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CADERNO DE PRODUÇÃO TEXTUAL
VÉSPERA ENEM – 2013
PROPOSTA 1*
Os textos abaixo são elementos meramente motivadores para você desenvolver o seu. Leia-os atenciosamente para, em
seguida, obedecer as instruções que se encontram após eles.
Texto I
CURA PARA QUEM PRECISA
Muito se falou sobre o desespero dos fundamentalistas supostamente religiosos em sua luta para mudar a determinação
do Conselho Federal de Psicologia e permitir a chamada “cura gay” no Brasil. Mas, acreditem, falta ainda apontar uma das
principais motivações deste movimento.
Além da lavagem cerebral doutrinante a que estes novos “doentes” seriam submetidos, há um grande interesse financeiro
no nicho de mercado que essa mudança permitiria. Sim, meus caros, o interesse principal é business, como costuma acontecer
com quase tudo relativo a este segmento.
Já imaginaram as possibilidades de lucros extraordinários que os “Spas cura gays” ofereceriam a estes senhores defensores
do retorno do País à moral da Idade Média?
O mercado da chamada “cura gay” está em franca decadência nos Estados Unidos e Canadá, onde sempre enfrentou
séria resistência dos médicos.
Em junho deste ano, a mais antiga organização que defendia que os homossexuais podem mudar de orientação sexual
através da terapia e da oração foi fechada nestes dois países.
Fundada em 1976, a Exodus International chegou a ter 150 escritórios nos Estados Unidos e no Canadá. Antes de fechar
suas portas, o presidente da instituição, Alan Chambers, pediu desculpas publicamente pela “dor e sofrimento” causados às
milhares de vítimas de seu tal “tratamento”.
No ano passado, ele reconheceu que 99,99% dos tratamentos de “cura gay” não são capazes de mudar a orientação sexual
de ninguém. Nem a dele próprio. Sim, ao fechar a instituição (que atuou durante longos e penosos 37 anos para os pacientes)
Chambers assumiu que é e sempre foi homossexual.
“Chambers reconheceu que 99,99%
dos tratamentos de ‘cura gay’ não
são capazes de mudar a orientação
sexual de ninguém.”
De fato, são outros os tempos. E retrocessos do gênero não podem ser permitidos para satisfazer a sanha financeira e de
poder deste ou daquele determinado grupo fundamentalista que usa da fé alheia para encher suas contas bancárias.
Aliás, não deixa de ser icônico um vídeo que vazou esta semana na Internet onde um dos líderes destes grupos
fundamentalistas intimida fiéis a não denunciarem pastores ladrões. “Meu irmão, isso é coisa muito séria, eu já vi gente morrer
por causa disso. Não toma atitude contra pastor, não entra nessa furada”.
Não precisa nem de muito esforço para perceber quem é que está precisando de cura. (com AFP).
Texto II
Jornal Diário do Nordeste. Caderno “Zoeira”. Fortaleza, 02/08/2013.
•
Com base no que você leu, produza um texto dissertativo-argumentativo a partir do tema: Os desafios do respeito aos
gêneros numa sociedade conservadora.
Use seus conhecimentos de mundo e suas experiências acumuladas ao longo de sua formação estudantil.
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Caderno de Produção Textual – 2013
PROPOSTA 2*
Leia os textos abaixos para, depois, produzir o seu.
Texto I
Jornal Diário do Nordeste. Caderno “Zoeira”. Fortaleza, 02/08/2013.
Texto II
BOLSA FAMÍLIA
Na verdade, ninguém é contra a Bolsa Família, nós somos desfavoráveis à maneira como ela é hoje constituída, ou seja,
com duplo fim: saciar a fome de quem não dispõe de meios para viver, porém, também para manter no poder o PT. Neste caso,
ela tem fim eleitoreiro, obra inconteste do Sr. Lula, que só pensa em ganhar eleição para ficar no poder por via direta ou indireta.
Assim, do modo como está constituída, jamais vai tirar os seus beneficiários da miséria. O certo não é dar o peixe, e sim ensinar
a pescar. Se tivesse permanecido como era o Bolsa Escola, um dia cada um dos seus favorecidos, iria pouco a pouco adquirir
a sua independência financeira, por meio da capacidade de exercer uma profissão, ou emprego. Seja qual for maneira de sua
destinação, deveria ser constituída por lei, mas nunca entrega somente a um partido para explorá-la. Agora mesmo, com a notícia
de ter sido extinta, notamos certas pessoas cobrindo a cara com as suas bolsas quando a TV focalizava-as.
Ora, assim agiam tão somente para não serem identificadas, e deixarem de receber o dinheiro que não fazem jus. Afora
isso ainda vimos uma pessoa gritar, dizendo que retirou o referido valor e colocou-o na poupança do seu marido. Pode? O PT não
quer moralizá-la porque é essa bolsa eleitoreira, a grande base de suas vitórias, pois em cada pleito, já que parte na frente. No
entanto, o erro maior foi o Sr. Lula, tê-la mudado de destinação, porquanto se tivesse continuado a ser para os alunos pobres, e
só tendo direito quem passe de ano, a escola pública não estaria cometendo a imoralidade de aprovar alunos sem saberem nada.
Desembargador Edgar Carlos de Amorim
Jornal Diário do Nordeste, 02/06/2013
Texto III
PROGRAMAS SOCIAIS
A ampliação dos programas sociais, do Governo Federal, é necessária para redução da miséria no País. Porém, deve haver
critérios para que não se tornem assistencialistas, contribuindo assim para o aumento da ociosidade entre as pessoas de menor
poder aquisitivo. O número de miseráveis, por exemplo, no Brasil, reconhecido em cadastro, pelo Governo Central, subiria de
zero para, pelo menos, 22,3 milhões, caso a renda utilizada, oficialmente, para definir a indigência, fosse corrigida pela inflação,
segundo o Ministério do Desenvolvimento Social - MDS.
O Bolsa Família, por sua vez, atende 13 milhões de famílias em todo o território nacional, de acordo com perfil e tipos
de benefícios, informa ainda o MDS. A Presidente Dilma Rousseff, reconhecendo a gravidade do problema, afirmou que vai
expandir os programas sociais, desenvolvidos pelo Governo, até tirar todos os brasileiros da miséria. A Chefe da Nação defendeu
a formação de mão de obra qualificada, a educação eficiente de crianças e jovens.
A Presidenta fez a declaração durante solenidade em Natal-RN, no dia 3 de junho de 2013. Entretanto, apesar da importância
desses programas, não se pode ignorar a afirmação do Ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o Governo não tem novas
medidas para estimular o crescimento da economia.
Ele destacou que o cenário internacional continua ruim e o Brasil depende do mercado interno para fazer com que a
economia continue crescendo. Portanto, é de se esperar que haja competência governamental para que sejam atendidas, de
forma eficiente, as áreas social e econômica.
Ivan Mendes, jornalista e advogado
Jornal Diário do Nordeste, 27/07/2013
•
Com base na leitura dos textos anteriores, desenvolva um texto dissertativo-argumentativo a partir do tema: A fome e
a miséria são sinais do quanto uma sociedade está mal.
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*DICAS: PROPOSTA 1
CRASE

