UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA – UNAMA BRUNA FARIAS MARQUES DOS REIS OLIVAR MESSIAS MAIA SARAIVA DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO ESPACIAL DE INSTALAÇÃO PARA UMA FILIAL DE FÁBRICA DE PISOS DE MADEIRA NO ESTADO DO PARÁ BELÉM – PA 2013 BRUNA FARIAS MARQUES DOS REIS OLIVAR MESSIAS MAIA SARAIVA DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO ESPACIAL DE INSTALAÇÃO PARA UMA FILIAL DE FÁBRICA DE PISOS DE MADEIRA NO ESTADO DO PARÁ Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas da Universidade da Amazônia – UNAMA, como requisito para a obtenção do grau de Engenheira de Produção. Orientador: Prof. Msc. Isaias de Oliveira Barbosa Júnior. BELÉM – PA 2013 BRUNA FARIAS MARQUES DOS REIS OLIVAR MESSIAS MAIA SARAIVA DESENVOLVIMENTO DE UM PROJETO ESPACIAL DE INSTALAÇÃO PARA UMA FILIAL DE FÁBRICA DE PISOS DE MADEIRA NO ESTADO DO PARÁ Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Centro de Ciências Exatas da Universidade da Amazônia – UNAMA, como requisito para a obtenção do grau de Engenheira de Produção. Orientador: Prof. Msc. Isaias de Oliveira Barbosa Júnior. Banca Examinadora: ________________________________________ Prof. Msc. Isaias O. Barbosa Júnior Orientador – UNAMA ________________________________________ Prof. Msc. Yveline Bianca UNAMA ________________________________________ Prof. Msc. Vitor Willian Martins UEPA Apresentado em: 11/12/2013 Conceito: Aprovado BELÉM – PA 2013 Dedico esta, bem como todas as minhas demais conquistas, aos meus avós maternos (in memorian), a minha amada mãe e a minha “dinda”. Bruna Farias. AGRADECIMENTOS A Deus, que guiou meus passos durante esta caminhada. O que seria de mim sem a fé de que Tu estás sempre no controle. Aos meus avós maternos (José Alves e Lindalva Farias) pelo amor, educação e por todos os valores a mim repassados. Que falta vocês me fazem! A minha Mãe, pela vida, essência, educação, enfim por tudo que sou. A sua resignação, força, paciência, amor e fé me sustentam em pé. Esta vitória é muito mais sua do que minha. Aos demais familiares, pelo carinho e apoio, em especial ao meu irmão (Amaro Marques) por aturar de perto todo meu stress e ainda sim, manter-se cúmplice, inclusive neste projeto. Aos queridos mestres, por todas as trocas de conhecimento, em especial a exímia profissional Bia Pancieri, pelo incentivo e amizade - criando um marco na minha vida acadêmica. E não podendo esquecer, ao grande, orientador, prof. Isaias Barbosa, pela paciência e disponibilidade. Aos colegas de turma, o convívio agradável e a todas as bagunças feitas. Destacando o “gigante” (Bruno Queiroga) e a Camila Alves, pela irmandade gerada, que me apoiou nas mais variadas situações. Os levarei para toda vida. E não menos especial, ao Olivar Saraiva, por todo aprendizado e principalmente por ter embarcado comigo neste projeto. Bruna Farias. Dedico esta obra a DEUS, minha esposa e filhos, pais e irmãs e a todas as pessoas que contribuíram para a realização deste sonho. Olivar Saraiva AGRADECIMENTOS Neste momento especial de minha vida agradeço a DEUS por o ter permitido que acontecesse. Também, porque, somente Ele o sabe e escolheu o tempo certo para isso. A mim, cabe somente aceitar e prosseguir, com fé. À família que escolheu para mim. Meus pais, minhas irmãs que sempre pertenceram a minha existência, desde muito cedo até os dias de hoje. Sem ela, o meu caráter, a minha personalidade e o meu destino não seriam os mesmos. São seres que respeito e prezo. Incondicionalmente. À família que me deu para tomar conta, após a maioridade. Minha esposa, Ana Cláudia, que me proporcionou a tranquilidade que precisei e o ombro amigo nas horas difíceis. Aos meus filhos, Felipe, Arthur e Matheus, de quem me orgulho, e que foram um estímulo a mais para a concretização do sonho. Aos demais familiares, que direta ou indiretamente contribuíram de alguma forma para essa realização. Aos professores e colegas de turma, que partilharam conhecimento, companheirismo e até mesmo divergências necessárias para o engrandecimento pessoal e profissional. Especialmente, a minha comparte de TCC, a amiga Bruna Farias Marques dos Reis, que dividiu comigo a realização de grande parte dos trabalhos acadêmicos do curso. Um agradecimento incomensurável a minha irmã Márcia, por tudo que significou no alcance desse objetivo. Olivar Saraiva. “Pois nele vocês foram enriquecidos em tudo, isto é, em toda palavra e em todo conhecimento.” (1 Coríntios 1:5) RESUMO Um planejamento de instalações amplo e bem organizado é primordial para que as empresas dêem continuidade