bibliographical research on Physics teaching to visually impaired
students. Firstly, a survey was carried out followed by an analysis according to the Discursive Textual
Analysis from articles published on minutes from conventions on Research on teaching methods
(SNEF, EPEF and ENPEC) from 2000 to 2010. Initially, only articles that dealt with Special Education
in a broader perspective were sought. Then, a deeper investigation was carried out on articles
focusing on Physics teaching to visually impaired students. The objective of the investigation was to
determine the articles’ main aims, motivations and results. From this point on, the objective became
identifying any relevant aspects and possible gaps from these articles. Generally speaking, results
point to a shortage of articles related to special education, disabilities studies and inclusive education.
However, it was possible to observe from this small sample of articles the prevalence of researches
related to the Physics teaching to visually impaired students.
Keywords: Inclusion – Physics teaching – Visual impairment.
1.
INTRODUÇÃO
O tema Educação Especial é cada vez mais alvo de debates no contexto
educacional, isto porque algumas modificações vêm sendo tomadas no sistema
educacional brasileiro. Essas modificações são advindas da política de inclusão de
alunos portadores de necessidades em turmas regulares de ensino, o que vem
sendo chamado de “Educação para Todos”.
3
A Educação Especial consiste em um conjunto de recursos específicos
(método de ensino, currículos adaptados, apoio de materiais ou de serviços de
pessoal especializado), que responda adequadamente às necessidades educativas
especiais de todos os alunos.
Diante desse contexto, a política educacional brasileira, representada pela Lei
de Diretrizes e Bases da Educação - LDB - (BRASIL, 1996) sob a influência da
Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), traz em seu Art 59 que crianças e
jovens portadores de necessidades educacionais especiais devem ser matriculadas
preferencialmente em escolas regulares. Entre seus incisos preconiza que deve ser
estabelecida uma organização específica para atender às necessidades dessas
crianças e jovens, através de currículos, métodos, técnicas e recursos educativos e
que os professores do ensino regular devem ser capacitados para a integração
desses alunos nas classes comuns.
É importante ressaltar, que em casos mais sérios, caracterizados por alto
grau de comprometimento mental ou deficiência múltipla, exigem atendimento
educacional diferenciado em instituições especializadas. Nesses casos, constata-se
que o atendimento não deve se limitar somente à área educativa, mas envolve
especialistas de outras áreas, principalmente da saúde.
Como pode se observar a situação é muita complexa e exige soluções
diferenciadas, pois as necessidades especiais são variadas, porém pouco tem se
avançado em relação a discussões que envolvem o processo ensino–aprendizagem
de estudantes que possuem alguma deficiência ou dificuldade. Este tipo de
preocupação surge somente quando os educadores se deparam com essa situação
e com a ausência de métodos e alternativas com vistas a tal aprendizado
(DICKMAN; FERREIRA, 2008).
Com o objetivo de apontar encaminhamentos para esse problema, este
trabalho volta-se para o processo de ensino–aprendizagem de estudantes
deficientes visuais, na percepção do conhecimento na área de Física que está
incluído nesse cenário de descaso.
Um dos maiores desafios do Ensino de Física na perspectiva inclusiva é sua
aplicação aos alunos deficientes visuais (DVs). Isto porque no processo de ensinoaprendizagem de Física a percepção visual é muito explorada, porém como já foi
dito o ensino deve sofrer alterações e diante desse contexto o Ensino de Física
4
também tem que se adaptar para que alunos deficientes visuais consigam participar
ativamente. Como destacado por Camargo e Silva (2003),
“...é compreensível que os estudantes com deficiência visual tenham grandes
dificuldades com a sistemática do Ensino de Física atual visto que o mesmo
invariavelmente fundamenta-se em referenciais funcionais visuais.”
(CAMARGO e SILVA, 2003, p.1218)
Contudo, as modificações necessárias não podem privilegiar o aluno cego em
relação aos demais alunos, e nem o contrário, tem que ser transformações
“neutras”. Como ressaltam Medeiros et al. (2007) “(...) a educação inclusiva busca
aprimorar a qualidade do ensino regular, fazendo com que os princípios
educacionais sejam válidos para todos os alunos e isso resultará naturalmente na
inclusão das pessoas com deficiência”.
Com relação ao Ensino de Física, Camargo (2007) destaca que é preciso
criar ou adaptar equipamentos que emitam sons ou possam ser tocados e
manipulados, para que o aluno consiga observar o fenômeno físico a ser estudado.
Além disso, o autor destaca que o papel do professor é fundamental, que deve evitar
o uso de gestos, figuras e fórmulas que somente podem ser vistos; o professor deve
usar materiais de apoio em braile, gráficos em relevo, calculadora falante e, se
necessário, tocar nas mãos dos alunos para apresentar-lhes alguma explicação.
Influenciado por esse panorama, vem sendo desenvolvidos trabalhos e
investigações sobre o Ensino de Física semelhantes a este, como os trabalhos de
Paranhos e Garcia (2005) e Lippe e Camargo (2009), no entanto, este ultimo traz
uma abordagem mais generalizada sobre Educação Especial.
Diante dessa realidade, entende-se ser importante ampliar o universo de
investigações centradas em revisões da produção da área, que são denominadas
como estado da arte por Ferreira (2002):
Nos últimos quinze anos, no Brasil e em outros países, tem se produzido um
conjunto significativo de pesquisas pela denominação “estado da arte” ou
“estado do conhecimento”. Definidas como de caráter bibliográfico, elas
parecem trazer em comum o desafio de mapear e de discutir certa produção
acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que
aspectos e dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes
épocas e lugares, de que forma e em que condições têm sido produzidas
certas dissertações de mestrado, teses de doutorado, publicações em
periódicos e comunicações em anais de congressos e seminários. (FERREIRA,
2002, p.257-272
Com essa intenção, neste artigo, em um primeiro momento, é apresentado
um levantamento bibliográfico sobre Educação Especial a partir dos trabalhos
5
apresentados nas atas de eventos de pesquisa em ensino, EPEF, SNEF E ENPEC
em suas edições realizadas entre 2000 e 2010.
Deste levantamento foram selecionados os trabalhos referentes ao Ensino de
Física para deficientes visuais, e a partir destes foi feita uma análise mais profunda
(segundo momento), com o objetivo investigar suas principais abordagens,
motivações e resultados e, a partir deste, identificar alguns aspectos relevantes e
lacunas destes trabalhos.
Com essa investigação pretende-se construir um panorama geral sobre as
preocupações, natureza e resultados das pesquisas sobre Ensino de Física para
DVs apresentados nos trabalhos analisados. Entende-se que sistematizações dessa
natureza são importantes, por um lado, para orientar práticas escolares e, por outro,
para orientar investigações futuras.
2.
METODOLOGIA
Como universo para o levantamento de dados da presente pesquisa
consideramos os trabalhos apresentados, no período de 2000 a 2010, em três
eventos nacionais de Ensino de Física: EPEF - Encontro de Pesquisa em Ensino de
Física; SNEF - Simpósio Nacional de Ensino de Física; ENPEC - Encontro Nacional
de Pesquisa em Educação em Ciências. Esses eventos foram selecionados devido
sua representatividade na área de Ensino de Ciências/Física.
A seleção e organização dos trabalhos, num primeiro momento, deu-se pela
identificação, no título, resumo e palavras-chave, da palavra Educação Especial e
Educação Inclusiva. Num segundo momento, a partir da leitura do resumo desses
trabalhos, foram selecionados, para uma análise mais detalhada, os que se referiam
ao Ensino de Física e à deficiência visual.
Dito de outra forma, na primeira fase da investigação, todos os resumos dos
trabalhos encontrados foram lidos, sendo priorizado o mapeamento de aspectos
gerais relacionados a: (i) autores, (ii) ano de publicação, (iii) evento, (iv) área de
ensino, (v) nível de ensino e, (vi) deficiência em questão. Os resultados dessa
análise foram organizados em uma tabela que apresentada no anexo 1 deste
trabalho.
A segunda etapa envolveu a análise dos trabalhos que se referem ao Ensino
de Física para deficientes visuais, para isso foi utilizada como metodologia a Análise
6
Textual Discursiva (ATD) que “corresponde a uma metodologia de análise de dados
e informações de natureza qualitativa com a finalidade de produzir novas
compreensões sobre os fenômenos e discursos” (MORAES; GALIAZZI, 2007). Este
tipo de análise foi escolhida por propor uma combinação entre análise rigorosa e
síntese subseqüente dos dados. A ATD também permite que ao longo do processo
sejam construídas categorias, ou seja, um processo de categorização emergente.
De acordo com os autores que a propõem, a ATD organiza-se em três etapas,
que são descritas, resumidamente, da seguinte maneira:
Inicialmente, leva-se o sentido até o limite do caos, desorganizando e
fragmentando os materiais textuais da análise. A partir disso, é possibilitada a
formação de novas estruturas de compreensão dos fenômenos sob
investigação, expressas então em forma de produções escritas. (MORAES;
GALIAZZI, 2007, p. 46)
Sendo assim, depois de definido o conjunto de trabalhos a serem analisados,
foi realizada uma desfragmentação dos textos, para a identificação de temáticas que
fossem relevantes para a investigação, e num segundo momento essas temáticas,
apresentadas em frases ou trechos do texto foram agrupadas por apresentarem
elementos comuns, o que culminou na criação de categorias que representam o
ponto de partida para a produção, sob a forma de metatextos, das descrições e
interpretações possibilitadas pela análise.
Assim, na investigação mais aprofundada (segunda etapa), os trabalhos
foram caracterizados de acordo com (i) suas motivações, (ii) a temática a que se
referem e (iii) seus principais resultados. Dessa investigação surgiram as seguintes
questões, que serão discutidas ao final deste trabalho e dizem respeito: (i) à
necessidade de maior produção de pesquisas na área de Ensino de Física para
deficientes visuais e (ii) à necessidade de ampliar os trabalhos centrados na
produção de material didático e na formação de professores.
3.
RESULTADOS
Os resultados da investigação serão apresentados de acordo com as etapas
da mesma, que envolveram: (1) a análise da presença da temática Educação
Especial em trabalhos apresentados no EPEF, SNEF E ENPEC e, (2) a análise de
trabalhos sobre o Ensino de Física para deficientes visuais.
7
3.1
A presença da temática Educação Especial
Um levantamento inicial a partir das informações contidas nos títulos,
palavras-chave e resumos, permitiu descrever a quantidade de trabalhos
relacionados à temática Educação Especial disponíveis nas atas digitais do ENPEC,
EPEF e SNEF, nas edições entre 2000 e 2010. Lembrando que estes eventos são
bienais. As Tabelas1, 2 e 3 apresentam uma síntese dos resultados encontrados
nesse levantamento.
