Policy Brief Os BRICS e a Agenda da Saúde Global Outubro de 2011 Núcleo de Cooperação Técnica e Ciência e Tecnologia BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS Policy Brief Os BRICS e a Agenda da Saúde Global Outubro de 2011 Núcleo de Cooperação Técnica e Ciência e Tecnologia BRICS Policy Center / Centro de Estudos e Pesquisa BRICS BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global Autores: Paulo Esteves Fernando Neves da Costa Maia; Amir Niv; João Moura E. M. da Fonseca e Manaíra Assunção Os BRICS e a Agenda da Saúde Global comércio e das instituições internacionais relacionadas à agenda 1. Sumário Executivo da saúde. Este Policy Brief apresenta um panorama da agenda de saúde nos 2. Introdução marcos do IBAS e BRICS, enfatizando a participação fóruns e brasileira buscando nos As primeiras tentativas de as articulação política entre os países principais tendências e perspectivas BRIC datam de 2009, quando se para a cooperação em saúde entre os realizou a primeira reunião de cúpula países isso, em Ecaterimburgo, na Rússia. Desde movimentos sua primeira reunião, o grupo passou a relacionados e específicos da área de vocalizar uma posição favorável a uma saúde ordem membros. descrevem-se em explicitando-se os ambos Para os relação fóruns, internacional multipolar e, de especialmente da reforma do sistema continuidade entre o IBAS e os BRICS financeiro mundial. Desde então o no que concerne à temática da saúde. grupo Conclui-se que: 1) considerados os reconhecido por suas reivindicações problemas e as complementaridades políticas em relação à arquitetura da partilhadas entre os países BRICS, a governança global. Contudo, desde a cooperação técnica em saúde nos realização da primeira reunião de BRICS possui grandes potencialidades cúpula de Ecaterimburgo, na Rússia, o que aponta para a sua intensificação em 2009, o Grupo BRICS começou um nos próximos anos; e, 2) considerada a processo vocação dos BRICS para avançar plataforma de cooperação que reúne propostas de revisão e reforma dos diversos setores dos governos dos mecanismos de governança global, países membros do grupo. Desde pode-se antever o reforço da agenda então, ministros e autoridades dos revisionista no interior dos regimes de países a delinear dois BRICS de BRICS é frequentemente construção têm se de uma reunido e 3 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global discutido possibilidades de cooperação de sua população abaixo da linha de em agricultura, pobreza estatística, PPP), China e Índia possuem 16% e setores como desenvolvimento, segurança, finanças e saúde. que compõem dólares Brasil observa-se uma expectativa ao agenda nascer de 72 anos e uma taxa de cooperativa dos BRICS, para o Brasil, mortalidade abaixo de cinco anos de a dupla 20,6 por 1000 habitantes, a África do importância. Tal importância pode ser Sul possui, respectivamente, 62 anos e encontrada na inclusão da agenda do 60,12. Do ponto de vista dos gastos combate ao HIV/AIDS, tão cara às públicos em saúde, as disparidades políticas de saúde e à política externa são também significativas. Com uma brasileiras, na agenda de cooperação baixa renda per capita e elevada social dos países BRICS - uma agenda pobreza, a Índia aparece diversas que inclui temas como proteção social, vezes nas últimas posições em relação trabalho decente, igualdade de gênero, aos indicadores dos BRICS na área da juventude Em saúde – o que, certamente, está segundo lugar, a temática é importante relacionado com o baixo investimento do inserção no setor. De fato, o governo indiano internacional do Brasil, que tem na gasta 16 dólares per capita/ano em saúde um de seus vetores mais fortes saúde, valor 16 vezes menor do que o de atuação. Portanto, é na confluência Brasil e 12 vezes menor do que a entre iniciativas brasileiras próprias e Rússia. No entanto, a relação entre ampliação gasto e desempenho não é direta. saúde ponto assume e da uma saúde de a 1,25 