ao seu projeto de expansão, quando decidem abrir uma filial. Pode ser revertido em ganhos substanciais, com redução de custos, decorrentes, por exemplo, do acerto na escolha do local e na definição de um arranjo físico racional e harmônico. Nesse contexto: a análise das variáveis de influência, com a posterior aplicação do método de localização, se constitui em fator determinante, a medida que fornece informações precisas para eliminar incertezas; a definição de layout, em níveis do planejamento espacial, mais ou menos abrangentes, produz o detalhamento necessário - que favorece o entendimento lógico - para a instalação. Nesse estudo são apresentados os principais conceitos que envolvem as quatro primeiras fases de planejamento espacial, propostas por Lee (1998), por meio de uma pesquisa aplicada e exploratória, cujo desenvolvimento possibilitou a apresentação de um projeto de instalações para uma unidade de uma fábrica de pisos de madeira, com a definição da melhor localização para se instalar a sua filial, a cidade de Paragominas, atestando a redução significativa de custos de mais de 43%, decorrente da escolha do método de localização apropriado e da implementação do arranjo físico eficiente, tendo como base a metodologia do planejamento sistemático de layout, alcançando o objetivo a que se propôs, ao servir de ferramenta de apoio à tomada de decisão. Palavras-Chave: Projeto Espacial; Localização; PSL; Layout. ABSTRACT Planning a broad and well organized facilities is paramount for companies to give continuity to its expansion project, when they decide to open a branch. Can be reversed in substantial gains, reducing costs, arising, for example, the settlement site selection and the definition of a rational and harmonious physical arrangement. In this context: the analysis of the variables of influence, with the subsequent application of the method of location, constitute a determining factor, as it provides accurate information to eliminate uncertainty, the layout definition in levels of spatial planning, more or less comprehensive produces the necessary detail - which favors the logical understanding - for installation. This study presents the main concepts involving the first four phases of spatial planning, proposed by Lee (1998 ), by means of applied and exploratory research, the development of which enabled the presentation of a project facility for one unit of a plant hardwood floors, defining the best location to install its subsidiary, Paragominas, attesting to the significant cost savings of over 43 %, due to the choice of the appropriate method of localization and implementation of effective physical arrangement, based on the methodology of systematic layout planning, achieving the goal it has set itself, to serve as a support for decision-making tool. Keywords: Project Space; Location; PSL; Layout. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Método de PSL.........................................................................................29 Figura 2 – Diagrama de relacionamento. ..................................................................30 Figura 3 – Polos madeireiros no Pará. ......................................................................35 Figura 4 – Camadas do piso engenheirado...............................................................38 Figura 5 – PA-256: acesso à Paragominas ...............................................................55 Figura 6 – Entrada da cidade. ...................................................................................55 Figura 7 – Visão panorâmica do terreno ...................................................................56 Figura 8 – Diagrama de relacionamento dos setores. ...............................................60 Figura 9 – Diagrama de blocos para os setores. .......................................................61 Figura 10 – Layout a nível macro ..............................................................................61 Figura 11 – Sequência de processos e máquinas. ....................................................62 Figura 12 – Diagrama de relacionamento das máquinas. .........................................63 Figura 13 – Diagrama de blocos para as máquinas. .................................................63 Figura 14 – Balanceamento da linha de produção. ...................................................64 Figura 15 – Proposta de layout para a filial. ..............................................................66 Figura 16 – Fluxo da