139 GERAÇÃO DE UMA NOVA CLASSE DE INIBIDORES PARA A ENZIMA PURINA NUCLEOSÍDEO FOSFORILASE HUMANA X Salão de Iniciação Científica PUCRS Ivani Pauli1, Meghan Bellows2, Christodoulos A. Floudas2, Walter Filgueira de Azevedo Jr.1 1 Faculdade de Biociências, PUCRS, 2 Computer-Aided Systems Laboratory (CASL), departamento de Engenharia Química da Universidade de Princeton, USA Resumo A Purina Nucleosídeo Fosforilase humana (HsPNP) (EC 2.4.2.1) é uma enzima chave da rota de salvamento de purinas, sendo responsável pela interconversão entre (deoxi)nucleosídeos e bases, que em síntese serão convertidos em ácido úrico para excreção ou reutilizados na biossíntese de ácidos nucléicos (PARKS Jr. et al. 1972). A PNP catalisa, na presença de um fosfato inorgânico (Pi), a clivagem reversível de ligações N-ribosídicas de nucleosídeos de purina e deoxinucleosídeos, exceto adenosina, para gerar ribose 1-fosfato e a base púrica correspondente (KALCKAR, 1945) (Figura 1). A reação prossegue com a inversão da configuração de α-nucleosídeos para β-ribose 1-fosfato (PORTER, 1992). Usaremos neste trabalho a abordagem do desenho de inibidores peptídicos para o alvo HsPNP baseado no seu sítio ativo. Características como o processo relativamente simples da síntese de pequenos peptídeos, seu baixo custo financeiro e a facilidade de realizar modificações estruturais no peptídeo objetivando a otimização da afinidade pela enzima alvo (HsPNP), fazem deste projeto de pesquisa uma interessante abordagem na busca por novas drogas contra doenças de origem auto-imune e no combate à rejeição a órgãos transplantados. Introdução A PNP humana (HsPNP) vem sendo investigada como alvo para o desenho de drogas, objetivando a inibição desta enzima para o tratamento de desordens imunológicas, incluindo doenças autoimunes do tipo IV como a artrite reumatóide, psoríase, doenças intestinais inflamatórias e esclerose múltipla. Também inclui-se o tratamento de desordens de X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 140 proliferação de células T como rejeição a órgãos transplantados, linfoma de células T, e leucemia de células T. Além disso, inibidores de PNP podem ser usados para evitar a clivagem de drogas antivirais e anti-câncer, promovendo o aumento da meia-vida desses compostos, visto que várias dessas drogas mimetizam nucleosídeos de purina naturais e podem, por isso, ser clivadas pela HsPNP antes de completar sua função terapêutica (BZOWSKA et al., 2000). Um dos maiores desafios na questão do desenvolvimento de inibidores clinicamente efetivos para PNP tem sido alcançar o nível suficiente de inibição para a enzima. Para se obter uma resposta clínica, inibidores de PNP têm que reduzir sua atividade até um valor limiar muito baixo. Como exemplo de inibidor bem sucedido, em fase de testes clínicos com humanos para o tratamento de câncer e uma variedade de doenças auto-imunes, podemos citar a Forodesina (BCX-1777). O sucesso obtido até o momento com esse inibidor para PNP incentiva o desenvolvimento de novas pesquisas para a geração de novos inibidores para esta enzima. Com o declínio da produtividade no desenvolvimento de novos medicamentos, diferentes abordagens para o chamado desenho racional de drogas estão sendo introduzidas e desenvolvidas. Peptídeos naturais e sintéticos estão surgindo como novos compostos promissores podendo modular rotas de sinalização de forma específica e eficiente in vitro e in vivo (RUBINSTEIN and NIV, 2009). Metodologia O presente trabalho propõe uma nova abordagem para o desenho de inibidores para este importante alvo. Foram desenvolvidos pequenos peptídeos (de até dez resíduos de aminoácidos) in silico utilizando o método ab initio baseado na estrutura tridimensional da enzima. Serão realizados testes de afinidade e dinâmica molecular in silico e posteriormente testes in vitro desde a síntese dos peptídeos até os testes de inibição. Resultados (ou Resultados e Discussão) Até o presente momento realizamos o desenho dos peptídeos in silico, os quais apresentaram boa afinidade pela proteína pelas análises de afinidade por algoritmos computacionais. Os resultados são bastante promissores e estamos partindo para a etapa in vitro do processo de geração de potenciais inibidores. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009 141 Figura 2. Reação catalisada pela Purina Nucleosídeo Fosforilase. Perspectivas Temos como perspectivas deste trabalho a implementação da metodologia de desenho de peptídeos ab initio para o desenho racional de drogas assistido por computador. Essa abordagem poderá auxiliar na identificação de novos compostos líderes e potenciais inibidores para e enzima HsPNP. Após a realização dos testes de atividade, faremos a caracterização estrutural e cinética dos novos inibidores identificados para a enzima HsPNP. Uma vez que tenhamos resultados positivos, esta mesma metodologia poderá ser usada para o desenho de inibidores peptídicos para outros alvos potenciais para o desenho de drogas. Ao fim do trabalho temos como meta a publicação de artigos científicos em revistas internacionais indexadas da área para divulgação dos resultados obtidos. Referências KALCKAR, H. M. Enzymatic synthesis of a nucleoside. The Journal of Biological Chemistry, v. 158, 723724, May. 1945. PARKS Jr., R. E.; AGARWAL, R. P. The enzymes. vol. 7. New York: Academic Press, 1972. 1834p. PORTER, D. J. Purine nucleoside phosphorylase. Kinetic mechanism of the enzyme from calf spleen. The journal of biological chemistry, v. 267, 7342-7351, Apr. 1992. BZOWSKA, A.; KUKIKOWSKA, E.; SHUGAR, D. Purine Nucleoside Phosphorylases: properties, functions and clinical aspects. Pharmacology and Therapeutics, v. 88, 349-425, Dec. 2000. RUBINSTEIN, M.; NIV, M. Y. Peptidic modulators of protein-protein interactions: Progress and challenges in computational design. Biopolymers, in press, Feb. 2009. X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009