DEPARTAMENTO ....: ENGENHARIA CURSO............................: PRODUÇÃO DISCIPLINA.................: ENGENHARIA ECONÔMICA / MATEMÁTICA FINANCEIRA PROFESSORES...........: WILLIAM FRANCINI PERÍODO ......................: NOITE SEMESTRE/ANO: 2º/2008 Aula 7 CONTEÚDO RESUMIDO DA AULA 7. Equivalência de Capitais a Juros Compostos Valor atual de um fluxo de capitais. Taxa Interna de Retorno. Aplicações à análise de alternativas de pagamentos e investimentos. Uso da HP – 12C Fonte: Adaptado de HAZZAN, S. E POMPEO, J.N. Matemática Financeira, 6ª Edição, Ed. Saraiva, São Paulo, 2007; Vieira Sobrinho, J. D., Matemática Financeira, Ed. Atlas, 7ª. Ed.; MILONE, G. Matemática Financeira. Ed. Thomson, São Paulo, 2006. PILÃO, N. e HUMMEL, P. Matemática Financeira e Engenharia Econômica, 2ª Edição, Ed. Thomson, São Paulo, 2006. Introdução O conceito de equivalência permite transformar formas e valores de pagamentos e recebimentos em outros equivalentes e efetuar comparações entre alternativas. Equivalência de dois Capitais Consideremos dois capitais, x e y, separados por n períodos de tempo, o primeiro na data 0 e o segundo na data n. Dizemos que x e y são equivalentes a uma taxa de juros compostos (i) se: x(1 + i)n = y, ou seja, x = y / (1 + i)n Em outras palavras, x é equivalente a y se, ao aplicarmos x até a data n, o montante obtido for igual a y. Exemplo 1 A uma taxa de juros compostos de 2% a.m., $ 1.500.000,00, daqui a três meses, equivalem a quanto hoje? Resposta Sendo x o capital hoje, devemos ter: x (1,02)3 = 1.500.000; x = 1.413.483,50. Valor Atual de Um Conjunto de Capitais Consideremos os capitais A0, A1, A2, ... , An, nas datas 0, 1, 2, ... , n, respectivamente. Denominamos de valor atual, na data 0, desse conjunto, a um taxa de juros i, a soma dos valores equivalentes desses capitais na data 0. Chamando de A o valor atual, teremos: A = A0 + A1 / (1 + i)1 + A2 / (1 + i)2 + A3 / (1 + i)3 + ... + An / (1 + i)n Ou, usando o símbolo de somatório: n A = ∑ Aj / (1 + i)j j=0 A equivalência, analogamente, também se aplica a juros simples. Equivalência nas capitalizações simples e composta Capitalização Montante Simples M = 1 + in (MILONE, p. 135) Valor Atual A = 1 / 1 + in n A = 1 / (1 + i)n = (1 + i) - n M = (1 + i) Composta Nas expressões acima, os fatores recebem as seguintes denominações: (1 + in) e (1 + i)n : fator de capitalização 1 / 1 + in e 1 / (1 + i)n = (1 + i) - n : fator de descapitalização ou fator de valor atual A equivalência de capitais a juros compostos goza da propriedade transitiva: se A1 e A2 são equivalentes a A3, então eles são equivalentes entre si. Exemplo 2 No regime de capitalização simples e à taxa de 5% a.m., os capitais indicados no fluxo de caixa a seguir são equivalentes entre si na data focal f = 6? 9.230.77 0 10.434,78 11.428,57 3 5 E 6 13.200,00 8 15.000,00 11 Se os capitais são equivalentes, então em f = 6 eles têm o mesmo valor. Vamos verificar: 9.230,77 x (1 + 0,05 x 6) = 10.434,78 x (1 + 0,05 x 3) = 11.428,57 x (1 + 0,05 x 1) = 13.200 / 1 + 0,05 x 2 = 15.000 / 1 + 0,05 x 5 = 12.000,00 Exemplo 3 Quanto deveria ser aplicado a juros compostos e à taxa de 3% a.m. sete meses atrás para ter hoje $ 5.000,00? A = 1 / (1 + i)n = 1 / (1 + 0,03)7 = 1 / (1,229874) Logo, 5.000 / 1,229874 = 4.065,46 ou A = 5.000 (1 + 0,03) – 7 = 5.000 (0,813092) = 4.065,46 Exemplo 4 Uma empresa prevê o pagamento de $ 2.000,00 daqui a um mês, $3.000,00 daqui