42%, respectivamente. Enquanto no A despeito da variedade de temas (atualmente pública. vista da inserção multilateral brasileira em instituições internacionais Além como a OMS e a OMC - através das distintas, plataformas IBAS e BRICS - que se Sistema deve cooperação brasileiro, é possível supor que outras internacional brasileira na área da variáveis incidem sobre o desempenho saúde. dos países BRICS no setor da saúde. compreender a Entretanto, importantes identificam-se dessemelhanças indicadores socioeconômicos demográficos1 desses países. de arquiteturas como Único institucionais evidenciado de Saúde pelo (SUS) A complexidade do setor pode ser nos evidenciada pelo fato de que a China, e com um gasto seis vezes menor do Por que o brasileiro e cinco vezes menor exemplo, enquanto Brasil e Rússia do que o russo, possui maior possuem, respectivamente, 5,2% e 2% 4 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global expectativa de vida e menor taxa de que partilham características comuns mortalidade materna. fundamentais: trata-se de democracias, Nesse sentido, os indicadores dos países área atores políticos globais. Trata-se de permitem perceber que além do gasto uma iniciativa convergente com as e institucionais perspectivas que há muito buscava a responsáveis pela provisão da saúde constituição de fóruns de debates entre outras variáveis intervém na produção países do hemisfério sul, como forma de resultados tão heterogêneos. É de articulação de demandas de revisão nesse e da agenda multilateral além da criação que, para espaços de cooperação horizontal dos BRICS arranjos espaço de experiências programas locais eventualmente, encontradas nessa de economias em desenvolvimento e podem oportunidades ser para entre países Nesse em sentido, para Brasil, a despeito BRICS. Cooperar nessa área torna-se, IBAS e BRICS são exemplos da pois, materialização opção diante das suas o projetos de cooperação entre os países uma de desenvolvimento. das particularidades, reivindicações disparidades. Tomando-se como objeto transformistas no arranjo político e de investigação o caso brasileiro, há de econômico internacional3. se reconhecer que o posicionamento O IBAS constitui um esforço nacional no setor da saúde nos BRICS trilateral entre Índia, Brasil, e África do herda uma agenda do grupo IBAS Sul para promoção de um fórum de (Índia, Brasil e África do Sul). Desta diálogo articulando uma convergência feita, a análise do posicionamento de posições relativas à relevância da brasileiro diante da Declaração de Cooperação Sanya envolvendo questões de saúde institucionalizado pelos Ministros das pública deve considerar as influências Relações Exteriores dos respectivos que a agenda internacional desse país países em 2003 a partir da “Declaração recebe do grupo formado por Índia, de Brasília”. De acordo com Paulo Brasil e África do Sul. Buss e José Roberto Ferreira (2009), a Sul-Sul. O Fórum foi primeira aproximação entre os países 3. A agenda de saúde do IBAS membros do IBAS ocorreu em torno dos problemas relacionados com a O Fórum de Diálogo Índia - HIV/AIDS na década de 19904. De fato, Brasil - África do Sul (IBAS) foi criado no que concerne à agenda do combate como concertação ao HIV/AIDS, é possível observar uma política e cooperação entre três países relação de complementaridade entre um espaço de 5 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global os três países. Enquanto a Índia formas destaca-se pela produção e exportação prática. Dezesseis Grupos de Trabalho de genéricos (GT´s) foram formados para atender antirretrovirais (ARVs), o Brasil possui tais demandas: Administração Pública; destaque no tratamento de epidemias, Administração Tributária e Aduaneira; estabelecendo-se modelo Agricultura; Assentamentos Humanos; do Sul Ciência e Tecnologia (e Pesquisa necessita primordialmente combater a Antártica); Comércio e Investimentos; HIV/AIDS, especialmente no que tange Cultura; Defesa; o Social; Educação; medicamentos