ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 1 A TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO COMO DIFERENCIADOR NO SUCESSO DAS ORGANIZAÇÕES Tony Matias de Faria – [email protected] Bernardo Calixto Knabben - [email protected] ICPG - Instituto Catarinense de Pós-Graduação Curso de Especialização em Gestão Empresarial e Estratégias de Informática Resumo A informática é uma ferramenta de apoio importante para alcançar a competitividade em um ambiente que reivindica agilidade e capacidade para adaptação a mudanças de rumos do mercado. A aplicação do sistema de tecnologia em uma estratégia organizacional é fundamental para obter resultados satisfatórios em um ambiente de competição global. Este artigo apresenta uma discussão sobre as tendências da informática. Palavras-chave: Sistemas de Informação, Informática, Administração Estratégica. 1. INTRODUÇÃO As empresas estão cada vez mais equipadas com novas tecnologias. Seja na informação ou na automação, o seu emprego é crescente, para atender objetivos, tais como agilidade, integração e flexibilidade, questões importantes para as corporações que vêm enfrentando as exigências de um mercado globalizado. O aumento de competidores em decorrência da globalização elevou a oferta de produtos que satisfazem às necessidades do consumidor final que, deslumbrado com as possibilidades e facilidades que o mercado lhe tem oferecido, vem se tornando mais e mais exigente. Com isso, o tempo passou a ser um fator crítico no mundo dos negócios: a rapidez na disponibilização do produto à comercialização, a agilidade em realizar mudanças no processo de fabricação a fim de obter qualidade e baixos custos e a freqüência com que são lançados produtos novos são itens que não podem ser desprezados na busca da competitividade. A capacidade de lidar com o tempo a seu favor é uma característica importante para quem quer obter sucesso. Isso a informática sabe fazer bem. A tecnologia da informação consegue prover com rapidez, eficiência e precisão instruções fundamentais para a tomada de decisões. Ao mesmo tempo, a utilização de equipamentos computadorizados, ou seja, a automação oferece maior facilidade de operação, diminuição do trabalho manual, precisão e, conseqüentemente, a redução da ocorrência de erros e diminuição do tempo dos processos. Ainda com todas essas possibilidades, é comum encontrar empresas que não obtiveram os resultados esperados dos investimentos em informática. A falta de critérios e de sistematização na implementação de tecnologias pode trazer conseqüências indesejadas. O que se esperava como solução vem a ser mais um problema e, algumas vezes, crucial para a organização. A decisão pelo emprego da tecnologia não pode ser feita de uma forma isolada. É fundamental a visão holística de todo o processo, a consideração dos diversos fatores que ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 2 contribuem para o sucesso dos objetivos da empresa. Este artigo visa analisar sob esta ótica a utilização da tecnologia da informação (TI) nas empresas, procurando estabelecer recomendações para que seu uso possa contribuir para que a organização atinja seus objetivos estratégicos. 2. A EVOLUÇÃO DA TI Quando os computadores passaram a ser adotados nas empresas, na década de 50, os mesmos eram grandes e dispendiosos, exigindo equipes numerosas compostas por diversos tipos de profissionais para mantê-los, como técnicos, operadores, programadores e analistas. Nos anos 60 e 70, eram os depositários absolutos das informações nos ambientes corporativos, acessíveis apenas ao seleto grupo dos Centros de Processamento de Dados (CPD). Com o avanço da informática e a disseminação rápida de microcomputadores, a década de 80 foi marcada pela invasão dos PCs (Personal Computer), dando o início a um curioso processo de descentralização da informação, possibilitando transferir o poder de processamento diretamente aos usuários finais através dos computadores pessoais. A década de 90 basicamente foi caracterizada pelo avanço da telecomunicação e da tecnologia digital, ou seja, passou a ser comum a reprodução de som, imagem e vídeo nos computadores. Através da conexão a redes telefônicas, de rádio ou satélites, tornaram-se possíveis atividades como teleconferências, compartilhamento de informações em tempo real (Internet), correio eletrônico e muitos outros