A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO PARCERIA ENTRE PODER PÚBLICO E INICIATIVA PRIVADA NA GESTÃO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO AMBIENTAL PARTNERSHIP BETWEEN PUBLIC AUTHORITIES AND PRIVATE INICIATIVE REGARDING ENVIRONMENTAL CONSERVATION UNITS MANAGEMENT SONIA MAR DOS SANTOS MIGLIORINI1 ANA SOLANGE BIESEK2 RESUMO Este artigo tem como objetivo analisar o novo modelo de gestão das unidades de conservação (UC), que vem sendo executado por meio das parcerias entre o poder público e a iniciativa privada (PPP). A metodologia para o desenvolvimento da pesquisa foi levantamento e análise de bibliografias sobre o tema proposto, bem como coleta e análise de editais de licitação e contratos de concessões de atividades turísticas no Parque Nacional do Iguaçu, o primeiro a implantar esse modelo de gestão e vem servindo de modelo para os demais parques nacionais brasileiros. Os resultados revelam que as parecerias publico-privada podem ser uma alternativa vantajosa para a gestão de UCs. Palavras Chave: Unidade de Conservação; Gestão; Parcerias. ABSTRACT This article aims to analyze the new management model of protected areas, which is being implemented through partnerships between the public authorities and the private sector. The methodology used for the research development was collecting and analysing all theme bibliographies, as well as gathering and analysing the calls for bids and concessions contracts for tourism activities at Iguaçu National Park. That was the first park to implement such management model and became benchmark for other Brazilian national parks. Results show that public-private partherships may be an advantageous alternative to protected areas management. Keywords: Conservation Unit, Management, Partnerships. 1 Pós doutoranda em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Marechal Cândido Rondon. E-mail: [email protected] 2 Pos doutoranda em Geografia pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. E-mail: [email protected] 6561 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO INTRODUÇÃO Este artigo tem como objetivo analisar o novo modelo de gestão das unidades de conservação (UC), com ênfase para os parques nacionais, que comportam visitação pública, o qual vem sendo executado por meio das parcerias entre o poder público e a iniciativa privada. Um dos principais mecanismos de proteção da grande diversidade biológica, dos endemismos, das estruturas geológicas relevantes e da considerável riqueza paisagística do Brasil é a criação de UCs. No caso das unidades de conservação abertas à visitação pública, onde são praticadas atividades de contemplação, recreação e lazer para turistas e visitantes (caso dos parques nacionais), a conciliar a proteção da natureza e a oferta dessas atividades torna a gestão um grande desafio. No entanto, com uma gestão adequada, as atividades de turismo em UCs, também podem gerar efeitos positivos para a UC e para a população em seu entorno. No caso das UCs brasileiras abertas ao uso público nos últimos anos vêm sendo praticada uma nova modalidade de gestão: a gestão compartilhada entre iniciativa privada e o poder público, também chamadas parcerias público-privada. A gestão compartilha em UCs são justificadas por suprir a carência na disponibilidade de infraestruturas de apoio às atividades turísticas, mão-de-obra qualificada para esse fim, e recursos financeiros para gerir a unidade de conservação. A metodologia para o desenvolvimento da pesquisa foi levantamento e análise de bibliografias sobre o tema proposto, bem como coleta e análise de editais de licitação e contratos de concessões de atividades turísticas no Parque Nacional do Iguaçu, o primeiro a implantar esse modelo de gestão e vem servindo de modelo para os demais parques nacionais brasileiros. Este artigo está dividido em quatro sessões a contar com essa breve introdução. Na segunda sessão realiza-se uma análise sobre o surgimento e institucionalização das unidades de conservação no Brasil, com ênfase para os parques nacionais. Na terceira parte, a análise recai sobre gestão compartilhada entre poder público e iniciativa privada de unidades de conservação, usando o Parque Nacional do Iguaçu como exemplo de caso. 6562 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO 1. Surgimento e Institucionalização das Unidades de Conservação no Brasil, ênfase para os Parques Nacionais Apesar da ideia de áreas protegidas existirem a séculos, a primeira área protegida oficialmente criada foi o Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos, em meados do século XIX, como resultado das ideias preservacionistas que