1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS IMPAIRMENT TEST - ESTUDO DE CASO EM UMA DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEL APLICANDO-SE OS MODELOS DO IASB E DO FASB Olivia Magalhães Machado de Oliveira Orientador: Prof. Msc. Atelmo Ferreira de Oliveira NATAL/RN 2012 2 OLIVIA MAGALHÃES MACHADO DE OLIVEIRA IMPAIRMENT TEST - ESTUDO DE CASO EM UMA DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEL APLICANDO-SE OS MODELOS DO IASB E DO FASB Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Orientador: Prof. Msc. Atelmo Ferreira de Oliveira NATAL/RN 2012 3 FOLHA DE APROVAÇÃO OLIVIA MAGALHÃES MACHADO DE OLIVEIRA IMPAIRMENT TEST - ESTUDO DE CASO EM UMA DISTRIBUIDORA DE COMBUSTÍVEL APLICANDO-SE OS MODELOS DO IASB E DO FASB Monografia apresentada ao Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. Aprovado em: ________________________________________________ Prof. Msc. Atelmo Ferreira de Oliveira Orientador ________________________________________________ Profª. Msc. Joana Darc Medeiros Martins Membro ________________________________________________ Profª. Msc. Adriana Isabel Backes Steppan Membro 4 A Deus primeiramente, pois Ele nos deu o dom da vida. À minha família, pois é a base de todos os meus valores. Aos meus amigos, pelo incentivo constante. E ao meu orientador, pela sua atenção e Seus direcionamentos pertinentes. 5 AGRADECIMENTOS Quero agradecer primeiramente a DEUS, que foi meu maior porto seguro, com a ajuda dele eu tive forças para chegar ao final dessa pequena jornada. Aos meus PAIS, Wladimir Xavier de Oliveira e Fernanda Maria Magalhães Machado, ambos serão responsáveis por cada sucesso obtido e cada degrau avançado pelo resto da minha vida. Durante todos esses anos vocês foram para mim um grande exemplo de força, de coragem, perseverança e energia infinita para nunca desistir diante do primeiro obstáculo encontrado. Meus pais, vocês são e sempre serão meu maior porto seguro, meu maior exemplo de vitória, meus heróis e simplesmente aqueles que mais amo. Obrigada por estarem sempre comigo. Obrigada por contribuir com tantos ensinamentos, tantos conhecimentos, tantas palavras de força e ajuda. Agradeço também a todos os professores do curso, que foram tão importantes na minha vida acadêmica e no desenvolvimento desta monografia, em especial ao Prof. Msc. Atelmo Ferreira de Oliveira pela paciência na orientação e incentivo que tornaram possível a conclusão desta monografia. Enfim, a todos que colaboraram direta ou indiretamente na sua realização e que estiveram presentes em minha vida neste momento especial. 6 RESUMO O objetivo da presente pesquisa é analisar o impacto que o impairment, que trata da redução ao valor recuperável de ativos, pode causar em uma empresa. O teste de impairment é utilizado para evidenciar e mensurar a perda da capacidade de recuperação do valor contábil de um ativo. Uma perda por impairment ocorre quando o valor contábil for superior ao valor recuperável de um ativo, ou grupo de ativos. Pode-se afirmar que a perda por impairment corresponde à diferença entre o valor contábil do ativo e o seu fair value (valor justo), no caso do valor justo ser inferior ao valor contábil. O estudo apresenta os principais conceitos utilizados na determinação da perda por impairment, de acordo com as normas brasileiras (CPC), norte-americanas (FASB) e internacionais (IASB), bem como no tratamento contábil do reconhecimento desta perda. Para tanto, foi selecionada uma empresa distribuidora de combustível que classifica esse trabalho como estudo de caso único. Trata-se de uma pesquisa descritiva, pois visa identificar uma determinada empresa em relação ao teste de recuperabilidade, com procedimento bibliográfico, abordando o problema de forma qualitativa. A partir das demonstrações contábeis da empresa, a integração dos dois conceitos e observadas às respectivas etapas de sua aplicação foi simulado o teste de impairment pelos critérios internacionais e norte-americanos. Por fim, foram observadas diferenças conceituais e metodológicos entre os modelos que refletiram no valor da recuperabilidade dos ativos da empresa. As diferenças encontradas entre as normas demonstram que ainda existem diferenças significativas entre elas que dificulta da comparabilidade das demonstrações. Palavras-chave: Teste de impairment; Valor Contábil; Fair Value. 7 ABSTRACT The objective of this research is to analyze the impact that the impairment, which deals with the impairment of assets, can have on a company. The impairment test is used to show and measure the loss of ability to recover the carrying value of an asset. An impairment loss occurs when the carrying amount exceeds the recoverable amount of an asset or group of assets. It can be argued that the impairment loss is the difference between the carrying value of the asset and its fair value (fair value) if fair value is less than the carrying value. The study presents the main concepts used in determining the impairment loss in accordance with auditing standards (CPC), U.S. (FASB) and international (IASB) and the accounting treatment of recognizing this loss. To that end, we selected a distributor of fuel that classifies this work as a single case study. This is a descriptive, it aims to identify a particular company in relation to the impairment test, with bibliographical procedure addressing the problem in a qualitative way. From the statements of the company, the integration of the two concepts and subject to the respective stages of its implementation was simulated impairment test criteria for international and American. Finally, differences were observed between the conceptual and methodological models that reflected the value of the recoverability of the assets of the company. The differences between the standards show that there are still significant differences between them which makes the comparability of financial statements. Keywords: Test of impairment; Book Value, Fair Value. 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 12 1.1 Tema e Problematização ................................................................................................... 12 1.2 Objetivos ........................................................................................................................... 13 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................................ 13 1.2.2 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 14 1.3 Estrutura do trabalho ...................................................................................................... 15 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 16 2.1 Ativo ................................................................................................................................. 16 2.2 Fair Value – Valor Justo.................................................................................................... 18 2.3 Impairment – Valor Recuperável ..................................................................................... 20 2.4 Impairment Segundo as Normas Norte- Americanas - FASB........................................... 22 2.5 Impairment Segundo as Normas Internacionais - IASB ................................................... 26 2.6 Impairment Segundo as Normas Brasileiras - CPC .......................................................... 29 2.7 Conceitos e Instrumentos Paralelos à Normatização Contábil .......................................... 30 2.7.1 Fluxo de Caixa ............................................................................................................... 30 2.7.2 Taxas de Desconto ......................................................................................................... 31 2.7.3 Custo Médio Ponderado de Capital - WACC................................................................. 32 3. METODOLOGIA DO ESTUDO ......................................................................................... 33 4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS........................................................................... 35 4.1 Caracterização da Empresa ............................................................................................... 36 4.2 Calculando o impairment test de acordo com as Normas do IASB .................................. 37 4.2.1 Fluxo de Caixa para fins de Cálculo do Valor Recuperável dos Ativos ........................ 37 4.2.2 Cálculo do Valor Recuperável dos Ativos ..................................................................... 38 4.3 Calculando o impairment test de acordo com as Normas do FASB ................................. 40 5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ............................................................................. 42 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 43 ANEXO 1 – CÁLCULO DO WACC ....................................................................................... 