madeira....................................................................................66 Figura 17 – Planta da fábrica matriz. .........................................................................70 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Níveis de planejamento de espaço..........................................................20 Tabela 2 - Legenda do diagrama de relacionamento. ...............................................30 Tabela 3 – Custo do frete por cidade. .......................................................................42 Tabela 4 – Média do custo do frete. ..........................................................................44 Tabela 5 – Distâncias entre a fábrica matriz e seu mercado fornecedor. ..................45 Tabela 6 – Média do custo unitário mensal por cidade. ............................................45 Tabela 7 – Quantidade adquirida da madeira dos últimos cinco anos. .....................47 Tabela 8 – Média da quantidade de insumo..............................................................48 Tabela 9 – Custo de transporte da matriz. ................................................................50 Tabela 10 – Previsão de demanda. ...........................................................................50 Tabela 11 – Parâmetros. ...........................................................................................52 Tabela 12 – Partindo de Tailândia .............................................................................52 Tabela 13 – Partindo de Baião. .................................................................................53 Tabela 14 – Partindo de Paragominas. .....................................................................53 Tabela 15 – Partindo de Dom Eliseu. ........................................................................53 Tabela 16 – Tempo de máquina na fabricação de pisos engenheirados. .................58 Tabela 17 – Número de máquinas. ...........................................................................59 Tabela 18 – Distribuição de tarefas. ..........................................................................65 Tabela 19 – Custo por cidade. ..................................................................................67 LISTA DE ABREVIATURA E SIGLAS AIMEX Associação das Indústrias Exportadoras de madeiras do Estado do Pará ANPM Associação Nacional dos Produtores de Pisos de Madeira CELPA Centrais Elétricas do Pará CEO Chief Executive Officer [Diretor executivo] COSANPA Companhia de Saneamento do Pará CTRCs Conhecimentos de Transporte Rodoviário de Carga FSC Forest Stewardship Council [Conselho de Manejo Floresta] IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IDEFLOR Instituto Desenvolvimento Florestal do Pará NFs Notas fiscais PIB Produto Interno Bruto PSL Planejamento Sistemático de Layout REMADE Revista da madeira SETAP Tempo decorrido para a troca UNAMA Universidade da Amazônia SUMÁRIO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................15 1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA ...........................................................................15 1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ........................................................17 1.2.1 Caracterização do Estudo ........................................................................17 1.2.2 Coleta de Dados ........................................................................................18 1.2.3 Elementos de análise ................................................................................19 1.2.4 Limitações da pesquisa ............................................................................19 2. REVISÃO DA LITERATURA ..............................................................................20 2.1 2.2.1 PROJETO ESPACIAL .....................................................................................20 Localização ................................................................................................21 2.2.1.1 Método da mediana ....................................................................................23 2.2.1.2 Método do momento ...................................................................................24 2.2.1.3 Método máxima cobertura ..........................................................................25 2.3 NIVEL SUPRA .................................................................................................25 2.4 NIVEL MACRO ................................................................................................26 2.4.1 