avanços que permitiram a total descentralização de componentes básicos para a tomada de decisões. Um levantamento realizado pela comissão organizadora do Congresso e Exposição Internacional de Automação (CONAI) junto aos fornecedores locais e internacionais de equipamentos, software e serviços para indústrias brasileiras da área de controle de processos e manufatura indica um crescimento de investimentos industriais das empresas de Hardware e Software na casa de 10 % (CEZAR, 1998a). A maior parte dos investimentos está concentrada na área de controle de processos, sendo que cerca de 30% são aplicados nas áreas de automação. Busca-se, com isso, uma integração entre os equipamentos do chão-de-fábrica com os sistemas de gerenciamento de informação, visando aumentar a produtividade e melhorar o controle das máquinas e do processo. São incontáveis as possibilidades que a tecnologia da informação oferece para se obterem vantagens e flexibilidade na gestão dos negócios. É comum o emprego de conceitos como Internet, Eletronic Data Interchange (EDI), Sistemas de Gestão, Redes de Comunicação, Máquinas a Controle Numérico Computadorizado, entre outros. Com a produção controlada pela Internet, é possível a visualização, em tempo real, do andamento da mesma, monitoramento dos equipamentos e dos estoques pelos usuários administrativos, o que facilita a tomada de decisões. Esse recurso permite o acesso a informações e o compartilhamento das mesmas, ou de parte delas, por fornecedores, clientes ou outras plantas pertencentes a um mesmo grupo empresarial. Estando em qualquer lugar que possua conexão com a rede mundial e com posse destas informações, o processo poderá ser alterado a qualquer momento por uma destas pessoas, tanto pelos clientes como pelos fornecedores, que são responsáveis pelas tomadas de decisões. ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 3 Com o objetivo de racionalizar as operações de centros de distribuição, aumentar a produtividade e melhorar o atendimento aos clientes (CEZAR, 1998b), as empresas vêm investindo na área de logística, construindo armazéns do futuro com coletores de dados portáteis operando por meio de radiofreqüência, utilização de código de barras, etiquetas eletrônicas, processos de identificação a distância, microprocessadores avançados e bancos de dados. Com isso, é possível movimentar milhares de produtos, classificar mercadorias, identificar preços, a rota e o destino com impressionante rapidez e precisão, o que auxilia nas tomadas de decisões. A utilização do EDI também tem trazido vantagens competitivas às companhias. O processo consiste basicamente na transmissão eletrônica de dados entre o fornecedor e o cliente, resultando em melhoras na agilidade no envio e recebimento de mercadorias. Entre os benefícios, destacam-se a redução do índice de reprovação de mercadorias e a maior rapidez nas entregas, como mostra o exemplo dado por SOARES (1998, p. 8): antes de o pedido ser entregue, a indústria envia cópia eletrônica da nota fiscal para o distribuidor conferir se os itens faturados foram realmente encomendados e se as condições de pagamento estão dentro do combinado. Quando há divergências, os problemas são solucionados antes de o fabricante despachar o pedido e não mais na hora da entrega. Com isso, o caminhão fica menos tempo estacionado no pátio do armazém, esperando liberação para descarregar a mercadoria. Muitas empresas vêm adotando os sistemas de gestão como uma ferramenta de apoio na reestruturação de seus processos. Entre os benefícios, podem-se observar, por exemplo, a agilização da cadeia de logística, do gerenciamento do fluxo de materiais, o tratamento de forma automática e rápida de milhares de itens, possibilidade de gerenciamento e planejamento de diversas plantas em um único sistema, além de informações gerenciais e avaliações de rentabilidade disponíveis para tomada de decisões em tempo real (SOARES & CEZAR, 1998). Com a redução dos preços dos equipamentos e sistemas de informática somada às exigências de atitudes decisivas em resposta à competição voraz de um mercado globalizado, as empresas aplicaram milhares de dólares na informatização dos processos e máquinas. Contudo, apesar de investimentos milionários, no início da década de 90, as corporações descobriram que conseguiram aumentar sua produtividade em apenas de 1% a 