PROTEÇÃO DE ALGODÃO CONTRA Colletotrichum gossypii E
Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides POR EXTRATOS
AQUOSOS DE PLANTAS MEDICINAIS E DE ESPÉCIES FLORESTAIS
Berenice Teodosio dos Santos 1, Solange Maria Bonaldo2,Cerezo Cavalcante
Bulhões1.
¹Graduandos em Agronomia da Universidade Federal de Mato Grosso –
UFMT/Campus Sinop.
2
Professora Doutora da Universidade Federal de Mato Grosso –
UFMT/Campus Sinop. Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais – ICAA.
Avenida Alexandre Ferronato, 1.200, Reserva 35, Distrito Industrial, Cep:
78.557-267, Sinop, MT – Brasil. ([email protected]).
Data de recebimento: 07/10/2011 - Data de aprovação: 14/11/2011
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito protetor de extratos brutos
aquosos das plantas medicinais arruda (Ruta graveolens), carqueja (Baccharis
trimera), manjerona (Origanum majorana) e, das espécies florestais, eucalipto
(Corymbia citriodora) e angelim (Parkia pendula) na proteção de algodão contra
Colletotrichum gossypii e no controle curativo de ramulose (C. gossypii var.
cephalosporioides) em campo. Para verificar o efeito protetor dos extratos
brutos aquosos contra C. gossypii, folhas destacadas de algodão das cultivares
LDCV03 e LDCV 22 foram tratadas com os extratos na concentração de 25%.
Água destilada esterilizada foi utilizada como controle. O delineamento utilizado
foi o inteiramente casualizado, com cinco repetições. Após 24 horas do
tratamento indutor as folhas foram inoculadas com uma suspensão de C.
gossypii (2,0x105 conídios.mL-1) e mantidas em câmara úmida por 24
horas/fotoperíodo. A doença foi avaliada pela contagem das lesões nas folhas,
sendo realizadas sete avaliações. Na avaliação do efeito protetor em campo,
plantas das cultivares LDCV03 e LDCV22 foram tratadas com os extratos
brutos aquosos a 25% após o surgimento dos primeiros sintomas de ramulose.
As avaliações iniciaram-se logo após o tratamento curativo. Foram realizadas
seis avaliações da doença para obtenção da Área Abaixo da Curva de
Progresso da Doença (AACPD). No controle de antracnose em folhas
destacadas, o extrato aquoso de arruda não foi efetivo no controle da doença
nas cultivares avaliadas. Enquanto que os demais extratos reduziram a
doença. No controle da ramulose a campo, nas cultivares LDCV03 e LDCV22,
todos os extratos testados não apresentaram diferença significativa em relação
à testemunha,
PALAVRAS-CHAVE: Antracnose, controle alternativo, extratos aquosos.
PROTECTION OF COTTON AGAINST Colletotrichum gossypii AND
Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides BY AQUEOUS EXTRACTS
OF MEDICINAL PLANTS AND FOREST SPECIES
ENCICLOPÉDIA BIOSFERA, Centro Científico Conhecer - Goiânia, vol.7, N.13; 2011 Pág. 862
ABSTRACT
This study aimed to evaluate the protective effect of aqueous extracts of
medicinal plants rue (Ruta graveolens), broom (Baccharis trimera), marjoram
(Origanum majorana), and forest species, eucalyptus (Corymbia citriodora) and
angelim (Parkia pendula) to protect cotton against Colletotrichum gossypii and
control C. gossypii var. cephalosporioides in the field. To verify the protective
effect of aqueous extracts from C. gossypii, detached leaves of cotton cultivars
LDCV03 and LDCV22 were treated with the extracts at a concentration of 25%.
Sterile distilled water was used as control. The design was completely
randomized, with five repetitions. After 24 hours of treatment induces the leaves
were inoculated with a suspension of C. gossypii (2.0 x105 conídios.mL-1) and
kept in a moist chamber for 24 hours/photoperiod. The disease was assessed
by counting the lesions on the leaves, seven assessments being carried out. In
evaluating the protective effect on the field and plantlets of LDCV03 and
LDCV22 were treated with aqueous extracts of 25% after the onset of
symptoms of ramulosis. The assessments began after curative treatment. Six
evaluations were conducted of the disease to obtain the Area Under Disease
Progress Curve (AUDPC). In the control of anthracnose in detached leaves, the
aqueous extract of rue was not effective in controlling the disease in cultivars.