Tabela 1: Trabalhos identificados com a temática Educação Especial nas atas dos EPEFs
(2000-2010)
Encontro de Pesquisa em Ensino de Física
Edição
Total de
trabalhos
apresentados
Total de trabalhos
apresentados
sobre Educação
Especial
Total de
trabalhos que se
referem ao
Ensino de Física
0
Total de
trabalhos que se
referem à
deficiência
visual
0
2010
136
2008
164
0
0
0
2006
108
0
0
0
2004
147
2
1
1
2002
116
1
1
1
2000
161
1
1
1
Total
832
4
3
3
0
Observou-se uma quantidade muito pequena de trabalhos apresentados
sobre Educação Especial nos EPEFs, apenas 0,5% do total de trabalhos refere-se a
essa temática. Desses trabalhos, apenas três referem-se ao Ensino de Física para
DVs, sendo que destes o trabalho referente ao ano 2000 não foi encontrado na
versão completa, e foi descartado da análise, com isso apenas dois foram
selecionados para a análise. Houve um aumento na edição de 2004 em relação às
duas edições anteriores, no entanto, desde a edição do ano de 2006 não houve
nenhum trabalho apresentado que abordasse o tema. Este fato, da diminuição da
quantidade de trabalhos apresentados com essa temática, se caracterizou como um
comportamento antagônico quando comparado aos outros eventos analisados, nos
quais a quantidade destes trabalhos se manteve ou aumentou, conforme pode se
observar nas tabelas 2 e 3.
8
Tabela 2: Trabalhos identificados com a temática Educação Especial nas atas dos SNEFs
(2000-2010)
Simpósio Nacional de Ensino de Física
Edição
Total de
trabalhos
apresentados
Total de trabalhos
apresentados
sobre Educação
Especial
Total de
trabalhos que se
referem ao
Ensino de Física
11
Total de
trabalhos que se
referem à
deficiência
visual
9
2009
411
2007
298
4
3
3
2005
474
4
2
1
2003
391
2
1
2
2001
226
1
1
1
Total
1800
22
16
16
9
A tabela 2 mostra que desde a edição do SNEF de 2001 trabalhos com tal
temática são apresentados, totalizando vinte e dois trabalhos apresentados na
década pesquisada. Houve um aumento significativo no ano de 2009, o que mostra
uma preocupação e relevância do assunto na comunidade de pesquisadores em
Ensino de Física. Contudo, ainda é pequena a produção quando comparada com o
total de trabalhos apresentados nesse evento, pois representa 1,2%. Cabe destacar
que três desses trabalhos não foram encontrados na versão completa (o trabalho de
2001 e os dois de 2003), sendo, portanto, excluídos da análise detalhada. Dessa
forma, para a segunda etapa da análise, foram selecionados 13 trabalhos.
Tabela 3: Trabalhos identificados com a temática Educação Especial publicados nas atas dos
ENPECs (2000-2010)
Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências
Edição
Total de
trabalhos
apresentados
Total de
trabalhos
apresentados
sobre Educação
Especial
Total de trabalhos
que se referem à
deficiência visual
Total de trabalhos
que se referem ao
Ensino de Física
2009
533
6
4
1
2007
669
6
4
1
2005
738
5
4
1
2003
451
2
1
1
2001
233
1
1
1
Total
2624
20
14
5
9
Apenas 20 do total de trabalhos refere-se a essa temática como mostra a
tabela 3, o que representa 0,8% do total. Desses trabalhos, apenas cinco referem-se
ao Ensino de Física para deficientes visuais. Cabe ressaltar a dificuldade na
localização destes trabalhos nas atas do ENPEC, pois não há nenhuma ferramenta
de busca tendo como base de procura os títulos em ordem alfabética ou divididos
em sessões, a quantidade de trabalhos presentes nesta pesquisa está passível de
diferenças em relação ao número de trabalhos existentes nas atas, pois há a
possibilidade de haver títulos multifacetados.
No entanto, observa-se o predomínio de trabalhos referentes ao Ensino de
Física para DVs o que também foi observado por Lippe e Camargo (2009), que
realizaram um levantamento da produção em Educação Especial nos ENPECs
ocorridos entre 1998 e 2008 e apontam apenas 0,9% do total de trabalhos refere-se
à Educação Especial.
Esperava-se antes da pesquisa uma quantidade muito maior de trabalhos
apresentados nas edições do ENPEC pesquisadas, por ser um evento que engloba
Física, Química, Biologia e Matemática, diferentemente dos demais eventos
analisados que eram somente de pesquisas em Ensino de Física. No entanto, o
número total de trabalhos apresentados foi menor em relação ao SNEF, e maior em
relação ao EPEF.
Em síntese, unindo as edições dos eventos pesquisados, a quantidade total
de trabalhos apresentados que abordaram a Educação Especial, é muito pequena,
quase
inexpressiva
quando
comparada
à
quantidade
total
de
trabalhos
apresentados. Sendo assim, deste pequeno universo de trabalhos foram
selecionados 20 trabalhos sobre Ensino de Física para DVs para serem
profundamente analisados na etapa a seguir.
3.2
Os trabalhos sobre Ensino de Física para deficientes visuais
Como apresentado anteriormente, num segundo momento foi realizada uma
investigação mais aprofundada nos trabalhos referentes ao Ensino de Física para
deficientes visuais (DVs), cujo objetivo foi investigar suas principais abordagens e/ou
temáticas, motivações e seus principais resultados.
Para não haver exaustivas citações os trabalhos foram organizados
numericamente em uma tabela (tabela 4). Dessa forma, os trabalhos passam a ser
citados a partir de sua respectiva numeração (coluna à esquerda na tabela 4).
10
Tabela 4: Trabalhos referentes ao Ensino de Física para deficientes visuais
Edição do evento, Título e autor
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
IX EPEF – 2004. Ensino de Física para alunos com deficiência visual: Atividade que aborda a
posição de encontro de dois móveis por meio de um problema aberto
Autor: Eder Pires de Camargo
VIII EPEF – 2002. O Ensino de Física e os portadores de deficiência visual: aspectos da
relação de suas concepções alternativas de repouso e movimento com modelos históricos
Autor: Eder Pires de Camargo
XVIII SNEF – 2009. Concepções de calor e temperatura de alunos cegos
Autores: Máira Costa Santos, Fabiana Fernandes da Silva, Maria da Conceição Barbosa-Lima
XVIII SNEF – 2009. Arquivos Portáteis de Áudio para o Ensino de Astronomia em turmas
inclusivas no Ensino Fundamental e Médio
Autores: Adriana Oliveira Bernardes, Marcelo de Oliveira Souza
XVIII SNEF – 2009. Montagem experimental para verificação do fenômeno de difração de luz
adaptada para portadores de deficiência visual
Autores: Rafael Rodrigo Garofalo Paranhos e Ducinei Garcia
XVIII SNEF – 2009. Conceituando corrente e resistência elétrica por meio do conhecimento
sensível: um experimento para aprendizagem significativa de alunos deficientes visuais
Autores: Wagner Morrone, Mauro Sérgio Teixeira de Araújo e Luiz Henrique Amaral
XVIII SNEF - 2009. Educação de estudantes cegos na escola inclusiva: o Ensino de Física
Autores: Graziele Kelly Amaral, Amauri Carlos Ferreira e Adriana Gomes Dickman
XVII SNEF – 2009. Inclusão no Ensino de Física: materiais adequados ao ensino de
eletricidade para alunos com e sem deficiência visual
Autores: Eder Pires de Camargo, Alysson Cristiano Beneti, Ibraim Alcides Molero, Roberto
Nardi,Noemi Sutil
XVIII SNEF – 2009. Ensino de Física e deficiência visual: diretrizes para a implantação de uma
nova linha de pesquisa
Autores: Eder Pires de Camargo, Roberto Nardi, Carla Reis Evangelista e Noemi Sutil
XVIII SNEF – 2009. Material de Equacionamento Tátil Para Portadores de Necessidades
Especiais Visuais
Autores: André Luis Tato e Maria da Conceição de Almeida Barbosa-Lima
XVIII SNEF – 2009. Ensino de Física para portadores de deficiência visual: Atividades
desenvolvidas em um centro de ciências
Autores: José Roberto Tagliati, Lucimar Fernandes Grégrio, Diego da Souza Moreira
XVII SNEF – 2007. Planejamento de atividades de ensino de mecânica para alunos com
deficiência visual: dificuldades e alternativas
Autores: Éder Pires de Camargo e Roberto Nardi
XVII SNEF – 2007. Uma estratégia para o ensino de associações de resistores em
série/paralelo acessível a alunos com deficiência visual
Autores: Ana Aline de Medeiros, Maurício José do Nascimento Júnior
XVII SNEF – 2007. Ensino de conceitos de Física moderna para alunos com deficiência visual:
dificuldades e alternativas encontradas por licenciandos para o planejamento de atividades.
Autores: Éder Pires de Camargo e Roberto Nardi
XVI SNEF – 2005. Outras percepções no Ensino de Física
Autor: Fábio Pazêto
VII ENPEC – 2009. A comunicação como barreira à inclusão de alunos com deficiência visual
em aulas de termologia
Autores: Eder Pires de Camargo, Roberto Nardi e Eliza Márcia Oliveira Lippe
VI ENPEC – 2007. Ensino de física a estudantes cegos na perspectiva dos professores
Autores: Amauri Ferreira, Adriana Dickman
V ENPEC – 2005. Ensino de Física e alunos com deficiência visual: Análise e proposta de
Procedimentos docentes de condução de atividades de ensino
Autores: Eder Pires de Camargo e Dirceu da Silva
IV ENPEC – 2003. Atividade e material didático para o Ensino de Física à alunos com
deficiência visual: queda dos objetos
Autores: Eder Pires de Camargo e Dirceu Silva
III ENPEC – 2001. Considerações sobre o Ensino de Física para deficientes visuais, de acordo
com uma abordagem sócio-interacionista
Autor: Eder Pires de Camargo
11
Os resultados da análise desses trabalhos serão apresentados em três
blocos, conforme as categorias pré-estabelecidas: Motivação, Abordagens e/ou
temáticas e, Principais resultados e considerações.
3.2.1 Motivações dos trabalhos selecionados
Dentre as motivações, muitos autores evidenciam a necessidade de mais
pesquisas em Ensino de Física para DVs, mesmo que estas se encontrem em
ascensão, como se pôde observar com os resultados obtidos no primeiro momento
da presente investigação. Sendo assim, esse grupo foi denominado de “pesquisa”.
