E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Disponível em http://www.desafioonline.com.br/publicações Desafio Online, Campo Grande, v. 1, n. 1, Jan./Abr. 2013 UTILIZAÇÃO DE INDICADORES DE DESEMPENHO EM MICROS E PEQUENAS EMPRESAS: UM ESTUDO EM EMPRESAS LOCALIZADAS EM JOÃO PESSOA/PB The Use of Performance Indicators in Micro and Small Firms: a Study in Companies Localized in João Pessoa/PB Emanoel Truta do Bomfim1 E-mail: [email protected] Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN Wellington dos Santos Teixeira E-mail: [email protected] Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN Aldo Leonardo Cunha Callado E-mail: [email protected] Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis UnB/UFPB/UFRN 1 Endereço: Emanoel Truta do Bomfim Programa Multiinstitucional e Inter-regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis - Cidade Universitária - João Pessoa - PB - Brasil - CEP: 58051-900 Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Resumo O objetivo deste estudo foi identificar quais indicadores de desempenho são mais utilizados pelas micros e pequenas empresas localizadas na cidade de João Pessoa/PB, relacionando-os com aspectos associados ao perfil dos gestores e ao tempo de atuação dessas empresas no mercado. Para tanto, realizou-se a aplicação de um questionário em trinta e cinco empresas. Para testar as hipóteses da pesquisa foi aplicada uma regressão probit ordenada. Os resultados da pesquisa indicam que a experiência dos gestores pode influenciar na escolha dos indicadores de desempenho que são utilizados pelas empresas investigadas. Palavras-chave: Indicadores de desempenho. Micro e pequenas empresas. Avaliação de desempenho Abstract The aim of this study was to identify which performance indicators most commonly used in the smal and micro firms in the city of João Pessoa, linking them with the aspects associated with the profile of managers and the operating time of these corporations. So, there was the application of a survey, which identified the most frequently used performance indicators. Based in the information was used ordinate probit regression to test the research hypotheses. Our findings suggest that the experience of managers appear to influence the choice of performance indicators that are used by the firms studied. Keywords: Performance indicators, Smal and micro firms, Performance evaluation. Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Introdução Em um ambiente econômico cada vez mais competitivo e acirrado, a avaliação de desempenho em qualquer organização é visto como um fator primordial, pois possibilita aos gestores mensurar sua performance, bem como implantar estratégias necessárias para fazer frente aos seus concorrentes. Para Garengo, Biazzo e Bititci (2005), o acirramento competitivo que existe entre as organizações tem aumentado a necessidade por mudanças na cultura organizacional e nos sistemas gerenciais, fazendo com que as empresas precisem se adaptar às novas demandas do mercado. Segundo Nunes (2008), as mudanças ocorridas nos últimos anos têm levado as organizações a refletirem e avaliarem suas políticas de modo a adequá-las a uma sociedade baseada na informação e no conhecimento, onde o desempenho da organização, depende da implementação de estratégias que adequem seus objetivos às necessidades de seus clientes. Para as micros e pequenas empresas (MPE), este ambiente é ainda mais complexo e perigoso, visto que organizações destes portes são fundamentalmente diferentes das grandes corporações, pois operam em um ambiente cercado por incertezas, em que a inovação e evolução nos processos, demandam recursos necessários para garantir a sua sobrevivência (GARENGO; BIAZZO; BITITCI, 2005). De acordo com Hudson, Smart e Bourne (2001), as micros e pequenas empresas devem utilizar medidas de desempenho apropriadas à sua realidade, possibilitando alinhar suas estratégias organizacionais as demandas impostas pelo mercado, bem como aperfeiçoar a utilização dos recursos disponíveis. Contudo, alguns estudos têm indicado que muitas MPEs não utilizam indicadores de desempenho para avaliar sua performance, e quando utilizam alguma medida de desempenho, utilizam-na incorretamente, pois não consideram seus objetivos, nem mesmo as especificidades do ambiente em que operam (GARENGO; BIAZZO; BITITCI, 2005; HUDSON; SMART; BOURNE, 2001). Desta forma, o presente estudo tem como objetivo identificar quais são os indicadores de desempenho mais utilizados por micros e pequenas empresas da cidade de João Pessoa/PB, buscando explicar sua utilização através do perfil dos gestores e do tempo de atuação dessas empresas no mercado. Essa