XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. A APLICAÇÃO DO MÉTODO DE GESTÃO QFD - QUALITY FUNCTION DEPLOYMENT - PARA A MELHORIA DO CURSO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO Cristian Bruno Karam Nocker (UVA) [email protected] Bianca de Paula Santos (UVA) [email protected] Sérgio Baltar Fandiño (UVA) [email protected] A maior parte das empresas que estão atuando no mundo de hoje proclama como uma das suas mais importantes metas “fabricar produtos de alta Qualidade” ou “fornecer serviços de alta Qualidade. No caso das Instituições de Ensino não é diferentte. A competitividade com outras IES é cada vez maior, o cliente (aluno) cada vez mais exigente, as regras do Governo cada vez mais seletivas, além do dinamismo e da evolução do ensino. Aumentam a demanda por níveis sempre crescentes de Qualidade, e quando não encontram determinado serviço vão procurá-lo em outro. Um curso que ouve o seu aluno, e formata seu projeto pedagógico nas necessidades do aluno, do mercado e das regras governamentais, é diferenciado. O objetivo geral do estudo é criar um modelo de Planejamento para o Curso de Engenharia de Produção com uma adaptação das etapas e ações do método QFD - Quality Function Deployment. Especificamente, serão identificadas as necessidades dos alunos através de uma consulta detalhada, que será traduzida em requisitos técnicos apropriados ao curso. Palavras-chaves: Qualidade XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 1.Introdução Atualmente, a grande maioria das empresas tem como foco “fornecer produtos/ serviços de alta qualidade”. Para as Instituições de Ensino Superior (IES) não é diferente. A competitividade com outras IES é cada vez maior, o cliente mais exigente, as regras governamentais mais seletivas, além do dinamismo e rápida evolução do ensino. Desenvolve-se o presente trabalho em uma tradicional Instituição de Ensino Superior do Rio de Janeiro, atuante no mercado há 40 anos, a Universidade Veiga de Almeida, especificamente no curso de Engenharia de Produção. Este trabalho visa identificar quais os aspectos ligados a qualidade de um curso são requeridos pelos alunos da graduação de Engenharia de Produção da Universidade Veiga de Almeida podem influenciar num melhor aprendizado dos alunos e numa melhor qualificação do curso diante de um mercado cada vez mais seletivo. Diante das necessidades dos alunos, seria interessante a aplicação de um método, que não fosse apenas reativo, fruto de uma inspeção, mas de um método de gestão de cunho proativo, voltado para a prevenção, onde a Universidade pudesse estar sempre a frente das necessidades dos alunos. Neste sentido foi escolhido o QFD – Quality Function Deployment, que contempla estas características. Cheng et al. (1995, p. 24) definem QFD como “uma forma de comunicar sistematicamente a informação relacionada com a qualidade e de explicitar ordenadamente o trabalho relacionado com a obtenção da qualidade”. MATSUDA et al (2000, p. 98) referem-se ao desdobramento da qualidade como “um processo para converter as necessidades de qualidade dos clientes a características técnicas e assim determinar a qualidade do projeto para o produto final”. Abreu (1997, p. 50) aborda o QFD como “um método estruturado e sistematizado para orientar o processo e a execução das tarefas que envolvem desde a concepção até a colocação do produto no mercado, garantindo a transformação das necessidades e desejos dos clientes em produtos que efetivamente os satisfaçam”. Para satisfazer os clientes é necessário entender como os requisitos estão de acordo com as necessidades que levam à satisfação. Bittencourt (2006) propõe três tipos de qualidade que fazem diferença na percepção do cliente perante a um produto: - Qualidade atrativa que trata da característica do produto que, quando totalmente incorporada, leva a satisfação plena ou encantamento do cliente para com o produto. Porém, quando incorporada de forma parcial, constitui um fator de resignação por parte do cliente, ou mesmo, de indiferença devido a um possível desconhecimento da existência dessa característica; - Qualidade esperada que trata da característica do produto que, quando incorporada, conduz à satisfação; enquanto sua ausência leva a insatisfação, não havendo meio termo. São os itens que o cliente normalmente expressa com algum detalhe; - Qualidade mandatória que trata da característica do produto que, quando bem incorporada, 2 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. constitui uma presença óbvia, não implicando aumento da satisfação; entretanto, quando incorporada de forma parcial, constitui um fator de grande insatisfação. 2. Objetivos Este trabalho tem como objetivo levantar as necessidades dos alunos do curso de Engenharia de Produção da Universidade Veiga de Almeida – UVA – através do método de gestão conhecido como QFD - Quality Function Deployment. A partir destas necessidades elaborouse os requisitos necessários para que se tenha um curso atualizado, aderente ao mercado, que siga as diretrizes do Ministério da Educação e Cultura e, que contemple a teoria com a prática do Engenheiro de Produção. 3. Material e métodos Este estudo utilizou a abordagem da Pesquisa Qualitativa (BRYMAN, 1989), para compreensão do contexto da situação ao longo do tempo. O Método escolhido foi o de Pesquisa-Ação (THIOLLENT, 1997), uma vez que a equipe do projeto participou das etapas de desenvolvimento da pesquisa. Foram utilizadas também fontes secundárias (PÁDUA, 1997), a saber: a) pesquisa bibliográfica: desenvolvida a partir de obras já publicadas, na forma de livros, artigos científicos e pesquisas na web; b) pesquisa documental: elaborada a partir de materiais que ainda não receberam tratamento analítico, ou que ainda podem ser re-elaborados, como o Projeto Pedagógico e o Planejamento Estratégico para o curso. 