SOCIEDADE MINEIRA DE CULTURA
Mantenedora da PUC Minas e do
COLÉGIO SANTA MARIA
UNIDADE: _____________
DATA: 02 / 05 / 2011
I ETAPA – AVALIAÇÃO ESPECIAL DE LÍNGUA PORTUGUESA – 3.º ANO/EM
ALUNO(A):
N.º:
PROFESSOR(A):
VALOR: 4,0
MÉDIA: 2,4
TURMA:
RESULTADO:
%
TEXTO I
vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mio
Para pior pio
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados
TEXTO II
o gramático
Os negros discutiam
Que o cavalo sipantou
Mas o que mais sabia
Disse que era
Simpantarrou
ANDRADE, Oswald de. Pau Brasil. São Paulo. Globo, 2003.
TEXTO III
Em entrevista, o antropólogo Roberto DaMatta reflete sobre o papel do cronista e a relevância do
português
No Rio de Janeiro, onde concedeu esta entrevista, Roberto DaMatta reflete sobre o desafio pessoal,
no novo livro, de ponderar sobre a transitoriedade da vida e analisa o papel da língua portuguesa
e da reforma ortográfica no contexto da globalização.
Em seus estudos sobre a sociedade brasileira, qual o papel da língua na cultura?
Há duas coisas diferentes sobre esse assunto. A língua escrita é muito mais ditatorial, porque nos
obriga a escrever de uma dada maneira, com regras de ortografia. A falada tem uma variedade
enorme. Sempre há um diálogo entre o cânone da língua que é escrita, com a sua gramática,
estrutura vocabular, ortográfica, e a língua falada, a primeira que enfrenta as novas realidades,
vivencia os fatos, os traduz e dá a eles sentido, algumas vezes de maneira até literária. A maneira
de falar pode ser implementada e até mesmo institucionalizada em obras literárias, como
Guimarães Rosa, com um jeito interiorano de falar, ou Jorge Amado. É isso que faz com que a
língua se renove e enriqueça. A língua falada é uma língua interpretada, ela não se esgota, cada
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um pode falar a mesma ideia de formas diferentes. Há sempre uma certa distância entre o viver a
língua e o tornar a língua viva, que o brasileiro intuitivamente reconhece.
A língua portuguesa está fortalecida em meio à onda de globalização dos estilos de vida, de
consumo, de linguagem?
O português é uma língua poderosa e seu carro-chefe é o Brasil. A reforma ortográfica, por
exemplo, é importante. Qual seria o futuro de uma língua que tem tantos "falares"? Ajuda ter uma
ortografia que tem um mínimo de universalização, que permita ao leitor de qualquer lugar
entender outro sujeito que escreve de outro lugar. Quanto menos diferenças ortográficas, melhor
para nós. Não são diferenças de sintaxe. A reforma ortográfica é fundamental, sou favorável. E
para o Brasil ela é básica. O país, neste século, está destinado a ter um papel fundamental. O
mundo do século 21 é um mundo muito mais brasileiro, mais português no sentido clássico de
Gilberto Freyre, adaptável, flexível, de cidades num mundo que não é rígido como foi o mundo que
os ingleses criaram, de colonização padronizada. É muito mais um mundo de encontros, de
negociações que me parecem a marca da colonização ibérica, de possibilidades, do que
propriamente um mundo de um futuro rigidamente determinado. A contribuição da cultura
brasileira ao mundo é um marco.
ORTIZ, Fabíola. O idioma revela o país. Língua Portuguesa. Ano IV, número 46, ago.2010. p.12-13.
QUESTÃO 01
Em seus poemas, Oswald de Andrade demonstra como o povo usa a língua portuguesa em uma aplicação
coloquial, comum à grande parte da população. Ele, de certa forma, propõe que talvez esses falantes
nunca precisarão usar a ortografia e a sintaxe da norma padrão. Por conseguinte, Roberto DaMatta diz
que o Brasil precisa descobrir a importância de sua língua para valorizar as suas experiências e
contradições.