pesquisa justifica-se pela grande importância de empresas destes portes para a economia brasileira, visto que de acordo com Serviço Brasileiro de Apoio as Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Micros e Pequenas Empresas – SEBRAE (2012), estas empresas participam na geração de 20% do Produto Interno do Bruto (PIB), representando 99% das empresas constituídas no país, e ainda são responsáveis por 52% da geração de emprego formal. Além destes aspectos, o desenvolvimento de estudos associados à temática avaliação de desempenho, pode auxiliar essas entidades a implementarem novas estratégias e/ou acompanhar as já existentes. Revisão da Literatura Indicadores de Desempenho A escolha dos indicadores de desempenho é um dos desafios mais críticos enfrentados pelas empresas. Essas medidas têm um papel fundamental, pois auxiliam no desenvolvimento dos planos estratégicos, no alcance dos objetivos e na formulação ou revisão das metas organizacionais (ITTNER; LARCKER, 1998). Segundo Neely, Gregory e Platts (2005), um indicador de desempenho pode ser definido como o processo de quantificar a eficiência e a eficácia de uma ação, recurso e ou tomada de decisão em uma empresa. Williams (2002) afirma que no processo de mensuração de desempenho devemse estabelecer indicadores-chaves que informem aos gestores, independente do nível de cargo que ele ocupe, se os objetivos planejados estão sendo alcançados ou não. Neste processo de avaliação de desempenho, deve-se ainda utilizar um conjunto de medidas de desempenho multidimensionais, isto é, indicadores que envolvam fatores internos e externos a organização, bem como medidas financeiras e não financeiras (BOURNE; NEELY, 2003). Neste sentido, Kaplan e Norton (2001) ressaltam que medidas de desempenho devem ser desenvolvidas a partir da estratégia organizacional, bem como devem englobar indicadores de performance tanto financeiros como não financeiros, estabelecendo-se uma ligação com os objetivos da organização. Miranda et al. (2003) corroboram com este posicionamento ao ressaltar que na literatura há inúmeros indicadores de desempenho, dentre os quais destacam-se os indicadores financeiros tradicionais, os indicadores não financeiros tradicionais, e os indicadores não tradicionais. Para os autores os indicadores financeiros tradicionais são expressos em valores monetários. Já os indicadores não financeiros são expressos em valores não monetários. Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado De acordo com Lau e Sholihin (2005), as medidas financeiras têm sido criticadas por fornecer informações de natureza histórica e incompleta, voltando-se exclusivamente para o curto prazo, bem como por não possibilitar uma integração com os objetivos organizacionais. Por outro lado, Ittner e Larcker (1998) salientam que as medidas não financeiras são vistas como indicadores que fornecem informações sobre o desempenho futuro da organização que não estão contidas nos atuais indicadores contábil-financeiros. As medidas de performance não financeiras também são consideradas melhores indicadores de desempenho futuro do que as medidas financeiras, sendo vistas como elementos imprescindíveis para avaliar e direcionar o desempenho organizacional (BANKER; POTTER; SRINIVASAN, 2000). Contudo, em que pese às críticas sofridas pelos indicadores financeiros para a avaliação de desempenho, estes não podem ser menosprezados no processo, pois são evidências concretas dos resultados obtidos pela empresa (CALLADO; CALLADO; ANDRADE, 2008). Segundo Kaplan e Norton (1992), os executivos desejam tanto informações financeiras como não financeiras para avaliar o desempenho empresarial, considerando que a utilização de um grupo de indicador não exclui o outro, bem como por que ambos os indicadores fornecem informações que se complementam, e que são indispensáveis para a avaliação da gestão. Um breve histórico de estudos já realizados As pesquisas sobre a utilização de indicadores para avaliação de desempenho tem se disseminado no meio acadêmico nas últimas décadas. A seguir apresentam-se alguns estudos acerca da utilização de indicadores para avaliação de performance em micros e pequenas empresas. Jarviset al. (2000) buscaram investigar a utilização de indicadores quantitativos e qualitativos na mensuração de desempenho de pequenas empresas do setor industrial e de serviços da cidade de Londres. O estudo revelou que as pequenas empresas utilizam mais o fluxo de caixa do que o lucro para avaliar suas atividades. Além disso, observouse que alguns proprietários buscaram avaliar seu negócio com medidas não financeiras como o número de pedidos por cliente, sua satisfação, bem