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Indústria Cultural: Uma Fábrica de Pessoas
O sistema capitalista, entre seus diversos instrumentos, pôs em prática uma poderosa
máquina, denominada, por Theodor Adorno, juntamente com Max Horkheimer, de Indústria
Cultural. Esta consistirá principalmente em garantir que os trabalhadores permaneçam surdos e
nunca ousem ouvir. Ela nada mais é do que o cinema, a televisão, o rádio, a internet, a
publicidade e outros meios de comunicação. É a partir da mídia que os poderosos irão instituir as
suas ideologias, os seus valores e modos de comportamento. O banal torna-se necessário e uma
nova linguagem se estabelece.
A indústria cultural se encarregará de manter as massas controladas e não encorajá-las ao
pensamento crítico. Reforça essa dominação ao convencê-los de que não há nenhum problema e
que tudo funciona da melhor maneira possível. Assim impede que a grande massa populacional
manifeste-se frente as desigualdades sociais. Irá mascarar a violência social que separa a classe
privilegiada da massa dos trabalhadores. Acostuma-os a aceitarem de bom grado e sem
questionamento o pouco que lhes é ofertado.
Esses valores, necessidades, comportamentos e linguagens deverão alcançar a toda a
população a fim de criar certa uniformidade entre os povos e bloquear a criatividade e autonomia.
As populações absorverão essas informações como se fossem verdades absolutas e adviessem
de fontes confiáveis, e por isso, não irão questioná-las, mas recebê-las passivamente.
A indústria cultural transformou o ser humano em um ser consumível e que pode ser
substituído por outro a qualquer momento. Retirou do lazer e do divertimento suas características
de recreação, liberdade, genialidade e alegria, e estabeleceu horários para seu desfrute. Ou seja,
o tempo livre é também controlado pela indústria cultural.
Sendo assim, podemos dizer que a indústria cultural não apenas divulga uma ideologia,
visto que ela própria é a ideologia: a aceitação dos fins instituídos pelo sistema. O povo não
pensa e não age por si só, é sempre guiado por falsas ideias, nas quais acredita estarem contidas
todas as suas verdades e necessidades. Assim o indivíduo entrará em um processo de autoanulação de sua personalidade que o levará a equiparar-se a grande maioria da população, eis o
que chamamos de massificação.
Para Adorno esta é a situação cultural contemporânea: estamos em um momento de
regressão, e este por si só, caso não se aperceba para a necessidade de mudança, estará
ditando sua própria condenação.
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Baseado em:
ANTISETI, Dario. REALE, Giovanni. História da Filosofia: Do romantismo até nossos dias, V. 3. 2ª Ed. São Paulo:
Paulus, 1991. p. 1113. pp. 837-45.
Escola de Frankfurt: uma introdução às obras de Theodor Adorno, Walter Benjamin, Herbert Marcuse. Organização
de Eduardo Socha. Ano 12. São Paulo: Editora Bregantini, 2008. (Dossiê Cult: Edição especial – Vários
colaboradores).
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