ganhavam espaço nesse país a partir do início desse século (DIEGUES, 2001, p. 23). Na legislação brasileira, “área protegida” é um termo utilizado em diferentes contextos e com significados específicos, não havendo um conceito único. “A mata ciliar e os sítios arqueológicos, são exemplos de áreas protegidas” (ISA, 2014. p. 05). No Brasil, o termo utilizado para designar áreas protegidas oficialmente criadas é o de “Unidade de Conservação” que designa áreas que tem o objetivo de proteger a biodiversidade e ecossistemas. Esse termo não possui tradução em outros idiomas, podendo ser compreendido como um subconjunto das áreas protegidas. A Constituição Federal de 1934 representou um passo importante para o inicio da criação de áreas protegidas no Brasil. Em seu artigo X, inciso III introduziu na legislação brasileira a categoria de monumento público, estabelecendo que é competência da União e do Estado “proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico (...)”. Com a promulgação dessa Constituinte, a conservação ambiental passou “a fazer parte da lei máxima do país como princípio básico que deve ser assegurado pelo Estado” (CASTRO JUNIOR, et al. 2007, p. 38). Nesse ano também foi criado o Código Florestal de 1934; o Código de Águas e o Código de Caça, todos eles com o mesmo espírito de manutenção dos recursos naturais de grande beleza cênica e importância econômica (RAMOS, 2012, p. 46). Apesar de ser substancialmente voltado para a regulamentação do uso de recursos florestais, principalmente pelos madeireiros, o Código Florestal de 1934, é considerado um grande avanço na implantação da política de preservação da natureza. Esse primeiro instrumento, em seu capítulo II, artigo 3˚ inseriu a noção de florestas protetoras e reconheceu três categorias básicas de áreas protegidas: 6563 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO parques nacionais, florestas nacionais, estaduais e municipais, e florestas protetoras. Ele dá ênfase para a proteção do ecossistema de grande valor estético e cultural (BRASIL, CÓDIGO FLORESTAL DE 1934, Art. 3º). Com esses instrumentos, ainda na década de 1930, o Brasil instituiu suas primeiras unidades de conservação: O Parque Nacional de Itatiaia, criado em 1937, o qual marcou o início efetivo da política de estabelecimento e gerenciamento de áreas protegidas no país e os parques nacionais de Iguaçu e Serra dos Órgãos, ambos de 1939 (RAMOS, 2012, p. 47). Entre a década de 1940 e começo da ditadura militar, pouco foram as alterações estruturais nas políticas de áreas protegida no Brasil. No entanto, durante o regime militar, de modo geral a política de conservação ambiental continuou em expansão ouve do ponto de vista jurídico e institucional significativos progressos. O Código Florestal de 1934 foi reeditado no período militar, dando origem ao Novo Código Florestal de 1965. Entre suas contribuições para a conservação da natureza foi a definição das áreas de proteção permanente (APPs) e definiu as reservas legais que os proprietários eram obrigados a manter em suas propriedades, assim como a reposição florestal quando há remoção de floresta (CASTRO JUNIOR, et al. 2007, p. 40/41). Na década de 1970, foi criado o regulamento dos Parques Nacionais, por meio do Decreto n. 84.017 de 1979, o qual instituiu a regulamentação dos parques nacionais no Brasil. O referido Decreto estabelece as normas que definem e caracterizam os parques nacionais (BRASIL, DECRETO n. 84.017/1979, Art. 1, inciso § 1°). Em 1989, por meio da Lei nº 7.735, foi criado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), que até 2007 foi o órgão responsável pela gestão das unidades de conservação federais. Nos anos de 1990, são criadas novas e importantes leis que vão se somar aos clássicos instrumentos de comando e controle, previstos pela legislação anterior. É nessa década que foram instituídos instrumentos econômicos, como a cobrança pelo uso, por exemplo, da água e pela visitação de áreas com uso público (LEUZINGER, 2012, p. 67). 