Universidade Federal de São Carlos Centro de Educação e Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Antropologia. Metodologia de Pesquisa em Antropologia Social II Semestre de 2013 Marina D. Cardoso Ementa: O curso pretende propor aos alunos um espaço reflexivo sobre o “fazer etnográfico”, a partir das experiências de campo oriundas da literatura antropológica que contemplam alguns dos principais aspectos envolvidos nesta prática, procurando alinhálas às principais correntes metodológicas da área, principalmente no que concerne à articulação entre a coleta dos dados e a sua organização e sistematização analítica. Metodologia: O curso consistirá de tópicos que serão desenvolvidos pelos alunos a partir das questões propostas e da bibliografia de apoio. Avaliação: Elaboração de uma monografia que contemple os tópicos trabalhados em sala de aula. Tópicos/Aulas: Parte I- O projeto etnográfico e a construção do método 1ª sessão. Apresentação. 2ª sessão. Delineando um método: a experiência etnográfica de Franz Boas Boas, Franz 2004 (1889). Os objetivos da etnologia. In: Stocking Jr., G. (org). A formação da antropologia Americana- 1883-1911. Rio de Janeiro: Contraponto/Ed. UFRJ, pp. 93-97. Cole, Douglas. 1983. “The value of a person lies in his herzensbildung”-Franz Boas’ Baffin Island letter-diary, 1883-1884. In: Stocking Jr., George W. (Org.). Observers observed. Essays on ethnographic fieldwork. Madison: University of Wisconsin Press. Stocking Jr., G. 2004 (1999). Os pressupostos básicos da teoria da antropologia de Boas. In Stocking Jr., G. (org). A formação da antropologia Americana- 1883-1911. Rio de Janeiro: Contraponto/Ed. UFRJ, pp. 15-38. 3ª sessão. “Notes and queries”: a construção do método etnográfico I. Kuklick, Henrika. 1984. Tribal exemplars: images of political authority in British anthropology, 1885-1945. Stocking Jr., George W. (Org.). Functionalism historicizedEssays on British social anthropology. Madison: University of Wisconsin Press. Malinowski, Bronislaw. 1997. Um diário no sentido estrito do termo. Rio de Janeiro: Record. Stocking Jr., George W. (Org.). 1983. The ethnographer’s magic: fieldwork in British anthropology from Tylor to Malinowski. Stocking Jr., George W. (Org.). Observers observed. Essays on ethnographic fieldwork. Madison: University of Wisconsin Press. 4ª sessão. O método comparativo Fortes, Meyer; Evans-Pritchard, Edward E. (orgs.). 1981 (1940). Introdução. In: Sistemas políticos africanos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 25-62. Radcliffe-Brown, Alfred R. 1978 (1951). O método comparativo em Antropologia Social. In: Radcliffe-Brown: Antropologia (org. Júlio Cezar Melatti), São Paulo: Ática, pp. 4358. Stocking Jr., George W. (Ed.). 1984. Dr. Durkheim and Mr. Brown. Comparative sociology at Cambridge in 1910. In: Stocking Jr., George W. (Org.). Functionalism historicized- Essays on British social anthropology. Madison: University of Wisconsin Press. 5ª sessão. Manuais de etnografia: a construção do método etnográfico II Mauss, Marcel. Manuel d’Ethnographie. 1989 (1947). Paris: Payot, 1989. L’Estoile, Benoît de. 2003. “O “arquivo total da humanidade”: utopia enciclopédica e divisão de trabalho na etnologia francesa. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, n. 20, p. 265-302, outubro de 2003 Sarevskaja, B. I. 1964. La Méthode de l'Ethnographie de Marcel Griaule et les questions de méthodologie dans l'ethnographie française contemporaine, In: Cahiers d'études africaines. Vol. 4 N°16. 1964. pp. 590-602. Parte II- Da pesquisa de campo à análise do material coletado 6ª sessão. Ensaios em cultura e personalidade Bateson, Gregory 2008 (1958). Naven. São Paulo: Edusp. (Métodos de apresentação, pp. 69-72; Epílogo de 1936, pp. 291-310). Mead, Margaret. Field work in the Pacific Islands, 1925-1967. In: Golde, P. (Org.). 1986. Women in the field- anthropological experiences. Berkeley: University of California Press. Handler, R. (1986). Vigorous male and aspiring female: poetry, personality, and culture in Edward Sapir and Ruth Benedict. In: Stocking Jr., George W. (Ed.). 1986. Malinowski, Rivers, Benedict and others. Essays on Culture and personality. Madison: University of Wisconsin Press. 7ª sessão. Da lógica analítica I: mitos Douglas. Mary. 1991 (1975). “The meaning of myth, with special reference to ‘La geste d’Asdiwal’”. In: Implicit meanings. London: Routledge & Kegan Paul, pp. 153-172. Lévi-Strauss, Claude. 1975 (1958). "A estrutura dos mitos". In: Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pp. 237-276. Lévi-Strauss, Claude. 1976 (1973) “A gesta de Asdiwal”. In: Antropologia Estrutural 2. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, pp. 152- 205. 8ª Sessão. Da lógica analítica II: ritos Lévi-Strauss, Claude. 1971. L’homme nu. Paris: Plon. (Finale). (Tradução brasileira: O homem nu. São Paulo: Cosac Naify, 2011) Turner, Victor. 1986 (1967). The forest of symbols. Ithaca e Londres: Cornell University Press. (Capítulo X: “A Ndembu doctor in practice”, pp. 359-394). Turner, Victor. 