Modelo de Planejamento sugerido Os itens abaixo apresentam a estruturação de um modelo de Planejamento. 1. Identificação: nome da AABB, cidade, número de educandos e educadores e nome dos integrantes da equipe (educadores e coordenação pedagógica). 2. Premissas e objetivos do Programa AABB Comunidade – (contidos no Anexo 1) 3. Tema: os temas devem ser eleitos pelos educadores com base na realidade dos educandos, suas famílias e a comunidade. Lembre que mais de um tema pode ser escolhido. Ao escolher temas amplos direcione o que especificamente deseja trabalhar com os educandos. 4. Duração: descreva neste item quanto tempo a temática será trabalhada. Se for eleito mais de um tema, defina os meses de início e fim de cada um deles. 5. Justificativa: este item deve descrever os motivos pelos quais a equipe escolheu tais temas a serem trabalhados. 6. Objetivo geral e específico: devem ser descritos considerando as ações a serem realizadas pelos educandos, com base na realidade local e em consonância com os objetivos do Programa AABB Comunidade. É importante ter claro o que a equipe de educadores pretende alcançar no desenvolvimento dos educandos ao final do processo. Exemplo: Conhecer as diferentes culturas da região. Desenvolver habilidades esportivas. Aprender a reagir adequadamente diante de situações de conflito. 7. Metodologia: neste item devemos descrever a forma como os educadores deverão trabalhar para alcançar os objetivos. De que maneira os educadores realizarão suas atividades e ações. 8. Cronograma: elabore um calendário onde constem mensalmente as atividades, ações e datas comemorativas que serão realizadas no Programa ao longo do ano. 9. Recursos humanos: cite os profissionais envolvidos na execução do Planejamento (educadores, educandos, parceiros, voluntários e outros). 10. Recursos materiais: cite os recursos didáticos necessários para a realização das atividades pedagógicas, não apenas os materiais que compõem os kits do Programa. 11. Avaliação: deve ser direcionada para: - avaliar os educandos: estruture uma ferramenta onde constem os objetivos e analise se foram atingidos; - avaliar os educadores: além da auto avaliação, reuniões e encontros sistemáticos de avaliação da equipe devem auxiliar a reformulação da prática educativa; - avaliar o planejamento: os dados identificados na avaliação dos educandos e da prática pedagógica apontam caminhos para uma constante reformulação do Planejamento. 12. Pessoas que participaram do planejamento, com as respectivas atribuições no Programa. Lembre que o Planejamento sempre responderá as seguintes perguntas: O que vamos ensinar? Como vamos ensinar? Quando vamos ensinar? O que, quando e como vamos avaliar o que nos propomos a ensinar? A seguir, um conjunto de considerações importantes que devem ser objeto de leitura coletiva e debate com o envolvimento de todos os coordenadores e educadores, a saber: 1. Ausência de dados de identificação - Faltam dados de identificação como o nome da AABB, cidade, coordenador e equipe, nº de educandos. Todo documento enviado aos instituidores e demais interlocutores deve conter a identificação do Programa e os dados do remetente. Este cuidado deve ser observado para qualquer documento enviado aos instituidores. 2. Objetivos e premissas do Programa e objetivos do Planejamento Anual – Os objetivos e as premissas do Programa AABB Comunidade estão descritos no Caderno de Procedimentos e na Agenda e não podem ser alterados. São os norteadores do Planejamento. Os objetivos (geral e específicos) do Planejamento Anual são elaborados pela equipe de cada AABB. Devem estar coerentes com os objetivos e premissas do Programa, mas estão diretamente relacionados às temáticas escolhidas em cada localidade. Perguntamos: estamos fazendo um bom planejamento local que norteia a prática cotidiana ou apenas cumprindo uma formalidade? Nossos objetivos contribuem para avaliarmos as atividades e educandos ao final do ano? Se as respostas não forem afirmativas, precisamos rever nossos objetivos. 3. Temas amplos e sem foco – Alguns planejamentos apresentaram temáticas muito amplas, como por exemplo, o meio ambiente. Em vários planejamentos, este tema aparece sem direcionamento, não deixando claro se seria trabalhada a questão da água, reciclagem ou de outros aspectos relacionados ao meio ambiente. Cabe aqui perguntar se estamos fazendo a devida reflexão e o devido processo coletivo para escolher os temas. 4. Temas não trabalhados nas diferentes oficinas e atividades dos educadores – O tema escolhido para ser foco do Planejamento deve ser trabalhado nas diferentes oficinas e atividades. Lembre que as oficinas devem servir como ferramenta para que as temáticas sejam trabalhadas. 5. Datas comemorativas podem ser temas? – Datas comemorativas podem constar no planejamento, mas não são temas. Dia das mães, páscoa, compõem o cronograma de eventos do Programa. A escolha dos temas deve partir de um diagnóstico realizado pelos educadores, considerando os interesses dos educandos, das famílias e da comunidade. Temas são assuntos significativos para o grupo. Citamos alguns exemplos de temas relevantes apresentados nos planejamentos: violência, saúde e prevenção de doenças, sexualidade, bullyng, valores, relações interpessoais, consumo consciente, dentre outros. 6. Ausência ou fragilidade na justificativa – A justificativa não deve valer-se de dados históricos e demográficos do município, isso não é necessário. Deve deixar claro os motivos pelos quais a equipe escolheu os temas. 