3% (INFORMÁTICA EXAME ESPECIAL, 1994). Em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos por Gupta & Capen (1995) junto a 97 empresas, foi constatado o crescente investimento que a manufatura vem injetando na informatização e automação. Depois das empresas da área financeira, esse segmento é o segundo maior investidor em tecnologia. No entanto, segundo os autores, ao contrário do que se esperava, houve um decréscimo da produtividade e eficiência das corporações por motivos estruturais. Para Genisini (1994), o avanço da tecnologia é um grande viabilizador de processos agudos de transformação organizacional. No entanto, fatos históricos indicam que não se consegue, na maioria das vezes, demonstrar esses ganhos na prática. Ao mesmo tempo em que pode alterar radicalmente a capacidade competitiva das empresas, pode também produzir impactos negativos nas relações humanas. Genisini (1994, p. 13) conclui que "nova tecnologia só se paga se aplicada em novos processos". Para a introdução do conceito de Computer Integrated Manufactuing (CIM) nas corporações, muitas vezes, os erros no desenho do sistema, escolha dos equipamentos, área de ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 4 aplicação ou gerenciamento do projeto podem anular a oportunidade de obter sucesso. Os propósitos na adoção de tecnologias de informação também estarão diretamente ligados na saúde futura da empresa, porque deve ser planejada, implementada e integrada entre as diversas áreas da corporação. Uma outra razão reside no fato de que a aplicação do CIM não é como trocar uma peça de um equipamento: ela depende de pessoas. 3. ASPECTOS ESTRATÉGICOS DA TI A necessidade de disponibilizar produtos de qualidade acompanhados de uma série de outras vantagens - bom atendimento, baixos preços, cumprimento dos prazos, rapidez e eficiência na entrega, entre outras - está forçando as corporações a reverem seus valores e sua visão quanto à forma de trabalhar. As empresas estão percebendo que a aplicação indiscriminada de computadores nos diversos níveis funcionais e administrativos, por si só, não assegura a competitividade. Além disso, nos tempos atuais, a importância de analisar seu papel dentro de um contexto social é iminente. A percepção da importância das pessoas como um fator potencial de competitividade é algo crescente no mundo dos negócios. Inúmeras pesquisas indicam a importância da análise estratégica e holística - que envolve todas as áreas da empresa - no momento de adotar qualquer tecnologia ou ferramenta com o objetivo de ganhar competitividade, pois não será somente a aquisição de um sistema de alto custo e máquinas de última geração que fará com que a empresa se torne altamente competitiva. A sistematização baseada na reestruturação e reformulação dos processos é fundamental para se alcançarem os objetivos organizacionais. É clara a necessidade de reestruturação da organização ao adotar a tecnologia da informação para obter todas as vantagens que a mesma pode oferecer. Existem evidências consideráveis de que, sem essa reformulação nos processos, a introdução de sistemas e equipamentos computadorizados nas corporações pode não resultar no retorno esperado em relação aos investimentos realizados. Gouillart & Kelly (1995, p. 7) defendem que é necessário olhar a empresa não como uma máquina desprovida de alma e formada de peças separadas e substituíveis, mas como um organismo vivo, a empresa biológica, completa, dotado de mente, corpo e espírito, a requerer um tratamento abrangente, e não a cirurgia de órgãos isolados, para assegurar sua plena e total saúde. Segundo os autores, considerar a tecnologia da informação como único fator importante na reestruturação dos processos a fim de obter competitividade é um equívoco. Além da informática, é necessária a atenção nos seguintes itens: > Reconfiguração - redirecionamento da concepção da empresa sobre o que ela é e sobre o que pode conseguir. Refere-se à mente empresarial e constitui-se na preocupação com a comunicação, buscando meios de melhorá-la com a formação de líderes e de times de trabalho, favorecendo o trabalho em equipe, eliminando a característica autoritária da figura da chefia e evitando a individualização do trabalho departamentalizado. A elaboração da missão, dos objetivos e dos propósitos da corporação deve determinar indicadores que permitam a integração