46 ANEXO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA................................. 47 9 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1: O fair value e o impairment test na determinação do valor econômico de ativos................................................................................................................................20 Figura 2: Teste de impairment.........................................................................................22 Figura 3: Etapas da aplicação do impairment- SFAS144................................................25 Figura 4: Etapas da aplicação do impairment- IASB......................................................28 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Dados das Demonstrações da empresa............................................................36 Tabela 2: Dados retirados da revista Ecomática..............................................................36 Tabela 3: Dados retirados do cálculo do WACC............................................................37 Tabela 4: Demonstração do Resultado do Exercício da empresa.............................................38 Tabela 5: Fluxo de Caixa descontado do IASB...............................................................39 Tabela 6: Confronto do valor Recuperável com o valor do bem.....................................40 Tabela 7: Confronto do valor justo com o valor do bem.................................................38 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CVM - Comissão de Valores Mobiliários CPC - Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CFC – Conselho Federal de Contabilidade FASB - Financial Accounting Standards Board IFRS - International Financial Reporting Standard. IASB - International Accounting Standard Board IAS 36 - Impairment of Assets SFAS- Statement of Financial Accounting Standards UGC - Unidade Geradora de Caixa WACC - The weighted average cost of capital 12 1. INTRODUÇÃO 1.1 Tema e problematização No atual mundo globalizado em que as economias estão interligadas, a Contabilidade Internacional tenta diminuir as dificuldades dos investidores em consolidar as informações processadas em padrões contábeis diferentes para os diversos países onde suas empresas estão localizadas. Um dos fatores responsáveis por essas dificuldades são os variados modelos contábeis existentes. Esses diferentes modelos na maioria das vezes, dificultam o trabalho dos contadores, podendo muitas vezes provocar à desarmonia nas informações, ferindo algumas abordagens e não permitindo decisões e julgamentos adequados por parte de seus usuários. Diante dessa situação, em 2007 foi sancionada a Lei 11.638 e em 2009, a Lei 11.941, que exigiu o Brasil a adotar as práticas internacionais de padronização contábil, obrigando primeiramente á todas às empresas abertas apresentarem seus balanços de acordo com normas do IFRS - International Financial Reporting Standard. Nesse contexto, para atender à disposição legal, a CVM – Comissão de Valores Mobiliários converteu em normas, os Pronunciamentos Técnicos elaborados pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC. O CPC foi criado em 2005, pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC através Resolução nº 1.055, com o objetivo principal de centralizar a elaboração de pronunciamentos técnicos que estabeleçam regras contábeis, visando à uniformização das práticas contábeis de acordo com a convergência aos IFRS. Segundo a Resolução CFC 1.055/05, a criação do CPC decorre de uma importância crescente da Contabilidade, pois no processo de emissão dos pronunciamentos contábeis ocorre a participação não só dos Contadores e dos seus Auditores Independentes, como também, dos usuários dessas informações, os profissionais de investimentos, órgãos reguladores e pesquisadores que estudam academicamente a Ciência Contábil. O primeiro pronunciamento técnico resultante do trabalho do Comitê recebeu a denominação de CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Esse documento 13 visa implementar no Brasil a técnica de revisão periódica do valor de recuperação dos ativos da companhia, visando assegurar que os ativos não estejam contabilizados por um valor superior àquele passível de ser recuperado no tempo pelo seu uso, ou mediante a sua eventual alienação. No âmbito internacional, a sistemática do impairment já está estabelecida pelo Financial Accounting Standards Board - FASB nos Estados Unidos e pelo International Accounting Standard Board - IASB na Europa e nos demais países que já adotavam as normas do internacionas. O FASB fez ao longo dos anos alguns pronunciamentos a respeito do teste de impairment. Segundo o SFAS 144 uma perda por impairment é reconhecida se a soma dos fluxos de caixa não descontados for menor que o saldo contábil dos ativos. Neste pronunciamento, a perda por impairment pode ser mensurada como a diferença entre o Valor Justo do ativo e seu saldo contábil. Já o IASB emitiu vários pronunciamentos em relação ao teste de impaiment. Conforme o IAS 36, se o valor contábil exceder o valor recuperável, a empresa deve deduzir o valor contábil do ativo ao seu valor recuperável e reconhecer uma perda por impairment. Portanto, a perda por impairment representa o excesso do valor contábil de um ativo ou da unidade geradora de caixa sobre o valor recuperável deste mesmo ativo. Aparentemente os dois órgãos conceituam o teste de impairment de uma forma bem parecida, porém em relação ao seu tratamento contábil eles tratam de uma maneira diferenciada. O processo de adequação à Lei 11.638/07, tanto nas grandes quanto nas pequenas empresas não é tarefa fácil, principalmente no que diz respeito às normas relacionadas aos seus ativos. Dessa forma, a presente pesquisa tem como problema a seguinte questão: Qual o impacto da recuperabilidade dos ativos aplicando-se a metodologia pelo modelo do IASB e do FASB em uma distribuidora de combustível? 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral 14 O objetivo geral dessa pesquisa é analisar e estudar o teste de impairment sob a ótica do modelo Americano e o Internacional e aplicá-los em uma empresa distribuidora de combustíveis. 1.2.2 Objetivos Específicos a) Buscar definições teóricas do teste de impairment; b) Mostrar como o teste de impairment é tratado pelo FASB, IASB e pelas Normas Brasileiras; c) Demonstrar como se iniciou o estudo do teste de impairment na empresa em estudo. 1.3 Justificativa O mercado cada vez mais competitivo exige dos administradores, estratégias cada vez mais eficientes para o melhor alcance de resultados e metas de desempenho. Diante disso, a informação passa a ser um importante insumo para a obtenção de um conhecimento maior acerca das decisões que devem ser tomadas no âmbito das organizações. Neste contexto, é necessário que profissionais de Contabilidade compreendam o ambiente que os cerca. Devendo, pois, melhorar o entendimento sobre o meio ambiente em que estão inseridos. O primeiro-passo para não serem surpreendidos, consiste no acompanhamento das mudanças e se possível à antecipação delas. Atualmente, a chamada harmonização internacional das normas contábeis pode ser considerada um dos temas mais debatidos pela classe contábil. Na verdade, este assunto extrapola os limites da contabilidade e pode sofrer fortes influências decorrentes de interesses políticos, sociais e econômicos. Uma das práticas contábeis que merece destaque neste arcabouço é o teste de recuperabilidade, conhecido como Impairment test. Impairment é uma palavra em inglês que em sua tradução literal significa deterioração. Tecnicamente trata-se da redução do 15 valor recuperável de um bem ativo, na prática é a mensuração da desvalorização dos ativos de vida longa. A essência do teste de impairment é evitar que um ativo esteja registrado por um valor maior que o valor recuperável. Esse teste busca verificar se o ativo não está desvalorizado em relação ao valor real. Um ativo estará desvalorizado quando o valor contábil registrado é maior que o valor recuperável, por venda ou por uso. Neste sentido, torna-se necessário que os profissionais da Contabilidade estejam sempre atualizados em relação às exigências e as normas, tanto brasileiras quanto internacionais, assim como, estejam à parte do que está sendo discutido a respeito do teste de impairment em nível mundial, com o objetivo aumentar o grau de comparabilidade dos balanços e diminuir suas diferenças. O estudo tem relevância ao procurar analisar o teste de impairment sob a ótica do modelo Americano e o Internacional, abordando os seus conceitos, as suas diferenças, seus reflexos na contabilidade, suas vantagens e desvantagens e principalmente, sua aplicabilidade em uma empresa distribuidora de combustíveis. 