While the others extracts reduced the disease. In the control of ramulosis in
field, with LDCV22 and LDCV03 cultivars, all the extracts tested showed no
significant difference compared to control.
KEYWORDS: Anthracnose, alternative control.
INTRODUÇÃO
Entres as perdas ocasionadas pelos danos de pragas, plantas daninhas
e doenças que acatam a cultura do algodoeiro, as doenças são consideradas
uma das causas de grandes perdas na cultura do algodão em todas as regiões
produtoras, principalmente na região do Cerrado, isso ocorre devido às
condições ambientais que são amplamente favoráveis ao desenvolvimento dos
principais patógenos que afetam a cultura. Ultimamente, observa-se alta
incidência de doenças, inclusive daquelas consideradas, até então, de pouca
importância nas regiões tradicionalmente produtoras (SIQUERI, 2001). De
acordo com CIA e SALGADO (2005) são relatados pelo menos 250 patógenos
na cultura do algodoeiro, dos quais 90% são fungos, além de 16 estirpes de
vírus, dois micoplasmas, 10 nematóides e uma bactéria.
O algodoeiro é atacado durante todo seu ciclo por várias doenças
fúngicas, que podem causar prejuízos tanto nos aspectos quantitativos como
qualitativos da fibra e da semente. A maioria das doenças de importância
econômica que ocorrem na cultura do algodão é causada por patógenos que
são transmitidos via semente, resultando na introdução de doenças em áreas
novas ou mesmo na sua reintrodução em áreas já cultivadas. Dentre as
doenças fúngicas que atacam a cultura do algodão, a antracnose e a ramulose
são consideradas as principais, podendo reduzir o estande de plantas e a
produtividade da lavoura de algodão (GOULART, 2001).
A antracnose é causada pelo fungo por Colletotrichum gossypii, que tem
como principal meio de disseminação as sementes de algodão contaminadas
ou infectadas pelo fungo (GOULART, 2001). Outros modos de disseminação
também são importantes, tais como a chuva, o orvalho, a neblina, nevoeiro e o
molhamento foliar (VALE e ZAMBOLIM, 1997).
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Os sintomas, nas folhas, são manchas pardas muito limitadas e, no
centro dessas manchas, sob condições de alta umidade, desenvolve-se uma
coloração rósea constituída por uma massa de esporos do fungo, aglutinados
por uma substância gelatinosa. No caule, as lesões são deprimidas, pardoavermelhadas a pardo-escuras. As raízes atacadas apresentam lesões
deprimidas, pardo-avermelhadas a pardo-escuras (VALE e ZAMBOLIM, 1997).
A ramulose é causada pelo fungo, Colletotrichum gossypii var.
cephalosporioides podendo afetar plantas em qualquer estágio de
desenvolvimento. A transmissão ocorre pelas sementes de algodão
contaminadas, que são consideradas veículos de maior eficiência na
disseminação do mesmo. O fungo afeta várias espécies do gênero Gossypium,
o que garante a sobrevivência na ausência da planta, sobrevive em restos
culturais depositados no solo. Sua disseminação no campo de cultivo ocorre
por meio de respingos de chuva, que liberam os esporos do fungo de uma
substância mucilaginosa que os mantêm agregados. Condições climáticas de
alta precipitação pluviométrica e alta umidade relativa do ar favorecem a
ocorrência desta doença (ARAÚJO, 2003).
Os sintomas das plantas doentes se caracterizam pelo surgimento de
lesões necróticas de formato circular, quando situado no limbo foliar entre as
nervuras, nas folhas mais novas tanto na haste principal como na haste
laterais. O tecido necrótico tende a cair formando perfurações. Essas lesões
nas folhas mais novas são denominadas de ‘‘mancha estrela”. As lesões das
nervuras promovem um enrugamento da superfície do limpo foliar, devido as
mesmas apresentarem desenvolvimento desigual dos tecidos foliares. O fungo
afeta o meristema apical da planta, provocando sua morte, o que estimula a
brotação de ramos laterais e culmina com a formação de um aglomerado de
ramos conferindo a planta um aspecto de superbrotamento (CIA e SALGADO,
2005).