Arranjo físico .............................................................................................26 2.4.2 Capacidade de máquinas .........................................................................28 2.4.3 Planejamento Sistemático de Layout – PSL ...........................................29 2.5 2.5.1 NÍVEL MICRO .................................................................................................31 Balanceamento da linha de produção .....................................................32 2.5.1.1 Tempo de ciclo ............................................................................................32 2.5.1.2 Número de operador ...................................................................................32 2.5.1.3 Percentual de ocupação .............................................................................33 2.5.1.4 Eficiência .....................................................................................................33 2.6 ABORDAGEM EXPERIMENTAL E CLONAGEM ............................................33 2.7 SETOR MADEREIRO NO ESTADO DO PARÁ ..............................................34 2.7.1 Piso de madeira.........................................................................................36 2.7.2 Piso engenheirado ....................................................................................37 3. ESTUDO DE CASO ............................................................................................39 3.1 HISTÓRICO DA EMPRESA ............................................................................40 3.2 PRIMEIRO NÍVEL: GLOBAL ...........................................................................41 3.3 SEGUNDO NÍVEL: SUPRA ESPAÇO .............................................................53 3.4 TERCEIRO NÍVEL: MACRO ESPAÇO ...........................................................57 3.4.1 Obtenção de dados ...................................................................................57 3.4.2 Planejamento do espaço ..........................................................................61 3.5 QUARTO NÍVEL: MICRO ESPAÇO ................................................................62 3.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................67 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................72 4.1 EXTENSÃO DA PESQUISA ............................................................................73 REFERÊNCIAS .........................................................................................................75 APÊNDICE ................................................................................................................79 ANEXO......................................................................................................................81 15 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS A expansão do negócio de uma empresa, após sair da fase das ideias difusas, sobre como e quando fazê-lo, deve se iniciar por um planejamento. Se essa expansão implica na escolha de um novo local para se instalar uma filial, esse planejamento precisa, obrigatoriamente, estar ligado a um projeto de instalações. O projeto completo de uma instalação necessita contar com o envolvimento de todas as áreas da organização, e não a de engenharia somente, embora, na maioria das vezes, seja essa última, a de maior evidência. Um estudo muito particular e ainda pouco explorado sobre projeto de instalações é apresentado pelo autor Quartmann Lee em seu livro Projeto de Instalações e do Local de Trabalho, que enfatiza que um projeto ideal de instalação deve partir do geral para o particular, onde as questões maiores devem ser decididas em primeiro lugar e o dimensionamento do espaço deve ser o centro da coordenação do projeto como um todo. Para o autor, um projeto espacial para instalação de uma fábrica é composto, basicamente, por cinco níveis de planejamento, a saber: planejamento global, planejamento do supra espaço, planejamento do macro espaço, planejamento do micro espaço e planejamento do sub micro espaço. No contexto apresentado, a pesquisa que envolveu o trabalho teve como premissa o fato de que a empresa possui um alto custo com o transporte da matéria prima, de que faz uso, na transformação para o produto acabado que comercializa, e está decidida a encontrar um meio de reduzi-lo, através da expansão do seu negócio, optando por abrir uma filial. Este trabalho apresenta um estudo de instalações de uma unidade de uma fábrica de pisos de madeira, com o intuito de responder a seguinte questão: Qual a melhor localização para se instalar a filial, de modo a reduzir custos, identificando o método e planejamento adequado à instalação, nos quatro primeiros níveis do planejamento espacial, servindo como ferramenta de apoio à tomada de decisão? 