Dentro desse grupo estão inseridos os trabalhos 1,7,8,9,11 e 19, que citam a
ausência de material e pesquisas na área. Cabe ressaltar a importância da
organização e sistematização das produções acadêmicas nesta modalidade de
Ensino de Física, o que contribui para traçar as principais tendências atuais e traçar
prioridades futuras, como destacado no trabalho 7:
No contexto atual, no Ensino de Física para deficientes visuais os recursos e
técnicas ainda são pouco explorados. Estamos tratando de uma questão que
ainda não foi investigada de forma sistemática e detalhada, em particular as
pesquisas referentes aos deficientes visuais. (AMARAL et al., 2009, p.3)
A necessidade de mais produções citada nesses artigos advém da maior
presença de alunos deficientes visuais em turmas regulares, impulsionados pelas
políticas inclusivas da educação brasileira, neste contexto é caracterizado outro
grupo de trabalhos, o grupo “presença”, o maior grupo temático desta análise, que
engloba todos os trabalhos analisados, pois tal motivação está inserida nesse
contexto atual. Como destaca os autores do trabalho 5 “A inclusão de alunos com
necessidades especiais em escolas regulares de ensino, em especial, no ensino
público, está se tornando cada vez mais uma realidade nas escolas brasileiras.”
O trabalho 6, também pertencente a este grupo, destaca com base no artigo
59 da Lei 9394/96 a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação):
Considera-se hoje que a educação especial não pode mais ser vista como um
sistema paralelo ao ensino comum, mas sim fazer parte dele como um conjunto
de recursos pedagógicos e de serviços de apoio que facilitem a aprendizagem
de todos. Assim, a aprendizagem escolar dos alunos com necessidades
especiais deve ocorrer preferencialmente na classe comum da rede regular de
ensino, em conjunto com os demais alunos, em todos os níveis de ensino,
variando o apoio especializado que cada aluno deverá receber. (MORRONE et
al., 2009, p.4)
12
Como pode se observar, para este grupo, a quantidade cada vez mais
significativa destes alunos em turmas regulares faz com que professores e direção
não possam mais negligenciar essa situação, devendo buscar por novas
tecnologias, novas alternativas de ensino.
De acordo com os autores do trabalho 6, para inclusão de alunos DVs, tem
que haver um conhecimento prévio das peculiaridades de aprendizagem destes
alunos, pela diferença das percepções sensoriais já que a base de dados se
desenvolve e se organiza de maneira diferente dos alunos com visão normal.
Em turmas inclusivas pode haver esses dois tipos de alunos, sendo assim os
procedimentos educacionais têm que visar o desenvolvimento individual e coletivo,
com maior integração possível nas atividades em grupo, que são fundamentais à
aquisição do conhecimento do educando (VYGOTSKY, 2005). É neste contexto que
foi identificado outro grupo temático de trabalhos, o grupo “aprendizagem”,
representado pelos trabalhos 2, 7 e 16. Este grupo aponta o processo de
aprendizagem de alunos DVs, suas principais dificuldades em aprender Física,
modalidades de comunicação neste processo de ensino e aprendizagem. Alem
disso, esses trabalhos destacam a necessidade de alternativas para o Ensino de
Física, que é uma matéria, ainda abordada de forma “tradicional”, fortemente
embasada no uso de lousa, gráficos e figuras.
Um grupo que também se destacou durante a pesquisa em relação as suas
motivações, foi o grupo “professor” que delineia as dificuldades enfrentadas pelos
professores de Física diante à Educação Inclusiva, a falta de formação continuada
destes, a falta de apoio governamental em promover cursos de capacitação e falta
de matérias na Graduação em Física que contemplem não só o ensino para DVs,
mas as outras deficiências também. Destacaram-se nesse grupo os trabalhos 8, 9,
12, 13, 14 e 17.
Assim, em síntese, no que se refere às motivações das pesquisas, foram
encontrados 4 grupos, preocupados, respectivamente, com
(i) a ausência de
trabalhos sobre a temática Ensino de Física para deficientes visuais; (ii) o aumento
da quantidade de alunos com deficiência visual nas escolas regulares; (iii) as
peculiaridades que envolvem a aprendizagem desses alunos e, por fim, com (iv) a
formação de professores capazes de trabalhar com esses alunos. Motivados por
essas questões são realizadas diversas investigações, que possuem abordagens e
temáticas diferentes, como será apresentado a seguir.
13
3.2.2 Abordagem e/ou Temática
De acordo com a abordagem e/ou temática foco das investigações os
trabalhos foram categorizados em quatro grupos: (i) formação do professor, (ii)
atividades elaboradas, (iii) revisão bibliográfica e (iv) investigações. Sendo possível,
novamente, que o mesmo trabalho se enquadre em mais de uma categoria.
A categoria “formação do professor” é composta por trabalhos que visam
dar suporte à prática docente, situar o professor às novas tecnologias de ensino e
principais enfoques, até porque o desenvolvimento profissional, de qualquer área de
atuação, não corresponde tão somente a um bom curso superior, é essencial a sua
atualização sempre, principalmente no que concerne à área de Ensino. Nesta
perspectiva, fazem parte deste grupo todos trabalhos analisados, pois todos trazem
em sua essência a colaboração a professores, seja com alternativas, ou exposição
da problemática, o Ensino de Física para DVs.
Muitos trabalhos trouxeram como abordagem a elaboração de atividades, o
que resultou na formação de um grupo que pode ser denominado “atividades”, que
abordam as mais variadas matérias. Este grupo pode ser dividido em duas
vertentes, uma de trabalhos que apresentam propostas, ou seja, atividades que
ainda não foram colocadas em prática, e a outra vertente formada por trabalhos que
apresentam atividades que já foram postas em prática, ou seja, implementadas.
Quanto às atividades propostas, destacam-se os trabalhos 5, 8, 9,14 e 15.
Entre os conteúdos abordados nesses trabalhos, estão difração, eletricidade, queda
de objetos, entre outros. Quanto às atividades aplicadas, destacam-se os trabalhos
4, 6, 10, 13, 18 e 19, que abordam conteúdos como: astronomia, corrente elétrica,
associação de resistores, material equacional e queda de objetos.
Poucos trabalhos apresentaram revisões bibliográficas como ponto de
partida para outras abordagens, entre eles se destacaram os trabalhos 2 e 5. De
acordo com os autores do trabalho 5:
[...] foi necessário inicialmente, realizar uma coleta de informações mediante
pesquisa bibliográfica de artigos em revistas especializadas nas áreas de
Ensino de Física e de ensino para DVs melhor compreensão sobre as questões
que envolvem esse tema. (PARANHOS; GARCIA, 2009, p.2)
Como a última categoria tem-se a investigação, alguns trabalhos
investigaram concepções prévias em relação a alguns conteúdos e metodologias,
como os trabalhos 2, 3, 7, 11, 16, 17 e 20. De acordo com esses trabalhos, é
14
importante essa relação de investigação da realidade para poder delinear as
diferenças entre teoria e prática, e assim com base nesta realidade adequar as
alternativas a ela, direcionando as pesquisas de acordo com a verdadeira demanda
de temas.
Dessa forma, em síntese, no que se refere à abordagem e/ou temática
central, os trabalhos analisados envolvem pesquisas relacionadas à formação dos
professores, à implementação e avaliação de atividades didáticas, à revisão
bibliográfica sobre o tema em questão e às investigações relacionadas à
aprendizagem dos alunos (principalmente levantamento de compreensões sobre
conteúdos de Física).
3.2.3 Principais resultados e considerações dos trabalhos selecionados
Em termos de resultados e considerações gerais nesses trabalhos destacamse os questionamentos levantados e a necessidade de aprofundamento das
pesquisas realizadas e também de novos enfoques. Nessa perspectiva encontra-se
consideração expressa no trabalho 16.
O fomento ao desenvolvimento de pesquisas na área descrita é relevante, visto
que, no Brasil, devido às recomendações da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LEI Nº. 9394/96 Artigo 4 – (BRASIL, 1996), a matrícula
de alunos com necessidades educacionais especiais é significativamente
crescente (CAMARGO et al., 2009, p.2)
Associado a isso, muitos pesquisadores destacam a necessidade de haver
uma formação de professores preocupada com essa questão. Foi possível perceber
que essa temática começa a representar uma problemática para os pesquisadores
da área de Ensino de Física, como mostram os trabalhos 9, 15, 12 e 14. Por
exemplo, o trabalho 9 relata que tem duas matérias de caráter optativo no currículo
do curso de Licenciatura em Física da UNESP de Ilha Solteira – SP já focadas no
ensino inclusivo, são elas “Atividades experimentais multissensoriais de Física como
alternativa à inclusão escolar de alunos com deficiência visual” de caráter prático e
“Didática multissensorial da Ciência” de caráter teórico. O trabalho 15 apresenta
uma matéria do currículo da Licenciatura em Física chamada “Oficina de projetos III:
educação, ciência e percepção numa perspectiva inclusiva”, desenvolvida no
CEFET-SP, cujo foco é capacitar os professores na visão da educação inclusiva. Os
trabalhos 12 e 14 discutem concepções de um grupo de licenciandos acerca da
15
estrutura de um mini-curso que esse grupo elaborou como cumprimento de um dos
objetivos de uma disciplina Prática de Ensino de Física
São destacadas, também, as pesquisas em nível de pós-graduação, como no
trabalho 9:
Estas pesquisas estarão vinculadas ao Programa de Pós -Graduação em
Educação Para a Ciência, da Faculdade de Ciências da UNESP de Bauru (SP).
Estas serão realizadas por pesquisadores motivados em investigar a temática
do ensino de física e da deficiência visual. Representam pesquisadores em
potencial os licenciandos da UNESP de Ilha Solteira (autores do TCC), bem
como, professores da rede regular preocupados no desenvolvimento de
projetos na área em questão.(CAMARGO et al., 2009, p.5-6)
De uma forma geral, esses pesquisadores, preocupados com a formação de
professores, destacam que as disciplinas e propostas desenvolvidas representam,
no contexto dos cursos de Licenciatura em Física no Brasil, um aspecto inovador,
visto que, levam futuros professores a envolverem-se junto a uma prática reflexiva
ligada às questões: inclusão escolar, necessidades educacionais especiais,
deficiência visual, e produção de materiais e/ou experimentos multissensoriais
(SOLER, 1999) apud (CAMARGO et al., 2009).
Ainda nesta linha, nos trabalhos 7, 12 e 14 foi destacado que a maior
dificuldade do professor em ensinar Física para DVs é a ruptura com as estratégias
mais tradicionais baseadas no uso da lousa ou na elaboração ou adaptação de
experimentos. Nesse sentido, é importante envolvê-lo em atividades que discutem
novas estratégias de ensino.
