Artigo de Revisão Tratamento da osteonecrose dos maxilares associada aos bifosfonatos: revisão da literatura Treatment of bisphosphonate related osteonecrosis of the jaw: literature review Resumo A osteonecrose dos maxilares associada aos bifosfonatos (OAB) é uma condição que afeta pacientes que receberam tratamento com estes medicamentos. Sendo principalmente utilizados no tratamento de neoplasias malignas ósseas, doença de Paget e mais comumente nos casos de osteoporose pósmenopausa. O mecanismo pelo qual os bifosfonatos promovem tal fenômeno ainda é desconhecido. O tipo de bifosfonato, a via de administração, bem como a duração do tratamento com essas drogas parece ter relação direta com a incidência de OAB. O objetivo deste trabalho foi revisar alguns aspectos importantes desta condição reforçando sua abordagem terapeutica. Descritores: Osteonecrose; Protocolos Clínicos; Doença. Introdução A osteonecrose é uma condição normalmente associada à pacientes com câncer, principalmente aos que recebem quimioterapia, radioterapia, tratamento com corticóides e bifosfonatos1,2. Os bifosfonatos são classificados em dois grupos: os não nitrogenados (etidronato, clodronato e tiludronato) e os nitrogenados (ibandronato, neridronato, olpadronato, pamidronato, risedronato, alendronato e zoledronato). Estes representam a terapia padrão para o controle da hipercalcemia em pacientes com lesões metastáticas associadas a mieloma múltiplo, tumores sólidos incluindo câncer de mama, próstata e pulmão . E também são utilizados na doença de Paget, osteogênese imperfeita e osteoporose3. Estes medicamentos agem como potentes inibidores da atividade osteoclástica, sendo análogos sintéticos do pirofosfato inorgânico com baixa absorção intestinal, tendo sua excreção através dos rins sem al- Carlos Fernando de Almeida Barros Mourão 1 Antônio Pedro Moura 2 José Eduardo Ferreira Manso 3 Abstract Bisphosphonate related osteonecrosis of the jaw (BRONJ) is a condition that affects patients who received treatment with this type of medication. It is mainly used to treat malignant bone neoplasms, Paget’s disease and post-menopause osteoporosis. The mechanism by which bisphosphonates promote such damage is still unknown. The type of bisphosphonate, route of administration and also therapy duration seems to have close relation to the development of BRONJ. The main purpose of this article was to review some important aspects of this condition and its therapeutic approach. Key words: Osteonecrosis; Clinical Protocols; Disease terações metabólicas e com alta afinidade por cristais de hidroxiapatita4. Definição Esta lesão é definida como a presença de osso necrótico exposto na região maxilofacial que não cicatriza no período de oito semanas após a sua identificação clínica, num paciente com história prévia de tratamento utilizando bifosfonatos nitrogenados e nunca realizou radioterapia nos maxilares5. Patogênese Em relação a patogênese da osteonecrose associada aos bifosfonatos (OAB), algumas hipóteses ainda são discutidas, porém as mais aceitas são: a ação direta nos osteclastos levar a uma significante diminuição na remodelação óssea6; e inibir o fator de crescimento endotelial vascular7. 1)Mestre em Ciências Cirúrgicas - UFRJ.Pesquisador junto ao centro de Cirurgia Experimental da Faculdade de Medicina da UFRJ; Professor do curso especialização em Implantodontia da Universidade Veiga de Almeida. 2)Especialista em Periodontia. Professor do curso de especialização em Implantodontia da Universidade Veiga de Almeida. 3)Doutor em Cirurgia Geral - UFRJ.Professor Associado do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Instituição: Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro / RJ – Brasil. Correspondência: Carlos Fernando de Almeida Barros Mourão - Avenida Pau-Brasil, 540 / Bloco J - Ilha do Fundão - - Rio de Janeiro / RJ - Brasil – CEP: 21944-970 - Telefone: (+55 21) 2562-6549. Artigo recebido em 30/07/2012; aceito para publicação em 04/11/2012; publicado online em 30/06/2013. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há. Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.42, nº 2, p. 113-117, abril / maio / junho 2013 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 113 Tratamento da osteonecrose dos maxilares associada aos bifosfonatos: revisão da literatura. Dose X Tempo Alguns estudos mostraram que a OAB parece estar mais relacionada à utilização dos bifosfonatos intravenosos, com utilização mensal, por um periodo maior que três anos. Porém o grande número de pacientes em tratamento de osteoporose, que usam os bifosfonatos orais por um longo período, podem apresentar o desenvolvimento desta lesão , já que o tempo de uso é um dos fatores de risco5,8,9. Em estudo observando pacientes com mieloma múltiplo tratados com acido zoledrônico tiveram 9,5 mais chances de desenvolver osteonecrose do que pacientes tratados com pamidronato somente. Esses dados sugerem que o desenvolvimento da osteonecrose não depende somente da dose cumulativa mas também da potência do bifosfonato e o grau de inibição da remodelação óssea10. Mourão et al. Tabela 1. Estágio clínico da OAB. Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Osso necrótico exposto assintomático Osso necrótico exposto associado à dor e infecção Osso necrótico exposto associado à dor, infecção, fratura patológica, fístula extraoral ou osteólise entendendo ao bordo inferior to com tecido de granulação, um misto de infiltrado inflamatório e colonização fúngica/bacteriana. Ao exame de cultura, muitos foram positivos para algumas espécies fúngicas além de Actynomyces sp. e Streptococcus intermedius17,16. Tratamento Os achados histológicos mostram osso trabecular necrótico com áreas de tecido vascular ao redor, cober- Ruggiero et al.14, após revisarem 63 prontuários entre fevereiro de 2001 e junho de 2003, avaliaram os resultados obtidos após 45 sequestrectomias, 4 resecções mandibulares parciais, 6 resecções mandibulares segmentares, 5 maxilectomias parciais e 1 maxilectomia total. Dois pacientes receberam 30 sessões de uma hora de terapia com oxigênio hiperbárico antes de serem submetidos a resecção do osso necrótico. A suspensão da administração de bifosfonatos não teve maior influência no desenvolvimento deste processo e 5 pacientes desenvolveram novas áreas de exposição óssea. Marx et al.18 acompanharam 97 casos por um ano ou mais e sugeriram que o tratamento deveria ser voltado para eliminação ou controle da dor e prevenção da progressão da área de exposição óssea. Além de remover as projeções ósseas que causariam inflamação de tecido mole e dor. Os autores prescreveram uso prolongado ou permanente de penicilina V-K 500mg 4 vezes ao dia e bochecho com clorexidina 0,12% baseado na freqüente identificação de Actinomyces sp. nos fragmentos de osso removidos de pacientes com esta condição. Em casos refratários ou mais sintomáticos foi adicionado a este regime, 500 mg de Metronidazol 3 vezes ao dia. Dos 97 pacientes tratados, seis morreram devido ao câncer, restando 91 na amostra. Destes, três (3.3%) tiveram que ser hospitalizados devido a celulite e dor que foram controladas com antibióticos por via venosa e irrigação. Nove pacientes (9.9%) apresentaram dor recorrente e necessitaram um ajuste no regime de antibióticos alem de irrigações diárias com peroxido de hidrogênio ou clorexidina. Os 82 pacientes restantes (90.1%) estão sem dor sem a necessidade de irrigações ou mudança na antibioticoterapia . Pires et al.19 relataram 11 casos (79%) onde após tratamento conservador incluindo antibioticoterapia, bochechos com clorexidina 0.12% e irrigação com peróxido de hidrogênio a 10% e solução de iodo 2%, ainda apresentavam áreas com exposição óssea e foram submetidos a debridamento cirúrgico. Sete pacientes (50%) relataram ausência de dor após o procedimento porém 114 e������������������������������������������������ Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.42, nº 2, p. 113-117, abril / maio / junho 2013 Incidência Em 2003, Marx1, foi o primeiro a demonstrar relação entre a terapia com bifosfonatos para câncer e a osteonecrose dos maxilares. Ele descreveu 36 casos, sendo 80,5% em mandíbula, 14% na maxila e 5,5% em ambos os maxilares. Todos os indivíduos afetados utilizaram medicação por via venosa sendo pamidronato ou zolendronato. E em 28 destes pacientes o aparecimento clínico foi precedido por exodontia. Desde então, pesquisas relevantes sobre o assunto, relataram incidência maiores ou iguais a 10%, de necrose óssea associada à bifosfonatos intravenosos11,12. Aspecto Clínico O aspecto clínico da OAB é variado. Pode apresentar exposição do osso necrótico com dor associada, inflamação nos tecidos adjacentes e supuração10. Ruggiero et al.13 propuseram uma classificação para os estágios apresentados pelos pacientes com estas lesões (Tabela 1). Aspecto Radiográfico O aspecto radiográfico da OAB pode ser definido como: esclerose óssea difusa, presença de seqüestro, reação periosteal e fístula oro-antral assim como manchas radiolúcidas difusas. Radiografias panorâmicas podem detectar lesões osteolíticas com envolvimento de cortical óssea14. Ao exame tomográfico observa-se uma imagem mais