internacional. acesso como Já a a África medicamentos pela população mais carente. De maneira possíveis de cooperação Desenvolvimento Energia; Meio Ambiente e Mudança Climática; Saúde; três Sociedade da Informação; Transporte; Governos enfatizaram sua cooperação e Turismo. Assim, além das Reuniões na promoção da inclusão e equidade de Cúpula anuais entre Chefes de sociais Estado e os Encontros Ministeriais em geral, termos de os apoio à agricultura familiar, políticas eficazes (anuais) de combate à fome e à pobreza, Relações segurança saúde, envolvimento por parte de entidades assistência social, emprego, educação, que se encontram fora da esfera direitos humanos e meio ambiente, executiva, como os GT´s e a sociedade afirmando uma contribuição coletiva civil. Foi especificamente na reunião para o desenvolvimento econômico. O em Nova Déli (2004), quando se pressuposto que orienta a relação elaborou a Agenda de Cooperação e o trilateral Plano de Ação, que os diferentes GT´s alimentar, é que as experiências compartilhadas de combate à pobreza, fome e enfermidades nos três países seriam proveitosas (identificação de para todos projetos-pilotos e boas práticas). O institucional derivado da “Declaração de Brasília” em os Ministros Exteriores, há de um foram incorporados. Na área da saúde, ocorreu uma primeira reunião paralela à 58ª Assembleia da Organização Mundial de Saúde (2005). O intercâmbio e desenho baseia-se entre três 5 pilares : na debate foram facilitados pelos acordos bilaterais já anteriormente e estabelecidos independentemente concertação política, na cooperação entre os três Estados nos setores de setorial Transporte, e no Fundo IBAS. A Ciência e Tecnologia, cooperação setorial visa a aprofundar o Saúde e Defesa. Após a 1ª Cúpula dos conhecimento mútuo e explorar as Chefes de Estado em 2006, o Fórum 6 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global assistiu ao adensamento dos Bueno (2010) observa um efeito spill- mecanismos cooperativos e de diálogo over também reuniões questões de Ciência e Tecnologia e GT´s. comércio ao longo dos anos 1990 que Declarações conjuntas, decorrentes da foram ampliadas para outras áreas, 1ª Cúpula, enfatizaram a concertação tais como a saúde pública, e uma trilateral percepção no ministeriais âmbito e na das dos arena 16 da propriedade das relações centradas generalizada entre nas os intelectual e cooperação técnica para decisores de que os três Estados vacina Adriana possuem potencial para cooperação Bueno (2010) afirma que houve troca trilateral, particularmente a partir da de serviços agenda social no Fórum IBAS7. Os três medicamentos países mostraram-se bem-sucedidos contra HIV/AIDS. experiências em laboratoriais, tradicionais, vigilância epidemiológica, na HIV/AIDS, tuberculose (TB) e malária, multilaterais na questão do HIV/Aids e propriedade intelectual e acesso a medicamentos. Na 2ª Cúpula desenvolvimento de medicamentos do IBAS de outubro de 2007, explicita- 6 genéricos . O GT envolvido com a saúde estimula pesquisas para supramencionadas. arranjo dos vários com possibilidades de expansão, o Brasil propôs uma divisão em três esferas de atuação: (i) temas sociais sob o GT de administração pública, assentamentos humanos, cultura, desenvolvimento social, educação e saúde; (ii) temas econômicos; e (iii) recursos naturais (GT de agricultura). A HIV/AIDS em ênfase ao e desenvolvimento combate tuberculose, de fóruns 44. Os líderes pediram, igualmente, a implementação antecipada do Plano de Ação no setor de Saúde, e exortaram os Ministros da Saúde do IBAS a se reunir nos próximos três meses. A cooperação nessa área é de especial importância e necessita ser dinamizada8. Na Declaração da 3ª Cúpula o Nesse GT´s nos se: desenvolvimento de fármacos para doenças coordenação Déli, os líderes do IBAS da concordaram sobre a necessidade de e estabelecer a cooperação trilateral na medicamentos área de Direitos de Propriedade antirretrovirais foi