1.1 OBJETIVOS DA PESQUISA Nesse diapasão, o estudo tem o propósito de apresentar um projeto espacial para instalar a filial de uma fábrica de pisos de madeira, definindo a melhor 16 localização e o layout mais adequado, seguindo a metodologia proposta por Lee, nos quatro primeiros níveis de planejamento espacial, em que será pormenorizado o planejamento do espaço para cada nível do projeto de instalação. No primeiro nível, o objetivo será escolher o método de localização para definir qual o melhor local da nova instalação, de modo a reduzir custos de transporte com a captação de matéria prima. No segundo nível, a pesquisa tem a finalidade de se mostrar a inserção da nova instalação, em permeio aos recursos existentes no seu entorno, suas características e utilidade no local onde funcionará. Os estudos do terceiro e quarto níveis do planejamento se pautam na metodologia do Planejamento Sistemático de Layout – PSL, com o auxílio das ferramentas do diagrama de relacionamento, diagrama de blocos, capacidade de máquina e balanceamento de linha, para se identificar o layout mais apropriado, que contribua para a obtenção de processos mais eficientes e, ao mesmo tempo, garanta maior produtividade às operações. Com isso, ter-se-á a proposta do projeto de instalação da fábrica filial, para apresentação aos dirigentes da empresa. Para Lee (1998), as instalações de uma empresa estão entre os seus bens mais caros e duráveis, representando o maior item do ativo, na maioria dos balanços patrimoniais. Portanto, um projeto de instalações amplo e bem planejado pode significar um fator crítico para a sustentabilidade da própria empresa, no mercado a que se dispõe a atuar. Nesse âmbito, o estudo se justifica em virtude de que o custo mais expressivo da empresa é encontrado na atividade de transporte de matéria prima. Portanto, a correta decisão da instalação da fábrica resultará numa economia de escala para empresa ao longo do tempo, conforme será demonstrado no estudo de caso. Em outra direção, não menos importante, o setor madeireiro no Estado do Pará é um dos mais extensos e diversificados, reflexo da abundância desse recurso natural, nessa unidade da Federação. Seu aproveitamento e comercialização ocorrem desde a forma bruta, à montante, até a transformação plena, resultando em bens mais refinados, à jusante da cadeia, estando presente nos setores primário, secundário e terciário. O instituto de desenvolvimento florestal do Pará - IDEFLOR por meio de um relatório apontou que o setor, em 2008, apresentou um valor adicionado de US$ 4,46 bilhões, gerando 30.481 empregos, participando, respectivamente, com 9,6% e 17 3,6% do PIB e dos empregos totais gerados no Estado. É uma atividade que internaliza grande parte da renda e do emprego no local onde se estabelece, portanto, um setor estratégico para o desenvolvimento rural da Amazônia. Dessa forma, uma pesquisa que resulte em um projeto para se instalar a filial de uma fábrica de pisos de madeiras, visando o aumento de sua produção e a redução de seus custos, com certeza, será de grande relevância para a economia paraense, em razão dos empregos, renda e divisas que gerará. 1.2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS A metodologia está organizada no estudo por meio das seguintes etapas: a observação sistemática do modelo pré-existente (objeto da pesquisa), coleta de dados e informações, aplicação do conhecimento teórico, consolidação dos dados obtidos, experimentação de alternativas de melhorias, visando elaborar uma proposta para instalação da filial, com redução de custos. 1.2.1 Caracterização do Estudo Segundo Silva e Menezes (2001), a elaboração de um projeto de pesquisa e o desenvolvimento da própria pesquisa, seja ela uma dissertação ou tese, necessitam, para que seus resultados sejam satisfatórios, estar baseados em planejamento cuidadoso, reflexões conceituais sólidas e alicerçados em conhecimentos já existentes. Para esses mesmos autores, a pesquisa é um trabalho em processo não totalmente controlável ou previsível. Adotar uma metodologia significa escolher um caminho, um percurso global do espírito, onde, muitas vezes, requer ser reinventado a cada etapa, precisando, então, não somente de regras, mas sim, de muita criatividade e imaginação. Para Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, sendo um processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico. Seu objetivo fundamental é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. Minayo (1993) por meio de uma abordagem mais filosófica, considera que a pesquisa seja a atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da 18 realidade, além de ser uma atividade de aproximação sucessiva da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e dados. A natureza da pesquisa do presente projeto é classificada como do tipo aplicada, pois seu objetivo principal é o de gerar conhecimentos para aplicação prática, dirigidos à solução de problemas específicos. O problema foi abordado no estudo, basicamente, de forma quantitativa e qualitativa, uma vez que a tradução dos fenômenos e a atribuição de significados foram essenciais no desenvolvimento da própria pesquisa. Do ponto de vista de seus objetivos, a pesquisa referente ao projeto é atribuída como exploratória, pois envolveu um levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado, fornecendo informações. Segundo Goldemberg (1997) é desejável que uma pesquisa científica preencha os seguintes requisitos: A existência de uma pergunta que se deseja responder; A elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; A indicação do grau de confiabilidade na resposta. Para Goldemberg (2004), uma das dificuldades do estudo de caso está associada ao fato de que, a totalidade do que se quer pesquisar é uma abstração científica que deve ser construída em função do problema a ser investigado. 1.2.2 Coleta de Dados A fase de coleta de dados ocorreu nos meses de fevereiro a julho de 2013. Nas visitas à fábrica foram utilizadas técnicas de observação, entrevistas com pessoas chave em cada departamento da empresa, desde a alta direção, área de planejamento e da área operacional, acesso ao banco de dados da organização e aos arquivos físicos, para levantamento de informações úteis à análise de dados. Outros dados foram pesquisados e obtidos de junto a AIMEX, CELPA, COSANPA, IBGE, IDEFLOR, Google Earth e Prefeitura Municipal de Paragominas. 19 1.2.3 Elementos de análise Os elementos considerados na análise da pesquisa foram: identificação do sistema de funcionamento da empresa, informações e dados obtidos, respectivamente, com pessoas e em seus arquivos, variáveis de influência e métodos de localização, arranjos físicos e ferramentas de determinação de layout. Procurou-se estabelecer um raciocínio análogo, utilizando o método de recurso comparativo dos dados obtidos na empresa com sua provável aplicabilidade no projeto da filial. No que consiste à etapa de identificação do sistema da empresa, o objetivo principal foi o de conhecer a rotina de funcionamento e processos internos que servirão como base para a nova fábrica, já que seus padrões deverão ser mantidos. Para tanto, se valeu de entrevistas informais e observações, aliados à coleta de dados, que foram importantes para a composição da proposta. Na etapa de definição do local para instalação da filial, partiu-se do postulado de que já eram conhecidas as cidades fornecedoras de matéria prima, decidindo-se, portanto, pela utilização do método do momento para se chegar à melhor localização, dentro dessa circunvizinhança. Na etapa referente à escolha do layout lançou-se mão do método do Planejamento Sistemático de Layout – PSL e de ferramentas para se definir o nível de aproximação entre os setores da empresa. 1.2.4 Limitações da pesquisa Tendo como principal obstáculo o tempo, a pesquisa trouxe como limitação o quinto nível do planejamento do espaço, proposto por Lee (1998) na metodologia de projeto espacial de instalação. 20 2. REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo serão abordados os principais conceitos teóricos relacionados a esta pesquisa. 2.1 PROJETO ESPACIAL Segundo Lee apud Luzzi (2004), o método de projeto espacial propõe que o planejamento de layout possa ser dividido em cinco níveis: global, supra, macro, micro e Submicro espaço. Para este autor o planejamento do macro espaço é o mais importante dos níveis, pois, estabelece a organização fundamental da planta de produção e os padrões de fluxo de materiais, proporcionando, em longo prazo, ganhos de produtividade e lucratividade. A tabela 1 apresenta um detalhamento contendo as principais características para cada nível do projeto espacial. Tabela 1 – Níveis de planejamento de espaço. NÍVEL ATIVIDADE UNIDADE DE PLANEJAMENTO DE ESPAÇO AMBIENTE RESULTADO Global Localização e seleção Locais Continente, pais ou cidade Definição do local Supra Planejamento Características da instalação Local Planta da instalação Macro Layout da instalação Setores Instalação Projeto da planta industrial Micro Layout dos setores Características dos setores Setores Projeto dos setores Submicro Projeto das estações de trabalho Localização das ferramentas de trabalho Estação de trabalho Projeto das estações de trabalho Fonte: Lee (p.14, 1998). 