COLETIVA E REPOSTAS AOS JORNALISTAS
Após a cerimônia de posse e encerramento da 53ª AG da CNBB, o presidente e o secretário
geral da Conferência atenderam a imprensa em entrevista coletiva. Na ocasião, foram
divulgadas notas e mensagens aprovadas durante a reunião. As mensagens foram dirigidas às
pessoas da Vida Consagrada, por ocasião do Ano da Vida Consagrada; aos cristãos
perseguidos e ao povo armênio, por ocasião do centenário do genocídio que ceifou a vida de
1,5 milhão de cristãos, canonizados simbolicamente pelo líder da Igreja Armênia.
A nota divulgada trata do momento nacional. Uma reflexão que partiu da análise apreensiva do
episcopado diante da realidade brasileira “marcada pela profunda e prolongada crise que
ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem
democrática do País”.
“Desta avaliação nasce nossa palavra de pastores convictos de que ‘ninguém pode exigir de
nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência
na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil,
sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos’”, afirmaram
citando a Exortação Apostólica do papa Francisco, Evangelii Gaudium.
Respostas aos jornalistas
Após a leituras das notas, os jornalistas puderam fazer perguntas ao presidente e secretário
geral da CNBB. Confira trechos de algumas respostas:
• Acusações de atitudes favoráveis ao partido do governo
Dom
Sérgio
da
Rocha
“Nós deixamos muito claro que a CNBB, na sua história e no momento presente tem sempre se
pautado por aquilo que é a Doutrina Social da Igreja. Nós temos sim o dever de nos pronunciar
sobre as questões sociais e fazemos isso sempre na fidelidade a Cristo, iluminados pela
palavra dele”
“A palavra da Igreja é profética, é de anúncio é de denúncia, sempre fundamentada na palavra
de Deus. É a palavra de Deus que está sendo proclamada nas condições concretas do nosso
tempo, do nosso país. De nossa parte, nós não temos adotado e não queremos adotar
nenhuma posição que seja político-partidária. E no caso da Reforma Política, até mesmo
existem outros projetos diversos daquele que a Coalizão, da qual a CNBB participa, está
propondo. Então não é justo, às vezes as pessoas não estão muito atentas aos detalhes, às
vezes vão misturando as coisas. Por exemplo, o fato da Igreja falar da reforma política, mostrar
a importância da palavra política não quer dizer que esteja adotando uma posição que seja do
governo que aí está ou então de um partido ou outro. Nós fazemos isso [falar da reforma
política], com sentimento de corresponsabilidade e de reponsabilidade na vida social.
“Eu deixo muito claro que se há equívocos, a gente respeita, até mesmo pessoas que possam
ter uma postura mais crítica, mas, de nossa parte, aquilo que tem sido e que continuará a ser é
uma postura de autonomia, de independência diante daquilo que é posição político-partidária.
Lamentavelmente, às vezes, acaba-se confundindo as coisas dependendo daquilo que se fala”.
• Continuidade de posicionamentos sobre questões sociais e políticas com a nova
presidência
Dom Sérgio da Rocha
“A eleição de uma nova presidência não significa uma mudança radical nos rumos da
Conferência Episcopal. A presidência não age sozinha. Nós estamos, em primeiro lugar,
procurando dar sequência àquilo que tem sido o papel da CNBB na Igreja no Brasil nesses
anos todos”.
“Essa postura profética que sempre acompanhou a vida da Igreja, a vida da CNBB, vai
continuar”.
Na elaboração de notas e nos Conselhos Episcopais “não se reflete aquilo que é o sentir da
presidência, mas do episcopado”.
“Não podemos renunciar a esse aspecto que é próprio da missão da Igreja e da CNBB na
Igreja no Brasil, que é o profetismo, uma postura de anúncio da Palavra de Deus nas
condições concretas do mundo de hoje, principalmente denunciando aquilo que vai contra a
palavra de Deus, contra o Reino de Deus, independente da matéria que esteja em pauta”.
• Vistas ao papa e à presidência da República
Dom Leonardo Steiner
Dom Leonardo explicou que a presidência da CNBB apresenta a cada ano o resultado das
Assembleias Gerais. Um momento de diálogo e para “ouvir as orientações”. Ele ressaltou sua
experiência com o “jeito afável e próximo” de Bento XVI e a “expansividade” do papa Francisco,
o qual tem sempre a curiosidade de saber como está o trabalho da Conferência.
“É praxe da nova presidência fazer uma visita ao presidente, no nosso caso, a presidente, até
no período da ditadura. A CNBB coloca suas preocupações. Também estabelece contato com
o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e com o procurador geral da República”.
“Às vezes a gente sente que alguns pensam que a visita no caso da presidente que é uma
visita para reforçar o Partido dos Trabalhadores (PT). Não! É uma visita de relação de
entidades. Nós não visitamos, portanto, partidos. Nós sempre vamos com pontos para discutir,
para propor. E sempre com uma preocupação muito importante. Não para a igreja se impor,
mas a questão realmente dos pobres”.
Nos ministérios, é comum dom Leonardo acompanhar integrantes de comunidades
tradicionais, como indígenas e quilombolas, em nome da CNBB para que sejam expostas suas
necessidades às autoridades.
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