Tipo 1
REDAÇÃO
TIAGO CAVALCANTI
9º
UNIDADE II
Orientações:
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Não será aceita a utilização de corretivo;
Não será permitido o empréstimo de material durante a avaliação;
Use somente caneta esferográfica azul ou preta;
Questões objetivas ou similares rasuradas serão anuladas;
Avaliação escrita: valor: 7,0
Pontuação
Produção:
Projeto:
Prova:
Total:
A primeira só
Era linda, era filha, era única. Filha de rei. Mas de que adiantava ser princesa se não tinha com quem brincar?
Sozinha, no palácio, chorava e chorava, dias e noites, sem parar. Não queria saber de bonecas, não queria saber de
brinquedos. Queria uma amiga para gostar.
De noite o rei ouvia os soluços da filha. De que adiantava a coroa se a filha da gente chora à noite? Decidiu
acabar com tanta tristeza. Chamou o vidraceiro, chamou o moldureiro. E em segredo mandou fazer o maior espelho do
reino. E em silêncio mandou colocar o espelho ao pé da cama da filha que dormia.
Quando a princesa acordou, já não estava sozinha. Uma menina linda e única olhava para ela, os cabelos ainda
desfeitos do sono. Rápido saltaram as duas da cama. Rápido chegaram perto e ficaram se encontrando. Uma sorriu e
deu bom dia. A outra deu bom dia sorrindo.
– Engraçado – pensou uma –, a outra é canhota.
E riram as duas. Riram muito depois. Felizes juntas, felizes iguais.
A brincadeira de uma era a graça da outra. O salto de uma era o pulo da outra. E quando uma estava cansada, a
outra dormia… O rei, encantado com tanta alegria, mandou fazer brinquedos novos, que entregou à filha numa cesta.
Bichos, bonecas, casinhas e uma bola de ouro. A bola no fundo da cesta. Porém tão brilhante, que foi o primeiro
presente que escolheram. Rolaram com ela no tapete, lançaram na cama atiraram para o alto. Mas quando a princesa
resolveu jogá-la nas mãos da amiga…, a bola estilhaçou jogo e amizade.
Uma moldura vazia, cacos de espelho no chão. A tristeza pesou nos olhos da única filha do rei. Abaixou a cabeça
para chorar. A lágrima inchou, já ia cair, quando a princesa viu o rosto que tanto amava. Não um só rosto de amiga,
mas tantos rostos de tantas amigas nos cacos que cobriam o chão.
– Engraçado são canhotas – pensou.
E riram. Riram por algum tempo depois. Era diferente brincar com tantas amigas. Agora podia escolher.
Um dia escolheu uma e logo se cansou. No dia seguinte preferiu outra, e esqueceu-se dela logo em seguida.
Depois outra e outra, até achar que todas eram poucas. Então pegou uma, jogou contra a parede e fez duas. Cansou
das duas, pisou com o sapato e fez quatro. Não achou mais graça nas quatro, quebrou com o martelo e fez oito. Irritouse com as oito partiu com uma pedra e fez doze. Mas duas eram menores do que uma, quatro menores do que duas,
oito menores do que quatro, doze menores do que oito. Menores cada vez menores. Tão menores que não cabiam em
si, pedaços de amigas com as quais não se podia brincar.
Um olho, um sorriso, um pedaço de si. Depois, nem isso, pó brilhante de amigas espalhado pelo chão. Sozinha
outra vez a filha do rei. Chorava. Nem sei. Não queria saber das bonecas, não queria saber dos brinquedos.
Saiu do palácio e foi correr no jardim para cansar a tristeza. Correu, correu, e a tristeza continuava com ela.
Correu pelo bosque, correu pelo prado. Parou à beira do lago.
No reflexo da água, a amiga esperava por ela. Mas a princesa não queria mais uma única amiga, queria tantas,
queria todas: aquelas que tinha tido e as novas que encontraria. Soprou na água. A amiga encrespou-se, mas
continuou sendo uma.
Então a linda filha do rei atirou-se na água de braços abertos, estilhaçando o espelho em tantos cacos, tantas
amigas que foram afundando com ela, sumindo nas pequenas ondas com que o lago arrumava sua superfície.
Marina Colasanti
Parte 1 - A partir do texto
01.
O título do texto “A primeira só” nos leva a crer que leremos um texto sobre Solidão. O conto, entretanto, trabalha
outro aspecto, a Vaidade, ao trazer um elemento típico para seu enredo: o espelho. Sabemos que todo conto tem
intuito reflexivo; portanto, qual a intenção da autora ao trabalhar esses dois sentimentos lado a lado? Justifique sua
resposta. (Valor: 0,6)
A autora quer simplesmente mostrar que quando nos voltamos muito a nós mesmos, quando somos
caprichosos ou quando só nos importamos conosco, essa vaidade ou esse amor próprio doentio, fazem-nos
fecharmos tanto em nós mesmos, que acabamos sós.
02.
Embora o texto conte a história de uma princesa que tem como amiga o seu reflexo, a história não nos soa
intragável ou risível. Isto se deve a um recurso típico dos contos fantásticos, o qual mescla o real e o imaginário
de modo coerente. Qual o nome dessa técnica e por que somos capazes de entender essa ligação entre o
espelho e a amizade? (Valor: 0,6)
Verossimilhança. Graças a ela, eu sou capaz de entender que ter vários reflexos no espelho, é com ter
inúmeros amigos, pois, na vida, nossos amigos são – por muitas vezes – bastante parecidos conosco, feito
espelhos.