detalhada podendo ajudar no diagnóstico diferencial entre osteonecrose dos maxilares e doença óssea metastática. Pode haver reabsorção do trabecular ósseo com alteração da sua estrutura, isto irá depender muito do tamanho e intensidade do processo de OAB15. Histopatológico Tratamento da osteonecrose dos maxilares associada aos bifosfonatos: revisão da literatura. apenas 3 pacientes tiveram resolução completa da área de osso necrótico exposto. Ruggiero et al.13 sugeriram modalidades terapêuticas baseadas nos diferentes estágios de evolução da doença: pacientes que apresentam ostenecrose ainda no primeiro estágio podem beneficiar-se do uso de bochechos antimicrobianos de clorexidina a 0.12%, segundo a experiência dos autores. O estágio 2 representa a maioria dos casos (67%) e dentro desse grupo, 75% dos pacientes foram estabilizados com o uso de clorexidina além de terapia antibiótica determinada pela cultura de osso necrótico e exsudato. Casos refratários podem requerer longas administrações ou uma seção de antibioticoterapia venosa. O tratamento do estagio 3 é geralmente desafiador e o cirurgião acaba tendo que optar por um manejo mais agressivo como ressecção da mandíbula ou maxila. Doze dos 15 pacientes tratados assim estavam atualmente estáveis sem dor ou infecção. A interrupção do tratamento com bifosfonatos endovenosos não teve impacto na progressão ou tratamento deste processo. Diego et al.20 interromperam a medicação oncológica de 10 pacientes que não responderam ao tratamento conservador da OAB e removeram as áreas de sequestro ósseo tentando obter fechamento primário dos tecidos moles. Dois pacientes foram submetidos a maxilectomia parcial devido a persistência da doença após a sequestrectomia e finalmente uma paciente que teve seu tratamento interrompido devido ao prognóstico médico não favorável que sofreu ressecção da sínfise mandibular e reconstrução com placa. Ela ainda estava viva, sem sintomas porém com a placa exposta. Lau e Adachi16 relataram o caso de uma mulher de 56 anos que apresentou recorrência da OAB após debridamento cirúrgico. O Zolendronato foi suspenso sem melhoras após 10 meses quando foi prescrita administração de teriparatide. Após o fim da terapia, que durou 18 meses, ela apresentou cicatrização de todas as áreas e remissão da dor. Williamson21 em estudo prospectivo realizado com 40 pacientes que faziam uso de bifosfonatos orais que não responderam ao tratamento conservador, obteve 100% de sucesso após debridamento cirúrgico e fechamento primário. Sendo que todos os pacientes operados receberam no pré-operatório 1g de amoxicilina e continuaram o uso da medicação na dose de 500mg por duas semanas (Os pacientes alérgicos receberam 600mg no pré-operatório e 450mg no pós operatório). Cheung e Seeman22 relataram o caso de um paciente do sexo feminino, 88 anos que apresentava um histórico de 12 meses de dor, exsudato e retardo na cicatrização de um alvéolo que fora submetido a extração dentária mesmo após debridamento e antibioticoterapia. A paciente fazia uso de alendronato (70mg por semana) por 10 anos. O tratamento realizado foi aplicação de teriparatide (hormônio paratireóide recombinante 1-34) subcutâneo a uma dose de 20µg por dia. Em 8 semanas a paciente encontrava-se livre de sintomas. Teriparatide pode estimular remodelação óssea promovendo a cica- Mourão et al. trização e remoção de osso afetado. Porém o teriparatide é contra-indicado para pacientes com osteosarcoma ou metástases ósseas, grupo em que OAB é mais observado. Scoletta et al. 23 em estudo prospectivo, avaliaram os resultados obtidos após terapia da OAB. Foram incluídos no estudo 37 pacientes, 24 recebiam zolendronato (64.9%), nove recebiam zolendronato e pamidronato (24.3%) enquanto 4 faziam uso de alendronato (10.8%). Treze pacientes (35.1%) foram submetidos a cirurgia após antibioticoterapia inicial enquanto 24 pacientes (64.9%) receberam apenas antibioticoterapia. Ao fim do período de acompanhamento, 29 pacientes (78,4%) apresentavam resolução dos sintomas. Pautke et al.17 relataram um caso de OAB após exodontia, o paciente apresentava história de adenocarcinoma prostático com metástase óssea e fazia uso do ácido zoledrônico há 40 meses. Após o tratamento inicial com debridamento cirúrgico com auxílio da fluorescência, a mandíbula ficou com o corpo muito delgado, necessitando de uma reconstrução, onde foi utilizado o enxerto de ilíaco vascularizado. Entretanto a lesão continuou progredindo, causando uma pseudoartrose entre o enxerto e o osso. O caso foi solucionado após novo procedimento com remoção do tecido fibroso