Outro ponto importante muito discutido nos trabalhos analisados é em relação
à aprendizagem de Física do aluno DV. Neste contexto, os resultados apresentados
tiveram dois enfoques principais, que dizem respeito às dificuldades e às
potencialidades das alternativas propostas.
As maiores dificuldades no Ensino de Física para DVs abordados na maior
parte dos trabalhos é quanto à falta de recursos didáticos e a resistência do
professor em se desvincular à metodologia tradicional de lecionar, onde aspectos
visuais são extremamente valorizados. Como destacam os autores do trabalho 19,
“É compreensível que estudantes com deficiência visual apresentem dificuldades
com a sistemática do Ensino de Física, visto que o mesmo fundamenta -se em boa
parte, em referenciais funcionais visuais”. Outras dificuldades no Ensino de Física
foram apontadas no trabalho 7, como sala de aula lotadas, falta de salas de apoio,
16
ausência de ledores e falta de professores capacitados. Segue ainda a mesma idéia
em um trecho do trabalho 4, que aponta que “Anotações no caderno, textos
transcritos na lousa, provas escritas, medições, entre outras sentenciam o aluno
com deficiência visual ao fracasso escolar e à não socialização.”
O aluno DV tem a mesma capacidade cognitiva que um aluno vidente, porém
processo de ensino-aprendizagem destes se dá de forma diferenciada, por exemplo,
em relação ao material deverá ser resistente, textos em Braile ou impressos
ampliados. Figuras devem ser em relevo ou com cores fortes, e a posição deste
aluno na sala de aula tem que ser estratégica, de forma que o possibilite de ouvir o
professor, como destaca os autores do trabalho 13. A utilização de materiais em
relevo é essencial, pois explora o sentido do tato, assim como atividades que
utilizem recursos auditivos também se fazem essenciais para a aprendizagem de
alunos DVs, a própria oralidade do professor é um exemplo.
Nessa linha encontram-se os trabalhos que destacam a importância da
utilização de recursos diversificados, como, por exemplo, os trabalhos 13, 10, 4 e 6.,
que abordam a necessidade do recurso tátil para discutir a associação de resistores
(trabalho 13) e para facilitar as contas matemáticas (trabalho 10); ou abordam a
utilização de recursos sonoros para o ensino de astronomia (trabalho 4).
Mais alternativas foram sugeridas, como a aplicação de problemas abertos
para analisar o encontro entre dois móveis (trabalho 2); o uso de analogias sobre
corrente e resistência elétrica (trabalho 6) e o levantamento de concepções prévias
dos alunos (trabalhos 2, 3,
e 20) para abordar os conteúdos de
repouso e
movimento (trabalhos 2 e 20), calor e temperatura (trabalho 3).
Essa questão do aprimoramento dos sentidos do tato, da audição e também
do olfato, em virtude da deficiência visual foi muito explorada no trabalho 6, afirma
que:
Há muitos anos acredita-se que a privação de um dos sentidos coincide com
uma compensação desta deficiência. Em cegos, por exemplo, a perda da visão
provocaria um aumento da capacidade dos demais sentidos, como a audição e
o tato. A idéia de compensação é ainda hoje parte integrante da representação
social da cegueira. Constata-se,entretanto, que em função da carência da visão
ocorre apenas uma melhor utilização dos demais sentidos. (MORRONE et
al.,2009, p. 2)
Ainda sobre a temática dos sentidos, o trabalho 16 (que configura uma
atividade investigativa que busca compreender as principais barreiras em relação à
17
comunicação para a inclusão de alunos com deficiência visual no contexto do Ensino
de Física na matéria de Termologia) destaca que:
A comunicação tátil-auditiva possui um grande potencial de entendimento pois
é capaz de veicular significados que não são indissociáveis de representações
visuais, ou seja, o uso de materiais possíveis de serem tocados, esses
significados tornam-se acessíveis a alunos deficientes visuais.(CAMARGO et
al., 2009, p.12)
Assim, em síntese, com relação aos resultados apontados nesses trabalhos,
destaca-se a ênfase dada à formação de professores e à elaboração e
implementação de atividades didáticas. Sendo destacada, no primeiro caso, a
importância de inserir discussões sobre o Ensino de Física para alunos DVs em
cursos de formação de professores e, no segundo caso, a necessidade de explorar
recursos táteis e sonoros nas atividades didáticas.
4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se com esta pesquisa que diante a urgência educacional causada
pela presença cada vez maior de alunos portadores de necessidades especiais em
turmas regulares de ensino, a quantidade de trabalhos com esta temática em
relação à quantidade total de trabalhos apresentados nos eventos pesquisados, é
inexpressiva, o que configura certo descaso com a diversidade presente atualmente
no contexto escolar, sendo imprescindível o aumento de produção destas pesquisas.
Diante disso, uma limitação a ser considerada é a dificuldade de obtenção
das fontes de pesquisa com as quais foram trabalhadas, ou seja, as atas dos
eventos, pois alguns trabalhos foram disponibilizados somente na versão “resumo”.
Outra limitação a ser considerada está relacionada ao levantamento dos trabalhos
com base nos títulos, palavras-chave e resumos, principalmente nos dados
referentes ao ENPEC, pois não foi encontrada nenhuma ferramenta de procura por
área temática, a procura dos trabalhos foi baseada na leitura dos títulos, que podem
ser multifacetados, o que pode influenciar na dimensão da amostra analisada.
Num segundo momento da investigação, buscou-se caracterizar aspectos
motivacionais, temáticos e principais discussões referentes ao Ensino de Física para
deficientes visuais com base nas produções de pesquisadores em ensino,
apresentadas em eventos nacionais ocorridos na última década.
18
Os aspectos motivacionais mais recorrentes dizem respeito: a maior presença
destes alunos em turmas regulares de ensino incentivados pela política educacional
inclusiva brasileira, as peculiaridades que envolvem a aprendizagem desses alunos,
a importância da formação de professores capazes de trabalhar com esses alunos, a
falta de recursos e principalmente a falta de pesquisas na área. Percebe-se com a
análise feita, a necessidade de maior produção de pesquisas e de analisar, também,
os principais enfoques abordados nas pesquisas em relação ao Ensino de Física
para deficientes visuais.
Quanto às abordagens, foram propostas muitas atividades, resultado de
investigações feitas, como entrevistas com alunos deficientes ou não, professores e
revisões bibliográficas, com intuito de subsidiar a prática docente.
De forma geral, foi possível observar a partir dos resultados dos trabalhos que
suas atividades propostas pretendem tirar o foco principal do ensino da percepção
visual, explorando os sentidos do tato e audição, utilização de problemas abertos e
concepções prévias. Essa alternativa parece ser considerada como referência para
desenvolvimento e trabalhos com alunos deficientes visuais.
Percebe-se também que a tendência apontada por estes trabalhos é a de não
focar a deficiência visual, como um problema ou uma fragilidade, e sim colocar os
alunos em iguais condições educacionais, pois alunos DVs em relação à sua
deficiência, não possuem menos capacidade de aprendizado cabendo ao professor
adequar sua metodologia para melhor atender a todos.
Outro aspecto muito importante, presente nos trabalhos, é em relação à
formação do professor. Nesse sentido, destaca-se que algumas instituições tem
considerado a importância da discussão sobre a educação inclusiva e já ofertam,
mesmo que em caráter optativo, matérias no curso de Licenciatura em Física, e
pretendem num futuro próximo implementar o curso de Pós-Graduação em práticas
inclusivas, abordando não só a deficiência visual, mas também as demais
deficiências.
Relacionado à formação do professor e ausência de materiais didáticos, cabe
destacar o trabalho desenvolvido na UNESP, centrado no desenvolvimento de
investigações relacionadas ao Ensino de Física na perspectiva de alunos com
deficiência visual. Para os pesquisadores da referida universidade as pesquisas
desenvolvidas, articuladas ao curso de Licenciatura e à produção de material
didático, darão condições a criação de uma tradição investigativa acerca da temática
19
da inclusão escolar de alunos com deficiência visual em aulas de Física e da
educação científica para alunos com deficiências.
Por fim, com este trabalho, espera-se destacar a importância de discussões
sobre o Ensino de Física para deficientes visuais durante a formação do professor e
também contribuir para o universo de pesquisas preocupadas com esta modalidade
de ensino para deficientes visuais, embora essa seja a preocupação da maioria dos
trabalhos, ainda é incipiente, precisa haver um aprofundamento. As pesquisa estão,
em geral numa fase embrionária, desta forma esta pesquisa tenta criar uma linha de
pesquisa, para que assim possa evoluir em questão de quantidade e qualidade em
análises futuras e assim comparar períodos distintos.
5.
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, a minha amada e grande família, ao meu
amado noivo, aos meus queridos amigos e professores que fizeram parte da minha
graduação.
6.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL,Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <
portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf> Acesso em : 15/11/2010
BRASIL.,Parâmetros
curriculares
nacionais.
Disponível
em
<portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf> Acesso em 15/11/2010
CAMARGO, E. P. Ensino de Física para alunos cegos ou com baixa visão. Física na
Escola, v. 8, n. 1, 2007
CAMARGO, E.P.; SILVA, D. Trabalhando o conceito de aceleração com alunos com
deficiência visual: um estudo de caso. In: Atas do XV Simpósio Nacional de
Ensino de Física, p.1218-1223. Curitiba, mar. de 2003.
Declaração de Salamanca e linha de ação: sobre necessidades educativas
especiais. 2. ed. Tradução Edílson Alkimim da Cunha. Brasília: CORDE, 1997. 54 p.
DICKMAN, A.; FERREIRA, A. C. Ensino e aprendizagem de Física a estudantes com
deficiência visual: Desafios e Perspectivas. Revista Brasileira de Pesquisa em
Educação em Ciências Vol. 8 No 2, 2008
FERREIRA, N. S. de A. As Pesquisas denominadas “Estado da Arte”. Educação &
Sociedade, ano XXIII, nº 79, p. 257-272. ago/2002.
20
MANTOAN, M. T. E. (2002). Ensinando a turma toda as diferenças na escola: Pátiorevista pedagógica, ano V, N. 20, fevereiro/abril, P.. 18 -23.
MORAES, R. Uma tempestade de luz: a compreensão possibilitada pela análise
textual discursiva. Ciência & Educação, 9 (2), p. 191-211, 2003.
MORAES, R.; GALIAZZI, M. C. Análise Textual Discursiva. Ijuí: UNIJUÍ, 2007.
SOLER, M.A. Didáctica multisensorial de las ciencias. Barcelona: Ediciones
Paidós Ibérica, S.A, 1999.
UNESCO. The Salamanca statement and frameword for action on special needs
education. [Adotada pela Conferência Mundial sobre Educação para Necessidades
Especiais: Acesso e Qualidade, realizada em Salamanca, Espanha, em 7-10 de
junho de 1994]. Genebra: UNESCO, 1994. 47 p.
VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
ANEXOS
2
ANEXO I - Tabela de síntese dos trabalhos
Legenda:
Fonte em Negrito: Trabalhos não disponibilizados na versão completa (apenas resumo)
Texto em Realce: Trabalho selecionados para a análise detalhada – tratam do Ensino de Física para deficientes visuais
Titulo
Autor
Ano
Evento
Área
O mundo do silêncio: A percepção do espaço de alunos
Maria da Conceição de A.
2004
EPEF
Física
surdos e ouvintes
Barbosa; Roberto Moreira
1
Xavier de Araújo; Amanda
Campos de Santana
Ensino de Física para alunos com deficiência visual: Eder Pires de Camargo e 2004
EPEF
Física
2
Atividade que aborda a posição de encontro de dois móveis Dirceu da Silva
por meio de um problema aberto
O ensino de Física e os portadores de deficiência visual: Eder Pires Camargo
2002
EPEF
Física
3
aspectos da relação de suas concepções alternativas de
repouso e movimento com modelos históricos
O olhar do deficiente visual para o ensino de Física
Luciana
Tavares
dos 2002
EPEF
Física
4
Santos
Máira
Costa
Santos, 2009
Concepções de calor e temperatura de alunos cegos
SNEF
Física
Fabiana Fernandes da
5
Silva, Maria da Conceição
Barbosa-Lima
Arquivos Portáteis de Áudio para o Ensino de Astronomia Adriana Oliveira Bernardes, 2009
SNEF
Física
Marcelo de Oliveira Souza
6
em turmas inclusivas no Ensino Fundamental e Médio
7
8
9
Montagem experimental para verificação do fenômeno de
difração de luz adaptada para portadores de deficiência
visual
Rafael Rodrigo Garofalo
Paranhos, Ducinei Garcia
2009
SNEF
Física
Conceituando corrente e resistência elétrica por meio do
conhecimento
sensível:
um
experimento
para
aprendizagem significativa de alunos deficientes visuais
Ensinando ciências numa perspectiva de uma educação
inclusiva: um estudo de caso com a luz
Wagner
Morrone,*Mauro
Sérgio Teixeira de Araújo,
Luiz Henrique Amaral
Maria Aldia da Silva,
Alessandro Frederico da
Silveira
2009
SNEF
Física
2009
SNEF
Ciências
Nível
Ensino Médio
Ensino Médio
Ensino Médio
Deficiência
Auditiva
Visual
Visual
Visual
Ensino Médio
Visual
Ensino
Fundamental e
Médio
Testes
feito
com
Ensino
Superior
e
proposta para
Ensino Médio
Ensino Médio
Visual
Ensino
Fundamental I
Visual
Visual
Visual
3
10
11
Educação de estudantes cegos na escola inclusiva: o
ensino de Física
Inclusão no ensino de física: materiais adequados ao
ensino de eletricidade para alunos com e sem deficiência
visual
13
Ensino de física, língua brasileira de sinais e o projeto
``sinalizando a física": um movimento a favor da inclusão
científica
Ensino de física e deficiência visual: diretrizes para a
implantação de uma nova linha de pesquisa
14
Material de Equacionamento Tátil Para Portadores de
Necessidades Especiais Visuais
12
Ensino de Física para portadores de deficiência visual:
Atividades desenvolvidas em um centro de ciências
15
16
17
Percepções de jovens e adultos surdos acerca de suas
vivências escolares
Planejamento de atividades de ensino de mecânica para
alunos com deficiência visual: dificuldades e alternativas
Uma estratégia para o ensino de associações de resistores
em série/paralelo acessível a alunos com deficiência visual
18
19
Ensino de conceitos de física moderna para alunos com
deficiência visual: dificuldades e alternativas encontradas
por licenciandos para o planejamento de atividades.
Graziele
Kelly
Amaral,
Amauri Carlos Ferreira,
Adriana Gomes Dickman
Eder Pires de Camargo,
Alysson Cristiano Beneti,
Ibraim
Alcides
Molero,
Roberto Nardi,*Noemi Sutil
Everton Botan, Fabiano
César Cardoso
2009
SNEF
Física
Ensino Médio
Visual
2009
SNEF
Física
Ensino Médio
Visual
2009
SNEF
Física
Ensino Médio
e Superior
Auditiva
Eder Pires de Camargo,
Roberto Nardi, Carla Reis
Evangelista, Noemi Sutil
André Luis Tato, Maria da
Conceição de Almeida
Barbosa-Lima
José
Roberto
Tagliati;
Lucimar
Fernandes
Grégrio; diego da Souza
Moreira; Marina Ribeiro
Teixeira
Tatiana Bolivar Lebedeff
Vania Elisabeth Barlette
Éder Pires de Camargo
Roberto Nardi
Ana Aline de Medeiros;
Maurício
José
do
Nascimento
Júnior
;
Fernando Japiassú Júnior
Wesley Costa de Oliveira
Narla Sathller Musse de
Oliveira
Éder Pires de Camargo
Roberto Nardi
2009
SNEF
Física
Ensino
Superior
Visual
2009
SNEF
Física
e
Matematica
Ensino Médio
Visual
2009
SNEF
Física
Ensino Médio
Visual
2007
SNEF
Ciências
Todos
Auditiva
2007
SNEF
Física
Visual
2007
SNEF
Física
Ensino
Superior
Ensino Médio
2007
SNEF
Física
Ensino
Superior
Visual
Visual
4
Diferenciando fenômenos físicos e químicos através das
sensações
Riana Coelho Gouveia e
Luciana Tavares
2005
SNEF
Ciências
Visual
Física
Atividades
proposta para
Ensino
Fundamental,
mas
a
execução foi
no
Ensino
Superior
Ensino Médio
Ensino de Física e diversidade cultural: Por uma
abordagem interdisciplinar e epistêmica para alunos surdos
SNEF
Ensino de Física para portadores de deficiência auditiva: O
problema dos livros didáticos
2005
22
Frederick
Moreira
dos
Santos e Fábio de Alencar
Freitas
Lívia S.Nogueira; Liliane
R.Reis e Elio Carlos
Ricardo
Fábio Pazêto
Manuel M. A. Jesus
2005
21
SNEF
Física
Ensino Médio
Autitiva
2005
2003
SNEF
SNEF
Física
Física
Ensino Médio
Ensino Médio
Visual
Autismo
Susana de Souza Barros,
Voltaire Martelli, Wilma
Soares Santos
Luciano
Tavares
dos
Santos;
Gisele Morisson Feltrini;
Paulo Sérgio Bretas de
Almeida Salles; Mônica
Maria Pereira Resende;
Isabella Gontijo de Sá e
Heloísa Maria Moreira Lima
Salles
Eder
Pires
Camargo;
Roberto Nardi Eliza Márcia
Oliveira Lippe
Eder
Pires
Camargo;
Sandra de Lima Ribeiro
dos Santos; Roberto Nardi
e Estéfano Vizconde
2001
SNEF
Física
Ensino Médio
Visual
2003
SNEF
Física
Ensino Médio
Visual
2009
ENPEC
Ciências
2009
ENPEC
Física
Ensino
Superior
Visual
2009
ENPEC
Química
Ensino
Superior
Visual
20
23
24
25
26
Outras percepções no ensino de Física
Ensino de Física para autistas: Relato de caso,
desafios e perspectivas
Uma proposta para a inclusao de alunos deficientes visuais
nas
aulas
de
física
do
ensino
médio
Percebendo a Física: vivências do aluno cego no
laboratório e no parque de diversões
Aplicando modelos de raciocínio qualitativo ao ensino de
ciências de estudantes surdos.
27
28
29
A comunicação como barreira à inclusão de alunos com
deficiência visual em aulas de termologia
Alunos com deficiência visual em curso de Química:
Fatores atitudinais como dificuldades educacionais
Ensino
Fundamental
Auditiva
Auditiva
5
O ensino de Química e a aprendizagem de alunos surdos:
uma interação mediada pela visão
Lidiane de Lemos Neto;
Maria Madalena Alcântara;
Cláudio
R,
Machado
Benite;
Ana
Maria
Canavarro Benite
Eliza Márcia Oliveira Lippe
e
Eder Pires de Camargo
2009
ENPEC
Química
Todos
Auditiva
2009
ENPEC
Ciências
Todos
Geral
Ana
Cristina
Santos
Duarte;
Emanuela
de
Souza Silva; Júlio Cezar
Castilho Razera; Josmar
Barreto Duarte
Rejane Ferreira Machado
Pires,
Patrícia
Neves
Raposo, Gerson Souza Mól
Gisele Feltrini, Ricardo
Gauche
Mónica Baptista, Carolina
Carvalho, Sofia Freire, Ana
Freire
Vinícius Souza, Rosária
Justi.
2009
ENPEC
Ciências
Ensino Fundamental
e
Médio
Visual
2007
ENPEC
Química
Ensino Médio
Visual
2007
ENPEC
Ciências
Auditiva
2007
ENPEC
Ciências
Ensino
Fundamental
Ensino
Fundamental
2007
ENPEC
Química
Ensino Médio
2007
ENPEC
Química
Ensino Médio
Ensino de física a estudantes cegos na perspectiva dos
professores .
Lidiane de Lemos Neto,
Maria
Madalena
Alcântara,
Claudio
Roberto Machado Benite,
Anna Maria Canavarro
Benite.
Amauri Ferreira, Adriana
Dickman
2007
ENPEC
Física
A construção de mini-museus de ciências auxiliando
deficientes visuais no Ensino Fundamental, Médio e
Gizele Alves de Souza,
Diamar da Costa Pinto;
2005
ENPEC
Ciências
Professores
de
Ensino
Médio
Todos
30
31
Educação especial nas atas do ENPEC e em revistas
brasileiras e espanholas relevantes na área: delineando
tendências e apontando demandas de investigação em
ciências.
Percepções de alunos deficientes visuais sobre educação
ambiental
32
33
Adaptação de um livro didático de química para alunos com
deficiência visual.
35
Ensino de Ciências a Estudantes Surdos: Pressupostos e
Desafios
Investigações e práticas inclusivas no ensino das ciências.
um estudo com alunos em risco de abandono escolar
36
O ensino de ciências e seus desafios inclusivos: o olhar de
um professor de química sobre a diversidade escolar.
34
O ensino de química e a aprendizagem de alunos surdos:
uma interaão mediada pela visão.