a dois meses e $ 5.000,00 daqui a três meses. Quanto deverá aplicar hoje, a juros compostos à taxa de 1,5% a.m., para fazer frente a essas despesas, sobrando saldo nulo após o último pagamento? Resposta 2.000 3.000 5.000 2 0 1 2 3 O valor que deverá ser aplicado hoje é, por definição, o valor atual desse conjunto. A = 2.000 / (1,015) + 3.000 / (1,015)2 + 5.000 / (1,015)3 = 9.664,01 Na HP 12c, é possível resolver usando-se as teclas de fluxo de caixa (cash flow) CF0 e CFj (grafadas em azul), devendo o fluxo de caixa inicial da data 0 ser gravado em CF0 e os demais fluxos das datas 1, 2, 3, 4... em CFj. A taxa é na própria tecla i, e o valor atual do conjunto é calculado na tecla NPV - Net Present Value, que corresponde a Valor Presente Líquido, ou VPL (grafada em amarelo). Destaque-se que quando um mesmo valor repete-se sucessivamente, é possível armazenar o fluxo na tecla CFj e, em seguida, o número de vezes que esse fluxo apareceu, na tecla Nj, também grafada em azul. Exemplo 5 Uma loja vende um conjunto de sofás por $ 500,00 de entrada, mais três prestações mensais de $ 800,00 cada uma. Se um comprador consegue aplicar seu dinheiro à taxa de 1,2% a.m., quanto deverá dispor hoje para poder efetuar a compra? Resposta A = 500 + 800 / (1,012) + 800 / (1,012)2 + 800 / (1,012)3 = 2.843,53 Obs.: resolva com a HP 12c ou outra calculadora financeira. Conjunto de Capitais Equivalentes Dizemos que dois diferentes conjuntos de capitais, cujos fluxos podem ocorrer em diferentes datas e em diferentes números de períodos, quando os valores atuais de ambos forem iguais. Assim, denominando de A1 e A2 os valores atuais desses dois conjuntos, devemos ter A1 = A2. Exemplo 6 Uma loja vende uma geladeira nas seguintes condições: entrada de $1.000,00 mais uma parcela de $ 1.200,00, após um mês. Um cliente propõe pagar uma entrada de $ 600,00 mais duas prestações mensais e iguais, vencendo a primeira um mês após a compra. Se a loja financia a uma taxa de juros de 3% a.m., qual o valor de cada parcela, de modo que as duas formas de pagamento sejam equivalentes? A1 = 1.000 + 1200 / 1,03 A2 = 600 + A / (1,03)1 + A / (1,03)2 Como A1 = A2, teremos: 1.000 + 1200 / 1,03 = 600 + A / (1,03)1 + A / (1,03)2 400 + 1165,05 = A / (1,03)1 + A / (1,03)2 3 1565,05 = (A x 1 / 1,03) + (A x 1 / (1,03)2) 1565,05 = 0,970874A + 0,94259A 1,913470A = 1565,05 A = 817,91 Ou seja, o valor de cada prestação deverá ser de $ 817,91. Exemplo 7 (Hazzan e Pompeo, p. 110) Calcular o valor atual dos seguintes conjuntos de capitais Exercícios (Hazzan e Pompeo, p. 111-113) 1) Uma nota promissória, cujo valor nominal é de $ 5.000,00, vence daqui a um mês. O devedor propõe a troca por outra nota promissória, a vencer daqui a três meses. Qual deve ser o valor nominal da nova nota promissória para que os capitais sejam equivalentes, à taxa de juros compostos de 2% a.m.? 2) Uma pessoa tem uma dívida de $ 60.000,00 que vence daqui a dois meses e outra de $ 80.000,00 daqui a três meses. Quanto deverá aplicar hoje, à taxa de juros compostos de 2% a.m., para fazer frente a essas dívidas, restando ao final um saldo igual a zero? 3) Resolva o problema anterior considerando as taxas: a) 2,2% b) 1,8% 4) Uma empresa prevê pagamentos mensais de $ 250.000,00 daqui a um, dois e três meses. Quanto deverá aplicar hoje, no mínimo, à taxa de juros compostos de 1,6% a.m., para fazer frente a esses pagamentos? 