com, a qualidade dos produtos e serviços prestados. Já Collis e Jarvis (2002) examinaram a utilização de informações financeiras para o gerenciamento e avaliação de desempenho em pequenas empresas localizadas no Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Reino Unido. Os resultados indicaram que as empresas pesquisadas adotavam práticas de planejamento e controle, buscando monitorar seu desempenho através do fluxo de caixa. Ainda segundo os autores, a utilização de informações financeiras pelas empresas varia de acordo com o seu tamanho e com as informações repassadas pelo profissional da contabilidade (contador). Em outro estudo, Wood (2006) realizou uma pesquisa como objetivo de proporcionar evidências acerca do desempenho de pequenas empresas do setor de eventos do Reino Unido. O estudo identificou as variáveis organizacionais que influenciam o desempenho das empresas, bem como identificou quais atividades tinham pouco ou nenhum efeito sobre o desempenho. Os resultados da pesquisa sugerem que a idade das empresas, as fontes de financiamento e os métodos utilizados para promoverem os eventos, influenciavam bastante no desempenho das organizações investigadas. Contudo, fatores ligados ao planejamento estratégico tinham pouco efeito sobre a performancedessas empresas. Callado, Callado e Almeida (2008) realizaram uma pesquisa com empresas de pequeno porte na cidade de João Pessoa/PB, buscando identificar a estrutura e padrões de relações existentes entre os indicadores de desempenho utilizados pelas empresas analisadas. Os resultados obtidos corroboram com a literatura, que pressupõe uma perspectiva múltipla e complementar no processo de avaliação de desempenho. Ainda segundo estes autores, os resultados dão sustentação à necessidade gerencial de construir um elenco de indicadores de desempenho variado, mas que considere as características do setor a qual a empresa pertence. Já Inmyxai e Takahashi (2010) desenvolveram um estudo com objetivo de examinar o efeito de alguns recursos no desempenho de micro, pequenas e médias empresas da República Democrática Popular do Lao administradas por gestores dos dois sexos. Os autores conseguiram identificar que as empresas administradas pelos homens obtiveram um melhor desempenho quando comparadas com as empresas gerenciadas por mulheres. Ainda segundo os autores, percebeu-se que o nível de escolaridade, a formação e a experiência dos gestores tinham um forte impacto sobre a performance dessas empresas, independente de quem as administrassem. Metodologia O presente estudo quanto aos objetivos trata-se de uma pesquisa descritiva, pois descreve as características que permeiam a utilização de indicadores de desempenho em Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado micros e pequenas empresas. Já quanto aos procedimentos adotados caracteriza-se como levantamento ou survey, implementado através de uma pesquisa de campo, buscando-se informações acerca dessas entidades. E, quanto à abordagem do problema trata-se de uma pesquisa quantitativa (RAUPP; BEUREN, 2006). Definições do Universo e Amostra da pesquisa Em relação ao universo da pesquisa, esta pesquisa considerou as micros e pequenas empresas, conforme classificação do Serviço Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). O universo dessa pesquisa foi composto por 100 empresas listadas no cadastro mantido por este órgão. A composição da amostra investigada nesta pesquisa foi determinada através do recebimento de questionários. Apesar de o questionário ter sido enviado para todas 100 empresas cadastradas, 35 empresas confirmaram ter interesse em participar da pesquisa, representando 35% do universo. Indicadores de desempenho investigados Para a seleção dos indicadores de desempenho, buscaram-se na literatura existente as medidas de desempenho mais utilizadas pelas empresas. Neste sentido, foram selecionados 33 indicadores de desempenho, dentre os indicadores financeiros e não financeiros reportados na literatura especializada. Esta escolha deu-se devido à utilidade desses dois grupos de medidas de desempenho para a avaliação de desempenho empresarial. Os indicadores financeiros servem com um parâmetro para as empresas avaliarem as se as decisões, metas e estratégias implementadas alcançaram o resultado almejado. Já os indicadores não financeiros são vistos como medidas que fornecem informações sobre o desempenho futuro da organização, podendo ser estabelecidas a partir da estratégia da entidade (KAPLAN; NORTON, 1992; ITTNER; LACKER, 1998; CALLADO; CALLADO; ALMEIDA, 2008). Os indicadores de desempenho foram divididos da seguinte forma: a) Indicadores financeiros: faturamento