6564 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO No final da década de 1990 e início deste século, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) foi instituído pela Lei nº 9.985 de 2000, que regulamentou o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 2000, p. 01). A criação do SNUC ocorreu embasada na legislação instituída anteriormente no País e consolidou a legislação brasileira sobre áreas protegidas. Essa Lei divide as unidades de conservação em duas categorias, sendo de proteção integral e de uso sustentável. Um passo importante na institucionalização das unidades de conservação (UCs) no País ocorreu com a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), criado pela Lei n. 11.516, em agosto de 2007. O ICMBio é uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, que tem por missão institucional administrar as UCs federais (ICMBio, 2015, p. 01). Em síntese, o Brasil possui uma base legal e institucional bastante aprimorada no que diz respeito à conservação da natureza. Contudo, isso por si só não basta. Para que esses instrumentos sejam eficientes, é necessária uma boa gestão das Unidades de conservação existente no País. Para tanto, é preciso que se tenham recursos financeiros e humanos suficientes. As parcerias entre o setor público e iniciativa privada surgem com o objetivo de ajudar a suprir as lacunas deixas pelo Estado nesses quesitos. 2. Gestão Compartilhada entre Poder Público e Iniciativa Privada de Unidades de Conservação: O caso do Parque Nacional do Iguaçu As atividades humanas comprometeram a capacidade natural regenerativa e autosustentável dos ecossistemas. Então, para mitigar esses efeitos, a gestão das UCs é uma ferramenta fundamental. Porém, na maioria das vezes, a gestão de UCs enfrenta grandes desafios, como a pressão de uso sobre os recursos naturais e, especialmente, com a, histórica, limitações de recursos humanos e financeiros (BENSUSAN, 2006, p. 09). No caso das unidades de conservação abertas à visitação pública, onde são praticadas atividades de contemplação, recreação e lazer para turistas e visitantes (caso dos parques nacionais), há mais um desafio para a gestão: a redução dos 6565 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO impactos causados pelo turismo e visitantes sobre a área protegida e a necessidade de oferta de infraestrutura adequada e pessoal qualificado para o atendimento turístico. O turismo ecológico - também chamado de turismo ambiental, turismo de natureza, turismo verde, turismo de sertão ou silvestre, turismo de selva ou de floresta, férias na natureza – vem crescendo no Brasil, dado as suas riquezas naturais. O turismo ecológico é a denominação dada ao deslocamento de pessoas para áreas naturais, motivadas pelo desejo de contato com a natureza, com observação passiva ou interativa com o meio natural, onde ocorre a preocupação com a educação e a conscientização ambiental (BENI, 2003, p. 18). Diversas atividades turísticas podem ser desenvolvidas dentro das áreas de proteção ambiental, tais como caminhada por trilhas, escalada, rafting, canyoning, off-road, rapel, pesca, contemplação da natureza, visitas programadas para pontos geoturísticos como rios, ilhas, montanhas, chapadas, cavernas, grutas, minas e jazidas (BENI, 2003, p. 20. Essas atividades podem gerar impactos negativos, mas também efeitos positivos. Os primeiros relacionados a danos potenciais ao meio ambiente e à comunidade, dado ao elevado do número de visitantes e a fragilidade dos ecossistemas naturais, e excesso de tráfego de veículos pesados. Soma-se a isso o fato de que a infraestrutura de apoio às atividades turísticas se não adequadas às normas de um plano de manejo bem elaborado pode comprometer o meio ambiente natural, com alterações paisagísticas, no sistema hídrico e na conservação dos recursos naturais florísticos e faunísticos. Já entre os efeitos positivos, estariam àqueles relacionados à diversificação da economia regional através da instalação de micro e pequenos negócios; geração de emprego e renda; fixação da população em seu entorno; melhoramento das infraestruturas de transportes, comunicação e saneamento; além da geração de renda para as Unidades de Conservação (BRASIL, 1994, p. 17-19). Em algumas UCs brasileiras abertas ao uso público nos últimos anos vêm sendo praticada a gestão compartilha entre iniciativa privada e o poder público, ou seja, as chamadas parcerias público-privada, como alternativa as deficiências de 6566 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO recursos deixados pelo Governo. Elas surgiram sob o discurso de suprir as necessidades administrativas das Unidades de Conservação, sem aumentar o ônus de sua manutenção para o Estado, uma vez que a iniciativa privada injeta recursos financeiros que são revertidos em serviços e implantação de infraestruturas necessárias ao desenvolvimento do turismo nas UCs. O Parque Nacional do Iguaçu é um exemplo de UC com gestão partilhada entre o Poder Público e a iniciativa privada (PPP). As concessionárias que exploram o filão turístico dessa UC, na zona de uso intensivo atualmente, são seis: Cataratas S/A, Helisul, Macuco Safari, Macuco Ecoaventura, Hotel das Cataratas e Linha Martins. Até o ano de 2014 atuava no Parque, ainda, a empresa Cânion Iguaçu, porém o contrato de