5) Um aparelho de TV é vendido à vista por $ 5.500,00, ou por 20% de entrada mais duas parcelas mensais e iguais. Sabendo-se que a taxa de juros compostos é de 3 % a.m., qual o valor de cada parcela para que as duas formas de pagamento sejam equivalentes? 6) Resolva o problema anterior supondo que haja três pagamentos mensais, excluindo a entrada. 7) Um terno é vendido em uma loja por $ 1.000,00 de entrada mais uma parcela de $ 500,00, após um mês. Um comprador propõe dar $ 250,00 de entrada. Nessas condições , qual o valor da parcela mensal para que as duas formas de pagamento sejam equivalentes, sabendo-se que a loja opera a uma taxa de juros compostos de 4% a.m.? 8) Um equipamento é vendido à vista por $ 3.000,00, podendo também ser financiado da seguinte forma: • entrada: 30% • duas parcelas mensais, sendo a segunda igual ao dobro da primeira e vencendo a primeira dois meses após a compra. Se a loja opera a uma taxa de juros compostos de 4% a.m., qual o valor de cada prestação? 9) Um conjunto de sofás é vendido à vista por $ 4.500,00, ou, a prazo, em três prestações mensais sem entrada, sendo a segunda igual ao dobro da primeira e a terceira o triplo da primeira. Obtenha o valor da segunda prestação, sabendo-se que a loja opera a uma taxa de juros compostos de 5% a.m. 4 Análise de Alternativas de Pagamento pelo Valor Atual Quando nos defrontamos com diferentes alternativas para o pagamento de um bem ou serviço, devemos trazer os valores monetários em valores atuais, ou seja, para uma mesma base de cálculo. Isto pode ser feito utilizando a taxa de juros compostos à qual podemos aplicar o dinheiro. Após calcular o valor atual de cada alternativa, a que produzir o menor valor atual (menor custo) é a melhor opção. Exemplo 8 Uma casa é vendida à vista por $ 318.000,00, ou, a prazo, por $ 90.000,00 de entrada mais três prestações mensais iguais de $ 80.000,00 cada uma, vencendo a primeira um mês após a entrada. Qual a melhor alternativa de pagamento para um comprador que consegue aplicar seu dinheiro à taxa de juros de 3% a.m.? A1 = 318.000 A2 = 90.000 + 80.000 / (1,03) + 80.000 / (1,03)2 + 80.000 / (1,03)3 = 316.288,91 Como A2 < A1, a melhor alternativa é o pagamento a prazo. Obs.: resolva a questão na financeira. Exemplo 9 (Hazzan e Pompeo, p. 116) Uma empresa pode utilizar um de dois tipos de equipamentos para realizar certa operação. O tipo A custa $ 30.000,00, tem vida útil de três anos (com valor nulo após a via útil) e custo anual de manutenção de $ 5.000,00, ao final de cada ano. O tipo B custa $ 50.000,00, tem vida útil de seis anos (com valor nulo após a via útil) e custo anual de manutenção de $ 4.500,00, ao final de cada ano. Usando um horizonte de planejamento de seis anos e considerando que, após três anos, seja possível adquirir outro equipamento do tipo A nas mesmas condições já mencionadas, qual dos dois tipos é preferível para empresa, sabendose que ela consegue aplicar seu dinheiro a uma taxa real composta de 6% a.a.? Obs.: suponha que todos os valores estimados estejam em valores reais, ou seja, sem o efeito da inflação. Resposta Expressando o tempo em anos temos os seguintes custos para cada equipamento: Ano 0 1 2 3 4 5 6 Equipamento A 30.000 5.000 5.000 5.000 + 30.000 = 35.000 5.000 5.000 5.000 Equipamento B 50.000 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 4.500 O valor atual dos custos do equipamento A vale: AA = 79.775,20 O valor atual dos custos do equipamento B vale: AB = 72.127,96 Como AB < AA, concluímos que o equipamento B é mais vantajoso para a empresa. 