1.4 Estrutura do trabalho Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. No primeiro capítulo trata-se da introdução, onde traz as considerações iniciais, é indicado o cenário geral da pesquisa do estudo de caso, há a apresentação da situação problema e os objetivos da pesquisa, sua justificativa e finalizando com uma breve descrição da estrutura do trabalho. No segundo capítulo têm-se a fundamentação teórica, apresentando os conceitos necessários para interpretação e análise do tema, assim como, as características de cada modelo do teste de impairment. O terceiro capítulo apresenta-se da metodologia para estruturar a pesquisa do estudo de caso, abordando sobre as definições quanto aos objetivos, o procedimento e a abordagem do problema. No quarto é apontada a análise dos dados do estudo de caso, descrevendo os resultados obtidos através da comparabilidade do modelo internacional e o modelo Americano. 16 No último capítulo são expostas as considerações finais e recomendações sobre o tema abordado, expondo as conclusões a que se chegaram após a análise dos dados obtidos, quais dificuldades encontradas durante a pesquisa e as sugestões para estudos futuros. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo, são abordados alguns temas e definições de conceitos que irão permitir o entendimento e o aprofundamento melhor do desenvolvimento do estudo, são eles: as definições e principais características de ativos, fair value, conceito de impairment e o tratamento do teste de impairment pelas normas norte-americanas, internacionais e brasileiras. 2.1 Ativo A compreensão adequada do conceito de ativos pode ajudar os profissionais de contabilidade em diversas situações, principalmente no que diz respeito ao teste de impairment, objeto da presente pesquisa. De acordo com Iudícibus (2004, p. 153) a característica fundamental do ativo é sua capacidade de prestar serviços futuros à entidade que os controla individual ou conjuntamente com outros ativos e fatores de produção, capazes de se transformar, direta ou indiretamente em fluxos líquidos de entrada de caixa. O FASB ainda completa o conceito afirmando que os ativos são benefícios econômicos futuros prováveis, obtidos ou controlados por uma dada entidade em conseqüência de transações ou eventos passados. Ainda segundo o FASB, um ativo possui três características essenciais: 1. Incorpora um benefício futuro provável que envolve a capacidade, isoladamente ou em combinação com outros ativos, de contribuir direta ou indiretamente à geração de entradas líquidas de caixa futuras. 17 2. Uma dada entidade pode conseguir o beneficio e controlar o acesso de outras entidades a esse benefício. 3. A transação ou o evento originando o direito da entidade ao benefício, ou seu controle sobre o mesmo, já terá ocorrido. Basta que apenas uma destas características esteja ausente para que não se possa reconhecer a existência de um ativo em termos contábeis. Identificado o elemento do ativo, surge a necessidade de se mensurá-lo. Ao designar montantes quantitativos aos objetos (ativos) da empresa, deve-se ter o zelo para que o grau de exatidão seja o mais próximo possível da realidade. Os conceitos de ativos são unânimes em relação à sua necessidade de retorno econômico futuro, porém sua mensuração é um ponto de grande discussão na literatura contábil. Quanto ao problema de mensurar o ativo, Iudícibus e Marion (1999, p.142-143) enfatizam que a conceituação deve ser necessariamente rigorosa e pura, ao passo que a mensuração, às vezes, tem de se ater às limitações de quem avalia e mensura e de quem utiliza a informação, além das restrições do meio ambiente. Existem várias formas possíveis para mensuração de ativos. As mais comuns de mensuração podem ser divididas em duas classes: valores de entrada e valores de saída. Em relação aos valores de entrada têm-se: custo histórico, custo histórico corrigido, custo corrente ou de reposição e custo corrente corrigido. Já para mensuração com base em valores de saída têm-se: valores descontados das entradas líquidas de caixa futuros, preços correntes de venda, equivalentes correntes de caixa e valores de liquidação. Além dessas formas de mensuração, atualmente passou a existir o fair value (Valor Justo), a expressão fair value também é utilizada para a atribuição de valores de saída dos ativos. Os ativos são registrados primeiramente na contabilidade pelo seu valor de aquisição, porém após um determinado tempo devido às constantes modificações na economia e a rapidez da evolução tecnológica, certos ativos podem perder parte da capacidade de geração de benefícios futuros existentes na época em que foram adquiridos. Considerando a importância dos ativos gerarem benefícios presentes e/ou futuros para a entidade que o controla, é importante calcular o quanto de benefícios decorrentes de seu uso ele ainda pode trazer para empresa. Diante disso, existem várias maneiras de 18 calcular e mensurar esta perda, uma delas é o teste de impairment que trata da Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Os autores Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007) afirmam que se torna necessário estimar a capacidade de geração de benefícios decorrentes do seu uso, para então poder comparar se o valor registrado na contabilidade condiz com a real capacidade que o ativo possui de gerar retorno financeiro para empresa. Sabendo dessa importância de confrontar o valor registrado na contabilidade com a capacidade real do ativo e dos prejuízos causados pelo valor superior aos benefícios gerados, a Lei 11.638/07, determina uma verificação periódica no valor recuperável dos ativos registrados no imobilizado e no intangível. 2.2 Fair Value – Valor justo Ao se discutir os fatos relativos ao teste de recuperabilidade de ativos é relevante que se faça menção ao fair value ou valor justo, visto que este é um método de valoração bastante discutido atualmente e que seu uso está diretamente relacionado ao impairment. O fair value pode ser definido como a quantia pela qual os ativos e passivos podem ser comprados ou vendidos em uma transação atual entre partes dispostas a negociar. Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p. 309) é o valor total sobre o qual os investidores têm direito a um valor justo. O IASB define fair value como o montante pelo qual um ativo poderia ser trocado entre partes interessadas bem-informadas e dispostas em uma transação entre partes não relacionadas. Ou seja, é o valor pelo qual um item patrimonial poderia ser negociado em um mercado eficiente. As definições de vários autores e órgãos reguladores são semelhantes, o uso do fair value representa um grande avanço na contabilidade, e segue uma tendência cada vez mais freqüente, recomendando-se sua adoção ao invés das mensurações com base no custo histórico. Em relação ao valor justo e o custo histórico, Poon (2004, p. 39-41) argumenta que os valores justos refletem as condições atuais de mercado e suas mudanças quando 19 ocorrem. Já o custo histórico reflete somente as circunstâncias que existiram quando as transações ocorreram, e os efeitos de mudanças do preço são refletidos somente quando são realizadas. Como termo fair value está relacionado ao valor justo para determinada transação, a noção do que é justo envolve juízo de valores, de tal forma que, o que é justo para determinadas pessoas pode não ser para outras. Para tanto, a utilização deste conceito requer que se faça a mensuração à luz das normatizações existentes, para não haver juízo de valores divergentes. A adoção do fair value pressupõe, muitas vezes, a utilização do valor de mercado como valor justo. Nos mercados eficientes pode-se realmente considerar o valor de mercado como a melhor forma de se estimar o fair value já que todas as informações a respeito dos ativos são imediatamente incorporadas a seus valores, representando seu verdadeiro significado de valor econômico. Contudo, as operações podem ocorrer em mercados não suficientemente fortes, tornando assim praticamente inviável a cotação dos preços dos ativos a mercado. A integração do fair value e do impairment test poderá viabilizar a mensuração do valor econômico dos ativos imobilizados. Essa integração de ambos os conceitos, com o objetivo de mensurar o valor econômico dos ativos imobilizados é realizada através da aplicação do impairment test, em seguida na identificação o dano econômico causado, na definição do fair value e por fim na comparação do fair falue com o impairment test para finalmente chegar à mensuração o valor econômico dos ativos imobilizados como demonstra a figura 1 abaixo: 20 Figura 1: O fair value e o impairment test na determinação do valor econômico de ativos. Fonte: Raupp Fabiano, Beuren Ilse 2009. Além de influenciar na mensuração do valor econômico, o Fair Value também pode ser uma solução para se chegar ao valor recuperável de um ativo, pois uma entidade também pode recuperar o valor de seus ativos através da venda ou da troca entre partes interessadas e dispostas pela operação. 