De acordo com RODRIGUES et al. (2006), a utilização de extratos
vegetais no controle de fungos fitopatogênicos apresenta grande eficiência,
levando-se a considerar esta prática promissora dentre os métodos de controle
alternativo utilizados. Trabalhos de pesquisas desenvolvidos com extratos
brutos obtidos a partir de plantas medicinais e florestais, têm indicado o
potencial das mesmas no controle de fitopatógenos por sua ação fungitóxica
direta, inibindo o crescimento micelial e a germinação de esporos e também,
por sua ação indireta pela indução de fitoalexinas, indicando a presença de
composto(s) com característica de elicitor(es) (SCHWAN-ESTRADA et al.,
2000).
O método mais adotado pelos cotonicultores para controle dessas
doenças é o controle químico, onde são realizadas várias aplicações de
fungicidas para controle das mesmas. Levando conseqüentemente, a grande
impacto ambiental, como: contaminação de rios, solo, fauna, flora e
principalmente acarretando prejuízos a saúde do homem. Assim, o presente
trabalho avaliou o potencial de extratos brutos aquosos de plantas medicinais e
de espécies florestais na proteção de plantas de algodão contra Colletotrichum
gossypii, in vitro e contra Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides, em
campo.
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MATÉRIAIS E MÉTODOS
Proteção de algodão contra Colletotrichum gossypii, agente causal da
antracnose, em laboratório
O experimento foi realizado no laboratório de Microbiologia/Fitopatologia
da Universidade Federal de Mato Grosso/Campus Sinop. O delineamento
utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC) com cinco extratos diferentes na
concentração de 25% e cinco repetições de cada tratamento. Após a obtenção
dos dados de avaliação de incidência da doença os mesmos foram submetidos
à analise de variância e quando significativos, a Teste de Tukey 5%. O
programa estatístico utilizado foi o ESTAT (Versão 2.0).
Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizadas as plantas
medicinais arruda (Ruta graveolens L), manjerona (Origanum majorana) e
carqueja (Baccharis trimera) e as espécies florestais: angelim (Hyemenolobium
petraeum) e eucalipto (Corymbia citriodora).
O extrato bruto a 25% de material vegetal foi obtido conforme BONALDO
et al. (2004). Para tanto, folhas foram coletadas, lavadas em água destilada e
trituradas em liquidificador com água destilada esterilizada. Este extrato bruto
foi então filtrado em gaze e em papel de filtro Whatman n. 41 e utilizado no
bioensaios.
Foram coletadas no campo 60 folhas do ponteiro de algodão das
cultivares LDCV 03 e LDCV 22, que foram previamente tratadas com os
extratos brutos aquosos das plantas medicinais e florestais a 25%. Os extratos
foram aplicados nas folhas com auxílio de um borrifado até o ponto de
escorrimento. Água destilada esterilizada foi utilizada como controle. Após 24
horas do tratamento indutor, as folhas foram inoculadas com uma suspensão
de Colletotrichum gossypii (2,0x105 conídios mL-1) e mantidas em câmara
úmida por 24 horas/fotoperíodo. Cada tratamento foi constituído de cinco
repetições com uma folha cada.
Após a inoculação, as folhas foram mantidas em placas de Petri
contendo um papel de filtro, umedecido diariamente com água destilada estéril
A avaliação dos sintomas da doença iniciou-se 3 dias após a inoculação do
patógeno, sendo a incidência da doença determinada visualmente. No
total,foram realizadas 7 avaliações.
Após o término da coleta dos dados foi construída a área abaixo da
curva de progresso da doença (AACPD), conforme fórmula a seguir:
n-1
AACPD= ∑ [(Yi + Yi+1)/2] (ti+1 – ti)
i
Onde, n é o número de avaliações, Yi e Y(i+1) são os valores de
incidência observados em duas avaliações consecutivas e t(i+1)-ti é o intervalo
entre duas avaliações consecutivas (CAMPBELL; MADDEN, 1990) apud
(BRANDÃO et al., 2003).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA),
aplicando-se o teste F, no nível de 5% de probabilidade, e como as médias não
foram significativas não foi possível realizar a comparação das mesmas. Assim,
optou-se pela análise descritiva dos dados obtidos.
Controle da ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides),
em campo, por extratos brutos aquosos
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O experimento foi conduzido na Chácara Itapiranga localizada na
Rodovia MT- 140, Estrada Rosália, Km 2, Sinop, Mato Grosso, Brasil.