5 Exercícios (Hazzan e Pompeo, p. 117) 10) Um terreno encontra-se à venda segundo dois planos de pagamentos: • Plano A: um único pagamento de $ 50.000,00 daqui a 12 meses. • Plano B: uma entrada de $ 10.000,00 mais uma parcela de $ 33.000,00 daqui a seis meses. Qual o melhor plano para o comprador, sabendo-se que a taxa de juros compostos que o comprador consegue aplicar seu dinheiro é de 3% a.m.? 11) No exercício anterior, se a taxa de juros fosse de 2% a.m. e a entrada do plano B fosse de $ 5.000,00, qual deveria ser o valor de uma terceira parcela com vencimento a 12 meses, de tal maneira que os planos fossem equivalentes? 12) Uma loja oferece um microcomputador com duas alternativas para o pagamento: • • Alternativa 1: $ 1.000,00 de entrada mais duas parcelas mensais de $ 3.000,00 cada uma. Alternativa 2: sem entrada, quatro parcelas mensais de $ 1.250,00 cada uma, mais uma quita parcela de $ 2.000,00, cinco meses após a compra. Se a taxa de juros compostos que o comprador consegue aplicar seu dinheiro for de 2% a.m., qual a melhor alternativa para ele? 13) Um aparelho de som é vendido por um preço P em três parcelas mensais iguais, sem acréscimo, sendo a primeira dada como entrada. Se o pagamento for feito à vista, haverá um desconto de 3% sobre P. Qual a melhor alternativa para o comprador, se a taxa de juros para aplicação for de 1,5%? 14) Qual a melhor alternativa para o comprador: pagar $ 1.200,00 daqui a 45 dias ou três parcelas de $ 400.000,00 cada uma, em 30, 45 e 60 dias da compra, se a taxa de juros compostos para aplicação for de 1,4%? 15) Um terreno é colocado à venda por $ 400.000,00 à vista, ou, a prazo, com 20% de entrada mais duas parcelas trimestrais de $ 164.000,00 cada. Se o comprador aplica seus recursos à taxa de 2% a.m., qual sua melhor alternativa? 16) Uma empresa tem a opção de alugar um computador por $ 500,00 por ano, durante cinco anos (com pagamento ao final de cada ano), ou comprar o mesmo computador por $ 2.100,00. Após cinco anos o computador não terá valor algum. Supondo que os dados estejam em valores reais e que a empresa aplique seus recursos à taxa real de 10% a.a., o que é melhor para a empresa, alugar ou comprar? Métodos de Avaliação de Fluxos de Caixa (Vieira Sobrinho, p. 167: 175) Entre os métodos mais conhecidos destacam-se o do valor presente líquido (VPL) e o da taxa interna de retorno (TIR), amplamente utilizados nas análises de aplicações financeiras e de projetos de investimentos. Valor Presente Líquido O VPL é uma técnica de análise de fluxos de caixa que consiste em calcular o valor presente de uma série de pagamentos ou recebimentos iguais ou não a uma taxa conhecida, e deduzir deste o valor do fluxo inicial (valor do empréstimo, do financiamento ou do investimento), ou seja: n VPL = ∑ FCj / (1 + i)j - FC0 = FC1 / (1 + i)1 + FC2 / (1 + i)2 + FC3 / (1 + i)3 + ... + FCn / (1 + i)n - FC0 j=1 6 em que FCj representa os valores dos fluxos de caixa de ordem “j”, sendo j = 1, 2, 3, ... , n; FCo representa o fluxo inicial de e “i” a taxa de juros da operação financeira ou a taxa de retorno do projeto de investimentos. Exemplo 10 Uma empresa transportadora está analisando a conveniência da compra de um caminhão no valor de $ 103 mil. Segundo os técnicos dessa empresa, a utilização desse veículo nos