OPINIÃO Victor Hugo Forjaz (*) DEZ ANOS DE OBSERVAÇÕES 1 -- No dia 10 de Junho do ano de 2000, o autor desta recordatória e Carlos Melo Bento, Luisa Pinto Ribeiro, Francisco de Menezes Rocha e José Manuel Medeiros, como fundadores, assinaram a escritura notarial que dava corpo jurídico á primeira Associação Geológica, sem fins lucrativos, desta Região Autónoma --o OVGA, Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores-- com sede (que se mantem) na freguesia da Relva de Ponta Delgada. Foi um registo um pouco difícil na medida em que o Notário não gostou (mas teve de gostar, perante parecer “vindo de fora”) de blindagem estatutária estampada em diversos articulados tais como vetos exclusivos dos fundadores e dos futuros sócios efectivos/fundadores, Assembleia Geral apenas envolvendo sócios fundadores e efectivos, Conselho Cientifico de doutorados, etc etc. Seguiu-se a publicação estatutária em Jornal Oficial, o registo nas Finanças, o registo na entidade que garante a propriedade do título, etc. Por encanto a Universidade onde ensino passou a publicar “notícias e piedosos avisos” dum tal Observatório Vulcanológico e Sismológico da Universidade dos Açores (ver net), sem consolidação legal, visando baralhar um público mal informado ou apropriar-se de tarefas em curso por outros colegas… 2 -- Em 2002, a então DRCT – Direcção Regional da Ciência e Tecnologia convidounos a integrar uma rede regional de observatórios de divulgaçaõ científica (a ROCA), área importante para o surgimento de linhas de cultura científica numa região em desenvolvimento e muito alheia a informais mas prodigiosos contactos com equipas internacionais, nacionais e regionais de peritos em diversas áreas científicas (não confundir equipas científicas com seitas cientologistas!). Em 2003 já se encontravam encetado o 1º bloco exposicional (o Pavilhão Tem. Coronel José Agostinho, assim se retomando a velha tradição de batismos com nomes de Mestres inesquecíveis). Em 2006, apesar do 2º bloco, o Pavilhão Professor Frederico Machado (geobar, ecoteca e laboratório geodinâmico) se encontrar incompleto (por exiguidade orçamental) o segmento operacional do OVGA foi inaugurado pelo Senhor Presidente do Governo da Região (que recebeu o diploma de SócioHonorário) na companhia da Senhora Secretária do Ambiente e do Senhor Secretário da Educação (este tutelando a DRCT). De Janeiro de 2006 em diante nunca mais recebemos verbas da DRT bem como da sucessora DRCTC para funcionamento (apenas 1 funcionário). Apesar de abandonados ao nosso destino, mantivemo-nos operacionais graças a projectos Interreg, FCT e a outros entretanto encerrados além de doações dos associados (as quotas equivalem á requisição de livros e de mapas assim contribuindo para a divulgação do conhecimento cientifico). Presentemente encontramo-nos em fase de encerramento de contas de investimento (apesar do acompanhamento por escrito solicitado em Dezembro de 2005 ao DRCT de então, um eclético geólogo da nossa praça que, decerto por medo ou proximidade da maresia –ele enjoa-- nunca nos visitou assim misturando relaccionamentos institucionais com agonias pessoais!). 3 -- O balanço deste nosso aniversário é animador – visitas diárias de estudantes do Secundário (de manhã) e de alguns turistas e de sócios (de tarde), aulas de alunos de Biologia e de Engª da Universidade dos Açores, reuniões com cientistas e estudantes de universidades e de institutos nacionais e estrangeiros, procolo com o prestigiado Instituto de Sismologia da China, com a conhecida Missão da Plataforma Portuguesa e com a Casa de los Volcanes de Lanzarote, etc etc implementação dum laboratório de geodinâmica em parceria com o Governo da ilha de Lanzarote e com a Universidade Complutense de Madrid, colaboração em Petrologia com as universidades de Zaragosa e de Heidelberg, enfim, um invejável painel de colaborações com diversos países onde a Vulcanologia e a Geotermia se casam. Editámos 41 livros, brochuras e mapas (a cartografia digital e temática é dos assuntos mais apaixonantes da nossa actividade). Em revistas publicámos 26 artigos científicos especializados. Fechamos 10 anos com muitas incógnitas quanto á qualidade da sobrevivência, ou seja, que tipo de sobrevivência ( livre,criativa ou controlada e dependente ?) Que vamos sobreviver lá isso vamos. Se iremos crescer, afirmarmo-nos e fortalecer, isso irá depender do querer e poder de quem nos governa. Em época aniversariante agradeço, como presidente do OVGA, a ajuda dos nossos mais de 500 sócios, do apoio dos nossos voluntários e do Município, da dedicação dos nossos órgãos estatutários e de quem aqui, na Lagoa, permanece no dia-a-dia. Não esquecemos a colaboração preciosa dos diferentes “media” (jornais, rádio, tv). Um dia alguém livre e sério reconhecerá os nossos esforços. Como Públio Siro afrmaremos ---“Etiam qui faciunt, oderint injuriam--- Até os que a cometem detestam a injustiça!”. Victor Hugo Forjaz (*)Vulcanólogo http://www.ovga-azores.eu/