reforçada com a Intelectual, com o objetivo de promover assinatura de um regime equilibrado de propriedade Entendimento na Área da Saúde e intelectual internacional e dar uma Medicina contribuição significativa ao progresso do (2007). Memorando Analiticamente, 7 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global econômico e social dos países em conhecimentos e cultura locais aos desenvolvimento, programas assegurando o setoriais de educação, acesso ao conhecimento, cuidados de saúde, práticas agrícolas e de gestão saúde e cultura. Os líderes de governo hídrica. mencionaram positivamente o encontro A cooperação trilateral na área dos Ministros da Saúde e Ministros da de Direitos de Propriedade Intelectual Ciência e Tecnologia dos três países (II (DPI) foi objeto da pauta do o Fórum Cúpula do IBAS). Percebeu-se que a Acadêmico do IBAS (Brasília, Abril, cooperação econômica Sul-Sul seria 2010). fundamental para a realização dos compartilhamento de conhecimentos Objetivos do Milênio. sobre as estratégias empregadas na Segundo Radhika Lal, do Centro de promoção Políticas para o Crescimento Inclusivo, medicamentos as áreas [de saúde] de potencial colaboração entre os países do IBAS incluem o compartilhamento de informações sobre preços de medicamentos e sobre as fontes de medicamentos de baixo custo, bem como pesquisa e desenvolvimento de fármacos para doenças negligenciadas 9. estratégia de A Desenvolvimento Social do destinados HIV/AIDS). importância de a essenciais antirretrovirais ao tratamento Igualmente, do o outro objetivo foi desenvolver um programa de trabalho para os períodos entre as cúpulas, de forma a ajudar a embasar a contribuição do IBAS para debates globais sobre políticas nesta área, e para facilitar um maior intercâmbio entre os três países sobre as questões prioritárias que forem surgindo10. Ademais, no Fórum Acadêmico tratamento dos problemas advindos da também a Radhika Lal (2010) afirma ainda que ocorre em duas frentes: 1) foco no Reconhece-se universal o como uma questão central para a área. inclusão social e econômica. Isso social. acesso facilitar inovação no setor farmacêutico é visto solucionadas por meio da promoção de políticas de mitigação da exclusão do buscou desenvolvimento das capacidades de enfatiza as vulnerabilidades a serem educação e saúde de qualidade; e 2) se (notadamente IBAS pobreza e ampliação do acesso à Ali demonstrou-se que há consequências negativas diretas para os países do IBAS em termos de acesso a medicamentos. As normas da OMC em incorporar 8 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global relação ao Acordo Relativo aos de medicamentos antirretrovirais ao Aspectos do Direito da Propriedade governo brasileiro, tendo em vista Intelectual Relacionados também Comércio (ADIPIC provocam, por com sua articulação com as TRIPS) empresas na negociação dos preços suas dos medicamentos. O arcabouço legal efeitos brasileiro sobre patentes serviria aos limitadores da circulação (importação e outros países do IBAS. No entanto, a exportação apenas Índia signatários) de disposições meio de adicionais, fundamentais. flexibilizar ou o o para Na países tem medicamentos construção tentativa farmacêutica TRIPS, de sucesso uma na indústria competitiva e Moysés verticalmente integrada por meio de Júnior concorda que “o foco na ‘saúde’ uma parceria público-privada. No caso é da África do Sul, houve um esforço multifacetado e Zich de obtido interconectado, incluindo a atenção aos direitos de para cidadania, bem como as questões de regulatórios envolvendo os preços dos investimentos, medicamentos e o engajamento da inovações, renda e constituição sociedade 2010: p.18). Anban Pillay ressaltou a concorrência importância de obtenção desses produtos medicinais, treinamento para a capacitação na o que pode representar um movimento produção local, e a necessidade de favorável à flexibilização das patentes promover as sob a luz de licenças “não voluntárias”. 