SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA membro da FENPROF e da CGTP-IN Calçada da Cabouqueira, 22 9000-171 FUNCHAL Telefone: 291 206360 /1 * Fax: 291 206369 * E-Mail: [email protected] Carta Reivindicativa Condições do trabalho docente O Sindicato de Professores da Madeira está particularmente atento à situação que os docentes estão a passar neste momento em que se verifica uma intensificação progressiva de trabalho num percurso inverso de diminuição e deterioração das condições de trabalho, perda de direitos e de redução de salários. As condições de trabalho dos docentes são afetadas pela dispersão funcional, horários sobrecarregados com muitos níveis e turmas, componente não letiva progressivamente tomada de assalto por horas a dar à escola para mil e uma tarefas, proliferação de reuniões de todo o tipo, a funcionarização da docência, a indisciplina estudantil e burocracia, entre outros. A intensificação vai para além do excesso de trabalho e tarefas ou dispersão funcional, tem implicações nos compromissos com determinados valores pedagógicos e sociais na docência quando se deixa de ter a possibilidade de pensar por si mesmo e de ter espaço para a visão crítica e distanciada. Falta de Recursos Humanos Falta de professores para as necessidades da escola: Em situação de ausência de docentes (por diversos motivos e por tempo alargado), o serviço destes docentes é distribuído pelos restantes, sobrecarregando-os e pondo em causa a qualidade das práticas pedagógicas, com todas as consequências que isto acarreta para professores e alunos (exaustão, diminuição da qualidade do desempenho e insucesso escolar dos alunos). A carência de pessoal docente coloca em causa o desenvolvimento de projetos de complemento de currículo e oferta educativa aos alunos, com um empobrecimento claro da oferta formativa, colocando em causa o desenvolvimento integral do aluno. Essa distribuição, para além das consequências atrás descritas, potencia e agrava o desemprego docente. www.spm-ram.org 1 SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA membro da FENPROF e da CGTP-IN Calçada da Cabouqueira, 22 9000-171 FUNCHAL Telefone: 291 206360 /1 * Fax: 291 206369 * E-Mail: [email protected] Esta opção economicista, que impede a contratação a qualquer custo, tem levado a tutela a atribuir funções a docentes em grupos de recrutamento para os quais não têm habilitação especializada. Horas extraordinárias que, para além de não estarem a ser pagas atempadamente, acarretam uma sobrecarga e um desgaste acrescidos aos docentes. A acrescentar a tudo isto, a falta de pessoal não docente, para além de colocar em causa a qualidade do normal funcionamento das instituições, obriga os docentes (sobretudo no Pré-escolar e 1º CEB) a assumirem tarefas que vão além do seu conteúdo funcional. O SPM defende e reivindica: A colocação de docentes de acordo com as necessidades particulares das instituições, no âmbito dos seus projetos educativos, salvaguardando a qualidade das práticas educativas. A colocação de profissionais especializados de acordo com as necessidades específicas dos alunos Horários de trabalho adequados O SPM continua a defender, sustentado pelo conhecimento das condições de funcionamento das escolas, uma relação equilibrada entre o número de horas estabelecido para a componente letiva e para a componente não letiva de estabelecimento. Defende a clarificação e aplicação de normas que evitem persistência de colisão entre a participação em reuniões e a componente individual do trabalho docente ou, como acontece de forma generalizada, que obriguem à sistemática ultrapassagem da duração do horário normal semanal suportável e legalmente previsto. Defende ainda uma distinção séria entre tarefas letivas e não letivas, ao invés da deturpação da distinta natureza de umas e de outras, que continua a ser promovida por razões de ordem orçamental, agora agravada pelas intenções do governo em desregulamentar e flexibilizar os horários de trabalho. A deliberada confusão que se estabeleceu entre componente letiva e não letiva de cumprimento obrigatório no estabelecimento e os abusos de todo o tipo que se encontram na organização de horários, muito têm prejudicado o desempenho profissional dos docentes. Quadro agravado pela profusão de reuniões e tarefas burocráticas, sem um valor acrescentado para o trabalho pedagógico ou para a qualidade da aprendizagem dos alunos. A componente não letiva, essencial para a preparação das aulas e materiais pedagógicos, está a saque. É mais um elemento na progressiva funcionarização e burocratização do trabalho docente. www.spm-ram.org 2 SINDICATO DOS PROFESSORES DA MADEIRA membro da FENPROF e da CGTP-IN Calçada da Cabouqueira, 22 9000-171 FUNCHAL Telefone: 291 206360 /1 * Fax: 291 206369 * E-Mail: [email protected] O SPM defende e reivindica: a valorização e respeito da componente de trabalho individual face à importância para a qualidade do trabalho pedagógico do docente, assumindo-se o trabalho com os alunos como a atividade essencial do professor e do educador; a definição e o cumprimento de normas claras que protejam e respeitem a componente não letiva de trabalho individual do docente, impedindo a sua ocupação por reuniões de qualquer natureza e em número excessivo; a organização racional dos horários de trabalho, evitando, sempre que possível, a dispersão do serviço diário. A aplicação do estipulado no Estatuto da Carreira Docente no que se refere ao horário de trabalho, ou seja as 35 horas semanais. Falta de material / recursos pedagógicos A falta de condições e material de trabalho: telefone, material didático, papel e tinteiros, audiovisuais, entre outros, inclusive o desgaste físico, a perda de tempo útil e a utilização do próprio veículo para entrega de documentação, no caso dos docentes de Educação Especial, compromete o desempenho eficaz do serviço prestado pela escola. Muitas escolas estão desprovidas ou com serviços de internet deficitários, o que impossibilita a utilização deste recurso cada vez mais necessário, tanto a nível didático, como a nível administrativo, levando mesmo muitos docentes a investir em internet móvel. A falta de meios informáticos nas salas de aula para utilização de plataforma online de registos de sumários e faltas, acarreta um acréscimo de trabalho na componente não letiva individual, quando é considerado serviço da componente letiva. A isto acresce o gasto recorrente da parte dos docentes para colmatar todas as carências materiais das escolas. Tal desinvestimento da tutela transfere mais esta responsabilidade para os docentes, mesmo após o assalto salarial de que têm sido alvo e que vão continuar a ser em 2014, de acordo com o Orçamento de Estado. Os cortes anunciados pelo Governo Regional na Educação, 13 milhões de euros na aquisição de bens e serviços, faz antever um cenário insustentável nos próximos anos. O SPM defende e reivindica: as condições materiais necessárias para o bom desempenho da profissão docente; o equipamento necessário para que o registo de sumários e assiduidade dos alunos seja realizado durante a componente letiva. Funchal, 27 de novembro de 2013 www.spm-ram.org 3