concessão se encerrou. Esse novo modelo de gestão teve início no PNI no final do ano 2000 e início de 2001, com a instalação da concessionária Cataratas S/A. No texto dos contratos de concessões firmados entre IBAMA / ICMBio e as concessionárias estão descriminados os deveres e obrigações das concessionárias. A Cataratas S/A atua no PNI com dois contratos: 01 e 02, ambos de 1998. O objetivo do contrato 01/1998, é a concessão de uso de áreas do PNI, sob as condições de implantação, operação, administração, manutenção, conservação, modernização e exploração econômica nas áreas concedidas que são: centro de visitantes, terminal do passageiros, transporte horizontal de visitantes e estacionamento de veículos (IBAMA, 1998, p. 07). A empresa Cataratas S/A, tem assegurado nesse contrato o direito de cobrar ingressos de acesso ao Parque e uma taxa de estacionamento dos veículos como forma de renda. A Concessionária teve seu contrato fixado em 15 anos (quinze anos), contando da data da assinatura do contrato e o valor estimado foi de R$ 30.000.000,00 (trinta milhões de reais), pago ao IBAMA inicialmente, e posteriormente ao ICMBio (IBAMA, 1998, edital 01, p. 04). No entanto, conforme entrevista concedida por A. D., o prazo do contrato foi estendido por mais 05 anos, ou seja, terá vigência até 2020, dado outros investimentos que foram e serão realizados além do inicialmente acordado (A. D., INFORMAÇÃO VERBAL, 2015). O segundo contrato das Cataratas S/A se refere ao edital de concorrência n°. 02 de 1998, cujo objetivo da licitação é a concessão de uso, mediante contrato 6567 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO administrativo, de áreas do Parque Nacional do Iguaçu, sob a “condição de implantação, operação, administração, manutenção, conservação, modelização e exploração econômica” de espaços para alimentação, comercialização e serviços, edifícios mirantes, elevador panorâmico e trilha suspensa (IBAMA, 1998b, p. 02). O prazo da concessão desse contrato é de 15 (quinze) anos e o valor estimado desta licitação é de R$ 100.000.000,00 (cem a milhões de reais). Além dos valores em investimento, a concessionária ainda deverá pagar ao IBAMA, a importância referente a 5%(cinco por cento) do faturamento bruto arrecadado com a oferta de serviços e a venda de produtos relativos ao Parque Nacional do Iguaçu (IBAMA, 1998b, p. 21). Ao final do contrato ou em caso de sua rescisão, passarão para propriedade do ICMBio todos os bens referentes à concessão, sem que caiba ao Concessionário qualquer tipo de indenização ou ressarcimento (Ibid.). Esse quesito caba a todas as concessionárias que atuam no Parque. A segunda concessionária a iniciar suas atividades no PNI sob o modelo de concessão vigente foi a Helisul. O objetivo dessa concessão é a exploração do espaço aéreo do Parque. Entre suas obrigações está construção de edifício ambiental para apoio da referida atividade (IBAMA, 2002, p. 01). O prazo de concessão de uso decorrente desta licitação era de 10 (dez) anos. No entanto, o contrato já foi renovado, o que estendeu sua vigência até 2018 (G. G., INFORMAÇÃO VERBAL, 2015). O valor estimado do contrato da Helisul, para o prazo dos 10 primeiros anos de concessão, foi de R$ 8.850.000, 00 (oito milhões, oitocentos e cinquenta mil reais), que é a soma resultante da edição entre o valor global estimado de investimentos e o valor global da remuneração estimada como mínima devida ao ICMBio (ICMBIO, TERMO ADITIVO n. 013/2008, p. 04). A concessionária paga à concedente a título de remuneração o equivalente a 120 (cento e vinte) horas/ano de voo, em aeronave do tipo helicóptero com capacidade para 04 (quatro) passageiros para uso a critério da administração do PNI. As horas de voos não utilizadas pela administração do Parque durante o ano, no final de cada 12 meses será convertida em valores financeiros que deverão ser pagos pela concessionaria à concedente. 6568 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO Outra concessionária que atua no Parque é o Hotel, localizado próximo às cataratas do Iguaçu. Conhecido como Hotel das Cataratas, atualmente denominado de Belmond Hotel, ele é administrado pelo grupo Orient Express, que atua em 24 países. Essa concessionária se diferencia das demais pelo fato de não estar vinculada diretamente ao ICMBio, pois o hotel pertence à Secretaria de Patrimônio da União. Depois de concedido dentro do modelo de concessão vigente, ao grupo Orient Express, em outubro de 2007, o Hotel passou por uma renovação em suas acomodações e áreas públicas, exigências expressas no contrato de concessão (BRASIL, 2006, p. 01). O edital de licitação estabelecia a reforma do imóvel