MEMÓRIA DE TRABALHO
Juliana Moraes Almeida Silva
A memória de trabalho, também chamada de memória operacional ou memória de
curto prazo, é a interface entre a percepção da realidade pelos sentidos e a formação ou
evocação de memórias.
A memória de trabalho tem baixa capacidade de retenção da informação - alguns
segundos ou no máximo poucos minutos, ela é responsável por gerenciar nossa realidade, ela
quem determina se a informação é útil para o organismo, se deve ser armazenada, se existem
outras informações semelhantes em nossos arquivos de memória e, por último, se esta
informação deve ser descartada quando já existe ou se não possui utilidade.
No exemplo do número telefônico, como já conhecemos a linguagem numérica e
presumimos que aquela informação não precisa ser memorizada, os mecanismos para
formação de arquivos de memória não são ativados e a informação é "esquecida". Então, se
não conseguimos completar a ligação, muito provavelmente teremos que procurar o número
novamente, já que ele já foi esquecido. Na verdade nem chegou a formar arquivos de memória.
Dentro da memória de trabalho existe um efeito que se chama rescência, é ele que
nos possibilita resgatar sempre as ultimas palavras de uma lista de 15 itens e o efeito primazia,
que nos permite lembrar as primeiras palavras da lista, esses efeitos nos garante por exemplo,
guardar o início do dígito do telefone, guardar o número de uma placa e quando ativados
auxiliam na compreensão de uma leitura, fazendo com que o que lemos no inicio da frase
tenha sentido no final da mesma, entre outros.
Os sistemas de curto e longo prazo de memória estão ligados, transferindo
informações continuamente de um para outro. Quando necessário, o conteúdo da memória de
longo prazo é transferido para o armazenamento da memória de curto prazo. O sistema de
curto prazo ou memória de trabalho recupera as memórias, tanto de curto quanto de longo
prazo.
Embora possamos armazenar tantas experiências quanto possível, podemos dizer
que tão importante quanto o armazenamento de informações é o seu esquecimento. O
fenômeno do esquecimento é fisiológico e desempenha um papel adaptativo. Imagine só se
fôssemos capazes de "guardar" tudo aquilo que vivenciamos com uma riqueza de detalhes,
seria praticamente impossível, pois levaríamos boa parte do nosso tempo recordando cada
detalhe vivenciado.
Em sala de aula ou em terapia de grupo existem formas de se trabalhar essa
memória, algumas delas podem ser observadas abaixo:
Ditados de palavras ou números:
O professor pede que os alunos
primeiramente escutem uma sequencia de pelo menos cinco palavras ou cinco números e em
seguida pede que os alunos lembrem as palavras ou números na sequência e escrevam, para
finalizar a atividade cada aluno vai falar a sua lista e o professor vai verificar se estes
conseguiram ativar a memória de trabalho, quanto mais for aplicado esse exercício mais
ativada vai ficar essa função cognitiva.
Telefone sem fio:
Fazer uma fila e pedir que o primeiro fale uma palavra com
o tom baixo de voz no ouvido do seguinte da fila e assim sucessivamente, quando chegar no
ultimo da fila pedir que este fale em voz alta a palavra que foi falada.
Salada de Frutas:
Sentar em roda com o grupo e pedir que cada um fale o
nome de uma fruta, a qual não pode ser repetida, se o grupo for grande é importante que
sempre seja retomado o nome de fruta que cada aluno escolheu, quando todos falaram a sua
fruta, o coordenador da dinâmica vai fazer uma salada de fruta, dando o seguinte comando:
Vou fazer uma salada de frutas de laranja, maça e abacaxi, imediatamente todos que
escolheram essas fruta trocam de lugar.
Fui pra lua...:
em roda o coordenador vai iniciar a brincadeira, vai dizer assim:
Eu vou pra lua e vou levar um apontador, em seguida a pessoa que estiver al lado vai dar
continuidade dizendo assim: eu vou pra lua é vou levar um apontador e um relógio, e assim
sucessivamente, cada pessoa que falar tem que falar os objetos que foram levados e levar um
novo.
Fonte: Grieve, J., Neuropsicologia em Terapia Ocupacional, Ed. Santos, 2006