entre eles e estabeleçam valores e formas de estimular a vivência cotidiana, possibilitando mudanças para a obtenção da melhora contínua; ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 5 > Reestruturação - representa o ato de assumir uma nova missão da empresa, preparando-a para atingir um nível de desempenho mais competitivo. Refere-se ao corpo da empresa e constitui-se na formulação de estratégias de operações, alocando recursos por atividades a fim de reorganizar e racionalizar o trabalho através de uma rede entre a infra-estrutura física e os objetivos estratégicos. Visa articular uma estratégia de fontes de suprimentos (fornecedores, revendedores, representantes, distribuidores, etc.) e a criação de círculos de aprendizado; > Revitalização - crescimento através da ligação entre o corpo da empresa e o meio ambiente, esse último gerador de diversas formas distintas de crescer. Constitui-se da avaliação da proposição dos valores e benefícios que a empresa deseja oferecer aos seus clientes e a que preço. Com isso, surge a preocupação com os sistemas de gerenciamento de entregas (logística), cruzamento de competências centrais (core competences), aplicação de tecnologias para melhorias de eficiência, integração dos processos e promoção da reestruturação; > Renovação - os recursos humanos identificam o elemento espírito da companhia: o investimento nas pessoas, em novos perfis e em novos desafios, permitindo que a empresa se recrie por meio de um ambiente favorável à disseminação de conhecimento e à adaptação a mudanças ambientais. Constitui-se no favorecimento à remuneração e recompensa na realização das metas em função dos indicadores de desempenho, permitindo às pessoas determinarem sua própria remuneração e recompensa, fazendo com que se sintam donas, ajam em função de suas próprias idéias e promovam o aprendizado e o compartilhamento do conhecimento. Trata-se do comprometimento com o desenvolvimento do indivíduo. Esta abordagem holística é de grande importância para o sucesso das corporações, uma vez que a necessidade de obter competitividade e promover mudanças na estrutura organizacional vem forçando a análise de diversos valores historicamente implantados como modelos. Com o avanço da tecnologia da informação e sua crescente aplicação nas empresas, é comum a consideração de que a capacidade de gerenciamento do fluxo de informações é a base para formulação de estratégias e da estrutura organizacional. No entanto, deve ser vista como uma ferramenta que possibilita a perfeita e rápida comunicação entre os processos devidamente organizados e estruturados de forma estratégica a fim de alcançar os objetivos. Discutindo sobre como as empresas podem adquirir características e condições de classe mundial, tem-se que levar em consideração os seguintes elementos: qualidade e clientes, gerenciamento, estratégia de manufatura, organização, competências da manufatura, recursos humanos, tecnologia e sistemas de medição de desempenho. A reunião desses elementos em torno do foco principal da estrutura, ou seja, qualidade e clientes, oferece condições para que as empresas possam competir mundialmente: > Qualidade e Clientes - a qualidade pode ser definida como a necessidade do cliente e não deve ser entendida apenas como um fator externo e específico à organização, mas sim globalmente, ou seja, produtos, processos e serviços; também deve ser reconhecida internamente. Cada colaborador possui um fornecedor e um cliente e sua meta é oferecer qualidade uns aos outros. A incessante busca de um nível de qualidade cada vez mais superior é primordial; > Gerenciamento - deve ser construído estrategicamente em conceitos, com direções abertas e eficientes na adoção de inovações com os valores e visões compartilhados entre todos os níveis hierárquicos da organização. A promoção e reconhecimento de atitudes ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 6 participativas na gestão, o tratamento da manufatura como uma extensão de um processo, desde o pedido feito pelo cliente até a entrega dentro dos prazos estabelecidos, e o gerenciamento da organização a fim de atravessar as fronteiras são de responsabilidade da gerência; > Estratégia de Manufatura - o objetivo estratégico claramente definido e consistente com o potencial da empresa para o desenvolvimento necessário da capacidade da manufatura