4. Resultados obtidos A pesquisa ocorreu em duas etapas com os alunos do curso de Engenharia de Produção, campus Tijuca, da Universidade Veiga de Almeida: a primeira foi realizada com 50 deles, com o objetivo de levantar as principais necessidades, resultando em 11 itens; elaborou-se um segundo questionário à partir destas necessidades identificadas e, distribuiu-se a 28 alunos com o objetivo de avaliar o grau de importância de cada um dos itens, caracterizando a segunda etapa. Alguns resultados do questionário da primeira etapa podem ser observados nas figuras 1 e 2. Foi perguntado aos entrevistados quais itens eles consideravam com maior grau de importância, com a indicação dos itens que poderiam ser melhorados, de forma a contribuir para o curso pesquisado (este resultado pode ser visualizado na figura 1). Também foi questionada as expectativas dos alunos com relação a conclusão do curso de Engenharia de Produção (o resultado pode ser verificado na figura 2). A mesma pesquisa foi distribuída para 20 alunos, de duas universidades concorrentes, também pertencentes ao curso de Engenharia de Produção, visando comparar as necessidades dos alunos das Universidades concorrentes com os da Universidade Veiga de Almeida. De acordo com o princípio de Pareto, 20% dos itens correspondem aos requisitos do projeto que possuem maior importância e por isso devem ser priorizados. A grande aplicabilidade deste princípio à resolução dos problemas de qualidade está em ajudar a identificar o reduzido número de causas que estão muitas vezes por trás da maioria dos problemas que ocorrem. O item que apresentou maior importância foi “Adequação da grade curricular”, e o item que 3 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. apresentou menor significância foi “Quadros brancos/Ar-condicionado”. Na parte superior na matriz da Casa da Qualidade estabeleceram-se as correlações entre os requisitos do projeto, podendo destacar a forte correlação positiva entre “Parcerias / Convênios” e “Palestras com profissionais da área”, pois através de parcerias pode-se trazer o profissional destas empresas agregando valor ao curso de Engenharia de Produção da Universidade. 10% 30% 13% SALA DE AULA LABORATÓRIO AR-CONDICIONADO BANHEIROS 21% ESPAÇO FÍSICO 26% Figura 1 – Resultado de pesquisa realizada na primeira etapa à respeito de itens considerados importantes para o curso de Engenharia de Produção, na Universidade Veiga de Almeida. 11% 25% DIFERENCIAL NO MERCADO DE TRABALHO 6% INCENTIVO NA CONTINUINADE DOS ESTUDOS OUTRAS 3% QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL FORMAÇÃO PARA CONCURSO PÚBLICO 38% 17% NÃO INFORMOU Figura 2 – Resultado de pergunta realizada na primeira etapa em relação às expectativas do aluno ao final do curso de Engenharia de Produção, na Universidade Veiga de Almeida. 4 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. Figura 3 – QFD para o curso de Engenharia de Produção 5 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 5. Conclusões Foram levantadas as necessidades dos alunos do curso de Engenharia de Produção da Universidade Veiga de Almeida e formatados os requisitos necessários para o curso. O método de gestão, conhecido como QFD - Quality Function Deployment, figura 3, demonstrou uma realidade que é vivenciada pelo corpo docente e discente, mas que dependia de um cunho científico que pudesse servir de parâmetro para as ambições do curso em seu Projeto Pedagógico e num aspecto macro com o plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade. Os indicadores (requisitos) encontrados mostram a importância da atualização do currículo, aderente às necessidades do mercado e que atenda as expectativas das empresas para contratação de Engenheiros de Produção. Constata-se ainda, que um curso com as qualidades citadas, aplicabilidade de softwares com a teoria recebida, uma biblioteca atualizada, e a qualificação dos docentes atinge quase 70% das necessidades citadas; em detrimento de salas estruturadas com quadro branco e ar condicionado, que apresentaram o menor quantitativo nas necessidades levantadas. Referências ABREU, F. S. QFD - Desdobramento da função qualidade estruturando a satisfação do cliente. Revista de Administração de Empresas – RAE, São Paulo, v. 37, n. 2, p. 47-55, abr/jun, 1997. BITTENCOURT, Ricardo. Explorar as Possibilidades de Utilização dos resultados do QFD na metodologia de trabalho para a gestão da cadeia de suprimentos: o impacto na gestão dos estoques, 2006. Disponível em: <http://virtualbib.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/5839/107829.pdf?sequence=1pdf>. Acesso em: 10 set. 2010. BRYMAN, Alan. Research methods and organization studies. London: Unwin Hyman, London, 1989. CHENG, L. C.; SCAPIN, C. A.; OLIVEIRA, C. A.; KRAFETUSKI, E.; DRUMOND, F. B.; BOAN, F. S.; PRATES, L. R.; VILELA, R. M. Planejamento da Qualidade. Belo Horizonte: UFMG, Escola de Engenharia, Fundação Cristiano Ottoni: Littera Maciel Ltda., 1995. MATSUDA, Laura Misue; EVORA, Yolanda Dora Martinez; BOAN, Flávio Souto. O método desdobramento da função qualidade - QFD - no planejamento do serviço de enfermagem. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 5, Out. 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-1692000000500015&lng=es&nrm=iso>. Acesso em: 13 jun. 2010. PÁDUA, E. M. M. Metodologia da Pesquisa: Abordagem Teórico-prática. Campinas: Papirus, 1997. THIOLLENT, M. Pesquisa-ação nas Organizações. São Paulo: Atlas, 1997. 6