O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado (DIC) com cincos
extratos na concentração 25%. Utilizou-se 5 repetições por tratamento, sendo
que cada repetição foi composta por uma planta. As plantas medicinais
utilizadas foram: arruda (R. graveolens L), manjerona (O. majorana) e carqueja
(B. trimera) e as espécies florestais: angelim (H. petraeum) e eucalipto (C.
citriodora).O extrato bruto aquoso a 25% de material vegetal foi obtido
conforme BONALDO et al. (2004) e, conforme já descrito anteriormente.
Neste experimento, foram utilizadas duas variedades de algodão LDCV
03 e LDCV 22, plantadas em faixas com espaçamento de 0,50m entre fileiras,
em parcelas com 2,0x 2,5m e com 10 plantas por metro linear. Utilizou-se 5
repetições por tratamento, sendo que cada repetição foi composta por uma
planta. No plantio, foi realizado adubação com 00-00-36 na dosagem de 185
Kg ha-1, sendo a aplicação fosfatada realizada 30 dias antes (200 kg ha-1). Os
tratos culturais nesta etapa foram realizados de acordo com o manejo do
produtor rural. Após 20 dias da emergência das plantas realizou-se a adubação
foliar com uréia na dosagem 150 kg ha-1 e Cloreto de potássio 200 kg ha-1 e
uma aplicação de inseticida Tamaron (Metamidofós) na dosagem de 0,35 L ha1
para controle de pulgão (Aphis gossypii).
Devido ocorrência de grande incidência de plantas daninhas no início da
cultura foi necessária a realização de três capinas manuais. Quando a cultura
encontrava-se com quarenta dias após a emergência e já apresentava
sintomas de ramulose (C. gossypii var. cephalosporioides), realizou-se a
primeira aplicação dos extratos brutos aquosos. A segunda aplicação dos
extratos brutos aquosos foi realizada trinta dias após a primeira aplicação em
todas as plantas. Os extratos brutos aquosos foram pulverizados nas folhas até
o ponto de escorrimento. Água destilada foi utilizada como controle
(testemunha).
A primeira avaliação de ramulose foi realizada antes da aplicação dos
extratos brutos aquosos, onde foram observadas todas as folhas e em seguida,
atribuída uma nota de acordo com a escala de COSTA (1941) (Quadro 1).
Quadro 1. Escala de notas para avaliação da severidade de ramulose em
plantas de algodão (COSTA, 1941).
Nota
Descrição dos sintomas
1
Ausência de sintomas.
2
Poucas lesões necróticas nas folhas.
3
Muitas lesões necróticas nas folhas.
4
Plantas com internódios superiores curtos.
Plantas com internódios superiores curtos, associados a
5
superbrotamento.
6
Plantas com internódios curtos com superbrotamento.
7
Plantas com internódios curtos com superbrotamento sem
possibilidade de produzir frutos (abaixo de três frutos/planta).
8
Superbrotamento acentuado comporte reduzido.
Superbrotamento excessivo com porte reduzido e ausência total de
9
frutos.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Bioensaio de proteção de algodão contra Colletotrichum gossypii in vivo
O extrato de arruda não foi eficiente na proteção de folhas destacadas
de algodão, cultivar LDCV 03 (AACPD: 145,0), contra C. gossypii, pois houve
aumento na severidade da doença (Figura 1), quando comparado com os
demais tratamentos. SOUZA (2010) observou que extratos de arruda na
concentração de 10, 15, 20, 25% apresentou inibição do crescimento micelial
de C. gossypii var. cephalosporioides in vitro.
Apesar do trabalho de SALVARTORI et al. (2003) relatar o efeito
fungitóxico de extrato de folhas de arruda na inibição do crescimento micelial
de C. gloeosporioides, quando adicionado a 25% em meio BDA, o mesmo
comportamento não foi observado no presente trabalho in vivo, usando a
mesma concentração do extrato de arruda no controle de C. gossypii em folhas
destacadas de algodão.
FIGURA 1. Área abaixo da curva de progresso da incidência de antracnose
(Colletotrichum gossypii) (AACPD), em folhas destacadas de
algodão – cultivar LDCV 03, tratadas com extratos brutos aquosos
de plantas medicinais e espécies florestais. Médias seguidas da
mesma letra, não apresentam diferença estatística; Tukey (P < 0,
05 %).