e congruente com a meta e os objetivos da organização é fundamental. Alguns elementos são críticos nos métodos de desenvolvimento de uma estratégia de manufatura que deve: > ser mais do que uma política formal: um modelo de ação, um padrão de decisões a serem executadas todo o tempo; > ser baseada em uma avaliação realista das capacidades e prioridades; > lidar com elementos estruturais, infra-estruturais e elementos de integração; > ser flexível e se adaptar facilmente às mudanças no ambiente competitivo; > ser desenvolvida através de uma aproximação participativa e livremente compartilhada entre todos os funcionários da empresa; > ser periodicamente revista quanto à sua coerência com as metas e capacidades; modificações e incrementos devem ser feitos sempre que necessário; > ser implementada dentro de um processo gradual; mudanças drásticas devem ser evitadas; > Organização - as estruturas organizacionais devem ser enxutas e flexíveis, reduzindo o desperdício pelo monitoramento e avaliação constante das operações que agregam valor ao produto. A atenção das empresas na organização reduz a complexidade e melhora tanto a produtividade quanto a qualidade. O desenvolvimento da cultura organizacional renovada e o gerenciamento de incentivo à participação de todos favorecem a aproximação entre a gerência e os trabalhadores e a criação de times multifuncionais e de multi-habilidades. O nivelamento da estrutura organizacional reduzindo o número de supervisores e retreinando-os para trabalharem na função de líderes é um fator crítico para otimizar o fluxo de informações e a comunicação entre a organização. Muitas empresas têm conseguido responder aos desafios competitivos descartando o organograma tradicional, trabalho seqüencial e divisões hierárquicas e funcionais de obrigações e responsabilidades. Outro elemento crítico para o sucesso é o controle vertical da rede de fornecimento e dos canais de distribuição. A eficiência das operações internas não é suficiente. As suas operações, incluindo o fornecimento e a distribuição de componentes e serviços, são de igual importância. A capacidade de desenvolver e implementar tecnologias que permitem a integração com seus clientes é uma oportunidade crítica de se diferenciar de seus competidores; > Competências da Manufatura - a necessidade das empresas em adquirirem as competências necessárias para que possam obter desde qualidade até eficiência nas entregas, flexibilidade e/ou custos, é cada vez mais evidente. A flexibilidade não parece possível sem o desenvolvimento da qualidade dos produtos e de um bom desempenho nas entregas. Qualidade é um fator-chave na questão de distribuição; flexibilidade e redução de custos são conseqüências naturais que acontecem progressivamente. As barreiras existentes entre o desenvolvimento de produtos e a manufatura podem ser superadas eliminando metas funcionais e substituindo-as por objetivos compartilhados. A engenharia simultânea é uma característica diferencial. Hoje, devido ao tempo de vida útil dos produtos, não é mais suportável a lentidão no processo de pesquisa e desenvolvimento, muito comum na maioria das funções de engenharia; ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 7 > Recursos Humanos - para obter competitividade não é somente necessária a tecnologia; são também necessárias as pessoas que implementam e utilizam as melhores técnicas existentes no mercado. Investimentos no desenvolvimento pessoal não podem ser desconsiderados. A combinação de uma crescente e complexa tecnologia e o questionamento da qualidade são desafios a serem superados tanto pelos trabalhadores funcionais como pelos executivos das organizações; > Tecnologia - a tecnologia não é o problema nem a resposta para tudo. Os componentes infra-estruturais da manufatura são os alicerces para a construção de uma arquitetura competitiva. Há evidências muitas claras de que o gerenciamento de questões infraestruturais é muito mais urgente que a tecnologia em si. Recursos humanos, treinamento, questões de estrutura organizacional, qualidade, cultura e sistemas de medição de desempenho são desafios reais para as empresas na busca da competitividade. Além disso, uma base infra-estrutural é requisito para a aplicação com sucesso da tecnologia; > Sistemas de Medição de Desempenho - os sistemas de medição de desempenho não devem estar