2. HABILIDADES SOCIAIS PARA UMA NOVA SOCIEDADE Apenas para facilitar nosso entendimento e prática das habilidades sociais elas foram divididas em classes, apresentadas a seguir: 2.1 Aprendendo a aprender: a automonitoria As relações entre as pessoas promovem oportunidades freqüentes para a aprendizagem de habilidades sociais e nos indicam caminhos para o automonitoramento, ou seja, para o autocontrole das emoções e dos comportamentos. Devemos aproveitar os momentos de interação para treinar o controle sobre a impulsividade para observar o outro, para refletir sobre a situação e assim aprendermos a aprender em todas as situações que experimentamos e vivenciamos. O autocontrole das emoções e dos comportamentos é fundamental para o bom desempenho de nossas competências sociais. 2.2 Habilidades sociais de comunicação Essas habilidades podem ser classificadas como verbais e não verbais. Uma pessoa com boa competência social tem coerência entre os significados da comunicação verbal e não verbal. A comunicação verbal é mais consciente e racional, dependendo, entre outros fatores, do domínio da língua e das normas sociais de seu uso. Como exemplo desse tipo de comunicação temos a habilidade de formular perguntas, de elogiar, de manter uma conversação. A comunicação não verbal complementa, ilustra, substitui e algumas vezes contradiz a comunicação verbal. Posturas, gestos, expressões faciais adquirem diferentes significados em função do contexto verbal e também da situação em que ocorrem. Por exemplo, batemos na testa quando nos esquecemos de alguma coisa, encolhemos o ombro para manifestar indiferença... 2.3 Habilidades sociais de civilidade Esta classe de habilidades refere­se a desempenhos razoavelmente padronizados de acordo com a cultura, normas e valores do grupo a que pertencemos. Em cada cultura, um conjunto de normas sociais estabelece o que usualmente se denomina “bons modos”. Aqueles que desconsideram essas normas são, frequentemente, marginalizados pelas pessoas e pelos grupos. As habilidades de apresentar­se, cumprimentar, despedir­se e agradecer são próprias de cada cultura. Se forem utilizadas em exagero, criando um clima muito formal, podem ser identificadas como falta de flexibilidade e de autenticidade, enquanto sua ausência pode ser encarada como falta de educação. 2.4 Habilidades sociais de defesa dos direitos e da cidadania A habilidade que possuímos para a defesa dos próprios direitos e também dos direitos dos outros pode ser traduzida em direitos interpessoais.
São exemplos desses direitos: o reconhecimento como pessoa diante da lei, liberdade de pensamento, consciência e religião, liberdade de expressão e de opinião, ser tratado com respeito e dignidade, liberdade para mudar de opinião, pedir informações, ser ouvido e levado a sério, defender aquele que teve o próprio direito violado, respeitar e defender a vida e a natureza. O exercício da cidadania requer conhecimento das diferenças de oportunidades, como, por exemplo, do acesso à educação e a alguns tipos de cultura consideradas mais elitizadas. Para o desenvolvimento dessa habilidade muitas vezes há necessidade de articulação com outros segmentos sociais de ações coletivas, como a participação nas ONGs (Organizações não Governamentais). 2.5 Habilidades sociais empáticas Empatia: capacidade de compreender e sentir o que alguém pensa e sente em uma situação, comunicando­lhe adequadamente tal compreensão e sentimento. A empatia se dá em uma relação mediada pelo afeto. A comunicação verdadeiramente empática pode recuperar e aumentar a auto­estima A definição de empatia agrupa três componentes: a) o cognitivo (compreender e interpretar os sentimentos e pensamentos do outro); b) o afetivo (reconhecer a emoção do outro); c) o comportamental (expressar sentimento e compreensão relacionados às dificuldades ou êxitos do outro). Alguém que recebe uma expressão de empatia sente­se geralmente apoiado, confortado e consolado em sua necessidade de compreensão e afeto. 2.6 Habilidades sociais de trabalho Até há pouco tempo, o mercado de trabalho valorizava quase somente as competências técnicas, sem dar importância alguma às competências sociais nos relacionamentos profissionais. Hoje, com o surgimento de novos modelos de organização, as habilidades sociais profissionais são cada vez mais requisitadas. As habilidades sociais profissionais são aquelas que possibilitam e facilitam o cumprimento de metas, a preservação do bem­estar da equipe e o respeito aos direitos de cada um. Como exemplo, podemos citar: coordernar grupos, falar em público, resolver problemas, tomar decisões e mediar conflitos. 2.7 Habilidades sociais educativas São aquelas intencionalmente voltadas para a promoção do desenvolvimento e da aprendizagem do outro, em situação formal ou informal. Em certas situações (por exemplo, a escola) as habilidades sociais educativas podem representar a principal preocupação; em outros (por exemplo, família) podem ter uma função apenas complementar.
Podemos destacar como habilidades sociais educativas: a criatividade, a flexibilidade, a observação, a análise dos progressos obtidos, a apresentação de novos desafios, a clareza na exposição das idéias ou dos conteúdos. O trabalho em pequenos grupos constitui uma das condições para a promoção de habilidades sociais entre os alunos, para o desenvolvimento de atitudes e valores de respeito, tolerância, cooperação e, principalmente, solidariedade. 2.8 Habilidades sociais de expressão de sentimento positivo Estas são, certamente, as habilidades que mais dependem dos componentes da comunicação não verbais e exigem menos dos componentes verbal da comunicação. Elas são relacionadas com valores e atitudes das pessoas e são as que mais requerem coerência entre sentimento, pensamento e ação. Exemplo de habilidades sociais de expressão de sentimento positivo: • Fazer e manter amizades: esta habilidade tem sido considerada uma das mais importantes na vida social. Pessoas sem amigos, encontram mais dificuldades para enfrentar as “surpresas” da vida, sejam eles relacionadas ao estudo, trabalho ou relações amorosas. • Expressar a solidariedade: considerando­se os novos modelos de sociedade e de culturas, a solidariedade é hoje considerada como um elemento importante para relações saudáveis, que vai desde a identificação com o outro até a disposição para oferecer ajuda. A dimensão da solidariedade entre as pessoas alcança desde atenção com os seres vivos até as necessidades do nosso planeta. • Cultivar o amor: o sentimento de amor é um dos mais esperados no dia­a­dia das pessoas. Embora pareça natural ao ser humano, algumas pessoas tem dificuldade em expressar seu amor através de carinho e cuidado. Essa expressão não se diz respeito somente à comunicação verbal, mas também aos gestos e carinhos físicos (toque). Segundo Prette (2001, p.101): ´´As dificuldades em dar e receber carinho podem estar associadas a diversos fatores tais como crenças, preconceitos, ansiedade associada a experiências malsucedidas nessa área ou, ainda, a restrições na aprendizagem prévia de dar e receber afeto positivo.`` Percebe­se que no Treinamento das Habilidades Sociais o desenvolvimento da sensibilidade e das formas de expressão de amor acontece de forma mais intensa e natural, com os participantes tornando­se mais afetivos entre si e com as demais pessoas que se relacionam.
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