03.
Extraia do conto um exemplo para cada figura de linguagem transcrita abaixo: (Valor: 0,8)
a) Catacrese:
“pé da cama”
b) Eufemismo:
“sumindo nas pequenas ondas”
c) Hipérbole:
“chorava, dias e noites, sem parar “
d) Prosopopeia: “o lago arrumava sua superfície” ou inúmeros verbos de ação envolvendo o reflexo.
04.
Todo pensamento humano costuma seguir uma determinada estrutura. O conto lido, obra do pensamento de Marina
Colasanti, não é diferente. Assim sendo, identifique em poucas palavras, a ordem seguida por ele: (Valor: 0,8)
Introdução
05.
A filha do rei se sente só e ele compra um espelho para a filha.
Complicação
A menina começa a brincar com o espelho como se fosse uma outra menina, até
que o quebra sem querer e percebe que ao invés de uma amiga (um só espelho),
agora ela tem inúmeras amigas (uma para cada reflexo de caco)
Clímax
A menina pisa nos cacos para ter mais e mais amigas, até que os cacos viram pó
de vidro e nada mais refletem.
Desfecho
A menina vê seu reflexo na beira de um rio, e quer também desfazê-lo para que
se torne vários... Mas não consegue, e finda morrendo afogada.
Transcreva, a partir do texto, ao menos uma marca, explícita ou implícita, das características teóricas do conto.
Lembre-se de só responder àquelas que realmente estão presentes no texto lido: (Valor: 1,2)
a) Espaço Físico: palácio, bosque, jardim
Espaço Social: quarto da menina, beira do rio
b) Tempo psicológico: ______________________ (não há marcas psicológicas de tempo)
Tempo cronológico: “De noite”, “dias e noites”
c) Características psicológicas da personagem principal: mimada, prepotente, ambiciosa, gananciosa
Características físicas da personagem principal: “Era linda”
Parte 2 - A partir de seu conhecimento
06.
Sobre o que estudamos em sala a respeito da Prosa e da Teoria do Conto, responda V para as alternativas
verdadeiras e F para as alternativas Falsas: (Valor: 0,6)
( F )
Os contos baseados em histórias reais não são fictícios. (Os contos sempre são fictícios, mesmo quando
baseados na realidade, o que é apresentado na história “verídica” é um ponto de vista do que aconteceu, não o
acontecimento em si – pois este só existe no agora, e o conto é escrito no depois do agora)
( F )
O conto fantástico é todo escrito em cima do impossível. (Ele é escrito numa mescla entre possível e
impossível, baseando-se na realidade e a partir dela criando o imaginário)
( V )
Basicamente, o que diferencia um conto de um romance é o número de conflitos envolvendo suas tramas.
(Embora ambos tenham personagens, espaço e tempo, a diferença está no número de conflitos: no romance,
inúmeros desenrolam até o fim, no conto é um e acabou)
( V)
O conto faz parte do tipo literário conhecido como Prosa e, por isso, busca despertar no leitor mais um
pensamento do que um sentimento. (Não quer dizer que eu não possa me emocionar com um conto,
mas eu fico mais reflexivo – pensando – do que emocionado – sentindo.)
( F)
Os contos devem ser escritos na linguagem coloquial. (Como a linguagem coloquial – a língua do povo –
é muito variada, se não escrevêssemos na língua padrão (formal), correríamos o risco de não ser
entendido por outras tribos. Exemplo: se eu, jovem cheio de gírias, escrevo um conto na minha língua,
corro o risco de pessoas mais velhas não compreenderem. Ou até mesmo, se carrego em termos
nordestinos, pode ser que os sulistas não compreendam... Logo, eu não serei lido.)
(V)
A estrofe e o verso estão para a Poesia, assim como o parágrafo e a linha estão para a Prosa. (A
diferença, bem da verdade, está só no nome, mas basicamente servem pro mesmo)
07.
Leia atentamente as proposições abaixo e associe uma coluna com a outra: (Valor: 1,2)
(1) Narrador-onisciente
(1)
sabe presente, passado e futuro, até o que se passa na mente dos
personagens.
(2) Narrador-observador
(3)
descobre a história ao mesmo tempo que o leitor, afinal, participa dela.
(2)
é testemunha da história, mas não participa dela.
(1)
mesmo sem participar da história, dá uma visão precisa e exata sobre
todos os acontecimentos.
(3)
sua narrativa é muito pessoal, pois conta a história a partir de suas
(3) Narrador-personagem
experiências.
(3)
narrador típico de livros autobiográficos.
Parte 3 - A partir do conto “A Cartomante”:
08.
Um ponto crucial para entender um conto é compreender o desenrolar da sua trama, característica também
conhecida como “Enredo”. A partir da leitura do Conto “A Cartomante”, de Machado de Assis, obra estudada
nessa unidade, reproduza o Enredo do conto, de forma linear, isto é, uma pequena narração na qual esteja
presente a sequência cronológica dos fatos ocorridos. Escreva utilizando suas próprias palavras. (Valor: 1,2)
Aqui o aluno fica livre para contar a história. O importante é que comece contando que Camilo e Vilela são
amigos de infância – informação contida num flashback. O aluno que começar mencionando a visita de Rita à
cartomante, estará contando o MEIO, cronologicamente, da história, e não o seu início.
“Não somos apenas responsáveis pelo que fizemos, mas também pelo que deixamos de fazer” Molière
Boa Sorte!
Tiagaoboy
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