11 universidades dos países do IBAS . Biswajit Adicionalmente, a Research and Information System for relação fundamental com a sociedade Developing Countries notam ainda que, civil dos países do IBAS a fim de dentro concretizar o projeto de flexibilização falsificação dos a 12 articulação entre reconheceu-se dos das lei estabelecida e Reji inciativas e de para Joseph contra comércio do a de medicamentos genéricos, a questão apontados para a área da saúde é a dos produtos “falsificados” seria de questão dos produtos falsificados e a particular interesse para os países do colaboração entre os integrantes do IBAS, levando-se em conta a produção IBAS, nova de genéricos da Índia e a importância abordagem de inovação no contexto de tais genéricos na promoção do pós-TRIPS. acesso equitativo e universal esses No Fórum Acadêmico atribuiu-se o medicamentos no Brasil e na África do papel de promotor do acesso universal Sul13. para Um Dhar uma desafios TRIPS . programas e marcos emprego.” (Moysés Júnior apud Lal, de civil, de identificar uma 9 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global coordenação internacional no âmbito 4. IBAS e BRICS – Aproximações saúde, o empenho e contínua colaboração para promover acesso a Os avanços da agenda para serviços e bens públicos nos países IBAS BRICS, e a função deste como fórum serviram, pelo menos do ponto de vista de cooperação, debate e consulta brasileiro, para balizar as propostas do sobre questões internacionais na área Brasil em relação aos BRICS. Há uma da saúde. A declaração ministerial preocupação com o tema da saúde sinaliza também uma posição comum entre esses países, materializada na em termos da necessidade da OMS Declaração de Sanya14. Entretanto, facilitar o processo de pré-qualificação alguns paralelos podem ser traçados de entre a cooperação para saúde no agências nacionais e as condições de âmbito do IBAS e dos BRICS. exportação cooperação em saúde do A consistência da agenda do medicamentos e fortalecer de medicamentos vacinas dos as e BRICS, IBAS e seus avanços não encontram especialmente aqueles relacionados ao igual medida nos BRICS. Na prática, a HIV/AIDS, tuberculose e malária. Na tentativa de operacionalizar cooperação atual dos BRICS em saúde pode ser considerada como a cooperação, no mês de setembro de fragmentada, principalmente bilateral e 2011, mais científica do que tecnológica, o esboçaram a ideia de se criar um que denota um baixo estímulo a Banco inovações. Isso não implica dizer, Medicamentos. Não se trata apenas da porém, que inexistam avanços. Após gênese Sanya, realizou-se no mês de julho em disseminação de informações sobre Pequim a 1ª Reunião dos Ministros de valores e licenças para produtos de Saúde dos BRICS “para discutir e saúde, mas também de mecanismos coordenar posições sobre questões de de domínio de produção de certos interesse comum, bem como para medicamentos identificar áreas de cooperação em compartilhando-se saúde pública” 15. Trata-se, pois, de um nivelando preços. avanço no sentido da implementação de uma agenda comum temas centrais da qual os de Ministros Preços de um e da Saúde Patentes mecanismo e de de insumos, tecnologia e Em si mesma, a experiência não é de todo original. O mecanismo a de Banco de Preços como ferramenta reforma da Organização Mundial de de comparação entre preços para Saúde e seu papel fundamental na realização dos processos de compra já emergem como 10 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global foi adotado no âmbito do MERCOSUL. que também buscam coordenar suas O desenvolvimento de um Banco de políticas na saúde pública. Preços para os países da região utilizou tecnologia brasileira Ante o exposto, é possível como divisar algumas tendências para o referência. A partir de 2006, o banco futuro da cooperação entre os países passou a ocupar posição destacada no BRICS no campo da saúde. A primeira organograma tendência diz respeito à incorporação do