voltados apenas para "custo". Percebe-se que os sistemas de contabilização de custos atuais não são eficientes o bastante para oferecerem subsídios para tomadas de decisões, e esforços devem ser empenhados a fim de redefinir indicadores financeiros e não-financeiros. Resumidamente, os sistemas de medição de desempenho devem: > descobrir atributos relacionados a fatores críticos de sucesso em função dos clientes, como por exemplo, qualidade, cumprimento de prazos de entrega e velocidade; > promover integração inter e intrafuncional através da comunicação; > buscar diminuir as diferenças entre o que há de melhor no setor e o desempenho da própria unidade de manufatura; > acelerar o aprendizado organizacional e a melhoria contínua. Os sistemas de medição de desempenho foram os que mais sofreram mudanças com a globalização das atividades econômicas, e a reformulação desses critérios é de fundamental importância para a tomada de decisões. Os autores ainda acrescentam que a adoção de tecnologias como Computer Integrated Manufacturing (CIM) e filosofias como Just-in-Time (JIT) sem a reestruturação dos indicadores de desempenho resultará em informações incompletas e ineficientes nesse ambiente de competição global. Papp & Luftman (1995) consideram a necessidade de um crescimento contínuo da comunicação entre os negócios e a tecnologia da informação para que haja um alinhamento entre o que consideram ser os principais componentes de uma análise de desempenho: desempenho, liquidez, renda, crescimento, trabalho em rede, ganhos e integração entre os processos. Portanto, para que sejam obtidas vantagens competitivas em um mercado globalizado, é necessário rever a estrutura da organização, ou seja, pensar em reengenharia. Nesse momento, os sistemas de informação e a tecnologia são importantes para alcançar a flexibilidade e precisão no fluxo das informações e agilidade no processo. No entanto, o seu sucesso dependerá da reformulação de diversos fatores para que haja integração e harmonia entre a tecnologia da informação e a estratégia de gestão. A empresa deve ser vista como um conjunto de recursos, dentre os quais a TI, que pode ou não se constituir num componente essencial da estratégia competitiva. ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 8 A avaliação de um recurso a fim de determinar se traz vantagem competitiva à organização pode ser feita aplicando-se os seguintes critérios: o recurso deve ser valioso, raro entre as empresas concorrentes, difícil de ser copiado e não pode ter substituto estratégico equivalente. Os recursos físicos, isto é, as tecnologias, são valiosas e em certas circunstâncias podem não ter substitutos estratégicos equivalentes, mas não são difíceis de serem copiados e tampouco são raros entre os concorrentes, uma vez que equipamentos, aplicativos e sistemas, dentre outros, são facilmente adquiridos em uma loja ou com profissionais especializados. O componente humano de uma companhia corresponde ao conhecimento, experiência e habilidades tanto dos profissionais de TI quanto dos usuários que formam a memória da organização. Os conhecimentos e habilidades dos profissionais de TI são importantes porque devem combinar os conhecimentos técnicos com os conhecimentos das diversas áreas das organizações para que a tecnologia possa ser bem empregada e ofereça um retorno satisfatório. Assim como os recursos físicos, o conhecimento técnico também está facilmente ao alcance dos concorrentes, uma vez que os profissionais de TI, de maneira generalizada, possuem formação técnica semelhante. Dessa forma, além do conhecimento técnico, os profissionais de TI devem conhecer bem os negócios, estratégias da organização, cultura das pessoas e da empresa, para que tenham condições de empregar, da melhor forma possível, a tecnologia que têm disponível. Esses atributos são mais difíceis de serem copiados pelos concorrentes, uma vez que cada empresa possui suas particularidades no que tange às estratégias, cultura e estrutura organizacional. O compartilhamento de informações entre profissionais de TI e usuários é um importante elemento para o desenvolvimento de uma parceria efetiva. Da mesma forma que o pessoal de TI deve conhecer os processos e os negócios das empresas, também é interessante que os usuários conheçam um pouco mais sobre TI do que simplesmente utilizar editores de textos