Estatisticamente, os demais extratos brutos aquosos, carqueja,
manjerona, angelim e eucalipto, não apresentaram diferença significativa
quando comparados com o tratamento controle (água) (Figura 1). Resultados
semelhantes foram obtidos por ALMEIDA et al. (2009) quando testaram o efeito
de extratos vegetais no controle de patógenos de pós-colheita em frutos de
morangueiro. Os mesmos observaram que os extratos de nim, arruda e vinca
não foram eficientes no controle de Botrytis sp., Penicillium sp. e Rhizopus sp.,
apresentando alta incidência dos patógenos.
Na cultivar LDCV 03, apesar de não apresentar diferença
estatisticamente significativa, houve redução da AACPD quando as plantas
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foram tratadas com extrato bruto aquoso de carqueja (AACPD: 60,5),
apresentando 26% de inibição da doença (Figura 1). Os extratos de manjerona
(AACPD: 62,4), angelim (AACPD: 69,2) e eucalipto (AACPD: 68,5)
apresentaram 23,7%, 15,4% e 16,3% de inibição da doença, respectivamente,
indicando, portanto, que estes extratos, podem apresentar substâncias com
potencial de induzir mecanismos de defesa na planta e, proporcionar o controle
da antracnose em algodão.
Para a cultivar LDCV 22 não houve diferença significativa (Figura 2)
entre os extratos brutos aquosos e a água. Porém, o extrato de angelim
(AACPD: 37.90) proporcionou 52,2% de redução da doença, enquanto que os
demais extratos reduziram a doença em 17%, 18,9% e 19,8%,
respectivamente. O extrato bruto aquoso de arruda apresentou o mesmo
comportamento observado na cultivar LDCV 03, induzindo a AACPD da
doença.
FIGURA 2. Área abaixo da curva de progresso da incidência de antracnose
(Colletotrichum gossypii) (AACPD), em folhas destacadas de
algodão – cultivar LDCV 22, tratadas com extratos brutos aquosos
de plantas medicinais e espécies florestais. Médias seguidas da
mesma letra, não apresentam diferença estatística; Tukey (P < 0,
05 %).
Quando comparado o efeito dos extratos brutos aquosos nas duas
cultivares, observou-se que, na cultivar LDCV 03 (Figura 1), o extrato de
carqueja apresentou maior eficiência, inibindo a doença em 26% em relação a
testemunha. Na cultivar LDCV 22 (Figura 2) o extrato de angelim foi o mais
eficiente na redução da doença. Isto indica que há variação entre os genótipos
das cultivares e a resposta destes ao tratamento com diferentes extratos. De
acordo com PASCHOLATI (1998), as plantas possuem diferentes mecanismos
estruturais e bioquímicos que podem contribuir para a resistência das mesmas
contra fitopatógenos. Porém, esses mecanismos de resistências são
determinados geneticamente e a sua eficiência é dependente da expressão
dos mesmos em local e momentos adequados, e seqüência lógica que deve
ocorrer após o contato do patógeno com o hospedeiro.
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Controle da ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides),
em campo, por extratos brutos aquosos
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA),
aplicando-se o teste F, 5% de probabilidade, e como as médias não foram
significativas, não foi possível realizar a comparação das mesmas.
Portanto, de acordo com os cálculos da AACPD observa-se que na
cultivar LDCV 03 nenhum extrato bruto aquoso proporcionou redução da
doença (Figura 3), indicando que os extratos não apresentaram efeito curativo
da doença. SILVA et al. (2007) estudou o efeito fungitóxico in vivo dos extratos
de cravo-da-índia, canela, alho, manjericão, gengibre e arruda, no controle
alternativo do mal-do-Panamá (Fusarium oxysporim f.sp. cubense) em muda de
banana maçã (Musa spp.) e observou que os extratos de manjerona, cravo-daíndia e arruda proporcionaram menores índices de doença: 12,5; 25; 41 e 46%,
respectivamente, nas mudas de banana maçã.