por filiais; evolução da participação do produto/serviço no faturamento; volume de vendas no estado; volume de vendas fora do estado; evolução do volume de vendas por propaganda; faturamento pela internet; participação das vendas na internet sobre o faturamento total; faturamento médio; Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado volume de devolução de vendas; faturamento por clientes; faturamento projetado; margem de lucro; evolução da margem de lucro; lucro por produto; margem líquida; resultado líquido; percentual do produto/serviço sobre o lucro operacional; pagamento de juros e multas; participação de juros e multas na receita bruta; fluxo de caixa; evolução do fluxo de caixa operacional; retorno sobre o investimento; lucratividade por produto/serviço; evolução de custos e despesas; custo unitário do produto/serviço; evolução dos custos com funcionários e investimentos em novos produtos/serviços. b) Indicadores não financeiros: número de reclamação de clientes; evolução do número de clientes; evolução do número de funcionários; número de contratações; evolução no mix/cesta de produtos e serviços; volume de produção e serviços. Hipóteses propostas de pesquisa Com base na literatura e em estudos já desenvolvidos foram selecionadas algumas variáveis para identificar possíveis explicações em relação à utilização dos indicadores de desempenho pelas micros e pequenas empresas da cidade de João Pessoa, a saber: tempo de atuação das empresas no mercado; gênero dos gestores; experiência dos gestores; e, formação dos gestores. a) Tempo de atuação das empresas no mercado.O tempo de atuação das empresas no mercado é visto como um fator que afeta o desempenho das empresas (WOOD, 2006; ROBB; WATSON, 2010). Para Inmyxai e Takahashi (2010), a idade da empresa é um fator de poder e experiência que influencia as políticas e o sucesso das empresas. Neste sentido, considerando que o tempo de atuação de uma empresa pode influenciar em suas decisões, principalmente na utilização de indicadores de desempenho, elaborou-se a seguinte hipótese de pesquisa: Hipótese 1: A escolha dos indicadores de desempenho pelas micros e pequenas empresas é influenciada pelo tempo de atuação dessas empresas no mercado. b) Gênero dos gestores.Algumas pesquisas recentemente vêm buscando identificar a influencia do gênero do gestor no desempenho e nas políticas implantadas Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado pelas empresas. Segundo Robb e Watson (2010), as mulheres são mais avessas ao risco do que os homens quando estão no controle das empresas, e o desempenho das empresas controladas por elas não difere muito do resultado alcançado pelos homens. Para Inmyxai e Takahashi (2010), os homens são vistos como sendo mais hábeis na implantação de políticas e na aplicação dos recursos das empresas. Considerando que os gestores são peças chaves nas políticas e no processo de tomada de decisões nas empresas, apresenta-se a seguinte hipótese de pesquisa: Hipótese 2: A escolha dos indicadores de desempenho pelas micros e pequenas empresas é influenciada pelo gênero dos gestores que estão à frente dessas entidades. c) Experiência dos gestores. Segundo Cooper (1981) a experiência dos gestores é um pré-requisito para os gerentes, sendo considerado como um fator que influencia o desempenho das empresas quando comandadas por gestores mais experientes. Inmyxai e Takahashi (2010) ressaltam que a experiência dos gestores é vista como o fator de vantagem competitiva para as empresas, pois é uma habilidade específica que ajuda na sobrevivência das firmas no mercado. Desta forma, considerando que a experiência dos gestores é um fator que pode influenciar na escolha dos indicadores de desempenho utilizados pelas micros e pequenas empresas, levantou-se a seguinte hipótese de pesquisa: Hipótese 3: A escolha dos indicadores de desempenho pelas micros e pequenas empresas é influenciada pela experiência dos gestores que estão na direção dessas entidades. d) Formação dos gestores. A educação/formação dos gestores tem sido reportada na literatura como um fator importante para o sucesso das empresas (DANNEELS, 2008). Inmyxai e Takahashi (2010) ressaltam que a formação e o nível educacional dos gestores pode ser um diferencial importante para as pequenas empresas, ajudando-as a sobreviver e gerir suas atividades em um mercado cada vez mais competitivo. Neste sentido, Schutjens e Wever (2000) sugerem que empresários com uma boa formação, podem lidar melhor com as atividades de suas empresas. Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Considerando que a formação dos gestores pode influenciar na escolha dos indicadores de desempenho utilizados pelas micro e pequenas empresas, elaborou-se a seguinte hipótese de pesquisa: Hipótese 4: A utilização dos indicadores de desempenho é influenciada pela formação dos gestores. As variáveis explicativas descritas acima foram obtidas por meio do questionário de pesquisa, onde os participantes indicavam ou assinalavam o tempo de atuação das empresas no mercado, o seu gênero, seu tempo de experiência e área de formação. Validação do instrumento de pesquisa Para verificar a validade do questionário empregado para coleta de dados aplicou-se o teste do Alpha de Conbrach, que visa avaliar a consistência deste instrumento de pesquisa (CRONBACH, 1951). De acordo com esse teste o questionário de pesquisa é valido, apresentando um coeficiente maior que 0,80; parâmetro aceitável para esse tipo de instrumento de pesquisa, na Tabela 1, a seguir apresentam-se os resultados do teste: Tabela 1 – Alfa de Cronbach’s. Indicador de desempenho Sigla Média Variância Cronbach's Número de reclamação de clientes RECL 77,79 377,042 0,942 Evolução do número de clientes EVCL 77,25 372,978 0,940 Evolução do número de funcionários EVFU 78,04 381,694 0,941 Número de contratações NRCO 78,04 381,607 0,941 Faturamento por filiais FATF 77,46 376,607 0,941 EVPR 77,29 377,085 0,940 Evolução do mix produto/serviço EVMX 77,33 380,058 0,941 Volume de vendas no estado VLVI 76,92 372,601 0,940 Volume de vendas para fora do estado VLVE 78,04 367,607 0,942 EVVE 77,5 371,913 0,939 Evolução da participação de produto/serviço no faturamento Evolução do volume vendas por propaganda Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Volume de produção/serviços VLPR 77,42 375,123 0,940 Faturamento pela internet FAT@ 78,58 374,428 0,943 PVE@ 78,54 376,433 0,943 Faturamento médio FATM 77 380,87 0,941 Volume de devolução de vendas VOLD 77,58 378,688 0,942 Faturamento por clientes FATC 76,79 381,389 0,941 Faturamento projetado FATP 76,42 379,732 0,941 Margem de lucro MLUC 76,58 377,036 0,940 Evolução da margem de lucro EVML 76,54 379,65 0,941 Lucro por produto LPRO 76,62 375,984 0,940 Margem líquida MLIQ 76,79 377,129 0,940 Resultado líquido RLIQ 76,79 380,781 0,941 PPLO 77,54 382,694 0,942 PAGM 77,75 384,63 0,942 PARM 77,37 385,723 0,944 Fluxo de caixa FLCX 76,42 376,688 0,940 Evolução do fluxo de caixa operacional EVFC 76,42 373,384 0,939 ROI 77,04 379,085 0,941 Lucratividade por produto/serviço LUPR 77,12 376,81 0,940 Evolução dos custos e despesas EVCT 77,37 380,853 0,942 Custo unitário do produto/serviço CUNIT 77,42 381,471 0,941 Evolução dos custos com funcionários EVCF 77,37 384,071 0,942 Investimentos em novos produtos/serviço INNP 77,5 379,739 0,941 Participação das vendas na internet no faturamento Percentual do Produto/serviço sobre o lucro operacional Pagamento juros e multas Participação de juros e multas no faturamento Retorno sobre o investimento Fonte: Dados da pesquisa. Tratamento estatístico e método utilizado O tratamento estatístico deste trabalho permeia à análise descritiva dos dados obtidos na pesquisa, além de análise de regressão não linear para testar as hipóteses propostas. Para análise e verificação das hipóteses de pesquisa foi empregado o modelo de Regressão Probit Ordenado. Esse modelo é empregado devido a variável dependente ser Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado uma variável qualitativa. De acordo com Gujarati e Porter (2011), em modelos de regressão não linear, como o Probit, busca-se verificar a probabilidade de ocorrência de um evento dado os valores das variáveis explanatórias. Neste sentido, observaram-se quais foram os indicadores de desempenho mais utilizados pelas micro e pequenas empresas, as quais foram definidas como a variável dependente, e através da regressão probit ordenada analisou-se a probabilidade da escolha dessas medidas explicadas pelas características dos gestores e pelo tempo de atuação da firma no mercado. De posse dos indicadores de desempenho mais utilizados por estas firmas, utilizou-se uma regressão probit ordenada para testar as hipóteses dessa pesquisa. Esse modelo é utilizado em estudos em que a variável dependente é de natureza qualitativa (GUJARATI; PORTER, 2011). O modelo empregado é assim descrito: ܭ∗ = ହ ୀଵ β ܺ + ߝ (1) Onde: ܭ∗ é a variável dependente, representada pelos indicadores de desempenho mais utilizados pelas empresas pesquisadas; Xi variáveis independentes (tempo de atuação no mercado; gênero do gestor; experiência do gestor; e, formação dos gestores); eԑi erro da regressão. Descrição e Análise dos Resultados Análise Descritiva Nesta seção, apresentam-se os resultados da pesquisa acerca da utilização dos indicadores de desempenho pelas micros e pequenas empresas pesquisadas, destacandose o tempo de atuação dessas empresas no mercado, o tempo de experiência dos gestores, a área de formação dos gestores, e o resultado da regressão probit empregada para testar a dependência estatística da utilização dessas medidas de desempenho em relação ao perfil dos gestores e tempo de atuação dessas firmas. No Gráfico 1apresenta-se o tempo de atuação das empresas no mercado. Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado 16% 6% 3% 34% Até 10 anos 11 a 20 anos 21 a 30 anos 31 a 40 anos 41% Mais de 40 anos Gráfico 1 – Tempo de atuação das empresas no mercado. Fonte: Dados da pesquisa. Observa-se se que de acordo com os resultados obtidos, 41% das empresas pesquisadas têm entre 11 a 20 anos de atuação no mercado, seguido pelas firmas que têm até 10 anos de idade, que apresentou 34% das entidades pesquisadas. Destaca-se Destaca também que 16% das empresas investigadas investigadas atuam a mais de 40 anos. Além disso, verificou-se se que dentre as empresas analisadas, analisadas a mais nova tinha um ano de atuação no mercado e a mais velha apresentava 70 anos de atuação. atuação Em média, o tempo de atuação dessas organizações era de 20 anos. Com relação aos gestores dessas empresas, os dados da pesquisa indicam que 77% são do sexo masculino e 23% são do sexo feminino, o que revela que a maioria dessas empresas são administradas por homens. No Gráfico 2, pode-se pode observar a experiência dos gestores que ocupam cargos de direção nas empresas investigadas. 3% 11% 26% Até 10 anos 11 a 20 anos 26% 21 a 30 anos 34% 31 a 40 anos Mais de 40 anos Gráfico 2 – Tempo de experiência dos gestores. Fonte: Dados da pesquisa. Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado De acordo com os resultados apresentados no Gráfico 2, percebe-se percebe que a maioria dos gestores das empresas analisadas têm entre entre 11 e 20 anos de experiência, o que representa 34% da amostra. Ainda pode-se pode se observar que 26% dos gestores investigados possuem entre 21 a 30 anos e mais de 40 anos de experiência. Observou-se Observou também que em média, os gestores apresentam 19 anos de experiência, experiência, sendo que o menos experiente possui apenas 1 ano de experiênciae o mais experiente indica ter mais de 45 anos na atividade. A seguir, no Gráfico 3, apresenta-se apresenta se a área de formação desses gestores, onde pode-se se visualizar que 62% dos gestores investigados investigados são formados em áreas associadas com as ciências sociais aplicadas (Administração, Economia e Contabilidade). 29% 31% Administração Contabilidade Direito 17% 14% Economia 9% Outros Gráfico 3 – Área de formação dos gestores. Fonte: Elaborado pelos autores. Após analisado os dados referentes ao tempo de atuação da firma no mercado e das características dos gestores, verificou-se verificou se quais eram os indicadores de desempenho mais utilizados pelas organizações, para tanto, foram observadas as médias de todos os indicadores listados na Tabela 2. Tabela 2 – Frequência de utilização dos indicadores de desempenho. (2) Indicador de Desempenho (0) (1) Ás Não Pouco vezes utiliza utiliza utiliza (3) (4) Frequent. Sempre utiliza Total Média utiliza Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Número de reclamação de clientes 5 10 8 10 2 35 1,83 Evolução do número de clientes 2 4 6 19 4 35 2,54 funcionários 2 9 19 5 - 35 1,77 Número de contratações 3 10 16 5 1 35 1,74 Faturamento por filiais 3 4 11 13 1 32 2,16 3 2 13 15 - 33 2,21 produto/serviço 3 6 4 19 1 33 2,27 Volume de vendas no estado 2 2 3 22 5 34 2,76 3 1 19 7 3 33 1,82 propaganda 3 1 19 7 3 33 2,18 Volume de produção/serviços 3 2 15 12 2 34 2,24 Faturamento pela internet 18 6 2 6 2 34 1,06 internet no faturamento 17 7 2 6 1 34 1,09 Faturamento médio 1 - 11 16 6 34 2,76 Volume de devolução de vendas 7 3 6 17 1 34 2,06 Faturamento por clientes 1 1 2 25 5 34 2,94 Faturamento projetado 1 - 1 21 12 35 3,23 Margem de lucro 1 1 3 19 10 34 3,06 Evolução da margem de lucro 1 1 1 18 11 32 3,16 Lucro por produto 2 1 4 13 13 33 3,03 Margem líquida 2 - 6 16 7 31 2,84 Resultado líquido 2 - 6 18 8 34 2,88 sobre o lucro operacional 2 3 15 11 3 34 2,29 Pagamento juros e multas 2 6 17 7 1 35 1,97 Participação juros e multas no 3 4 11 11 4 33 2,27 Evolução do número de Evolução da participação de produto/serviço no faturamento Evolução do mix Volume de vendas para fora do estado Evolução do volume vendas por Participação das vendas na Percentual do Produto/serviço Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado faturamento Fluxo de caixa 1 1 2 18 12 34 3,15 operacional 1 - 3 16 13 33 3,21 