37
48
39
Auditiva
Intelectual
Visual
Auditiva
Intelectual
Visual
Auditiva
Visual
Visual
6
Superior no estado do Rio de Janeiro, Brasil
40
41
42
43
44
45
46
Ensino de Física e alunos com deficiência visual: Análise e
proposta de Procedimentos docentes de condução de
atividades de ensino
Ensino de Química: Proposição e testagem de materiais
para cegos
A Tabela Periódica: Um recurso para a inclusão de alunos
com deficiência visual
Aprendizagem de Ciências Naturais por deficientes visuais:
um caminho para a inclusão
A prática inclusiva no ensino de Física para portadores de
deficiência auditiva
Atividade e material didático para o ensino de Física à
alunos com deficiência visual: queda dos objetos
Considerações sobre o ensino de Física para deficientes
visuais, de acordo com uma abordagem sóciointeracionista
Taís Pacheco Dutra de
Farias; Rosane Moreira
Silva de Meireles; Tânia
Cremonini de Araújo Jorge
Eder
pires
Camargo,
Dirceu Silva e Roberto
Nardi
Ilza Maria de Barros
Lourenço
e
Liliana
Marzorati
Lorena Gadelha de Freitas
Brito
Márcia Gorette Lima da
Silva
Ana Cristina Santos Duarte
Luiz Carlos d Silva; Maycon
Adriano Silva ; Rejane
Aurora Mion
Eder pires Camargo e
Dirceu Silva
Eder Pires Camargo
2005
ENPEC
Física
Ensino Médio
Visual
2005
ENPEC
Química
Visual
2005
ENPEC
Química
Ensino
Fumndamental
e Médio
Ensino Médio
2005
ENPEC
Ciências
Visual
2003
ENPEC
Física
Ensino
Fundamental
Ensino Médio
2003
ENPEC
Física
Ensino Médio
Visual
2001
ENPEC
Física
Ensino Médio
Visual
Visual
Auditiva
7
ANEXO II - Análise dos artigos sobre o ensino de Física para deficientes visuais
ENCONTRO DE PESQUISA EM ENSINO DE FÍSICA
2004
Título do trabalho: Ensino de Física para alunos com deficiência visual: Atividade que
aborda a posição de encontro de dois móveis por meio de um problema aberto
Autor: Eder Pires de Camargo
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: Formação de professores – Atividade
Motivação: sugerir alguns direcionamentos ao ensino de Física a alunos com
deficiência visual. Para tanto, será apresentada uma atividade que aborda um
problema aberto (posição de encontro de dois móveis).
Metodologia: busca de soluções a um problema aberto (possível colisão entre um
carro e um trem), e seu desenvolvimento prático se constituiu em dois momentos: No
primeiro momento, os alunos por meio de um toca Cd, ouviram a gravação de uma
situação problemática que abordava o movimento de um carro e de um trem. No
segundo momento, por meio de um debate, os alunos descreveram observações,
apresentaram suas diferentes interpretações para a situação problema, e propuseram
soluções para a questão contida na referida situação
Principais resultados: foi capaz de motivar os alunos com deficiência visual e
proporcionar aos mesmos, condições para que eles: observassem por meio do
referencial auditivo um evento sonoro; propusessem e discutissem diferentes soluções
possíveis para um problema aberto; utilizassem e articulassem grandezas Físicas;
apresentassem problemas não planejados para discussão; e expusessem e
compartilhassem hipóteses durante as discussões estabelecidas.
Discussão: a carência de material instrucional próprios para o ensino de Física de
alunos com deficiência visual, bem como, a urgência educacional que o referido tema
exige tem sido um grande desafio para o ensino de Física para deficientes visuais.
2002
Título do trabalho: O ensino de Física e os portadores de deficiência visual:
aspectos da relação de suas concepções alternativas de repouso e movimento com
modelos históricos
Autor: Eder Pires de Camargo
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: Formação de professores – investigação – concepções
alternativas
Motivação: buscou-se compreender de que maneira a ausência de visão pode
interferir ou não no pensamento espontâneo de um indivíduo cego, já que este não
possui o sentido que o coloca em contato com muitos fenômenos observáveis
principalmente pela visão.
Metodologia: apresenta 47 concepções alternativas de repouso e movimento em
Física, de um grupo de seis indivíduos cegos que, individualmente, foram submetidos
a um questionário semi-estruturado, que enfocava situações cotidianas de repouso e
movimento, com o objetivo de fazê-los refletir sobre o tema e expressar suas idéias.
Outro aspecto abordado foi o das relações entre tais concepções e os modelos
históricos de repouso e movimento propostos por antigos filósofos.
8
Foi utilizado software que usava o som para que as medidas pudessem ser verificadas
em atividades de movimento e repouso
Principais resultados:
a)os alunos apresentam falta de pré - requisitos em matemática.
b) Dificuldades para acessar a Internet e poucos computadores nas escolas.
c) foi observado que o aluno fica motivado, procurando interpretar o mundo real
porque os movimentos analisados fazem parte do seu cotidiano, facilitando a
aprendizagem das concepções científicas, indicando que o software pode ser uma
ferramenta cognitiva para o aluno
Discussão: Pretende-se que tal estudo possa ser útil ao ensino de Física para
pessoas cegas, já que de posse desses resultados o professor que trabalhe com tais
alunos terá subsídios indispensáveis para sua prática.
SIMPÓSIO NACIONAL DE ENSINO EM FÍSICA
2009
Título do trabalho: Concepções de calor e temperatura de alunos cegos
Autor: Máira Costa Santos, Fabiana Fernandes da Silva, Maria da Conceição
Barbosa-Lima
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: Formação do professor - Investigação
Motivação: comentar a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais em
classes regulares e o conhecimento que o professor de Física deve adquirir para
trabalhar com esses estudantes, por isso julga-se necessária a discussão sobre
concepções espontâneas que alunos cegos trazem com eles
Metodologia: foi realizada uma entrevista semi-estruturada em um colégio federal do
Rio de Janeiro co quatro estudantes do ensino médio cegos sobre conceitos de calor e
temperatura. Um deles matriculado no primeiro ano e os demais inscritos no segundo
ano a fim de conhecer suas concepções espontâneas e compará-las com as de alunos
com visão normal.
Principais resultados: os alunos cegos estudados apresentam os mesmos conceitos
encontrados na literatura que estuda alunos videntes. Influenciam-se pela linguagem
cotidiana, usam calor e temperatura como sinônimos e calor é sempre relacionado a
algo de temperatura elevada. Sendo assim, apesar de haver a necessidade de
adaptações e metodologias próprias estes sujeitos são tão aptos para a aprendizagem
de Física que quaisquer outros.
Discussão: Ainda há um problema a ser enfrentado no que tange ao ensino de Física
para cegos, que a capacidade de um aluno cego aprender Física, para tentar sanar
este problema os autores propuseram a análise de concepções espontâneas sobre
calor e temperatura, e as comparou com as de alunos com visão normal. Esse
problema ainda existe também por causa da escassez de pesquisas com tal temática.
Título do trabalho: Arquivos Portáteis de Áudio para o Ensino de Astronomia em
turmas inclusivas no Ensino Fundamental e Médio
Autor: Adriana Oliveira Bernardes, Marcelo de Oliveira Souza
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: Formação do professor - atividade
9
Motivação: utilização de arquivos portáteis de áudio para o ensino de astronomia em
turmas formadas por deficientes visuais.
Metodologia: Primeiramente os alunos pesquisaram sobre assuntos de Física sobre
Astronomia, depois eles sintetizaram as informações e produziram pequenos textos
que foram gravados, de duração de 1 a 2 minutos que seriam utilizados por alunos
deficientes visuais
Principais resultados: Foram produzidos dezoito arquivos de áudio. Participaram do
projeto alunos do Ensino Médio, membros do Clube de Astronomia e graduandos m
Física, o que provocou várias discussões sobre a necessidade de uma disciplina que
aborde a educação especial na graduação.
Discussão: a utilização dos arquivos portáteis aproximou os alunos com e sem
deficiência, colaborou para criação de recursos didáticos que poderão ser usados por
deficientes visuais e também para a popularização da Astronomia, por meio dessa
nova tecnologia educacional.
Título do trabalho: Montagem experimental para verificação do fenômeno de difração
de luz adaptada para portadores de deficiência visual
Autor: Rafael Rodrigo Garofalo Paranhos, Ducinei Garcia
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: Formação do professor - atividade didática
Motivação: primeiramente foi feito uma pesquisa bibliográfica em revistas
especializadas nas áreas de ensino e foi feito contato com os centros de apoio ao
deficiente visual Instituto Benjamim Constant (RJ) e Fundação Dorina Nowill (SP),
depois foi proposto um experimento de baixo custo para verificar o fenômeno da
difração adaptada aos deficientes visuais.
Metodologia: a proposta do experimento utiliza matérias de baixo custo, para haja a
conversão de sinal luminoso em sinal sonoro para isso se fez necessário circuito
eletrônico amplificador simples, o LDR como fotodetector.
Principais resultados: os testes realizados mostraram que a montagem é viável,
permitindo a compreensão dos conceitos envolvidos qualitativamente.
Discussão: Constatou-se com a pesquisa bibliográfica e o contato direto com os
centros de apoio que o ensino para deficientes visuais esbarra em dificuldades
estruturais e metodológicas. Os dados numéricos dos testes realizados com o
experimento não foram coerentes com as medições da abertura das fendas e não foi
feita nenhuma analise do autor a respeito dessa diferença de resultados, com
possíveis soluções para a problemática.
Título do trabalho: Conceituando corrente e resistência elétrica por meio do
conhecimento sensível: um experimento para aprendizagem significativa de alunos
deficientes visuais
Autor: Wagner Morrone, Mauro Sérgio Teixeira de Araújo, Luiz Henrique Amaral
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores e atividade didática
Motivação: elaboração de uma proposta metodológica que possibilitem os alunos a
construir conhecimentos científicos, vivência científica, e relacioná-los a conceitos
iniciais em eletrodinâmica, por meio das sensações e aproveitando suas concepções
espontâneas em relação a corrente e resistência elétrica.
Metodologia: Utilizou canudos de diferentes bitolas e suco, a atividade foi feita com 8
alunos com diferentes níveis de deficiência. Primeiramente, eles sugavam o suco com
canudos de mesma bitola e depois de bitolas diferentes.
Principais resultados: quando sugaram o suco com canudos ligados de mesma
bitola perceberam que o tempo gasto para o suco chegar até a boca aumentava
10
quando aumentava o numero de canudos ligados, então o professor nesse momento
fez a analogia do suco com a corrente. Depois eles sugaram o suco com canudos de
grossuras diferentes, e o professor mediou e fez a analogia desta “dificuldade” em
sugar o suco com a resistência elétrica, e analisou os casos de maior quantidade de
canudos ligados com maior comprimento do fio condutor (canudos) assim como a
grossura do fio também interfere na resistência.