ao redor do enxerto, que se apresentava vital ,e fixação com placa de reconstrução. Faloni et al.24 relataram um caso onde o paciente utilizou o alendronato sódico para tratamento da osteoporose por cinco anos. Após a exodontia dos elementos 37 e 38 progrediu com uma lesão local por dois anos até o diagnóstico. Neste paciente foi realizado o debridamento cirúrgico da lesão, seguido da cultura bacteriana, que revelou uma proliferação de Staphylococcus epidermidis. Este foi tratado com levofloxacina por 14 dias, progredindo com remissão dos sintomas. Kwon et al.25 após a avaliação de seis pacientes diagnosticados com OAB a terapia com os bifosfonatos foi suspensa, sendo introduzido o teriparatide, 20µg por dia, o tempo da utilização da medicação variou entre um e três meses. Apenas em um caso houve remissão completa da lesão espontaneamente, todos os outros necessitaram de cirurgia e antibioticoterapia para resolução do quadro. Freiberger et al.26 em seu estudo, recomendaram o uso da terapia com câmara hiperbárica em casos mais extensos com infecções profundas e graves dos tecidos moles, ou em casos com osteomielite refratária. Nos casos mais brandos apenas o debridamento cirúrgico acompanhado da antibioticoterapia adequada. Bittner et al.27 relatou um caso onde o paciente apresentava a lesão na região esquerda da mandíbula, foi tratado previamente com antibióticos (gel de clorexidina tópico e clindamicina 600mg três vezes ao dia) sem resposta satisfatória, evoluindo com dor crônica na região, fístula intraoral e cervical. Sendo assim, foi sugerido a ressecção parcial, com a lateralização do nervo alveolar inferior e enxerto ósseo da escápula. No pós-operatório Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.42, nº 2, p. 113-117, abril / maio / junho 2013 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 115 Tratamento da osteonecrose dos maxilares associada aos bifosfonatos: revisão da literatura. o paciente evoluiu bem, com redução da dor e integridade da mucosa oral. Mozzati et al.28 em pesquisa realizada com 32 pacientes, utilizaram no transcirúrgico, após o debridamento do tecido ósseo necrosado, a aplicação do plasma rico em plaquetas. Por este apresentar grande concentração de fatores de crescimento, entre eles o fator de crescimento endotelial vascular e o fator de crescimento derivado plaquetario, haveria a possibilidade deste devolver a atividade angiogênica ao tecido afetado. Após a operação, todos os pacientes apresentaram resolução definitiva da doença. Cicciù et al.29 utilizaram em seus casos de OAB, terapia antibiótica e cirúrgica. Sendo adicionada a proteína morfogenética óssea recombinante humana tipo-2 (RhBMP-2) imediatamente após a remoção do tecido ósseo necrosado. Todos os pacientes responderam bem ao tratamento, sem intercorrências no pós operatório, exposição do tecido ósseo ou do biomaterial. Nas analises após três e quarto meses, todos apresentavam evidência radiográfica de formação óssea. Vescovi et al.30 após revisar 567 casos, chegaram a conclusão que OAB não induzida por cirurgia assim como lesões precoces respondem melhor ao tratamento seja este cirúrgico ou não. Mourão et al. 1. Curi MM, Cossolin GS, Koga DH, Zardetto C, Christianini S, Feher O, Cardoso CL, dos Santos MO. Bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaws: an initial case series report of treatment combining partial bone resection and autologous platelet-rich plasma. J Oral Maxillofac Surg 2011; 69(9):2465-72. 2. Marx RE. 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Em casos onde o paciente apresenta exposição do tecido ósseo associado a dor, é necessária parcimônia do cirurgião quanto a necessidade do debridamento cirúrgico e fechamento primário da ferida. E nos que não apresentam dor, o mais indicado é instrução de higiene local e o acompanhamento periódico. Logo, seja qual for o caso, a melhora na qualidade de vida do paciente deve ser a prioridade. Referências Tratamento da osteonecrose dos maxilares associada aos bifosfonatos: revisão da literatura. 25. Kwon YD, Lee DW, Choi BJ, Lee JW, Kim DY. Short-term teriparatide therapy as an adjunctive modality for bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaws. Osteoporos Int. 2012 Jan 5. 26. Freiberger JJ, Padilla-Burgos R, McGraw T, Suliman HB, Kraft KH, Stolp BW, Moon RE, Piantadosi CA. What is the role of hyperbaric oxygen in the management of bisphosphonate-related osteonecrosis of the jaw: a randomized controlled trial of hyperbaric oxygen as an adjunct to surgery and antibiotics. 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