Retorno sobre o investimento 3 - 10 17 3 33 2,52 produto/serviço 2 1 14 15 3 35 2,46 Evolução dos custos e despesas 2 2 14 13 3 34 2,38 3 2 14 13 2 34 2,26 1 3 14 13 2 33 2,36 1 6 16 8 2 33 2,12 Evolução do fluxo de caixa Lucratividade Custo por unitário do produto/serviço Evolução dos custos com funcionários Investimentos em novos produtos/serviço Fonte: Dados da pesquisa. De acordo com a média observada as cinco medidas mais utilizadas pelos gestores dessas empresas foram o faturamento projetado (3,23); a evolução do fluxo de caixa operacional (3,21); a evolução da margem de lucro (3,16); o fluxo de caixa (3,15); e a margem de lucro (3,06). Percebe-se que a partir da análise destes dados que a preocupação dos gestores com a geração de caixa pelas entidades, visto que das cinco medidas mais utilizadas, duas referem-se a fluxo de caixa. Ainda verificou-se, que dentre os indicadores os menos utilizados pelos gestores foram o faturamento pela internet (1,06); a participação das vendas na internet no faturamento (1,09); o número de contratações de funcionários (1,74); a evolução no número de funcionários (1,77); e o número de reclamação de clientes (1,83). Observa-se que dentre os indicadores utilizados pelos gestores, está o número de reclamação de clientes, que é vista com uma medida de suma importância para as empresas, pois é uma medida que está diretamente relacionada à geração de fluxo de caixa futuro. Resultados da regressão probit Depois de uma breve análise descritiva dos dados, apresentam-se a seguir os resultados estimados a partir do modelo econométrico. Para tanto, considerou-se como Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado variáveis dependentes os cinco indicadores de desempenho mais utilizados pelos gestores das empresas conforme foram definidos na seção anterior. Inicialmente, ressalta-se que modelos não-lineares não atendem aos pressupostos da normalidade dos resíduos e da homocedasticidade. Desta forma, decidiu-se pela a utilização de um modelo com erros padrões robustos para minimizar os problemas com a não-normalidade e heterocedasticidade dos resíduos. Os resultados da regressão probit ordenada são apresentados na Tabela 3, onde se pode observar o resultado para cada uma das variáveis dependentes para os cinco modelos estimados, bem como a significância de cada variável explicativa. Tabela 3 – Resultados da regressão probit ordenada. FATP EVFC EVML Tempo de mercado FLCX MLUC - Coeficiente -0.0400739 -0,0374818 -0,0101357 0,00703321 0,00613713 P-valor 0,8393 0,0648 0,6696 0,7240 0,7237 -0,514838 0,156170 0,446251 -0,161808 0,2806 0,7456 0,3183 0,7172 0,0612239 0,0196650 0,0368622 0,0449684 0,0197* 0,5262 0,1863 0,0690 -0,0640125 0,0598949 -0,113090 0,0300707 0,6595 0,6050 0,5884 0,3259 0,8135 32 30 29 31 31 Gênero Coeficiente 0,0160608 P-valor 0,9745 Experiência do gestor Coeficiente 0,0690004 P-valor 0,0171* Formação do gestor Coeficiente 0,0577280 P-valor Observações Fonte: Dados da pesquisa. * Estatisticamente significante ao nível de 5%. O primeiro modelo estima a utilização do indicador de desempenho faturamento projetado (FATP) em relação às variáveis, tempo de mercado, gênero, experiência do gestor e formação do gestor. Os resultados indicam que a experiência do gestor afeta positivamente a utilização deste indicador pelas empresas, sendo estatisticamente significante ao nível de 5%, indicando que quanto mais experiente o gestor mais essa medida é utilizada para a avaliação de performance. Contudo, as demais variáveis não se apresentaram estatisticamente significantes. Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado Já para a estimação do segundo modelo, mantiveram-se as variáveis explicativas, e foi introduzida como variável dependente o segundo indicador de desempenho mais utilizado pelas empresas, a evolução do fluxo de caixa (EVFC). Os resultados para o segundo modelo sugerem que a experiência do gestor influencia positivamente a utilização da evolução do fluxo de caixa como medida de performance pelas empresas, sendo estatisticamente significante ao nível de 5%. Entretanto, as demais variáveis não se apresentaram estatisticamente significantes. Para a estimação dos demais modelos, utilizaram-se como variáveis dependentes, respectivamente, a evolução da margem de lucro (EVML), o fluxo de caixa (FLCX) e a margem de lucro (MLUC), mantendo-se constante as variáveis independentes.De acordo com os resultados expostos na Tabela 3, verifica-se que para estes modelos as variáveis explicativas não apresentaram significância estatística. Desta forma, considerando-se os resultados apresentados, pode-se aceitar a segunda hipótese de pesquisa, visto