A palavra crase vem do grego (krâsis) e quer dizer mistura. Na língua portuguesa, crase é a contração ou fusão de duas vogais
em uma só.
Há alguns truques para saber se ocorre ou não a crase:

A crase só acontece diante de palavras femininas, portanto nunca use o acento grave indicativo da crase diante de palavras
que não sejam femininas.
 Escreverei o texto a lápis. (sem crase, pois lápis não é palavra feminina.)
 Nas férias, andarei muito a cavalo. (sem crase, pois cavalo não é palavra feminina.)

Se a preposição a for proveniente de um verbo que denota destino (ir, partir etc.), substitua este verbo por outro que signifique
procedência (vir, voltar etc.). Se, diante do que designar procedência, aparecer da, na frente do que indicar destino, ocorrerá
crase; caso contrário, não.
 Vou a Paris. (sem crase, pois venho de Paris.)
 Vou à Bahia. (com crase, por que venho da Bahia.)
Obs.: Caso a procedência venha com algum elemento especificador, recomenda-se o uso da crase.
 Vou à São Paulo, terra da garoa.

Se não existir verbo indicando movimento, troca-se a palavra feminina por outra masculina. Se, na frente da masculina, surgir
ao, diante da feminina, ocorrerá a crase; caso contrário, não.
 Fui à festa. (com crase, pois pode ser substituído por “Fui ao cinema”.)
OUTROS CASOS

Na frente de pronomes possessivos femininos, o uso do artigo é facultativo. Sendo assim, quando houver a preposição a,
também será facultativa a ocorrência de crase.
 Devolvi o dinheiro a sua irmã.
 Devolvi o dinheiro à sua irmã.
 Isso diz respeito a minha prova.
 Isso diz respeito à minha prova.