21 2.2 NÍVEL GLOBAL Este é o primeiro nível de planejamento espacial, ou seja, o nível mais amplo e sistêmico de planejamento. Segundo Luzzi (2004), neste nível a empresa decide onde deve localizar suas instalações em um nível global, ou seja, em qual continente, país, estado, cidade etc. devem estar localizadas as instalações que serão utilizadas pela empresa. Para Gaither et al. (2005) a estabilidade do governo, disponibilidades e custos de mão de obra, cotas de exportação e importação, taxas de câmbio da moeda, sistemas de transporte e comunicação, oferta de energia, clima, incentivos, restrições governamentais, peculiaridades culturais e econômicas são fatores que afetam as decisões quanto à localização. Lee (1998) afirma que nesta etapa a organização deve definir qual sua missão, cujo propósito é obter um resumo de seus produtos, processos e principais tarefas da produção, sendo um guia importante para os planejadores de instalação. “As decisões a respeito de localizações são bastante complexas, pois muitas variáveis e incertezas estão presentes, tornando difícil entender todas as informações simultaneamente” (GAITHER & FRAZIER, 2005, p.134). 2.2.1 Localização “A localização geográfica de uma operação está relativamente ligada aos recursos, a outras operações ou clientes com os quais a empresa interage” (SLACK et al., 1997, p.139). Ballou (2001) classificou os problemas enfrentados ao determinar localização em cinco categorias: Força direcionadora; Número de instalações; Escolhas discretas; Grau de agregação de dados; Horizonte de tempo. E afirma que a força direcionadora depende do setor onde a empresa atua. Certos fatores são mais importantes que outros no momento de decisão de localização, e estes acabam direcionando a decisão. Por exemplo, no setor varejista, a 22 proximidade dos clientes é muito mais importante do que para no setor industrial, pois no primeiro caso os clientes, que são os consumidores finais da cadeia produtiva, precisam se deslocar até a empresa. Cobra (1994) exemplifica que para as prestadoras de serviço: hospital, vídeo-locadora, loja de consertos, etc., a acessibilidade ao local pode ser o fator principal da localização, especialmente quando as receitas e os custos não são determinados com facilidade. Outro fator que também é muito importante na fase do planejamento é definir a quantidade de unidades produtivas. A localização de instalação única evita a necessidade de considerar entre as unidades as forças competitivas de demanda, efeitos de consolidação de estoque, custos de instalações, proximidade entre mão de obra especializada para cada linha de montagem, entre outros. Os custos de transporte são a consideração primária nestes casos. Davis et al., (2001) explicam que a globalização dispersou os clientes, e como consequência os custos de distribuição aumentaram de importância. Além dos custos propriamente ditos, é também preciso considerar os tempos de entrega. Maccormak et al., (1994) consideram que os custos de mão de obra, custos de distribuição, custos de instalação e taxas de câmbio são fatores quantitativos para a decisão de localização de uma fábrica. Há exemplo de quanto são importantes esses fatores quantitativos, várias siderúrgicas no ABC paulista saíram da região devido o custo elevado da mão de obra, comparado a de outras cidades fora do Estado de São Paulo. Porém, é preciso levar em consideração também que embora o custo de mão de obra em muitas áreas seja muito baixo, os trabalhadores dessas mesmas regiões não têm, frequentemente, qualificações e educação adequadas. Sato (2002) afirma que os custos de instalação ganharam destaque no país nos últimos anos devido à guerra fiscal entre os Estados. A fim de atraírem empresas, os governos estaduais passaram a oferecer terrenos gratuitos, isenção de impostos, incentivos fiscais, entre outras vantagens, o que reduz os custos de instalação da empresa. Franco (1998) acredita que as taxas de câmbio também podem ser um importante fator de atração de investimentos diretos. A desvalorização das moedas locais, como ocorreu no Japão e no Brasil, torna os produtos desses países mais competitivos no exterior, e por consequência aumenta as exportações dos mesmos. 