Discussão: A atividade experimental permitiu transpor a simples “matematização”,
avançando para a resolução de uma situação problematizadora ao facilitar a
elaboração de modelos matemáticos, contribuindo para a construção de conceitos
físicos relevantes, sua análise e a aplicação de seus resultados.
Título do trabalho: Educação de estudantes cegos na escola inclusiva: o Ensino de
Física
Autor: Graziele Kelly Amaral, Amauri Carlos Ferreira, Adriana Gomes Dickman
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - investigação
Motivação: investigar as dificuldades enfrentadas pelos estudantes no processo
ensino-aprendizagem, em especial em relação à Física. Investigamos questões
relacionadas ao material didático, estratégias de ensino utilizadas, suas dificuldades
no processo de ensino-aprendizagem e o desempenho dos alunos na escola inclusiva.
Metodologia: foi feita uma entrevista prévia com um ex-aluno do Ensino Médio
respostas foram transcritas e analisadas
Principais resultados: constatou-se que serão necessárias a pesquisa in loco
permitam estabelecer categorias analíticas que melhor esclareçam os problemas e
desafios na inclusão de estudantes cegos em escolas regulares e serão elaborados
roteiros de entrevistas que serão posteriormente aplicados a professores e aos alunos
cegos. e por meio de análise de falas destes, que estiveram ou estão estudando a
partir do funcionamento do centro de apoio pedagógico, se os materiais de apoio estão
chegando às escolas, e em caso afirmativo, avaliaremos sua qualidade, tanto na
opinião dos professores quanto dos alunos
Discussão: O trabalho não evidencia um resultado concreto da entrevista do exaluno.
Título do trabalho: Inclusão no ensino de Física: materiais adequados ao ensino de
eletricidade para alunos com e sem deficiência visual
Autor: Eder Pires de Camargo, Alysson Cristiano Beneti, Ibraim Alcides Molero,
Roberto Nardi,Noemi Sutil
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores – atividade
Motivação: apresentar materiais adequados ao ensino de eletricidade para uma turma
inclusiva e discutir as dificuldades e alternativas encontradas por futuros professores
ao lecionarem em uma turma dessa natureza.
Metodologia: construção de materiais propostos na pesquisa pós-doutorado de Eder
Pires de Camargo sobre a inclusão de alunos deficientes visuais em aulas de Física
Principais resultados: espera-se que a investigação identifique se a dificuldade no
aprendizado de um determinado conteúdo, por estudantes cegos, é proveniente da
formação de professores em relação às estratégias utilizadas, ou simplesmente uma
conseqüência da natureza do próprio conteúdo, e ainda, se o apoio oferecidopelos
órgãos governamentais poderia modificar essa situação
Discussão: a metodologia de ensino mais adequada em um contexto inclusivo deve
dar condições para que alunos deficientes ou não possam observar os fenômenos a
serem estudados, e que participem de um ambiente de aprendizagem.
11
Título do trabalho: Ensino de Física e deficiência visual: diretrizes para a implantação
de uma nova linha de pesquisa
Autor: Eder Pires de Camargo, Roberto Nardi, Carla Reis Evangelista, Noemi Sutil
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - atividade
Motivação: discute a implantação de linha de pesquisa relacionada ao ensino de
física na perspectiva de alunos com deficiência visual cujo objetivo refere-se à criação
de uma tradição investigativa acerca da temática da inclusão escolar de alunos com
deficiência visual em aulas de Física e da educação científica para alunos com
deficiências.
Metodologia: A implantação do laboratório didático/instrumental vem ocorrendo
gradativamente, buscando priorizar o atendimento inicial ao desenvolvimento de
projetos de graduação. Posteriormente, o foco de prioridades será dirigido ao
desenvolvimento de projetos de pós-graduação
Principais resultados: Em nível de graduação, a partir do primeiro ano de
implantação (2006), o laboratório vem apoiando, no mínimo, o desenvolvimento anual
de um trabalho de conclusão de curso (TCC), bem como, a produção de materiais
inclusivos de ensino de física efetuada na disciplina de natureza prática: “Atividades
experimentais multissensoriais de física como alternativa à inclusão escolar de alunos
com deficiência visual”.
Discussão: Diante das políticas inclusivas o curso de Licenciatura em Física da
UNESP campus de Ilha Solteira oferece como matéria optativa duas matérias com
foco em educação especial, uma é “Atividades experimentais multissensoriais de física
como alternativa à inclusão escolar de alunos com deficiência visual” de caráter prático
e a outra de caráter teórico “O ensino de física e a inclusão escolar de alunos com
necessidades educacionais especiais”, tem por objetivos: discutir os enfoques de
inclusão e integração, a legislação brasileira referente à inclusão, a influência de
distintos referenciais educacionais para a implantação de uma prática de ensino de
física inclusiva, as viabilidades e dificuldades inerentes ao planejamento e condução
de situações inclusivas de ensino, e recentes pesquisas relacionadas ao tema do
ensino de física e da inclusão escolar. Alguns alunos já estão produzindo monografias
com essa temática, no entanto os dados referentes a muitas pesquisas com tal
temática não são estruturados e organizados, não permitindo que os resultados das
mesmas se encontrem e evoluam conjuntamente.
E contam com o projeto de pós-graduação.
Título do trabalho: Material de Equacionamento Tátil Para Portadores de
Necessidades Especiais Visuais
Autor: André Luis Tato, Maria da Conceição de Almeida Barbosa-Lima
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: Formação de professores - atividade
Motivação: minimizar essas insuficiências pedagógicas de inclusão e integração
escolar foi pesquisado e elaborado um material capaz de expressar a escrita
matemática (equacionamento físico-matemático), com caracteres em Braille e em
tinta.
Metodologia: criou símbolos referentes a números e operações em forma de peças
coloridas e com a escrita normal em cima e o símbolo abaixo feitos com tintas em alto
relevo, para que alunos videntes ou com deficiência leve até cegueira consiga
manuseá-las.
Principais resultados: Foram realizados testes envolvendo alunos cegos, na sala de
apoio, com o objetivo de validação da proposta do uso material e verificação de sua
aceitação pelos estudantes. Durante a aplicação piloto, realizada com dois estudantes
separadamente, um rapaz e uma moça, eles declararam que o material realmente os
12
auxiliou no registro de dados, deixando-os livres para executar outras tarefas e na
resolução de expressões
Discussão: O material de pesquisa apresentado, o MET, requer certo treinamento
para uso em sala de aula, assim como tantos outros produtos voltados às
necessidades dos deficientes visuais. A aceitação desse material pelos alunos de
Ensino Médio portadores de necessidades especiais visuais, para a formação plena de
profissionais e independência da vida diária, vai depender do uso adequado e até
mesmo da adaptação daqueles já alfabetizados no sistema Braille. O problema do
tempo de resolução permanece, o equacionamento tátil, embora mais eficiente em
relação às tentativas de resolução mental, continua mais lento quando comparado à
resolução em papel e caneta.
Título do trabalho: Ensino de Física para portadores de deficiência visual: Atividades
desenvolvidas em um centro de ciências
Autor: José Roberto Tagliati; Lucimar Fernandes Grégrio; Diego da Souza Moreira;
Marina Ribeiro Teixeira
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - investigação
Motivação: desenvolver uma análise dos dados encontrados para coletar e estruturar
elementos que possam vir a contribuir para a composição de um ensino de Física mais
adequado às necessidades específicas desses alunos e iniciar uma investigação de
quais estratégias, ou estruturas, o portador de deficiência visual utiliza para estudar
Física
Metodologia: inicialmente de forma individualizada, com a participação de um
estudante ligado à Associação de Cegos. Este estudante foi escolhido de acordo com
critérios estabelecidos em comum acordo entre representantes do Centro de Ciências
e a Associação dos Cegos. A partir de então os bolsistas, supervisionados por um
professor pesquisador iniciou o trabalho, inicialmente apenas com os conteúdos de
física, com uma freqüência de dois dias por semana.
Principais resultados: Pouco material disponível com tal temática. O grande desafio
do ensino com este tipo de aluno, mas por outro lado também vislumbramos como a
investigação de métodos e estratégias adequadas podem ser importantes no
desenvolvimento de tal aspecto didático-pedagógico.
Discussão: A grande dificuldade, primeiramente, foi a falta de publicações sobre o
assunto que pudessem nos auxiliar para um melhor desenvolvimento deste trabalho. A
princípio pudemos detectar grande dificuldade dos deficientes visuais, quanto ao
entendimento da fenomenologia científica e falta do saber teórico do conteúdo da
física.
2007
Título do trabalho: Planejamento de atividades de ensino de mecânica para alunos
com deficiência visual: dificuldades e alternativas
Autor: Éder Pires de Camargo Roberto Nardi
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores- atividade para licenciandos em
Física
Motivação: resultados de um estudo que analisou o desempenho de futuros
professores quando, durante o desenvolvimento de uma disciplina de Prática de
Ensino de Física, foram solicitados a planejar, elaborar e ministrar, em situações reais
de sala de aula, tópicos de ensino de mecânica a uma turma de estudantes, dentre os
quais se incluíam alunos com deficiência visual.
13
Metodologia: os alunos dividiram-se aleatoriamente em cinco grupos de acordo com
os seguintes temas da Física: Mecânica, Óptica, Eletricidade, física moderna e
Termologia. Cada grupo ficou constituído em média por quatro licenciandos. Assim
que os grupos ficaram definidos, o objetivo era elaborar um mini-curso de 16h sobre o
tema físico escolhido pelo grupo, sendo que as atividades de ensino de Física
constituintes do mini-curso devem ser adequadas às especificidades de alunos com
deficiência visual e alunos videntes.
Principais resultados: os critérios adotados pelos licenciandos para a elaboração das
atividades de ensino de mecânica apoiam-se em critérios de elaboração de atividades
adotados para alunos videntes. Em outras palavras, o “conhecer um determinado
fenômeno” e o ensinar um determinado fenômeno” tem para os licenciandos fortes
relações com o “ver esse fenômeno” dados coletados mostram que as principais
dificuldades apresentadas pelos futuros professores referem-se à abordagem do
conhecer fenômenos físicos como dependente do ver e o não rompimento com alguns
elementos da pedagogia tradicional. Por outro lado, como alternativas, os futuros
professores mostraram criatividade em superar atitudes passivas relativas à
problemática educacional considerada, a elaboração de estratégias metodológicas
destituídas da relação conhecer/ver, bem como, o trabalho com a oralidade no
contexto do ensino de Física.