próximos cinco anos deverá gerar receitas líquidas estimadas em $ 30, $ 35, $ 32, $ 28 e $ 20 mil, respectivamente. Sabendo-se que no final 5º período espera-se vender este caminhão por $ 17 mil, verificar qual a decisão da empresa para taxas de retorno, fixadas em 15% e 18% ao ano. 0 30 35 32 28 37 103 Obs.: fluxo no 5º ano: preço de venda + receita do ano = 17 + 20 = 37 a) Solução para Taxa de retorno de 15% ao ano VPL = 30 / (1 + 0,15)1 + 35 / (1 + 0,15)2 + 32 / (1 + 0,15)3 + 28 / (1 + 0,15)4 + 37 / (1 + 0,15)5 - 103,00 VPL = 26,09 + 26,47 + 21,04 + 16,01 + 18, 40 - 103,00 VPL = 108,01 - 103,00 = 5,01 Como o valor presente líquido é positivo, isso significa que a taxa efetiva de retorno é superior à taxa mínima fixada em 15%. Portanto, o investimento deverá ser feito. b) Solução para Taxa de retorno de 18% ao ano VPL = 30 / (1 + 0,18)1 + 35 / (1 + 0,18)2 + 32 / (1 + 0,18)3 + 28 / (1 + 0,18)4 + 37 / (1 + 0,18)5 - 103,00 VPL = 25,42 + 25,14 + 19,48 + 14,44 + 16,17 - 103,00 VPL = 100,65 - 103,00 = - 2,35 Como neste caso o valor presente líquido é negativo, o investimento não deverá ser feito, visto que a taxa efetiva de retorno é menor que 18%, esta a taxa mínima requerida. Taxa Interna de Retorno É a taxa que equaliza o valor presente de um ou mais pagamentos (saídas de caixa) com o valor presente de um ou mais recebimentos (entradas de caixa). Como normalmente temos um fluxo de caixa inicial (no momento “zero”) que representa o valor do investimento, ou do empréstimo ou do financiamento, e diversos fluxos futuros de caixa 7 representando os valores das receitas, ou das prestações, a equação que nos dá a taxa interna de retorno (TIR) pode ser escrita como segue: n FC0 = ∑ FCj / (1 + i)j = FC1 / (1 + i)1 + FC2 / (1 + i)2 + FC3 / (1 + i)3 + ... + FCn / (1 + i)n j=1 e de onde se deduz que: n FC0 - ∑ FCj / (1 + i)j = 0 j=1 Exemplo 11 Determinar a taxa interna de retorno correspondente a um empréstimo de $ 1.000,00 a ser liquidado em três pagamentos mensais de $ 300,00, $ 500,00 e $ 400,00. A solução desse problema implica resolver a seguinte equação: 1.000 = 300,00 / (1 + i)1 + 500,00 / (1 + i)2 + 400,00 / (1 + i)3 onde i é denominado taxa interna de retorno. A solução dessa equação pode ser obtida pelo processo iterativo, isto é, por “tentativa e erro”. Assim, vamos admitir inicialmente uma taxa qualquer que julgamos próxima da taxa procurada. Digamos, 6%. Com base nessa taxa, vamos calcular o valor presente dos três pagamentos. P = 300,00 / (1 + 0,06)1 + 500,00 / (1 + 0,06)2 + 400,00 / (1 + 0,06)3 = 1.063,86. Como o valor presente desses pagamentos é maior que $ 1.000,00, deduz-se logo que a TIR é maior que 6%. Vejamos para 11%, por exemplo: P = 300,00 / (1 + 0,11)1 + 500,00 / (1 + 0,11)2 + 400,00 / (1 + 0,11)3 = 968,56 Portanto a TIR é uma taxa situada entre 6% e 11%. A partir daqui, como temos duas taxas de referência, o mais indicado é utilizarmos o processo de interpolação linear, que consiste em fazer uma regra de três simples, descrita como: (a) a diferença entre os dois fatores tomados como referência está para (é proporcional) a diferença entre suas respectivas taxas, assim como (b) a diferença entre um dos fatores tomado como referência e o fator dado pelo problema está para a diferença entre as suas taxas respectivas. (a) 1.063,86 – 968,56 : (6% - 11%) (b) 1.000,00 – 968,56 : (x - 11%) em que x é a taxa interna de retorno procurada. A partir daí, podemos