De que forma as considerações do antropólogo endossam a proposta oswaldiana, presentes nos TEXTOS
I e II?
1
TEXTO III
Disponível em: www.quefalta. xn.blog.br/ Acesso em: 17 mar, 2011.
Variedades linguísticas são as variações que uma língua apresenta, de acordo com as condições
sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada.
CEREJA, William Roberto. Português: linguagens:. volume 1 – 6 ed. reform. São Paulo: Atual, 2008. p.55.
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QUESTÃO 02
Considere essa informação sobre a pluralidade linguística e as ideias contidas nos TEXTOS I e II e redija
um parágrafo, explicando como os quadrinhos, ironicamente, refletem o uso da língua nas redes
sociais.
1
TEXTO IV
Quando a crase muda o sentido
Luiz Costa Pereira Junior
Muitos deixariam de ver a crase como bicho-papão se pensassem nela como uma
ferramenta para evitar ambiguidade nas frases
O emprego da crase costuma desconcertar muita gente. A ponto de ter gerado um
balaio de frases inflamadas ou espirituosas de uma turma renomada. O poeta Ferreira
Gullar, por exemplo, é autor da sentença "A crase não foi feita para humilhar ninguém",
marco da tolerância gramatical ao acento gráfico. O escritor Moacyr Scliar discorda, em
uma deliciosa crônica "Tropeçando nos acentos", e afirma que a crase foi feita, sim, para
humilhar as pessoas; e o humorista Millôr Fernandes, de forma irônica e jocosa, é
taxativo: "ela não existe no Brasil".
O acento grave (`) no a tem duas aplicações distintas, explica Celso Pedro Luft
(1921-1995) no hoje clássico Decifrando a Crase (Globo, 2005: 16):
1) Sinalizar uma fusão (a crase): indica que o a vale por dois (à = a a)
2) Evitar ambiguidade: sinaliza a preposição a em expressões de circunstância com
substantivo feminino singular, indicando que não se deve confundi-la com o artigo a.
Ambiguidade
A grande utilidade do acento de crase no a, entretanto, que faz com que seja descabida a
proposta de sua extinção por decreto ou falta de uso, é a assinalada por Luft: crase é,
antes de mais nada, um imperativo de clareza.
Disponível em: www.revistalingua.uol.com.br/textos.asp. Acesso em: 13 mar. 2011.
QUESTÃO 03
A)
Considerando as informações acima e o emprego da crase, explique o sentido das orações a
seguir.
I.
Dilma Rousseff depôs à CPI".
1
II. Dilma Rousseff depôs a CPI".
3
B)
Leia os versos a seguir da canção, “Você é Linda”, de Caetano Veloso: apresente a diferença de
sentido provocada na regência do verbo: "ir no seu íntimo" e "ir ao seu íntimo".
Gosto de ver
Você no seu ritmo
Dona do carnaval
Gosto de ter
Sentir seu estilo
Ir no seu íntimo
Nunca me faça mal
Disponível em: www.letras.terra.com.br/caetano-veloso/43884. Acesso em: 13 marc. 2011.
QUESTÃO 04
“A depender da situação comunicativa, a falta de concordância na escrita é exceção por vezes aceita
por gramáticos tradicionais, mas só na literatura. Na fala, nem toda falta de concordância causa
escândalo. Na escrita, em que ela pode pôr em jogo a clareza e a fluência de um texto, bem maior é o
risco de estigmatizar aquele que o enuncia.”
MURANO,.Edgard. O desvio da concordância. Língua Portuguesa. Set. 2009. p. 45.
Considerando as regras de concordância verbal, identifique o erro nestes versos camonianos,
presentes na obra Os Lusíadas e explique-o.
"Se esta gente que busca outro Hemisfério,
Cuja valia e obras tanto amaste,
Não queres que padeçam vitupério..."
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