2.3 Impairment – Valor Recuperável De acordo com Martins (2008) o impairment em termos de teoria contábil é considerado um evento de mais de dois séculos atrás. Porém no Brasil o problema era a falta de norma sobre este instituto até a resolução da CVM, da emissão do pronunciamento técnico CPC-01 pelo CPC e depois a Lei 11.638/07 que introduziu a normatização pertinente aos assuntos. 21 No sentido literal, a tradução da palavra impairment, para o português, significa redução de capital ou descapitalização e a finalidade do impairment test é exatamente verificar se o valor registrado na contabilidade condiz com a capacidade de geração de benefícios que este bem ainda pode proporcionar. Impairment é o instrumento utilizado para adequar o ativo a sua real capacidade de retorno econômico. O impairment é aplicado em ativos fixos (ativo imobilizado), ativos de vida útil indefinida (goodwill), ativos disponíveis para venda, investimentos em operações descontinuadas (SILVA et al., 2006, p.1). No momento da aquisição do ativo, há por parte da entidade uma expectativa de geração de benefícios futuros desses ativos na sua utilização em operações. Porém, as constantes modificações na economia, o processo de globalização, a rapidez da evolução tecnológica, são alguns fatores que alteram a real capacidade do bem de gerar os benefícios para a entidade. O teste de impairment tem por objetivo mensurar essa perda de capacidade dos ativos de longa duração. No caso de existir um valor recuperável menor do que o valor contábil será reconhecido uma perda por impairment. Deste modo, pode-se dizer que a perda por impairment corresponde à diferença entre o valor contábil do ativo e o seu fair value (valor justo), no caso do valor justo ser inferior ao valor contábil. O valor recuperável é definido pelo pronunciamento como o maior entre o valor líquido de venda e o valor em uso. A definição do valor de venda busca se aproximar do conceito de valor justo (fair value), sendo definido como o preço auferido na venda de um ativo em transações em bases comutativas, entre partes conhecedoras e interessadas. O registro contábil da perda por impairment ocorrerá se e somente se, o valor recuperável for inferior ao valor contábil (valor registrado deduzido da depreciação, exaustão, amortização e provisão para perdas), ocasião em que o valor contábil será reduzido ao seu valor recuperável. Para melhor compreensão, a figura 2 abaixo, demonstra resumidamente, como deve ser aplicado o teste de impairment dos ativos, verificando a existência ou não de impairment. 22 Figura 2: Teste de impairment Fonte: Adaptado de Kieso, Weygandt e Warfield (2004, p.536) Nem sempre será possível realizar o teste para um ativo individual, pelo fato deste não conseguir gerar caixa, seja pelo uso ou venda, de forma independente de outros ativos. Quando essa situação estiver presente, testa-se a unidade geradora de caixa – UGC, que é definida pelo pronunciamento como o menor grupo identificável de ativos que gera as entradas de caixa, que são em grande parte independentes das entradas de caixa de outros ativos ou grupo de ativos. Recentemente, o Banco Central do Brasil emitiu uma Nota afirmando que até 2010, todas as entidades financeiras por ele supervisionadas deverão adotar os procedimentos internacionais, o que deve ampliar tanto o uso do fair value, como do teste de impairment. 2.4 Impairment Segundo as Normas Norte-Americanas – FASB 23 O FASB, fez ao longo dos anos alguns pronunciamentos a respeito do teste de impairment, são eles o SFAS 121 em que trata do teste de impairment para goodwill, e o SFAS 144 que substituiu o SFAS 121. Segundo o SFAS 144 uma perda por impairment é reconhecida se a soma dos fluxos de caixa não descontados for menor que o saldo contábil dos ativos. Neste pronunciamento, a perda por impairment pode ser mensurada como a diferença entre o Valor Justo do ativo e seu saldo contábil. De acordo com a norma, os métodos para determinar o valor justo são: o valor de mercado do ativo, o valor dos ativos similares, ou outras técnicas, como o fluxo de caixa. As estimativas de fluxos de caixa futuros usadas para testar a recuperação de ativos (ou grupo de ativos) incluirão somente os fluxos de caixa líquidos, ou seja, as entradas de dinheiro futuras deduzidas das saídas de dinheiro diretamente associadas com o ativo, que se espere que surjam como o resultado direto do uso e da eventual baixa do ativo de longa duração (ou grupo de ativos). Essas estimativas excluirão os juros pagos que devem ser reconhecidos como uma despesa quando incorrerem. De acordo com o SFAS 144 não há necessidade de realizar o teste de impairment a cada exercício social, devendo ser testado em sua capacidade de recuperação sempre que eventos ou mudanças indiquem que seu valor contábil não possa ser recuperado e cita alguns exemplos de eventos ou mudanças: Uma diminuição significativa no preço de mercado de um ativo de longa duração (ou grupo de ativos); Uma modificação adversa significativa na extensão ou no modo pelo qual um ativo de longa duração (ou grupo de ativos) é utilizado ou uma modificação significativa em suas condições físicas; Uma modificação adversa significativa em fatores legais, regulamentação de órgãos de controle governamental ou no ambiente empresarial que poderia afetar o valor do ativo; Uma perda operacional no período atual ou uma perda no fluxo de caixa, combinada com um histórico de perdas operacionais ou uma projeção ou previsão que demonstram perdas continuadas associadas com o uso de um ativo de longa duração (ou grupo de ativos); 24 Uma expectativa atual, em nível de probabilidade maior do que 50 por cento, que um ativo de longa duração será vendido, ou se não for vendido, será baixado muito antes do término de sua vida útil previamente calculada; Um acréscimo significativo dos custos de construção ou aquisição de um ativo de longa duração, em comparação aos custos orçados. Identificado um destes fatores citados, é necessário calcular o valor recuperável do ativo. Para tal, primeiramente, é verificado o valor justo do ativo, que pela definição do FASB, significa um valor pelo qual o ativo poderia ser comprado ou vendido em uma operação normal não forçada entre as partes. Porém, quando não é possível se obter o valor justo do ativo, calcula-se então o valor recuperável do bem através de projeções de fluxo de caixa de dinheiro. Após encontrar o valor recuperável do ativo, se este for superior ao registrado na contabilidade, não há impairment. Entretanto, se o valor recuperável do bem for inferior ao registrado na contabilidade, significa que houve uma redução na sua capacidade de retorno financeiro e esta perda deve ser reconhecida no resultado. As estimativas de fluxos de caixa futuros usadas para testar a recuperação de ativos de longa duração (ou grupo de ativos) incluirão somente os fluxos de caixa líquidos, ou seja, as entradas de dinheiro futuras deduzidas das saídas de dinheiro diretamente associadas com o ativo, que se espere que surjam como o resultado direto do uso e da eventual baixa do ativo de longa duração. Essas estimativas excluirão os juros pagos que devem ser reconhecidos como uma despesa quando incorrerem. De acordo com SILVA et al. (2009), o teste de recuperabilidade consiste em, após determinar o valor justo do ativo, comparar com o valor contábil do ativo. Caso esse último seja superior ao benefício futuro, isso revelará indícios de perda no valor recuperável. Se houver evidências de impairment, o valor definitivo da perda deverá ser obtido pela diferença entre o valor contábil e o valor do fluxo de caixa descontado conforme fluxograma abaixo. 25 Figura 3- Etapas da aplicação do impairment- SFAS144. Fonte: SILVA, Paula D. A.; et al. (2009). Outro ponto bastante importante a ser discutido é a vida útil remanescente de um ativo ou grupo de ativos. Para esses ativos, a SFAS 144 define que o tempo de vida útil remanescente será baseado no tempo de vida útil remanescente do ativo primário do grupo. Ativo primário é aquele ativo que, sem ele, o grupo de ativos não conseguirá produzir fluxos de caixa futuros independentes, ou que seu valor contábil individual possua uma grande representatividade em relação ao total do grupo testado. De acordo com o FASB, uma vez reconhecida à perda por impairment, fica proibida sua reversão. O novo valor do ativo, depois de registrada uma perda por impairment, passa a ser a sua nova base de custo. Esta nova base de custo será depreciada (amortizada) considerando o tempo de vida útil remanescente daquele ativo. Com relação à divulgação (disclosure), as seguintes informações devem constar em notas às demonstrações financeiras que incluem o período em que a perda por impairment é reconhecida: • Descrição do ativo (ou grupo de ativos) de longa duração que sofreu perda por impairment, assim como os fatos e as circunstâncias que justificam o prejuízo; 26 • O valor da perda por impairment e a conta na demonstração de resultado que inclui a perda, se esta não tiver sido apresentada em outro relatório; • O método ou métodos utilizados para determinar valor justo (se baseado em um preço de cotação de mercado, preços para ativos semelhantes, ou outra técnica de estimação). • Caso o ativo (ou grupo de ativos) que sofreu a perda é componente de um segmento operacional, a SFAS nº 144 indica que deverão ser respeitadas as orientações constantes na SFAS nº 131 – Disclosures about segments of an enterprise and related information. 