1987 (1974). Dramas, fields and methaphors: symbolic action in humam society. Ithaca & London: Cornell University Press. (Capítulo 1, “Social dramas and ritual metaphors”, pp. 23-59). 9ª sessão. Da etnografia a outras análises: narrativas, história, artefatos Basso, Ellen. 1990. “The last cannibal”, in Basso, Ellen. (Ed.). Native Latin American cultures through their discourse. Bloomington, Folklore Institute, Indiana University, pp. 133-174. Gow, Peter. 2006. Da etnografia à história: “Introdução” e “Conclusão” de: Of mixed blood: kinship and history in Peruvian Amazônia. In: Cadernos de Campo, São Paulo, n. 14/15, pp. 197- 226. Henare, A. et all. 2007. Introduction. Thinking through things. In. Henare, A. et all (org.) Thinking through things: theorizing artefacts ethnographcailly , pp. 1-31. London/New York: Routledge. 10a sessão. Reflexos na antropologia brasileira Cardoso de Oliveira, Roberto (1988). O que é isso que chamamos de antropologia brasileira? In: Sobre o pensamento antropológico. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. Cardoso de Oliveira, Roberto. 2002. Os diários e suas margens: viagens aos territórios Terena e Tikuna. Brasília: Editora Universidade Brasília, p. 17- 85). Laraia, Roque. 2011. Kinship Studies in Brazil. Vibrant v.8: n.2. Velho, Gilberto. 2011. Antropologia urbana: interdisciplinaridade e fronteiras do conhecimento. Mana, v. 17 (1), 2011, Rio de Janeiro: p.161-185. Parte III- Distanciamento e subjetividade na pesquisa etnográfica. 11ª sessão. Da interpretação Geertz, Clifford. 1983. “From the native’s point of view’: on the nature of anthropological understanding”. In: Local knowledge: further essays in interpretative anthropology. New York: Basic Books., pp. 55- 70. Good, Byron & Good, M-J DelVechio. 2005. “On the subject of culture: subjectivity and cultural phenomenology in the work of Clifford Geertz”. In: Richard Shweder & Byron Good (Eds.). Clifford Geertz by his colleagues. Chicago & London: The University of Chicago Press, pp. 98-107. Marcus, George. E. & Fischer, Michael. J. 1986. “Ethnography and interpretative anthropology”. In: Anthropology as cultural critique. Chicago & London: The University of Chicago Press, pp. 17-44. 12a sessão. Sobre a autoridade etnográfica Clifford, James. 1988. "On ethnographic authority". In: The predicament of culturetwentieth century ethnography, literature and art. New York: Harvard University Press, pp. 21-54. Marcus, George. 1986. “Contemporary problems of ethnography in the modern world system”. In: James Clifford & George Marcus (Ed.). Writing culture- the poetics and politics of ethnography. Los Angeles: University of California Press, pp. 165-193. Rabinow, Paul. 1986. "Representations are social facts: modernity and post- modernity in anthropology". In: James Clifford & George Marcus (Ed.). Writing culture- the poetics and politics of ethnography. Los Angeles: University of California Press, pp. 234-261. (Texto traduzido e publicado em Antropologia da razão. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999). 13ª sessão. Contextos etnográficos pós-coloniais Asad, Talal. 1991. “Afterword: from the history of colonial anthropology to the anthropology of western hegemony”. In: Stocking Jr., George W. (Ed.). Colonial situations: Essays on the contextualization of ethnographic knowledge. Madison: The University of Wisconsin Press, pp. 314-324. Bashkow, Ira. 1991. “The dynamics of rapport in a colonial situation: David Schneider’s fieldwork on the islands of Yap”. Stocking Jr., George W. (Ed.). Colonial situations: Essays on the contextualization of ethnographic knowledge. Madison: The University of Wisconsin Press, pp. 170-242. Wagner, Roy. 1981 (1975). The invention of culture. Chicago: Chicago University Press, (“Introduction”, pp. xi-xx). 14ª sessão. Revisões teóricas e “novos” descolamentos Sahlins, M. (1997). O “pessimismo sentimental” e a experiência etnográfica: por que a cultura não é um “objeto” em via de extinção? (Parte I). Mana 3 (1); (Parte II). Mana 3 (2). Strathern, Marilyn. 1988. The gender of the gift: problems with women and problems with society in Melanesia. Berkeley : University of California Press. (“Introduction”, pp. 27- 80). Viveiros de Castro, Eduardo. 2002. O nativo relativo. Mana. Vol.8, n.1, pp. 113-148. 15ª sessão. O “lugar” do antropólogo e seus deslocamentos. Albert, B. 1997. Ethnographic situation and ethnic movements. Notes on postmalinowskian fieldwork. Critique of Anthropology, 17(1). Carneiro da Cunha, M. 2009. Cultura” e cultura: conhecimentos tradicionais e direitos intelectuais. Cultura com aspas. Rio de Janeiro: Cosac & Naify. Turner, Terence. 1991. Representing, resisting, rethink: historical transformations of Kayapo culture and anthropological consciousness. In: Stocking Jr., George W. (Ed.). Colonial situations: Essays on the contextualization of ethnographic knowledge. Madison: The University of Wisconsin Press, pp. 314-324.