PEDROSO et al. (2009), observaram que o extrato de manjerona na
concentração de 20% apresentou maior potencial de inibição micelial do fungo
Alternaria solani in vitro. O Extrato bruto e o óleo essencial de manjerona, têm
sido utilizados para estudos in vitro de inibição de crescimento micelial e
esporulação de diversos fungos fitopatogênicos (SCHWAN-ESTRADA et al.,
2003).
SOUZA (2010), relatou que o extrato bruto aquoso de manjerona nas
concentrações 5, 10, 20, 25%, proporcionou inibição no crescimento micelial de
C. var. cephalosporioides, porém, quando aplicados em campo, não
demonstraram potencial fungicida sobre o patógeno deste estudo.
FIGURA 3. Área abaixo da curva de progresso de ramulose (Colletotrichum
gossypii var. cephalosporioides) (AACPD), em plantas de algodão –
cultivar LDCV 03, tratadas com extratos brutos aquosos de plantas
medicinais e de espécies florestais.
Na variedade LDCV 22, os extratos brutos aquosos que proporcionaram
maior controle da doença em campo foram arruda e carqueja, quando
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comparados com o tratamento controle, que inibiram em 13% a doença no
campo. Os extratos aquosos de angelim, manjerona e eucalipto não
proporcionaram o controle da doença (Figura 4).
FIGURA 4. Área abaixo da curva de progresso de ramulose (Colletotrichum
gossypii var. cephalosporioides) (AACPD), em plantas de algodão
– cultivar LDCV 22, tratadas com extratos brutos aquosos de
plantas medicinais e espécies florestais.
O extrato bruto aquoso de eucalipto não foi eficiente no controle da
ramulose em campo, discordando do estudo feito por BONALDO et al. (2004)
que, observaram que o extrato de eucalipto na concentração de 20%
apresentou potencial para o controle da antracnose (C. lagenarium) em pepino,
tanto por sua atividade antifúngica direta quanto pela capacidade de indução
local de resistência.
Segundo o trabalho de MENEZES et al. (2009), os extratos de carqueja,
capim-limão e alecrim não diferiram entre si e foram os menos eficientes no
controle da pinta preta (Alternaria solani) do tomateiro em teste in vivo, quando
comparados com os extratos de alho e gengibre que proporcionaram melhor
controle da doença.
Na maioria dos extratos de plantas medicinais estudados em outros
trabalhos são encontradas propriedades antifúngicas. Porém, essas
propriedades podem ser afetadas por alguns fatores inerentes às plantas,
como órgão utilizado, idade, estágio vegetativo e época de colheita. Fatores do
ambiente, como o pH do solo, bem como, a estação do ano e a temperatura. A
eficiência do produto também depende da espécie envolvida, do tipo de
patógeno a ser controlado e dos processos, obtenção e manipulação do extrato
(HERNÁNDEZ, 1996).
Existem, poucos trabalhos na literatura relatando o efeito antifúngico dos
extratos de plantas em teste in vivo. MILANESI et al. (2009) observaram os
mesmos resultados quando estudaram a ação fungitóxica de extratos vegetais
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sobre o crescimento micelial de Colletotrichum gloeosporioides, onde houve
inibição parcial no crescimento do patógeno, sendo os extratos de carqueja e
cinamomo, na concentração de 20%, os mais eficientes no controle do fungo.
Como no presente estudo o tratamento realizado foi curativo, não
controlando a doença, não se pode descartar o potencial destes extratos no
controle da ramulose. É possível que os extratos brutos aquosos avaliados
possam apresentar potencial na redução da doença, se aplicados antes da
chegada do patógeno, uma vez que já induzem fitoalexinas em soja como
demonstrado por MATIELLO (2010). Este autor observou que o extrato bruto
aquoso de eucalipto proporcionou maior síntese de fitoalexinas em cotilédones
de soja nas concentrações de 20%, 25% e 50%.
CONCLUSÕES
Conclui-se que os extratos brutos aquosos estudados não foram
eficientes no controle da antracnose em folhas destacadas de algodão, sendo
que o extrato bruto aquoso de arruda induziu a doença.
Na cultivar LDCV 03, os extratos de arruda, angelim e manjerona
apresentaram potencial curativo de ramulose, a campo e, na cultivar LDCV22,
os extratos de arruda e carqueja apresentaram potencial no controle da doença
em campo.
AGRADECIMENTOS
A FAPEMAT pelo auxílio financeiro – Processo número 578323/2008.
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