2.5 Impairment segundo as Normas Internacionais – IASB O IASB, comitê de normas internacionais de contabilidade, no seu pronunciamento IAS 36 – Impairment of Assets, trata dos procedimentos a serem adotados no caso de um ativo perder a sua capacidade de recuperação. O objetivo do IAS 36 é determinar procedimentos que assegurem que os ativos das empresas, ou grupos de ativos, conhecidos como unidades geradoras de caixa, não sejam registrados por valores acima dos montantes recuperáveis. Conforme o pronunciamento, se o valor contábil exceder o valor recuperável, a empresa deve deduzir o valor contábil do ativo ao seu valor recuperável e reconhecer uma perda por impairment. Portanto, a perda por impairment representa o excesso do valor contábil de um ativo ou da unidade geradora de caixa sobre o valor recuperável deste mesmo ativo. O IAS 36 também enfatiza a necessidade de se efetuar o cálculo do valor recuperável caso existam fatores externos ou internos que indiquem a ocorrência de uma possível descapitalização no valor do bem registrado no ativo permanente. Como fontes externas, o IAS 36, definem como sendo: Declínio significativo no valor de mercado de um ativo; Mudanças adversas da tecnologia, do mercado ou do ambiente econômico ou legal; 27 Aumento nas taxas de juros do mercado ou de outras taxas de retorno sobre o investimento; Os ativos líquidos tornam-se maiores do que o valor de capitalização de mercado; Obsolescência ou dano físico de um ativo; Decisões sobre planos de descontinuidade ou reestruturação das operações; Ativos com desempenho abaixo do esperado. Logo, conforme determinação, sempre que um bem ou grupo de bens do ativo permanente apresentar uma destas características deve-se calcular o valor recuperável deste. Segundo esta norma, o valor recuperável de um bem pode ser mensurado através do seu valor justo menos os custos para vendê-lo. Caso o valor do bem não possa ser mensurado, então será obtido através de seu valor de uso, baseado em projeções de fluxo de caixa realizadas por meio de estimativas de entradas e saídas futuras decorrentes da utilização do valor presente líquido dos benefícios. O fluxograma abaixo demonstra detalhadamente as etapas do teste de recuperabilidade de acordo com as normas Internacionais. Figura 4- Etapas da aplicação do impairment- IASB. Fonte: Atelmo Ferreira de Oliveira (2012). 28 Para um melhor entendimento, é bastante importante a definição do valor recuperável, valor líquido e o valor em uso. O valor recuperável de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa é o maior valor entre o valor líquido de venda de um ativo e seu valor em uso. Valor líquido de venda é o valor a ser obtido pela venda de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa menos as despesas estimadas de venda. Já o valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros estimados, que devem resultar do uso de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa. No entanto, nem sempre é necessário determinar o valor líquido de venda de um ativo e seu valor em uso. Se qualquer um desses valores exceder o valor contábil do ativo, o teste de impairment não será necessário, portanto, não haverá perda a ser registrada. Para o IASB, alguns ativos devem passar pelo teste de impairment anualmente, independente da existência de qualquer indicação de perda por impairment, tais como: ativos intangíveis com vida útil indefinida; ativos ainda não disponíveis para uso e goodwill adquirido em uma combinação de negócios. O valor recuperável dos outros ativos deve ser estimado somente quando existirem indicações de que o ativo poderá não ser recuperado. Depois de mensurado o valor recuperável de um ativo, se este for menor do que seu valor contábil, o valor contábil do ativo deve ser reduzido ao seu valor recuperável. Essa redução representa uma perda por desvalorização do ativo e, portanto, há impairment no ativo e esta perda deve ser reconhecida imediatamente no resultado do período. Diferente do FASB, pelas regras do IASB, a contabilização desta redução no valor do ativo é reversível, desde que seja constatado que o ativo trará um retorno maior do que está registrado na contabilidade e esta reversão esteja limitada ao valor original do bem. Ainda conforme o pronunciamento, a reversão de uma perda por desvalorização reflete um aumento desde a data em que a entidade reconheceu pela última vez uma desvalorização de um ativo, no potencial de serviço estimado para um ativo ou para venda. São diversas as exigências da IAS 36 com relação à divulgação. O Banco Central do Brasil (BCB, 2006) resume que a entidade deve divulgar, para cada classe de ativos: 29 O valor das perdas por imparidade reconhecidas no resultado durante o período e as linhas da demonstração de resultado em que essas perdas são incluídas; O valor das reversões das perdas por imparidade reconhecidas no resultado durante o período e as linhas da demonstração de resultado em que essas perdas são revertidas; 2.6 Impairment segundo as Normas Brasileiras – CPC O teste de impairment ocorreu recentemente no Brasil, quando a CVM aprovou a partir da Deliberação nº. 639/10 e o CPC emitiu o pronunciamento técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos. O pronunciamento faz correlação às Normas Internacionais de Contabilidade, no pronunciamento IAS 36. O Pronunciamento Técnico CPC 01 tem como objetivo: Definir procedimentos visando assegurar que os ativos não estejam registrados contabilmente por um valor superior àquele passível de ser recuperado no tempo por uso nas operações da entidade ou em sua eventual venda. Caso existam evidências claras de que os ativos estão registrados por valor não recuperável no futuro, a entidade deverá imediatamente reconhecer a desvalorização, por meio da constituição da provisão para perdas. De acordo com o pronunciamento técnico CPC 01, a entidade deve avaliar anualmente se há alguma indicação de que seus ativos ou conjunto de ativos porventura perderam representatividade econômica, considerada relevante. Caso haja indicação, a entidade deve efetuar avaliação e reconhecer contabilmente a eventual desvalorização dos ativos. O pronunciamento estabelece algumas exigências para o reconhecimento e mensuração de uma perda por desvalorização de um ativo, conforme transcrito abaixo: Se o valor recuperável de um ativo for menor do que seu valor contábil, o valor contábil do ativo deve ser reduzido ao seu valor recuperável. Essa redução representa uma perda por desvalorização do ativo. 30 A perda por desvalorização do ativo deve ser reconhecida imediatamente no resultado do período, a menos que o ativo tenha sido reavaliado. Qualquer desvalorização de um ativo reavaliado deve ser tratada como uma diminuição de reavaliação. Quando o valor estimado da perda for maior do que o valor contábil do ativo ao qual se relaciona, a entidade deve reconhecer um passivo se, e somente se, isso for exigido por outro Pronunciamento. Depois do reconhecimento dessa perda, a despesa de depreciação, amortização ou exaustão do ativo deve ser ajustada em períodos futuros para alocar o valor contábil revisado do ativo, menos, se houver, seu valor residual, em uma base sistemática sobre sua vida útil remanescente. Se uma desvalorização de um ativo for reconhecida, quaisquer ativos ou passivos de impostos diferidos relacionados devem ser determinados comparando-se o valor contábil revisado do ativo com seu valor base para o cálculo do imposto. É permitida a reversão da perda por impairment, caso exista uma valorização do ativo, neste caso, a provisão constituída anteriormente para perda, deverá ser revertida total ou parcialmente a crédito do resultado do período. O CPC 01 é uma tradução fial do IAS 36, já que há uma intenção tanto por parte do Comitê de Pronunciamentos Contábeis assim como pela Comissão de Valores Mobiliários de que haja uma harmonização das Normas Brasileiras de Contabilidade com as Normas Internacionais, o que de modo geral, traz benefícios para a profissão contábil, assim como avanços na economia. 