pelo vencedor do certame, de modo a torná-lo mais competitivo. O valor estimado desse investimento é de R$ 18.908.233,44 (dezoito milhões, novecentos e oito mil, duzentos e trinta e três reais e quarenta e quatro centavos), conforme avaliação da Caixa Econômica Federal (Ibid.). Os bens, móveis e equipamentos adquiridos pela arrendatária, serão incorporados ao patrimônio da União ao final da vigência do contrato sem jus a indenização pela arrendatária, com exceção dos utensílios de cozinha, roupas de cama e de banho (Ibid.). Além da reforma, a empresa arrendatária tem a obrigação de promover investimentos em algumas áreas consideradas prioridades pela administração do PNI, os quais se reverterão em prol do meio ambiente, dos visitantes e inclusive do próprio Hotel (BRASIL, 2006, p. 10), tais como: a substituição da rede elétrica e de telefonia aérea do interior do parque por rede subterrânea. O valor estimado dessa obra foi de R$ 4.274.761,11 (quatro milhões, duzentos e setenta e quatro mil, setecentos e sessenta e um reais e onze centavos) na época do lançamento do edital (Ibid.); outro investimento de responsabilidade do Hotel é a implantação de ciclotrilha e área para caminhada ás margens da BR-469, sentido Portão principal até o Porto Canoas (aproximadamente 10 Km). O valor estimado desse investimento foi de R$ 977.000,000 (novecentos e setenta e sete mil reais partir da assinatura do contrato de arrenda); realização da reforma e implantação do portão de entrada no Parque, com valor de investimento estimado em R$ 196.200,00 (cento e noventa e seis mil reais) (BRASIL, 2006, p. 03). Cabe ainda, a Arrendatária viabilizar a 6569 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO execução do projeto de pesquisa intitulado “Carnívoros do Iguaçu”, elaborado pela equipe técnica do PNI. O projeto tem um período de tempo estimado em 10 anos de execução, com um valor de investimento estimado em R$ 1.240.000,00 (um milhão, duzentos e quarenta mil reais). Além disso, foi estipulado, inicialmente, um aluguel mensal no valor deR$ 428.000,00 (quatrocentos e vinte e oito mil reais), o qual a concessionária deve pagar mensalmente à União. Além das empresas supracitadas, atua também no PNI a Ilha do Sol Agência de Viagens Ltda que administra duas concessionárias dentro do Parque: a Macuco Safari e a Macuco Ecoaventura. O contrato do Macuco Safari que está em vigência atualmente é fruto da licitação aberta em 2010. O prazo de vigência deste contrato de concessão é de 10 (dez) anos, contados a partir da data de sua assinatura, podendo ser prorrogável por mais 05 anos. Seu valor total está estimado em R$ 11.200.000,00 (onze milhões e duzentos mil reais), calculado com base na contrapartida mensal a ser paga pela concessionária à concedente (ICMBio, 2010, p. 02). A concessionária repassa mensalmente ao ICMBio, o percentual de 8% sobre a receita com a venda de cada passeio do macuco tradicional, mais a disponibilização de 100 (cem) diárias, de 24 horas, por ano de barco com serviço completo (embarcação, piloto, combustível, EPI´s), para monitoramento da visitação, pesquisa, proteção, etc., sempre que solicitado oficialmente pela Administração do Parque. Considerações finais As parcerias entre setor público e iniciativa privada estão se tornando uma tendência nos últimos anos no Brasil e, no que se refere às unidades de conservação com permissão para uso publico, esse modelo de gestão tende a crescer e se fortalecer, pois graças as grande diversidade da natureza as unidades de conservação são cada vez mais procurada por turistas do mundo todo que visam o contato com a natureza. Assim, pelas análises dos contratos das concessões da exploração do filão turístico no Parque Nacional do Iguaçu, percebe-se que a gestão compartilhada, se baseados em contratos bem elaborados e fiscalizado pelo poder público, podem 6570 A DIVERSIDADE DA GEOGRAFIA BRASILEIRA: ESCALAS E DIMENSÕES DA ANÁLISE E DA AÇÃO DE 9 A 12 DE OUTUBRO trazer benefícios, tanto pela implantação de infraestruturas que no final do contrato são revertidas à UC, quanto pela geração de recursos financeiros para a própria UC e para as demais que não fonte de recursos. Soma-se a esses a produção de renda e empregos gerados pelas concessionárias à economia regional e a maior qualidade no atendimento ao turista. BIBLIOGRAFIA A. D. . Entrevista. Entrevistadora: S. Migliorini. Foz do Iguaçu, 2015. Entrevista concedida para o projeto de pesquisa: Gestão de Parques Nacionais Brasileiros: O caso das Territorialidades no Parque Nacional do Iguaçu. BENI, M. C. Análise estrutural do turismo. 9. ed. 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