ou planilhas eletrônicas. Profissionais com conhecimentos básicos de informática são facilmente encontrados no mercado, estando, portanto, ao alcance das empresas concorrentes. No entanto, a capacidade dos usuários em utilizar racionalmente as tecnologias e os sistemas de informações, de modo a facilitar a integração entre os diversos processos da organização, e até mesmo entre fornecedores e clientes, pode ser um diferencial importante em relação aos competidores. A TI deve ser encarada de uma forma ampla, através de políticas e sistemas de gerenciamento para a aquisição, uso e desenvolvimento de seus recursos. Estes devem estar integrados entre si, e as funções operacionais devem estar de acordo com os padrões e normas definidos. As organizações funcionam através de uma estrutura de trabalho baseada em um conjunto de rotinas que são sustentadas pela interação humana. As empresas conseguem mais competitividade quando as pessoas conseguem compartilhar e transmitir informações, e até mesmo combinar habilidades, assim aumentando a capacidade da empresa em gerar conhecimento e possibilitando que as pessoas possam coordenar suas próprias ações. Políticas organizacionais e procedimentos padronizados de TI fornecem uma ligação organizacional importante para criar uma parceria estratégica entre negócios e TI. As políticas organizacionais, contudo, são raras porque os gerentes tendem a não dar importância suficiente a padronizações e procedimentos de TI. Por outro lado, são difíceis de serem copiadas, uma vez que são elaboradas ao longo da vivência da empresa com a tecnologia e tarefas informatizadas, sendo criadas e aperfeiçoadas de acordo com a cultura das pessoas, ICPG Instituto Catarinense de Pós-Graduação – www.icpg.com.br 9 estilo e credibilidade da gerência de TI e pelo relacionamento social entre usuários e profissionais de TI. De certa forma, pode-se concluir que tanto as organizações de alto como as de baixo desempenho podem possuir o mesmo nível tecnológico. No entanto, diferenciam-se nos recursos humanos e organizacionais. Na primeira, os usuários de TI possuem visão e habilidades mais amplas do que simplesmente conhecimentos básicos de informática. Da mesma forma, profissionais de TI possuem mais conhecimentos sobre negócios, não ficando restritos às habilidades técnicas. Finalmente, as empresas mais competitivas, geralmente, possuem bem definidas as suas políticas e padronizações de TI. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS A tecnologia da informação não pode ser considerada como uma forma de resolver todos os problemas das empresas nem como uma chave na busca pela competitividade em um mercado de proporções globais. Na verdade, está fundida entre as estratégias de gerenciamento empresarial, tomando para si a responsabilidade de simplificar e agilizar o fluxo de informações entre os processos, racionalizar e reduzir o tempo de operações que não agregam valor aos produtos, servindo de suporte à tomada de decisões em meio a mudanças constantes. No entanto, sem uma nova visão que resulte em uma reestruturação organizacional, de forma integrada e metódica, a tecnologia da informação pode se tornar um fardo pesado para as empresas, não auxiliando efetivamente a escalada das barreiras para a obtenção de melhores condições de competir e prosperar. Fatores como cliente, qualidade, metas, objetivos organizacionais, sistemas de medição de desempenho, estratégias de manufatura, recursos humanos e tecnologia como fator de integração e facilitador do fluxo de informações, entre outros processos, compõem as variáveis básicas que as companhias devem tomar como referências numa perspectiva de gestão estratégica. 5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CEZAR, Genilson, A Internet está Ajudando a Controlar o Chão de Fábrica. Informática Hoje, p. 32-33, ed. 1o. a 15 de Junho, 1998. CEZAR, Genilson, A Tecnologia dá Novos Rumos a Logística. Informática Hoje, p. 34-37, ed. 1o. a 15 de Junho, 1998. GENISINI, Silvio. O Céu e o Inferno da Tecnologia da Informação. Informática Exame Especial, São Paulo, Ago. 1994. GOUILLART, Francis J., KELLY, James N. Transformando a Organização. São Paulo: Makron Books, 1995. p. 7-402. GUPTA, Uma G., CAPEN, Margaret. Association for Information Systems, 1995 Inaugural Americas Conference. 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