2.7 Conceitos e Instrumentos Paralelos à Normatização Contábil 2.7.1 Fluxo de caixa 31 Ao mensurar o valor em uso a entidade deverá utilizar projeções de fluxo de caixa em premissas razoáveis e fundamentadas em previsões e orçamentos recentes que tenham aprovação da administração. O fluxo de caixa é um instrumento utilizado para se avaliar a viabilidade de projetos e investimentos. Para Noronha (1987, p.132): [...] fluxos de caixa são valores que refletem as entradas e saídas dos recursos e produtos por unidade de tempo que formam uma proposta de investimento. Sua formação só é possível se todas as especificações técnicas de recursos necessários, bem como de produtos a serem produzidos, forem conhecidas. Todo o fluxo de caixa é composto de um fluxo de entradas e um fluxo de saídas, sendo a diferença entre eles o fluxo líquido. O fluxo de entradas ou de saídas pode ser nulo, ou seja, pode-se ter um fluxo apenas com saídas ou apenas com entradas. Ao elaborar o fluxo, deve-se levar em conta condições econômicas que existirão na vida restante do ativo. Ao fazer estas projeções devem ser desconsiderados os fluxos de caixa oriundos da espera de reestruturação futura, da melhoria ou aprimoramento do desempenho do ativo. Este tipo de projeção não deve ultrapassar os cinco anos, entretanto, isso pode ocorrer devido a uma justificativa para utilizar um período mais longo. Após a obtenção do fluxo líquido, este é submetido à aplicação de técnicas de desconto. De acordo com o CPC 01, os fluxos de caixa são elaborados a partir das unidades geradoras de caixa, dentro de um prazo determinado e respeitando os critérios previstos na norma. Estes fluxos serão convertidos em valores atuais considerando as taxas de desconto definidas previamente pela empresa. Já em relação aos fluxos de caixa em moeda estrangeira, o CPC 01 traz como procedimento, conforme o item 54: Os fluxos de caixa futuros são estimados na moeda em que eles são gerados e, em seguida, descontados, usando-se uma taxa de desconto adequada para essa moeda. A entidade deve traduzir o valor presente usando a taxa de câmbio à vista na data do cálculo do valor em uso. 2.7.2 Taxas de desconto 32 O fluxo de caixa representa o valor de benefícios futuros esperados trazidos a um valor presente por uma taxa de desconto apropriada. É importante enfatizar que a escolha de uma taxa de desconto está diretamente ligada à metodologia de fluxo de caixa obtida. As taxas de desconto devem ser atribuídas antes do imposto, para assim refletir as avaliações atuais do mercado, utilizando o valor da moeda no tempo e os riscos característicos do ativo para as posteriores estimativas de fluxos de caixa que não foram acertadas. Não sendo possível encontrar uma taxa adequada, que seja diretamente disponível, a entidade deve utilizar substitutos para estimar a taxa de desconto. De acordo com Silva (2005), a taxa de desconto pode ser classificada, conforme a metodologia do fluxo de caixa adotado, em custo médio ponderado de capital – WACC, custo do capital próprio e custo médio ponderado de capital com economia de impostos. 2.7.3 Custo Médio Ponderado de Capital – WACC A taxa de desconto determinada pelo custo médio ponderado de capital – The weighted average cost of capital (WACC) deve ser calculada pela seguinte fórmula: WACC = (E / (E+D) * RE + (D / (E + D) * RD • RE: Corresponde ao Custo do Capital Próprio • RD: Corresponde ao Custo do Capital de Terceiro • D: Corresponde a participação do Capital de Terceiros • E: Corresponde a participação do Capital Próprio Na determinação da taxa de desconto pelo custo médio ponderado de capital, o custo da dívida, bem como o valor total do capital próprio e capital de terceiros devem ter seus valores correspondentes ao valor de mercado. De acordo com Copeland (2002), o princípio geral mais importante para estimar o WACC é que ele deve condizer com a abordagem geral da avaliação e com a definição do fluxo de caixa a ser descontado. Para isso, é importante que as ponderações de taxas sejam feitas com base no endividamento a preços de mercado. 33 É bastante importante ter conhecimento dos componentes que fazem parte do WACC. A obtenção do custo de capital de terceiros é resultante da seguinte fórmula: RD = RB*(1-t) Em que RB é o custo da dívida de longo prazo da empresa e t representa a alíquota de impostos, geralmente representada pela somatória das alíquotas de imposto de renda e contribuição social (parâmetros brasileiros). Já em relação ao custo de capital próprio é obtido através da seguinte fórmula: RE= (RF + BDES * (RM – RF)) + Risco Brasil Nesta fórmula o taxa de retorno de ativos livres de riscos é definida por RF. O BDES é a medida do risco sistemático (não diversificável) do ativo. O retorno de mercado é definido por RM, sendo a diferença entre o retorno de mercado e a taxa livre de riscos caracterizado como prêmio de mercado. 3 METODOLOGIA DO ESTUDO Toda pesquisa deve passar por uma fase preparatória de planejamento devendose estabelecer certas diretrizes de ação e utilização de metodologias para que o trabalho seja feito de maneira eficiente, através da obtenção de resultados com maior economia de recursos e de tempo, bem como na precisão dos atos executados e analisados. A metodologia é a maneira de como será conduzida a pesquisa, como será definido o problema, seus objetivos, a coleta de dados, sua análise e seus resultados. De acordo com Fonseca; Barbosa (2005, p. 29) a metodologia é “o conjunto de métodos ou caminhos utilizados para a condução da pesquisa, devendo ser apresentada na sequência cronológica em que o trabalho foi conduzido”. A metodologia, neste estudo, tem a função de nortear os caminhos e explicar as ações que foram executadas, as quais tornaram possível a realização da pesquisa. Dessa forma, a metodologia adotada para esta pesquisa se compõe de diversos procedimentos metodológicos. Segundo a literatura, variadas são as classificações das metodologias a serem utilizadas em uma pesquisa. Segundo Beuren (2008, p.79) as tipologias de delineamento de pesquisa podem ser agrupadas em 03 categorias: pesquisa quanto aos objetivos; pesquisa quanto aos procedimentos; e pesquisa quanto à abordagem do problema. 34 A pesquisa quanto aos objetivos pode ser definida como: exploratória, descritiva ou explicativa. A presente pesquisa é classificada como descritiva, pois visa identificar e analisar uma determinada empresa em relação ao teste de impairment. De acordo com Andrade (2002 apud BEUREN, 2008, p.81): [...] a pesquisa descritiva preocupa-se em observar os fatos, registrá-los, analisá-los, classificá-los e interpretá-los, e o pesquisador não interfere neles. Assim, os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador. Quanto aos procedimentos, as tipologias das pesquisas são: estudo de caso, levantamento, pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, pesquisa participante e a pesquisa experimental. A pesquisa em estudo é denominada quanto aos procedimentos, como um estudo de caso e como uma pesquisa bibliográfica. De acordo com Antonio Carlos Gil o estudo de caso é o “estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, permitindo seu amplo e detalhado conhecimento” (GIL, 2004, p. 54). O conhecimento que advêm do estudo de caso tem um valor único, próprio e singular. Este tipo de pesquisa caracteriza-se pelo estudo verticalizado de um ou poucos casos, em que o caso consiste em nosso objeto de observação, podendo ser uma empresa, uma instituição ou outro fenômeno delimitado. O estudo de caso tem como característica de estudar apenas um caso em específico, com muita riqueza nos detalhes, pois está focando em um determinado ponto. Para nortear a pesquisa, também foi utilizado o procedimento bibliográfico que busca explicar o problema a partir de referências teóricas publicadas em revistas, congressos, jornais e livros relacionados ao tema. De acordo com Cervo e Bervian (1983, p.55) a pesquisa bibliográfica: Explica um problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos. Pode ser realizada independentemente ou como parte da pesquisa descritiva ou experimental. Ambos os casos buscam conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. 35 A pesquisa bibliográfica buscou mostrar os diversos conceitos encontrados na literatura sobre teste de impairment, sua evolução, os modelos existentes, suas diferenças, características, assim como sua atual contabilização. A pesquisa de acordo com a abordagem do problema pode ser classificada como: qualitativa ou quantitativa. A presente pesquisa é denominada como qualitativa, pois seu objetivo é analisar e aprofundar e descrever o fato estudado de forma mais intensa não se utilizando de instrumentos estatísticos. A pesquisa qualitativa é uma pesquisa indutiva, isto é, o pesquisador desenvolve conceitos, ideias e entendimentos a partir de padrões encontrados nos dados, ao invés de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e modelos pré-concebidos. 