que a experiência dos gestores apresentou significância estatística ao nível de 5% na utilização dos indicadores associados com faturamento projetado (FATP) e evolução do fluxo de caixa (EVFC). No entanto, as demais hipóteses de pesquisas devem ser rejeitadas, pois as demais variáveis explicativas não demonstraram significância estatística. Concluindo, pode-se afirmar que os resultados apresentados para a variável experiência dos gestores estão em consonância com a literatura, visto que essa variável afeta positivamente na escolha dos indicadores de desempenho para avaliação de performance nas organizações (COOPER, 1981; INMYXAI; TAKAHASHI, 2010). Por outro lado, as variáveis explicativas de tempo de atuação no mercado, gênero e formação dos gestores não se apresentaram em conformidade com os pressupostos teóricos, que indicam que essas variáveis podem influenciar na escolha de medidas de desempenho e na implantação de políticas pelas organizações (SCHUTJENS; WEVER, 2000; WOOD, 2006; DANNEELS, 2008; ROBB; WATSON, 2010; INMYXAI; TAKAHASHI, 2010). Conclusões e Recomendações O alto grau de competitividade e as constantes mudanças ocorridas no cenário econômico mundial e local demandam das empresas e dos seus gestores adoção de medidas que possam ajuda-los a enfrentar a nova dinâmica do mercado, onde o processo Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado de tomada de decisão requer cada vez mais dinamismo e celeridade por parte dos agentes. Neste sentido, o presente estudo buscou identificar quais eram os indicadores mais utilizados pelas micro e pequenas empresas da cidade de João Pessoa/PB para a avaliação de desempenho, relacionando-os com o perfil dos gestores e o tempo de atuação dessas empresas no mercado. Através da aplicação de um questionário observou-se que o faturamento projetado (FATP), a evolução do fluxo de caixa operacional (EVFC), evolução da margem de lucro (EVML), o fluxo de caixa (FLCX) e a margem de lucro (MLUC) eram as medidas mais utilizadas por essas empresas para avaliar sua performance. De posse dessa informação empregou-se uma regressão probit para testar a utilização desses indicadores em relação ao tempo de experiência dos gestores, o gênero desses gestores, a formação dos gestores e o tempo de atuação dessas firmas no mercado. Os resultados da regressão probit revelaram que a experiência dos gestores afeta a utilização dos indicadores evolução do fluxo de caixa operacional e faturamento projetado, sendo estatisticamente significante ao nível de 5%. Contudo, as variáveis explicativas, tempo de atuação no mercado, gênero e a formação dos gestores não apresentaram significância estatística em nenhum dos modelos estimados. Assim, pode-se aceitar a segunda hipótese de pesquisa deste estudo, pois a experiência dos gestores parece influenciar na utilização de dois dos cinco indicadores mais utilizados, sendo significante ao nível de 5%, estando em consonância com pressupostos teóricos (COOPER, 1981; INMYXAI; TAKAHASHI, 2010). Em relação às outras hipóteses de pesquisa os resultados sugerem que elas devem ser rejeitadas, visto que o tempo de atuação das empresas no mercado, o gênero e a formação dos gestores não se apresentaram estatisticamente significantes com a utilização das medidas de desempenho mais utilizadas pelas empresas, contrariando ao exposto pela literatura (SCHUTJENS; WEVER, 2000; WOOD, 2006; DANNEELS, 2008; ROBB; WATSON, 2010; INMYXAI; TAKAHASHI, 2010). Ressalta-se que os resultados aqui apresentados limitam-se as empresas pesquisadas, não podendo ser estendidas a outras empresas, haja vista, que a amostragem empregada neste estudo foi a não probabilística intencional. Contudo, salienta-se que este estudo pode contribuir no desenvolvimento de novas pesquisas, Desafio Online, Campo Grande, v.1, n. 1, art.1, Jan/Abr. 2013 www.desafioonline.com.br E. T. Bomgfim, W. S. Teixeira, A.L.C. Callado buscando investigar quais outros fatores podem influenciar na utilização ou não dos indicadores de desempenho por parte das micro e pequenas empresas. Referências Bibliográficas ANKER, R. D; POTTER, G.; SRINIVASAN, D.An empirical investigation of an incentive plan that includes nonfinancial performance measures.The Accounting Review, v. 75, n. 1, p. 65-92, 2000. BOURNE, M.; NEELY, A. Implementing performance measurement systems: a literature review. InternationalJournal Business Performance Management, v. 5, n. 1, p. 1-24, 2003. CALLADO, A. A. C.; CALLADO, A. L. C.; ANDRADE, L. P. Padrões de utilização de indicadores de desempenho não-financeiros: Um estudo exploratório nas empresas de Serra Talhada/PE. 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