A palavra Terra quando significar planeta, é substantivo próprio e tem artigo, então havendo a preposição a, ocorrerá a
crase. No caso de significar chão firme, solo, só possui artigo, mas quando estiver especificada, poderá ocorrer a crase.
 A nave espacial voltou à Terra.
 O viajante daquele barco voltou a terra.
 Viajei à terra dos meus antepassados.

A palavra casa só receberá artigo se estiver especificada, por isso só acontecerá crase na frente da palavra casa nesse caso.
 Cheguei tarde a casa.
 Cheguei tarde à casa de Maitê.

Diante das palavras moda e maneira, das expressões adverbiais à moda de e à maneira de, ainda que as palavras moda
e maneira fiquem subentendidas, acontece a crase.
 Comemos um feijão à mineira.
 Ela usa à Rita Lee.

Na frente da palavra distância, só acontecerá crase, se existir a formação de locução prepositiva, isto é, se não houver a
preposição de, não teremos crase.
 Eu vi a distância.
 Eu a vi à distância de trinta metros.

Na frente dos pronomes relativos a qual, as quais, quando o verbo da oração subordinada adjetiva pedir a preposição a,
tem-se crase.
 A novela à qual assisti foi emocionante.
 As cenas às quais me refiro foram as primeiras.
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
Diante do pronome relativo que ou da preposição de, quando existir a fusão da preposição a com o pronome demonstrativo
a, as (= aquela, aquelas):
 Essa saia é igual à que comprei no mês passado.
 Sua motocicleta é igual à de um primo meu.

Nos adjuntos adverbiais de modo, de lugar e de tempo femininos, a crase ocorre: à tarde, à noite, às pressas, à direita,
à esquerda, à vontade etc.
 Fique à vontade na minha casa.
 À noite nos encontraremos.
 Vire à direita quando chegar ao parque.

Quando o a estiver no singular, na frente de uma palavra flexionada no plural, não acontece a crase.
 Fui a reuniões ontem à tarde.
 Falei a todas as amigas sobre o meu projeto.

Não use a crase antes de verbo.
 Estamos a viver um delicado momento político.
 Colocaremos o aviso a partir de amanhã.

Nos adjuntos adverbiais de meio ou instrumento, a não ser que cause ambiguidade.
 Pague a vista e ganhe um desconto de 10%.

