Público 28032012 Periodicidade: Diário Temática: Cultura Classe: Informação Geral Dimensão: 261 Âmbito: Nacional Imagem: S/Cor Tiragem: 51453 Página (s): 28 O melhor da França a aterrar na Casa da Música vive la France Boulez França enviou nos algo do seu me lhor o Ensemble Intercontempo rain EIC Depois de passar com o mesmo programa por Friburgo Bru xelas e Paris ao contrário do previs to o EIC não foi dirigido por Pier re Boulez mas um protegido seu o maestro e compositor britânico George Benjamin O nível da presta ção não traiu as elevadas expectati vas Com um programa variado que incluiu clássicos como Schönberg repertório consagrado da segunda metade do século XX e uma obra ainda recente o evento abriu com a assinatura do italiano Franco Do natoni 1927 2000 Escrita para 12 instrumentos Tema 1982 é uma obra típica com muita energia e que recicla material trabalhado em obras anteriores O EIC executou também em es treia nacional uma obra do ainda pouco divulgado compositor ale mão Johannes Boris Borowski n 1979 De curta duração para flauta três percussões piano harpa violi no e viola Second 2008 caracteri za se por uma escrita equilibrada e eficaz em que a a percussão ocupa um lugar de destaque com lâmi nas nos cantos e peles ao centro apoiada por uma utilização do pia no e da harpa que reforça o som percussivo A obra cujo tratamento tímbrico mais se destacou foi no entanto Eclat Multiples 1964 1970 do mais respeitado dos compositores france ses vivos que esta semana celebrou o seu 87 º aniversário Pierre 1925 O recurso combinado a espe ciarias como o cimbalão a celesta o muito discreto som de uma guitar ra um piano abafado colocado mes mo ao lado de um primeiro piano os imponentes sinos tubulares que exponenciam o brilho do conjunto a utilização de dez violas e de nenhum violino são algumas das característi cas do efectivo de 25 elementos de Eclat Multiples que com gestos mu sicais de extrema elegância é gene rosa em ecos e simetrias Também aqui o som percussivo assume papel preponderante A interpretação ma gistral e rigorosa do EIC enfatizou a elegância de uma escrita que é do registo da perfeição Para o final ficou um testemu nho da modernidade a Suite op 29 1925 26 de Arnold Schönberg 1874 1951 Para uma formação bem mais reduzida três clarinetistas trio de cordas e piano e com uma escrita bastante mais tradicional o contras te entre as duas obras é evidente quarenta anos as separam quarenta anos de vertiginosas transformações musicais cuja narrativa cruza revolu ção com o consciente respeito pela tradição Diana Ferreira