Discussão: A principal dificuldade apresentada pelos licenciandos refere-se à relação
direta entre observar visualmente um determinado fenômeno e/ou modelos ou
representações do referido fenômeno e a elaboração de estratégias metodológicas
para o ensino desse fenômeno. tais estratégias geralmente são fundamentadas na
utilização da lousa ou na elaboração ou adaptação de experimentos a serem
demonstrados
Título do trabalho: Uma estratégia para o ensino de associações de resistores em
série/paralelo acessível a alunos com deficiência visual
Autor: Ana Aline de Medeiros; Maurício José do Nascimento Júnior; Fernando
Japiassú Júnior Wesley Costa de Oliveira Narla Sathller Musse de Oliveira
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores – atividade
Motivação: auxiliar os professores de física a ministrarem seus conteúdos de uma
forma mais dinâmica, participativa e possibilitando ao aluno construir os conceitos
através da vivência, foi desenvolvido um experimento que possibilita ao professor
trabalhar qualitativamente o conteúdo de Eletricidade em uma abordagem inclusiva
Metodologia: Foi construída uma maquete tátil utilizada por alunos deficientes visuais
e com visão normal, levando em consideração alguns critérios didáticos, tais como: foi
confeccionado com material resistente adequado ao experimento, no caso específico
da eletricidade não oferecer risco de danos físicos aos alunos, como por exemplo,
choques; utilizou legendas em tinta e Braille; utilizou lâmpadas para os alunos videntes
e buzina para os que possuem deficiência visual.
Principais resultados: Os alunos observaram e realizaram os diferentes tipos de
Associações de Resistores. Os alunos videntes verificaram os efeitos pela intensidade
luminosa das lâmpadas e os alunos com deficiência visual, pela intensidade sonora
dos bips.
Discussão: Durante a aula foi possibilitado aos alunos vivenciar situações que lhes
possibilitaram analisar e construir os conceitos relacionados a Circuitos Elétricos em
Série e Paralelos, utilizando uma mesma metodologia para todos.
14
Título do trabalho: Ensino de conceitos de Física moderna para alunos com
deficiência visual: dificuldades e alternativas encontradas por licenciandos para o
planejamento de atividades.
Autor: Éder Pires de Camargo e Roberto Nardi
Deficiência abordada: Visual
Abordagem e/ou temática: Formação de professores - atividade
Motivação: a análise de dificuldades e alternativas apresentadas por licenciandos
sobre o planejar atividades de ensino de física moderna para alunos com deficiência
visual e videntes, o objetivo também foi inserir esses novos professores a uma
possível realidade que eles presenciarão em sala de aula.
Metodologia: os alunos dividiram-se aleatoriamente em cinco grupos de acordo com
os seguintes temas da Física: Mecânica, Óptica, Eletricidade, física moderna e
Termologia. Cada grupo ficou constituído em média por quatro licenciandos. Assim
que os grupos ficaram definidos, o objetivo era elaborar um mini-curso de 16h sobre o
tema físico escolhido pelo grupo, sendo que as atividades de ensino de Física
constituintes do mini-curso devem ser adequadas às especificidades de alunos com
deficiência visual e alunos videntes.
Principais resultados: as principais dificuldades apresentadas pelos futuros
professores referem-se à abordagem do conhecer fenômenos físicos como
dependente do ver e ao não rompimento com alguns elementos da pedagogia
tradicional. Como alternativas, alguns dos futuros professores indicaram a elaboração
de estratégias metodológicas destituídas da relação conhecer/ver, bem como, o
planejamento da utilização da oralidade em situações de ensino de física.
Discussão: utilização de representações visuais de fenômenos não observáveis
visualmente no ensino de física, pode representar distorções conceituais em relação
ao conhecimento e entendimento desses fenômenos. Parece haver, uma relação entre
conhecer e ver, na medida em que o convencimento de que se conhece apenas se
estabelece pela visualização ou representação visual do objeto de conhecimento.
Superar tal relação e reconhecer que a visão não pode ser utilizada como pré-requisito
para o conhecimento de alguns fenômenos como os de física moderna, pode indicar
alternativas ao ensino de física, alternativas estas que enfocarão a deficiência visual
não como uma limitação ou necessidade educacional especial, mas como perspectiva
auxiliadora para a construção do conhecimento de física por parte de todos os alunos.
2005
Título do trabalho: Outras percepções no ensino de Física
Autor: Fábio Pazêto
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - atividade
Motivação: surgiu da avaliação de uma matéria do currículo da Licenciatura em Física
chamada “Oficina de projetos III: educação, ciência e percepção numa perspectiva
inclusiva.” Do CEFET-SP para capacitar os professores na visão da educação
inclusiva. De modo a proporcionar aos alunos, inclusive os ditos com necessidades
especiais
Metodologia: foi feita uma proposta de experimento com alunos cegos e videntes
vendados, sobre queda de objetos, utilizando diferentes objetos em diferentes alturas.
Principais resultados: Foi feita só uma proposta, não houve aplicação da atividade
Discussão: é difícil o professor é se desgarrar das metodologias tradicionais de
ensino lousa, figuras, mas em um contexto inclusivo o professor tem que aproveitar os
outros sentidos.
15
ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM ENSINO DE CIÊNCIAS
2009
Título do trabalho: A comunicação como barreira à inclusão de alunos com
deficiência visual em aulas de termologia
Autor: Eder Pires de Camargo; Roberto Nardi Eliza Márcia Oliveira Lippe
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - investigação
Motivação: busca compreender as principais barreiras em relação à comunicação
para a inclusão de alunos com deficiência visual no contexto do ensino de
Física.Focalizando nas aulas de termologia entre licenciandos e discentes com
deficiência visual.
Metodologia: foi feito um estudo analítico sobre a aprendizagem de licenciandos com
deficiência visual, explorando diferentes tipos de comunicação.
Principais resultados: Constatou-se que a comunicação tátil-auditiva possui um
grande potencial de entendimento pois é capaz de veicular significados que não são
indissociáveis de representações visuais, ou seja, o uso de materiais possíveis de
serem tocados, esses significados tornam-se acessíveis a alunos deficientes visuais.
Discussão: recomenda alternativas que visam dar condições à participação efetiva do
discente com deficiência visual no processo comunicativo, das quais se destacam: a
destituição da estrutura empírica áudio-visual interdependente e a exploração das
potencialidades comunicacionais das linguagens constituídas de estruturas empíricas
de aceso visualmente independente.
2007
Título do trabalho: Ensino de física a estudantes cegos na perspectiva dos
professores
Autor: Amauri Ferreira, Adriana Dickman
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - investigação
Motivação: discutir os desafios enfrentados pelos professores do Ensino Médio ao
ensinar Física para alunos cegos
Metodologia: foi utilizado o método de história oral em sua vertente temática,
entrevistando professores que lecionam física para estudantes cegos em escolas
regulares.
Principais resultados: ocorre uma aprendizagem diferenciada desses alunos em
relação a certos conteúdos. Segundo a percepção do professor, conteúdos como a
cinemática que se apóia fortemente na manipulação de fórmulas são rapidamente
assimilados.
Discussão: Para conteúdos que exigem visualização de diagramas, gráficos e
situações, esse grupo apresentou maior dificuldade, expressa principalmente no
tempo maior gasto para seu aprendizado e conteúdos que privilegiam a utilização da
memória, são assimilados rapidamente pelos estudantes cegos em relação aos alunos
com visão normal.
16
2005
Título do trabalho: Ensino de Física e alunos com deficiência visual: Análise e
proposta de Procedimentos docentes de condução de atividades de ensino
Autor: Eder Pires de Camargo e Dirceu da Silva
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - atividades
Motivação: fornecer a professores de Física, uma proposta para o ensino de
conceitos dessa disciplina para alunos cegos e com baixa visão.
Metodologia: análise da mediação docente de cinco atividades de ensino. As duas
primeiras relacionam atrito e aceleração e a segunda e a terceira, gravidade e
aceleração. A quinta atividade aborda a resolução de um problema aberto. As cinco
atividades fundamentam-se em observações táteis e auditivas do objeto de estudo, e
em interações sociais entre seus participantes
Principais resultados: constatou-se com as atividades que o professor deve explorar
atividades que envolvam tato e audição (unidades de experiência), na perspectiva da
educação inclusiva essas atividades não devem ser exclusivas para alunos cegos,
segundo os autores outra solução é usar situações problemas que envolvam o
cotidiano de todos alunos independente de deficiência ou não.
Discussão: viabilizar a inclusão escolar de alunos cegos ou com baixa visão, na
medida em que fornece subsídios teóricos para a prática do ensino de Física a alunos
com a mencionada deficiência, por meio de atividades propostas
2003
Título do trabalho: Atividade e material didático para o ensino de Física à alunos com
deficiência visual: queda dos objetos
Autor: Eder Pires de Camargo e Dirceu Silva
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - atividade
Motivação: dar subsídios teóricos e práticos ao trabalho educativo do professor e
também contribuir para a diminuição da carência de pesquisas, de metodologias e de
materiais relacionados ao tema.
Metodologia: foi feita uma atividade para uma turma de alunos cegos, respeito de
queda de corpos, utilizando uma interface sonora e marcações deixadas na fita do
papel pelo marcador de tempo.
Principais resultados: a atividade motivou os alunos, deu pouca importância à
observação visual, importante somente na montagem da atividade. Os alunos
conseguiram fazer extrapolações de situações físicas e prever resultados e,
conseguiram trabalhar temas como velocidade média, aceleração da gravidade, e a
relação entre velocidade constante e aceleração nula.
Discussão: Os autores também colocam que o ambiente para atividades físicas tem
que ser um ambiente colaborativo onde cada sentido terá o seu valor, ou seja, em
atividades inclusivas não se pode privilegiar algum tipo de sentido, mas sim equilibrar
a relevância deles.
2001
Título do trabalho: Considerações sobre o ensino de Física para deficientes visuais,
de acordo com uma abordagem sócio-interacionista
17
Autor: Eder Pires de Camargo
Deficiência abordada: visual
Abordagem e/ou temática: formação de professores - investigação
Motivação: estimular os educadores a explorar atividades que envolvam tato e
audição, e as vivências físicas o que os autores chamam de unidades de experiência.
Metodologia: entrevistas com alunos cegos sobre suas concepções a partir de
situações como, por exemplo, por que o avião voa?
Principais resultados: o uso de concepções alternativas instiga o aluno a buscar em
sua vivência explicações para um dado evento físico, e essa vivência se fará no uso
de outros sentidos, ou seja, audição e tato.
Discussão: situações cotidianas estão repletas de experiências para a realidade que
cercam deficientes visuais, e estas experiências mediam o contato entre os indivíduos
com o mundo social e físico, produzem seu desenvolvimento e fazem com que estes
alunos busquem argumentos e explicações para a realidade que os cercam.
Download

Ensino de Física para deficientes visuais