4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 4.1 Caracterização da empresa Com o objetivo de analisar e verificar o impacto do impairment test de acordo com o modelo americano (FASB) e o modelo internacional (IASB), buscou-se confrontar os conceitos estudados com a realidade de uma determinada empresa. A escolha da empresa investigada deveu-se a vários fatores como, sua importante participação no mercado, como também por fazer uso da reavaliação dos seus ativos. Para resguardo do necessário sigilo comercial o nome da empresa foi devidamente omitido. A empresa selecionada é uma empresa de grande porte com 650 funcionários situada na cidade do Rio de Janeiro, que tem como objeto social a aquisição, o armazenamento e a distribuição de petróleo e seus derivados, álcoois e combustíveis. Foram utilizadas as informações relativas à operação da empresa incluindo balanços patrimoniais, demonstrações do resultado, dados gerenciais e operacionais disponibilizados pela empresa. Com base nessas informações adequamos às demonstrações de acordo com normas, fizemos projeções e aplicamos os modelos de impairment de acordo com o IASB e de acordo com o FASB. 36 Primeiramente, antes de aplicar o teste de recuperabilidade dos ativos foram retirados dados das demonstrações da empresa que servirão como base para as demais etapas conforme anexo 2. Esses dados foram o ativo imobilizado da empresa, o seu endividamento e o Patrimônio Líquido, como demonstra a tabela abaixo: Ativo Imobilizado R$ 16.189.040,00 Endividamento R$ 150.000,00 Patrimônio Líquido R$ 350.000,00 Tabela 1- Dados das Demonstrações da empresa. Fonte: Produção própria (2012) Em 2010, para atendimento do ICPC 10 – Custo atribuído - a empresa realizou um levantamento de seu ativo imobilizado, a valor de mercado obtendo um novo custo de R$ 14.500.000,00. Esse valor foi considerado como o valor justo dos ativos líquido das despesas com venda. Além das informações retiradas dos demonstrativos, também foi necessário extrair informações sobre a Selic, o Risco Brasil, o Beta Alavancado e a Taxa de Imposto de Renda e da Contribuição Social, conforme tabela abaixo: Selic 9,00 Risco Brasil 1,50 Beta Alavancado 0,88 Taxa de Imposto de Renda 15% Taxa de Contribuição Social 9% Tabela 2 – Dados retirados da revista Economática Fonte: Produção própria (2012) Com base nessas informações foi possível determinar a taxa de desconto utilizada para determinar o valor presente do fluxo de caixa. Na determinação da taxa de desconto adotou-se o método do custo médio de capitais – WACC demonstrado no anexo1, que foi determinado através da relação entre o Beta Desalavancado, Custo de Financiamento através de Capital Próprio e o Custo de Financiamento através de Capital Terceiros, como se observa na tabela abaixo: 37 Beta Desalavancado 0,69 Custo de Financiamento do Capital Próprio 10,44% Custo de Financiamento do Capital de Terceiros 5,94% WACC 9,09% Tabela 3- Dados retirados do cálculo do WACC Fonte: Produção própria (2012) 4.2 Calculando o Impairment test de acordo com as normas do IASB 4.2.1 Fluxo de Caixa para fins de Cálculo do valor Recuperável dos Ativos O fluxo de caixa apresentado a seguir foi desenvolvido a partir do Demonstrativo de Resultados da empresa e de acordo com o CPC 01. Conforme o item 48 do CPC 01 as estimativas de fluxos de caixa futuros não devem incluir recebimentos ou pagamentos de tributos sobre a renda. Com relação à vida útil do imobilizado foi estimado um período de 10 anos, período ideal para representar o tempo que os equipamentos serão utilizados. Observe-se que foram utilizados os períodos correspondentes aos anos de 2007 a 2011 e projetados os períodos de 2012 a 2016. O critério observado para a projeção desses anos foi à média dos anos anteriores, visto que não ocorreu nenhuma mudança significativa entre os anos. As tabelas abaixo apresentam as Demonstrações do Resultado do Exercício da empresa no período analisado, assim como o fluxo de caixa livre de cada período que será necessário para calcular o valor recuperável dos ativos da empresa. 38 Item Receita Bruta de Vendas e ou Serviços Deduções da Receita Bruta Receita Líquida Custos dos Produtos Vendidos Lucro Bruto Despesas Operacionais Depreciação Lucro Antes do Resultado Financeiro Despesa Financeira Lucro antes do Imposto de Renda Imposto de Renda/Contribuição Social Lucro Líquido do Exercício Depreciação (+) Fluxo de caixa livre Item Receita Bruta de Vendas e ou Serviços Deduções da Receita Bruta Receita Líquida Custos dos Produtos Vendidos Lucro Bruto Despesas Operacionais Depreciação Lucro Antes do Resultado Financeiro Despesas Financeira Lucro antes do Imposto de Renda Imposto de Renda/Contribuição Social Lucro Líquido do Exercício Depreciação (+) Fluxo de caixa livre 2007 434.920.125 -2.693.747 432.226.378 -414.430.369 17.796.009 -14.020.401 -890.942 2.884.666 -13.500 2.871.166 -952.196 1.918.970 2008 441.176.468 -2.732.497 438.443.971 -420.335.086 18.108.885 -14.073.489 -890.942 3.144.454 -13.500 3.130.954 -1.040.524 2.090.430 2009 447.459.326 -2.771.411 444.687.915 -426.330.724 18.357.191 -14.126.802 -890.942 3.339.447 -13.500 3.325.947 -1.106.822 2.219.125 2010 453.840.753 -2.810.935 451.029.818 -432.421.146 18.608.672 -14.180.951 -890.942 3.536.779 -13.500 3.523.279 -1.173.915 2.349.364 2011 460.322.500 -2.851.081 457.471.419 -438.608.050 18.863.369 -14.235.952 -890.942 3.736.475 -13.500 3.722.975 -1.241.812 2.481.164 890.942 2.809.912 890.942 2.981.372 890.942 3.110.067 890.942 3.240.306 890.942 3.372.106 2012 464.925.725 -2.879.592 462.046.133 -442.994.131 19.052.003 -14.378.312 -890.942 3.782.749 -13.500 3.769.249 -1.257.545 2.511.704 2013 469.574.982 -2.908.388 466.666.595 -447.424.072 19.242.523 -14.522.095 -890.942 3.829.486 -13.500 3.815.986 -1.273.435 2.542.551 2014 474.270.732 -2.937.472 471.333.260 -451.898.313 19.434.948 -14.667.316 -890.942 3.876.690 -13.500 3.863.190 -1.289.485 2.573.706 2015 479.013.439 -2.966.846 476.046.593 -456.417.296 19.629.297 -14.813.989 -890.942 3.924.367 -13.500 3.910.867 -1.305.695 2.605.172 2016 483.803.574 -2.996.515 480.807.059 -460.981.469 19.825.590 -14.962.129 -890.942 3.972.520 -13.500 3.959.020 -1.322.067 2.636.953 890.942 3.402.646 890.942 3.433.493 890.942 3.464.648 890.942 3.496.114 890.942 3.527.895 Tabela 4 – Demonstração do Resultado do Exercício da empresa Fonte: Produção Própria (2012). 4.2.2 Cálculo do Valor Recuperável dos ativos Após a definição dos fluxos de caixa estimados para cada período, os valores devem ser trazido a valor presente através de uma taxa de desconto. A taxa determinada foi de 9,09% encontrada pelo WACC conforme anexo 1. 39 A aplicação da taxa de desconto, atualizando o valor dos fluxos de caixa de cada período, permite a análise entre o valor contábil e o valor recuperável atualizado. O confronto entre o valor recuperável de cada bem através das atividades da empresa que com ele tem alguma relação e o seu valor contábil determinará se deve ser realizado algum ajuste contábil ou não. A norma contábil determina que o ajuste deva ser realizado quando o valor contábil do bem for superior ao valor recuperável. No caso de o valor contábil ser inferior ao valor recuperável, nenhum ajuste será realizado, pois o valor que o bem apresenta contabilmente é recuperável. Sendo o valor contábil superior ao valor recuperável, o ajuste deve ser realizado, reconhecendo-se como perda por impairment do período o valor da diferença entre os valores. A tabela abaixo demonstra o valor presente líquido calculado com a taxa de desconto de 9,09%. O valor obtido através do desconto do fluxo de caixa foi calculado da seguinte forma: 3.091.079 1 2859.136 2.644.619 2.446.217 2.262.718 2.093.001 2 3 4 5 i= 9,09% 16.189.040 Tabela 5 – Fluxo de caixa descontado do IASB. Fonte: Produção Própria (2012) VPL1 = FC1/ (1+i)1 + FC2/ (1+i)2 + .... + FCn/ (1+i)n FC1 = Fluxo de Caixa do ano 1 FCn = Fluxo de Caixa do ano 6 n = Período de projeção em anos = 10 anos i = Taxa de Desconto onde 6 40 O valor recuperável dos ativos considerando-se a metodologia acima foi de R$ 15.396.770 que corresponde ao valor presente líquido dos ativos. O próximo passo foi verificar a presença de impairment, o que levou à comparação do valor contábil do imobilizado estabelecido no Balanço Patrimonial com valor presente, calculado pelo fluxo de caixa. O valor contábil foi apontado como o maior valor, o que indicou uma perda de valor econômico. A situação mostrada na tabela abaixo evidencia a necessidade do reconhecimento contábil do impairment de R$ 792.270, registrando uma diminuição no ativo imobilizado e uma perda por impairment. Valor em Uso 15.396.770 Valor Justo Líquido das desp de Venda 14.500.000 Valor Recuperável 15.396.770 Valor do Bem 16.189.040 Impairment 792.270 Tabela 6- Confronto do valor Recuperável com o valor do bem. Fonte: Produção própria (2012) De acordo com o IAS 36 e com o CPC01 essa perda por impairment pode ser revertida, caso ocorram mudanças nas premissas que geraram tal perda. O valor de recuperação deve recompor o ativo até o limite de seu valor original, essa reversão não se confunde com o instrumento da reavaliação de bens, atualmente proibida no Brasil. 