7. Falta de participação dos educadores – Em muitos planejamentos não conseguimos ver refletida a participação dos educadores. Enfatizamos que se estes planejamentos não forem coletivos não terão a força necessária para tornarem-se realidade, para saírem da gaveta. Devemos lembrar que nos comprometemos com aquilo que ajudamos a construir. 8. Aspectos da metodologia não evidenciados – Um dos itens da metodologia raramente descrito é a forma como os educandos são divididos para participação nas oficinas (por idade, por ano escolar, por interesse?). Outro ponto muito importante é a descrição de como fazer uma atividade ou a estratégia pedagógica que será utilizada. 9. Avaliações parciais ou informais – Este foi o ponto mais crítico nos planejamentos. Algumas avaliações não estão sendo formalizadas por meio de instrumentos, existem avaliações atreladas ao desempenho escolar, o que se revela inadequado, e em muitos casos não se observa o que se pretende observar ao longo e ao final do período de atividades. As avaliações têm como propósito identificar se os objetivos foram alcançados e contribuem para a revisão dos planejamentos e da prática pedagógica dos educadores. Não devem se restringir a aspectos comportamentais e não podem direcionar-se apenas à avaliação dos educandos. Cabe a todos nós trabalharmos para que possamos desenvolver este ponto com consistência em nossos planejamentos. ANEXO 1 PROGRAMA INTEGRAÇÃO AABB COMUNIDADE1 Objetivo geral Contribuir para a inclusão social, a permanência na escola e o desenvolvimento de crianças e adolescentes de famílias em situação de vulnerabilidade social, por meio de atividades socioeducativas, culturais, artísticas, esportivas e de saúde, integrando os três pilares básicos da formação da consciência cidadã: a família, a escola e a comunidade. Objetivos específicos 1) Desenvolver competências cognitivas e comportamentais, por meio de atividades culturais, artísticas, esportivas e de saúde para os participantes do Programa. 2) Contribuir para a elevação da autocrítica e da sociabilidade de crianças e jovens no ambiente escolar, familiar e comunitário. 3) Contribuir para a redução da evasão escolar por meio da valorização da escola e da educação de qualidade. 4) Envolver as famílias em ações relacionadas ao desenvolvimento integral dos participantes do Programa. 5) Promover a participação da comunidade na implementação de projetos que ampliem a conquista de direitos e a conscientização sobre deveres dos cidadãos. 6) Contribuir para a formulação de políticas sociais e outras ações relativas ao atendimento integral de crianças e adolescentes de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Premissas O Programa Integração AABB Comunidade está fundamentado nas seguintes premissas: A transformação da realidade brasileira passa pela opção da sociedade e dos poderes constituídos por uma educação de qualidade para todos. A ampliação do espaço democrático só é possível mediante a participação efetiva de todos os segmentos sociais e pela aceitação da diversidade de opiniões, opções e crenças. Uma prática pedagógica transformadora entende o homem como um ser responsável pela construção de uma nova realidade social. Portanto, não é neutra, pressupõe direção cultural e política. O Programa referenda e é referendado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, no que tange ao desenvolvimento de ações de proteção integral a seu público. A proteção integral da criança só é possível pela integração de propósitos e de ações entre a família, a escola e a comunidade, tripé estratégico para se alcançar os objetivos do Programa. 1 Os objetivos e premissas do Programa AABB Comunidade foram revisados em julho de 2011 pelas equipes da FBB e da FENABB e estão sendo atualizados nos normativos e no site do Programa. Em breve serão divulgados os indicadores. Os educadores são atores fundamentais no processo, razão pela qual a capacitação permanente desses profissionais é condição para o alcance dos objetivos do Programa. A avaliação dos programas sociais é um dever ético e ação fundamental para realimentar decisões e corrigir rumos. Os objetivos do Programa só serão alcançados se as dimensões educacional e administrativa forem conduzidas de forma integrada e coerente entre si. A prática de atividades complementares favorece o autoconhecimento, a autoestima e a autovalorização, contribuindo para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes. Programas educacionais complementares podem constituir ações conjuntas entre o poder público e a sociedade civil, na busca por melhorias na educação, não eximindo o Estado de sua responsabilidade. Concepção metodológica Dois grandes eixos norteiam o Programa Integração AABB Comunidade: a sociabilidade e a consciência cidadã. Ambos são construídos por meio da ludicidade e estão embasados na Pedagogia de Direitos. A Pedagogia de Direitos está referendada nos ensinamentos de Paulo Freire e tem como principais objetivos a reflexão crítica sobre a realidade, a construção coletiva do conhecimento e a criação de mecanismos para superação das desigualdades sociais, políticas, econômicas e culturais que a população brasileira vem passando. A Pedagogia Lúdica propõe a aprendizagem por meio do brinquedo, do brincar e da brincadeira, dando ênfase à criatividade, à aquisição de conhecimentos de forma descontraída, dinâmica, alegre e em grupo. O direito da criança e do adolescente à brincadeira é considerado uma dimensão humana inalienável. A Pedagogia de Direitos vem ao encontro da ludicidade, acolhendo o repertório de jogos, brincadeiras, músicas, mitos e lendas das crianças para, a partir daí, explicitar os elementos de socialização, de organização e de visão de mundo presentes nestas atividades, objetivando a formação da cidadania e o desenvolvimento de cada educando.