“FROM HORN TO CORN": THE TWO REGIMES OF PORTUGUESE AGRICULTURE, 1250-‐1850 Antonio Henriques, FEP-‐UP and Jaime Reis, ICS-‐UL The purpose of this paper is to render intelligible the changes undergone by Portuguese agriculture from 1250 to 1850, that is to say, from the Reconquista to the Regeneração. We will resort to newly-‐constructed variables (real wages, per capita food consumption, labour intensity and productivity, land yields, per capita agrarian output and its composition) to obtain a unified perspective over these six centuries. These variables are built with a new data base (PWR) with detailed information on prices, wages and rents in Portugal for the period 1300-‐1910. We argue that this long period saw two distinct regimes with a slow transition occurring during the sixteenth century. During the first, Portugal can be described as a “frontier”, a sparsely-‐settled land with vast room for internal expansion and for a pastoral activities. Like "frontier economies", as found by recent research (Álvarez-‐Nogal and Prados de la Escosura 2013; Henriques 2015), Portugal enjoyed higher wages and higher per capita food consumption than was the case in the European core. The second regime had decidedly different features as it involved a far more labour-‐intensive economy with relatively low levels of consumption (Palma and Reis 2014). This sensible decline of real wages and per capita output is coherent with the findings on Italy (Federico and Malanima 2004: Fig. 12) and Spain. However, we also find major differential traits that will be explored in this paper, namely the impact of the Black Death, the changes in land use, the large-‐ scale adoption of American cultures (namely maize), the impact of external trade and the considerably higher population pressure in Portugal than in Italy or Spain. References Alvarez-‐Nogal, Carlos and Leandro Prados de la Escosura (2013). The rise and fall of Spain (1250-‐1850). Economic History Review, 66, 1-‐37. Federico, G. and P. Malanima (2004). "Progress, decline, growth: product and productivity in Italian agriculture, 1000-2000." Economic History Review 77(3): 437-464. Henriques, A. (2015). "Plenty of land, land of plenty: the agrarian output of Portugal (1311-20) " European Review of Economic History 19(2): 149-170. Palma, Nuno and Jaime Reis (2014). Portuguese Demography and Economic Growth, 1500-‐1850, paper presented at the “Accounting for the Great Divergence” conference, Venice, May 2014. Corresponding author: Antonio Henriques – [email protected] Benedita Câmara Crop's change and sharecropping in Madeira : vines and sugar cane (1820's-1914). Abstract In the controversy raised by the sharecropping contract, recent literature has questioned the perception of the degree of the sharecropping’s relation with certain crops. The sharecropping component of the colonia contract of Madeira is analysed based on administrative data and contracts celebrated by a relevant landlord. The analysis focused on the comparison of the incidence of the sharecropping in two cash crops in different contexts: in the cultivation of the vine in a context characterised by a traditional agriculture framework (1820's and 1850) and in the context in which agriculture has tended to lose these characteristics (1860-1914) - and the cultivation of sugar cane in the latter period. This paper argued that the costs of dividing the harvest- which have been internalized by the landlord until the 1850's in the vine culture while in the sugar cane culture has been externalized to the factory - and the asset-specificity that differed in both cases explained the development of the incidence of sharecropping in Madeira between 1920’s and 1914. Indústria, crise económica e intervenção estatal: as conservas de peixe na construção do Estado Novo português (1928-1939). A nossa comunicação pretende discutir as fundações do intervencionismo económico e social do Estado Novo português. A análise dos acontecimentos no subsector industrial das conservas de peixe permite aprofundar o debate sobre a instauração de um regime autoritário e uma “economia nacional corporativa” com forte supervisão do Estado sobre a iniciativa privada. No contexto da Grande Depressão e no desenvolvimento da indústria até às vésperas da II Guerra Mundial, a indústria das conservas de peixe terá sido das actividades produtivas mais intervencionadas através de mecanismos de regulação industrial e de uma cartelização pública do comércio exportador. A relevância das conservas de peixe nas exportações, o emprego no litoral articulado com as actividades da pesca e o potencial de equilíbrio da balança comercial, conferem uma centralidade à crise provocada pela quebra de preços alimentares nos mercados internacionais e pelo reforço de barreiras protecionistas. De acordo com Nuno L. Madureira, a mobilização de grupos de interesse em torno de associações de tradição liberal, a participação de Salazar com um estudo sobre a indústria conserveira em 1931, a criação do Consórcio Português das Conservas de Sardinha (1932) e a nomeação de Sebastião Ramires para Ministro do Comércio e Indústria (1932) seriam os primeiros exemplos de organização burocrática de actividades económicas antes da nova ordem constitucional, modelo que seria replicado a outros subsectores em crise1. É possível, no entanto, tentar aferir outras razões para esta profunda reestruturação. Além de condições sociais, políticas e económicas endógenas, devemos atender às contingências dos mercados externos, à possível reorganização dos concorrentes internacionais e dos principais mercados importadores de conservas de peixe. Uma comparação prévia com a reorganização do comércio internacional de bacalhau e produtos de cortiça – onde Portugal desempenha, tal como nas conservas, 1 Madureira, Nuno, L. (2007), “Cartelization and Corporatism: Bureaucratic Rule in Authoritarian Portugal, 1926-1945”, Journal of Contemporary History, Vol. 42, No.1 (Jan., 2007), pp. 79-96. um papel primacial - indica a existência de causas e efeitos internacionais que sobrepassam os motivos políticos “nacionais” de edificação do Estado Novo2. Para resolver estes problemas, propomos uma análise quantitativa da produção e exportação mundial de conservas de peixe, a partir de estatísticas internacionais, para esclarecer a posição portuguesa nos mercados; e um exame às práticas do Consórcio Português de Conservas de Sardinha, entre 1932 e 1936, a partir do seu arquivo, em conjunto com a análise de outros aspectos institucionais de intervenção directa do Estado no funcionamento da indústria. Palavras – chave: Estado Novo; Mercados internacionais; Corporativismo; Conservas de Peixe. CV. Francisco Henriques Licenciado em História pela Universidad de Cantábria (Espanha), Mestre em História Contemporânea pela Universidade Nova de Lisboa e aluno no Programa Interuniversitário de Doutoramento em História, com bolsa concedida pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (PD/BD/105840/2014) . Investigador integrado do Instituto de História Contemporânea. Autor de A Baleação e o Estado Novo: industrialização e organização corporativa (1937-1958), menção honrosa do Prémio de Humanidades Daniel de Sá (2014). Está a realizar um projecto de doutoramento sobre o desenvolvimento da indústria de conservas de peixe e intervenção pública em Portugal durante o período do Estado Novo. 2 Cfr. Garrido, Álvaro (2005), “Political economy and international trade: the Portuguese market for Salt Cod and its Institutions in the Interwar Period”, International Journal of Maritime History, XVII, No. 2 (December 2005), 61-85. Branco, Amélia, Parejo, Francisco M. (2008), “Incentives or obstacles? Institutional aspects of the cork business in the Iberian Peninsula (1930-1975)”, Journal of Iberian and Latin American Economic History, nº 1, 2008, pp. 17-44.