4.3 Calculando o Impairment test de acordo com as Normas Americanas (FASB) Para calcular o valor recuperável dos ativos conforme o FASB foi utilizado o mesmo fluxo de caixa do IASB apresentado na tabela 4 e a mesma vida útil do imobilizado que corresponde a 10 anos. 41 De acordo com o FASB, o teste de recuperabilidade consiste em, após estimar o valor justo, que no caso da empresa analisada foi definido pelo valor de mercado a partir levantamento de seu ativo imobilizado, obtendo um novo custo de R$ 14.500.000, comparar o valor encontrado com o valor contábil (histórico) do ativo conforme tabela abaixo: Valor Justo 14.500.000 Valor Contábil 16.189.040 Evidências de Impairment 1.689.040 Tabela 7- Confronto do valor justo e o valor contábil. Fonte: Produção própria (2012) A situação mostrada na tabela acima evidencia a necessidade do reconhecimento contábil do impairment de R$1.689.040, registrando uma diminuição no ativo imobilizado e uma perda por impairment. De acordo com o FASB, uma vez reconhecida à perda por impairment, fica proibida sua reversão. O novo valor do ativo, depois de registrada uma perda por impairment, passa a ser a sua nova base de custo. Esta nova base de custo será depreciada (amortizada) considerando o tempo de vida útil remanescente daquele ativo. 42 5. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES Os conceitos e objetivos do impairment apresentados apontam que sua adoção é um fator que trará os valores dos ativos mais próximos da realidade e, portanto, mais próximo da essência da empresa. O objetivo do presente estudo consistiu em realizar um levantamento do teste de impairment de acordo com os pronunciamentos do FASB e IASB e o CPC, verificando suas diferenças, semelhanças e seus impactos na demonstração da empresa analisada. Destacam-se como diferenças significativas entre as normas: i) a SFAS 144 utiliza a comparação do valor contábil com o fluxo de caixa não descontado enquanto que o IAS 36 utiliza somente o fluxo de caixa descontado. O fluxo de caixa descontado somente é utilizado, na SFAS 144 para que se verificar qual o valor que deve ser baixado por impairment e, ii) a reversão do impairment apenas é permitida na IAS 36 sendo proibida nas orientações da SFAS 144. Diante de tal análise, constata-se que as diferenças observadas entre o modelo do FASB e o modelo do IASB podem, principalmente, distorcer o real objetivo do instrumento que seria o de garantir que os registros contábeis retratem o real valor dos benefícios econômicos futuros que os ativos podem auferir à entidade. Conclui-se que a harmonização internacional das normas contábeis ainda tem um grande caminho para percorrer em busca da convergência dos padrões contábeis. A harmonização contábil não é uma tarefa simples. Os valores culturais podem ser um obstáculo à aplicação das práticas internacionais, mas é imprescindível que os profissionais e os órgãos regulamentadores entendam que é através de uma maior transparência e comparabilidade das demonstrações é que se fortalece o mercado e a contabilidade no geral. Como sugestão para pesquisas futuras, indica-se um estudo teórico e prático que objetive identificar outros segmentos verificando suas características, bem como analisar também quais seriam os ganhos com a possível harmonização entre as normas norte-americanas e as normas internacionais. 43 REFERÊNCIAS BEUREN, Ilse Maria (Org). Como Elaborar Trabalhos Monográficos em Contabilidade: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2008. BRASIL. Lei nº. 11.638, de 28 de Dezembro de 2007. Diário Oficial República Federativa do Brasil, DF, 29 dez. 2007. ______. Lei nº. 6.404/76, de 17 de Dezembro de 1976. Diário Oficial República Federativa do Brasil, DF,18 dez. 1976. ______ Lei nº. 9.249/95, de 26 de Dezembro de 1995. Diário Oficial República Federativa do Brasil, DF, 27 dez. 1995. ______. Resolução CFC nº. 1.055, de 2005. Diário Oficial República Federativa do Brasil, DF, 2005. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia científica: para uso dos estudantes universitários. 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Disponível em:<http://www2.uea.edu.br /data/categoria/download/download/141-3.pdf > Acesso em: 26/02/2010. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2004. HENDRIKSEN, E. S.; VAN BREDA, M. F. Teoria da Contabilidade. Tradução da americana por Antonio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1999. INTERNATIONAL Accounting Standards Committee (IASC). Accounting Standards (IAS) n. 36. Impairment of assets. IASC, 1998. International IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade para o nível de graduação. São Paulo: Atlas, 1999. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da Contabilidade. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2000. IUDÍCIBUS Teoria da Contabilidade. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2004. KIESO, Donald E.; WEYGANDT, Jerry J.; WARFIELD, Terry D. Intermediate Accounting. 11ª. ed. Hoboken: Wiley, 2004. MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por ações. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. MARTINS, Eliseu. Entrevista: País está mais bem preparado para a mudança. Valor On line. São Paulo: 2008. Disponível em:<http://www.fenacon.org.br/pressclipping/2008/fevereiro/ve/ve260208b.htm>.Acess o em: 16 Março.2012. 45 NORONHA, J. F. Projetos Agropecuários: Administração Financeira, Orçamento e Viabilidade Econômica. Editora Atlas S.A. 2ª Edição. São Paulo 1987. POON, W.W. Using fair value accounting for financial instruments. American BusinessReview, v. 2, n.2 , p. 39-41, 2004. SILVA, Josué L. Avaliação Econômica dos Incentivos Fiscais e Financeiros: Uma análise das empresas industriais têxteis localizadas no Rio Grande do Norte no período de 1999 a 2003. 2005. 105f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis). Natal, 2005. SILVA, Paula D. A.; CARVALHO, Fernanda M.; DIAS, Lidiane N. S.; MARQUES, José Augusto V. C. Análise da evidenciação das informações sobre o impairment dos ativos de longa duração de empresas Petrolíferas. Revista de administração e contabilidade da Unisinos. 2009. 46 ANEXO 1 – CÁLCULO DO WACC (A) Beta Desalavancado 0,69 Beta Alavancado - Ba 0,88 Passivo oneroso (Debit) 150.000,00 Patrimônio Líquido (Equity) 350.000,00 Bdes = (Ba / (1+ (Debit/Equity) * (1-IR))) Debit / Equity Aliquota do IR/CS 0,43 34% (B) Custo de Financiamento através de Capital Próprio - RE 10,44% RE = [RF + Beta * [RM - RF]] + Risco Brasil 1. Taxa de Rendimento sem risco Norte-Americano (RF U.S.A) 2. Prêmio pelo Risco de Mercado (RM - RF) 3 Risco Brasil 4,60% 6,33% 1,50% (C) Custo de Financiamento através de Capital Terceiros - RD 5,94% RD =RB * (1-T) 1. Taxa antes do Imposto de Renda (Selic) 2. Taxas de Imposto de Renda e Contribuição Social Projetadas RB = T= (D) Custo Médio Ponderado do Capital - WACC 9,00% 34,00% 9,09% WACC = (E / (E +D) * RE + (D / (E + D)) * RD 1. Custo de Financiamento através do Capital Próprio 2. Custo de Financiamento através do Capital de Terceiros 3. Estrutura de Capital 3.1 Debt - Capital de Terceiros 3.2 Equity - Capital Próprio RE = RD = 10,44% 5,94% D= E= 30,00% 70,00% Debt / Equity ---> Considerado a Selic conforme informado. http://www.portalbrasil.net/indices_selic.htm 47 ANEXO 2 – DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DA EMPRESA Item Receita Bruta de Vendas e ou Serviços Deduções da Receita Bruta Receita Líquida Custos dos Produtos Vendidos Lucro Bruto Despesas Operacionais Depreciação Lucro Antes do Resultado Financeiro Despesas Financeira Lucro antes do Imposto de Renda Imposto de Renda/Contribuição Social Lucro Líquido do Exercício 2007 2008 434.920.125 441.176.468 -2.693.747 -2.732.497 432.226.378 438.443.971 -414.430.369 -420.335.086 17.796.009 18.108.885 -14.020.401 -14.073.489 -890.942 -890.942 2.884.666 3.144.454 -13.500 -13.500 2.871.166 3.130.954 -952.196 -1.040.524 1.918.970 2.090.430 2009 447.459.326 -2.771.411 444.687.915 -426.330.724 18.357.191 -14.126.802 -890.942 3.339.447 -13.500 3.325.947 -1.106.822 2.219.125 2010 453.840.753 -2.810.935 451.029.818 -432.421.146 18.608.672 -14.180.951 -890.942 3.536.779 -13.500 3.523.279 -1.173.915 2.349.364 2011 460.322.500 -2.851.081 457.471.419 -438.608.050 18.863.369 -14.235.952 -890.942 3.736.475 -13.500 3.722.975 -1.241.812 2.481.164 Item Receita Bruta de Vendas e ou Serviços Deduções da Receita Bruta Receita Líquida Custos dos Produtos Vendidos Lucro Bruto Despesas Operacionais Depreciação Lucro Antes do Resultado Financeiro Despesas Financeira Lucro antes do Imposto de Renda Imposto de Renda/Contribuição Social Lucro Líquido do Exercício 2012 464.925.725 -2.879.592 462.046.133 -442.994.131 19.052.003 -14.378.312 -890.942 3.782.749 -13.500 3.769.249 -1.257.545 2.511.704 2014 474.270.732 -2.937.472 471.333.260 -451.898.313 19.434.948 -14.667.316 -890.942 3.876.690 -13.500 3.863.190 -1.289.485 2.573.706 2015 479.013.439 -2.966.846 476.046.593 -456.417.296 19.629.297 -14.813.989 -890.942 3.924.367 -13.500 3.910.867 -1.305.695 2.605.172 2016 483.803.574 -2.996.515 480.807.059 -460.981.469 19.825.590 -14.962.129 -890.942 3.972.520 -13.500 3.959.020 -1.322.067 2.636.953 2013 469.574.982 -2.908.388 466.666.595 -447.424.072 19.242.523 -14.522.095 -890.942 3.829.486 -13.500 3.815.986 -1.273.435 2.542.551