MERCOSUL, transformando-se em ponto focal a ser na discutido juntamente com as políticas experiências de medicamentos, demonstrando sua âmbito do IBAS. Trata-se, portanto, de relevância como forma de possibilitar uma comparação cooperação para outra plataforma o de preços, agenda dos já desenvolvidas extensão dos obsolescência países da região. Com a abrangência consolidação do a Brasil, Rússia, Índia, China e África do o Sul. Nesse sentido, considerando a necessidade sistema de não houve disponibilizar apenas na língua vocação do do dos significa de na compra desses produtos pelos Preços, não no que, de prática, esforços das proporcionando a diminuição de gastos Banco na BRICS IBAS com agrupamento BRICS de um agrupamento idiomas, sendo então todo sistema propostas de revisão e reforma dos traduzido para o inglês e espanhol e mecanismos de governança global, disponibilizado podemos antever dois movimentos consulta em diferentes moedas. Ainda em relação à expansão do BPS em nível busca a portuguesa, mas, também, em outros para que como a avançar possíveis: 1) Fortalecimento de uma internacional, cabe destacar que, em posição revisionista em relação 2006, na Reunião Transparency in ao TRIPS, particularmente no Medicines que concerne à defesa de Regulation and Procurement, realizada em Genebra arranjos pela Organização Mundial da Saúde, o propriedade BPS foi citado como uma experiência fármacos; exitosa 2) para a promoção da flexíveis Debate quanto à intelectual de acerca da transparência nas compras públicas. O reforma institucional da OMS, sistema constituiu-se, portanto, numa no dinâmica fortalecimento de adaptação a seus sentido de seu institucional usuários e poderia representar uma como uma agência estratégica oportunidade no âmbito dos BRICS capaz de contribuir para a 11 BRICS POLICY CENTER – POLICY BRIEF Os BRICS e a Agenda da Saúde Global provisão da compreendida saúde como bem 1 público global. Além desses dois movimentos de natureza política, uma análise preliminar do desempenho dos países BRICS em relação à questão da saúde pública também nos permite perceber o amplo espaço para cooperação intergovernamental nesse setor. As declarações de Sanya e de Pequim parecem mostrar uma mobilização em torno desse campo de oportunidades. A cooperação para a produção de fármacos, particularmente relacionados às aqueles doenças negligenciadas que afligem os países BRICS, constitui, certamente uma avenida aberta para a cooperação técnica. A troca de experiências em torno de programas arranjos e institucionais, projetos de sucesso nesses países, é outro exemplo de práticas que podem ser desenvolvidas nesse setor. Há, contudo, que se observar quais serão os resultados concretos das declarações emitidas nas cúpulas e reuniões ministeriais aqui referidas. Apesar dos indícios, que dão a entender que o território delimitado pelas questões de saúde nos BRICS será profundamente Ver http://monitordesaude.blogspot.com/20 11/01/saude-nos-brics-progressoe.html. 2 MÉDICI, A. A Saúde nos BRIC’s Progresso e Perspectivas para 2011. Disponível em: http://monitordesaude.blogspot.com/20 11/01/saude-nos-brics-progressoe.html. Acesso em setembro de 2011. 3 POMAR, V. A política externa do Brasil. In Consenso progresista. Política exterior de los gobiernos progresistas del Cono Sur: convergencias y desafios, 2010. Disponível em: http://library.fes.de/pdffiles/bueros/brasilien/07617.pdf. Acesso em setembro de 2011. 4 BUSS, P. M. & FERREIRA, J. R. 2009. Ibas: Coordenação E Cooperação Entre Países Em Desenvolvimento. In: III Conferência Nacional De Política Externa E Política Internacional - III Cnpepi “O Brasil No Mundo Que Vem Aí”. 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Acesso em setembro de 2011. 15 Declaração de Pequim. 2011. Disponível em: http://www.amucc.com.br/arquivos/file/ Encontro%20de%20Ministros%20da% 20Saúde%20do%20BRICS%20%2011%20jul%20Pequim%20%20tradução%20para%20português.p df. Acesso em setembro de 2011. 13