Na locução adverbial causal devido a:
 Faltei ao baile devido à doença de minha avó.
 A presidente Dilma Rousseff toma medidas econômicas severas devido às possibilidades do retorno da inflação.
 Não fui ao seu encontro devido a questões pessoais.
Obs.: Nos casos da palavra ser masculina, use a expressão devido ao, nunca devido o.
 Cheguei atrasada devido ao engarrafamento.
*DICAS: PROPOSTA 2
A palavra “texto” provém do latim textum, que significa tecido, entrelaçamento. Expondo de forma prática, podemos
dizer que texto é um entrelaçamento de enunciados oracionais e não oracionais organizados de acordo com a lógica do autor.
Há de se convir que um texto também deve ser claro, estando essa qualidade relacionada diretamente aos elementos
coesivos (ligação entre as partes).
Falar em coesão é necessariamente falar em endófora e exófora. Aquela se impõe no emprego de pronomes e expressões
que se referem a elementos nominais presentes na superfície textual; esta faz remissão a um elemento fora dos limites do texto.
Vejamos as principais características de cada uma delas.
•
Endófora é dividida em: anáfora e catáfora.
I. Anáfora: expressão que retoma uma ideia anteriormente expressa.
“Secretária de Educação escreve pichação com “x”. Ela justifica a gafe pela pressa”.
Observe que o pronome “Ela” retoma uma expressão já citada anteriormente - Secretária de Educação –, portanto trata-se de
uma retomada por anáfora.
Dica: vale lembrar que a expressão retomada (no exemplo acima representada pela porção Secretária de Educação) é, também,
chamada, em provas, de referente ideológico.
II. Catáfora: pronome ou expressão nominal que antecipa uma expressão presente em porção posterior do texto. Observe:
“Só queremos isto: a aprovação!”
No exemplo, o pronome “isto” só pode ser recuperado se identificarmos o termo “aprovação”, que aparece na porção
posterior à estrutura. É, portanto, um exemplo clássico de catáfora. Vejamos outros:
“Eu quero ajuda de alguém: pode ser de você.”
(catáfora ou remissão catafórica)
“Não viu seu amigo na festa.”
(catáfora ou remissão catafórica)
“A manicure Vanessa foi baleada na Tijuca. Ela levou um tiro no abdome”.
(anáfora ou remissão anafórica)
“Três homens e uma mulher tentaram roubar um Xsara Picasso na Tijuca: deram 10 tiros no carro, mas não conseguiram
levá-lo.” (anáfora ou remissão anafórica)
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•
Exófora: a remissão é feita a algum elemento da situação comunicativa, ou seja, o referente está fora da superfície textual.
Mecanismos de coesão: é meio pelo qual ocorre a coesão em um texto. Os principais são:
I. Coesão por substituição: consiste na colocação de um item em lugar de outro(s) elemento(s) do texto, ou até mesmo
de uma oração inteira.
“Ele comprou um carro. Eu também quero comprar um.
Ele comprou um carro novo e eu também.”
Observe que ocorre uma redefinição, ou seja, não há identidade entre o item de referência e o item pressuposto.
O que existe, na verdade, é uma nova definição nos termos: um, também. Comparemos com outro exemplo:
“Comprei um carro vermelho, mas Pedro preferiu um verde.”
O termo “vermelho” é o adjunto adnominal de carro. Ele é, então, o modificador do substantivo.
Todavia, esse termo é silenciado e, em seu lugar, faz-se presente a porção especificativa “verde”. Logo, trata-se
de uma redefinição do referente.
II. Coesão por elipse: ocorre quando um elemento do texto é omitido em algum dos contextos em que deveria ocorrer.
“– Pedro vai comprar o carro?
Vai!”
Houve a omissão dos termos “Pedro” (sujeito) e “comprar o carro” (predicado verbal), todavia essa não prejudicou
nem a correção gramatical nem a clareza do texto. Exemplo clássico de coesão por elipse.
III. Coesão por Conjunção: estabelece relações significativas entre os elementos ou orações do texto, através do uso de
marcadores formais - as conjunções. Essas podem exprimir valor semântico de adição, adversidade, causa, tempo...
“Perdeu as forças e caiu.” (adição)
“Perdeu as forças, mas permaneceu firme.” (adversidade)
“Perdeu as forças, porque não se alimentou.” (causa)
“Perdeu as forças, quando soube a verdade.” (tempo)
Observe que todas as relações de sentido estabelecidas entre as duas porções textuais são feitas por meio dos
conectores: e, mas, porque, quando.
IV. Coesão Lexical: é obtida pela seleção vocabular. Tal mecanismo é garantido por dois tipos de procedimentos:
a) Reiteração: ocorre por repetição do mesmo item lexical ou através de hiperônimos, sinônimos ou nomes genéricos.
“O aluno estava nervoso. O aluno havia sido assaltado.” (repetição do mesmo item lexical)
“Uma menina desapareceu. A garota estava envolvida com drogas.”
(coesão resultante do uso de sinônimo)
“Havia muitas ferramentas espalhadas, mas só precisava achar o martelo.”
(coesão por hiperônimo: ferramentas é o gênero de que martelo é a espécie)
“Todos ouviram um barulho atrás da porta. Abriram-na e viram uma coisa em cima da mesa.”
(coesão resultante de um nome genérico)
Observação: nos exemplos acima, observamos que retomar um referente por meio de uma expressão genérica ou por hiperônimo
é um recurso natural de um texto.
Muitos estudantes de concursos ou vestibulares perguntam se é errado repetir palavras em suas redações. A resposta é
simples: se houver, na repetição, finalidade enfática você não será penalizado.
Todavia, a escolha dos recursos coesivos mais adequados deve ser feita, levando-se em consideração a articulação geral
do texto e, eventualmente, os efeitos estilísticos que se deseja obter.
b) Coesão por colocação ou contiguidade: consiste no uso de termos pertencentes a um mesmo campo semântico.
“Houve um grande evento nas areias de Copacabana, no último dia 02.
O motivo da festa foi este: o Rio sediará as olimpíadas de 2016.”
http://www.gramatiquice.com.br/2011
Erbínio: 12/09/2013 - Rev.: RR
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