escrever: (a) 95,30 : ( - 5%) (b) 31,44 : (x - 11%) 8 Então x - 11% = 31,44 x (- 5%) / 95,30 x - 11% = -1,65% x = 11% - 1,65% = 9,35% Vamos verificar o valor presente para essa taxa: P = 300,00 / (1 + 0,0935)1 + 500,00 / (1 + 0,0935)2 + 400,00 / (1 + 0,0935)3 = 998,42 A taxa procurada é um pouco menor que essa. A solução é proceder a nova interpolação, tomando como base a taxa anterior, como segue. (a) 998,42 – 968,56 : (9,35% - 11%) (b) 1.000,00 – 998,42 : (x - 9,35%) x - 9,35% = 1,58 x (- 1,65%) / 29,86 = - 0,09% x = 9,35% - 0,09% = 9,26% P = 300,00 / (1 + 0,0926)1 + 500,00 / (1 + 0,0926)2 + 400,00 / (1 + 0,0926)3 = 1.000,09 Rigorosamente, a taxa ainda não é essa. É pouco superior. Uma nova interpolação entre 9,26% e 9,35%, nos dará 9,265%. E calculando-se o valor presente dos três pagamentos, a essa taxa, obteremos o valor de $ 999,99, com uma diferença de apenas $ 0,01. Portanto, podemos aceitar essa taxa como a taxa interna de retorno do nosso problema. Obs.: além do processo de interpolação linear descrito, também é muito utilizado o método iterativo de Newton-Raphson, que permite uma convergência mais rápida à taxa desejada. Entretanto, esse processo exige a utilização de derivadas. Sobre esse método ver: FARO, Clóvis de. Matemática Financeira, 9ª Ed. São Paulo, Atlas, 1985, Cap. 6. Análise pela TIR e pelo VPL (MILONE, p. 249:250) A análise combinada pela TIR e pelo VPL sugere que um investimento no instante em que é avaliado, deve atender a duas condições básicas: (1) ser taxa de retorno maior que a taxa de mercado e (2) propiciar retorno positivo. Em síntese, não se deve investir em negócios que ofereçam taxas menores que as de mercado, e muito menos naqueles que prometem prejuízo. Exemplo 12 Caetano dispõe de $ 35.000,00: ele está encantado por um empreendimento que promete $ 7.000,00 no primeiro ano, $ 9.000,00 no segundo, $ 11.000,00 no terceiro, $ 13.000,00 no quarto e $ 15.000,00 no quinto; o problema é que também lhe ofereceram um título de valor nominal igual a $ 53.000,00 e vencimento em três anos; e mais, pelo bem, pelo mal, seu dinheiro está aplicado a 15% a.a. Convém a ele migrar para um desses outros investimentos ou é melhor ficar na dele? O fluxo de caixa do empreendimento é 35.000 7.000 9.000 11.000 13.000 15.000 9 Nesse caso, o polinômio que define a TIR é: -35.000,00 + 7.000,00 x (1 + i)-1 + 9.000, 00 .000,00 x (1 + i)-2 + 11.000,00 x (1 + i)-3 + 13.000,00 x (1 + i)-4 + 15.000,00 x (1 + i)-5 = 0 A função pré-programada na HP12c que determina a TIR é assim acionada: coloca-se o primeiro valor do fluxo de caixa e digita-se g FC0 ; entra-se os demais valores e digita-se sucessivamente g FCj ; caso um mesmo dado se repita várias vezes, evita-se sua redigitação mediante a tecla Nj , que indica o número de repetições de dado valor. Completada a entrada de dados, aciona-se f IRR ou f NPV. No caso em pauta nosso TIR (ou IRR) será 15,02% a.a. No caso do título, tem-se simplesmente 53.000,00 = 35.000 x (1+i)3 = (53/35)1/3 = 14,83% Ordenando-se as taxas, tem-se: itítulo = 14,83% a.a < iaplicação = 15%a.a. < iprojeto = 15,02% a.a. Adaptado de PILÃO, N. e HUMMEL, P. Matemática Financeira e Engenharia Econômica, 2ª Edição, Ed. Thomson, São Paulo, 2006. O Triângulo da Equivalência FATORES DO QUE (TENHO QUERO) P P F F P P F F PMT PMT PMT F P M T F PMT 10 Existem situações especiais em que se torna possível a utilização de fórmulas específicas, que possibilitam deslocar de uma única vez séries inteiras de pagamentos e/ou recebimentos, sem que tenhamos de nos valer várias vezes das fórmulas fundamentais. As fórmulas e o triângulo da equivalência. (P F)in P)in (F F = P(1 + i) n P = F / (1 + i) n Fórmula Fundamental de Juros Compostos P)in (PMT P = PMT 1 – [1 / ( 1 + i)n] PMT = F = PMT i 1 – [1 / ( 1 + i)n] i (PMT F) n PMT)in (P F)in [ ( 1 + i)n] – 1 i (F F) n PMT = PMT)in i [ ( 1 + i)n – 1] 11 Aplicações do Método de Valor Atual (VA) ou Valor Presente Líquido PILÃO, N. e HUMMEL, P. Matemática Financeira e Engenharia Econômica, 2ª Edição, Ed. Thomson, São Paulo, 2006, p. 107. Exemplo 13 – Suponha que uma empresa que possua uma Taxa de Expectativa (TMA) de 5% ao mês esteja pensando e abrir uma loja para venda direta de seus produtos aos consumidores, que para esse fim existam duas oportunidades - abrir um loja na rua ou um aloja no shopping e que, para tanto, levantou as variáveis envolvidas com cada uma das opções cujos custos e receitas associados podem ser expressos como seguem: Itens Loja de rua Loja de shopping Investimentos iniciais Tempo de utilização Valor residual e de mercado Receitas mensais Custos mensais $230.000,00 5 anos $50.000,00 $35.000,00 $24.000,00 $270.000,00 5 anos $130.000,00 $50.000,00 $36.000,00 Para o exemplo proposto, temos duas opções: OPÇÃO 1 : ABRIR LOJA DE RUA $ 50.000 $ 35.000 0 1 2 3 i = 5% a.m. $ 24.000 59 58 60 OPÇÃO 2 : ABRIR LOJA DE SHOPPING $ 130.000 $ 50.000 0 1 2 3 i = 5% a.m. $ 36.000 59 58 60 Pelo método do VA - Valor Atual – vamos deslocar todos os valores envolvidos no fluxo de caixa para a data 0 fazendo us da TMA, o que significa, na prática, extrair dos valores que não se encontram na data 0 os juros nele embutidos. PR exemplo, o valor de $ 130.000,00 referente ao Valor Residual (que por enquanto estamos considerando como o valor de venda do bem ao final da vida útil), na data 0, corresponde a 130.000: (S -> P)60 , o que será o 5% equivalente a + $ 6.959,62. Assim sendo, Valor Atual das duas opções existentes para a TMA de 5% será: VA(loja de rua) = - 230.000,00 + 11.000,00 + (PMT P) 60 + 50.000,00 (F 5% P) 60 5% 12 VA(loja de rua) = - 230.000,00 + 208.222,18 + 2.676,78 VA(loja de shopping) = - 270.000,00 + 14.000,00 + (PMT VA(loja de shopping) = - 270.000,00 + 265.010,05 + 6.959,61 - $19.101,04 P) 60 + 130.000,00 (F 5% P) 60 5% + $1.969,67 Os resultados de VAs obtidos de - $19.101,04 para a Loja de Rua e + $1.969,67 para a Loja de Shopping representam, na prática, que embora se obtenha lucro com a “Loja de Rua”, ela não oferece aos investidores a remuneração mínima aceitável – a TMA, ou seja, ela oferece um “ganho” de (-) $19.101,04 em dinheiro de hoje, isto é, em dinheiro na data 0, aquém da expectativa – o sinal negativo significa que os custos suplantaram as receitas em $19.101,04 quando sujeitos à TMA da empresa, que é de 5% ao mês, não se configurando um investimento interessante. Por sua vez, a “Loja de Shopping” oferece aos investidores uma a remuneração em dinheiro de hoje, isto é, em dinheiro na data 0, de (+) $1.969,67 além da expectativa – o sinal positivo significa que as receitas suplantaram os custos em $1.969,67 quando sujeitos à TMA da empresa, que é de 5% ao mês, ou ainda que este investimento paga além dos 5% ao mês desejados mais $1.969,67 em dinheiro de hoje. configurando-se um investimento interessante, que poderá ser aceito. 13