23 Em virtude desse fato, muitas empresas transnacionais acabaram instalando-se ou aumentando a sua capacidade produtiva nesses países com dólar valorizado. Para Ballou (2001) é preciso levar em consideração a questão do tempo, adotando o método estático ou dinâmico. O método estático seleciona localizações em dados de um único período de tempo, tal como um ano. Entretanto, os planos de localização podem cobrir muitos anos de uma só vez, especialmente se as instalações representam um investimento fixo e os custos de movimentação de um local para outro são altos. Por isso, leva-se em consideração na pesquisa, dados dos últimos cinco anos (2008 – 2012). Até o final do século XX, essa decisão quanto à localização dependia quase que totalmente do feeling pessoal do CEO da empresa, sem a adoção de nenhum método científico, afirma Dias (1993). Esse técnica procedia apenas dos anos de experiência no ramo. No entanto, isso não é mais o suficiente para fazer frente aos concorrentes. Os autores, Brandeau et al. (1989) afirmaram que muitas pesquisas começaram a ser feitas para se definir métodos científicos que pudessem auxiliar na tomada de decisão quanto à localização de novos empreendimentos. Longenecker (1997) mais tarde diz que existem duas variáveis que impactam na decisão de localização: as alterações na demanda de bens e serviços e as alterações na oferta de insumos para a operação. Com o passar do tempo, e com as pesquisas mais avançadas, surgiram vários métodos de localização. E neste estudo, optou-se elucidar por três métodos, como se pode conferir abaixo. 2.2.1.1 Método da mediana Este modelo também é muito utilizado em ambientes industriais, já que tem por objetivo localizar uma ou mais unidades fabris dentre um conjunto de possíveis pontos previamente identificados, e a partir disso, fornecer para diversos centros de consumo. Existe uma seleção prévia de um conjunto J de localidades potenciais que podem acolher as instalações (como mediana). Reese (2006) expressa métodos de resolução: Sejam, ḹ o conjunto de clientes que demandam determinado serviço; J o conjunto de candidatos potenciais a localizar o posto de serviço; 𝑑𝑖𝑗 a matriz de distâncias entre os clientes 𝑖 ∈ ḹ e os candidatos potenciais 𝑗 ∈ 𝐽 ; 𝑥𝑖𝑗 a decisão de alocação, isto é, se 𝑥𝑖𝑗 = 1 o cliente é alocado à instalação 𝑗 , e 𝑥𝑖𝑗 = 0 , 24 no caso contrário; 𝑦𝑗 a decisão sobre selecionar o candidato 𝑗 como posto de serviço, isto é 𝑦𝑗 = 1 se 𝑗 ∈ 𝐽 for selecionado para oferecer o serviço e 𝑦𝑗 = 0, caso contrário; e 𝑓𝑖 o custo fixo de selecionar o vértice 𝑗 para oferecer o serviço. Então, o problema de localização de uma planta simples pode ser formulado como: 𝑀𝑖𝑛 (1) 𝑍 = ∑ ∑ 𝑥𝑖𝑗 𝑑𝑖𝑗 + ∑ 𝑓𝑖 𝑦𝑗 𝑖∈ḹ 𝑗∈𝐽 𝑆𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎: 𝑗∈𝐽 (2) ∑ 𝑥𝑖𝑗 = 1, 𝑖 ∈ ḹ 𝑗∈𝐽 𝑥𝑖𝑗 ≤ 𝑦𝑗 ; 𝑥𝑖𝑗 ∈ {0,1}; 𝑦𝑗 ∈ {0,1}; 𝑖 ∈ ḹ, 𝑗 ∈ 𝐽 𝑖 ∈ ḹ, 𝑗 ∈ 𝐽 𝑗∈𝐽 (3) (4) (5) A definição da função objetivo (1) considera um conjunto potencial de instalações para atender demanda e é somada ao custo de se criar uma instalação em 𝑗 . Quanto às restrições, a (2) indica o conjunto de localizações examinado restringe-se ao conjunto de candidatos potenciais para prestar o serviço, a restrição (3) assegura que um cliente somente é atendido num local onde existe uma instalação que oferece o serviço e as restrições (4) e (5), impõem variáveis de decisão binárias. 2.2.1.2 Método do momento É um método simples e intuitivo que presume a existência dos momentos populacionais (cliente; mercado; fornecedor) e a interação entre eles, a ideia básica é simular esta interação partindo de uma cidade para as demais, e igualar os momentos das amostras aos momentos da população para encontrar a solução da equação (6) em função das componentes da amostra: 𝑎 custo unitário de transporte; 𝑏 quantidade transportada e 𝑐 distância percorrida. E sendo 𝑥 = {1,2,3, … , 𝑛} o conjunto de cidades. 𝑛 𝑀𝑥 = ∑ 𝑎𝑥 𝑥 𝑏𝑥 𝑥 𝑐𝑥 ) 𝑥=1 (6) 25 Dessa forma é possível mensurar o custo dos momentos e identificar então qual o melhor para iniciar as atividades, vale ressaltar que o escolhido será o de menor custo. 2.2.1.3 Método máxima cobertura Neste modelo é dado um número pré-fixado 𝑝 de instalações e deseja-se localizá-las para maximizar a demanda atendida. Sejam, 𝑤𝑖 a demanda no vértice 𝑖 ∈ ḹ; 𝑝 o número de instalações a serem ativadas; 𝑥𝑗 = 1 se o vértice for 𝑗 ∈ 𝐽 selecionado para se tornar uma instalação e 𝑥𝑗 = 0, caso contrário; se 𝑧𝑖 = 1 o vértice é 𝑖 ∈ ḹ atendido por alguma instalação e 𝑧𝑖 = 0, caso contrário. De tal modo, a expressão matemática é dada por: 𝑀𝑎𝑥 𝑍 = ∑ 𝑤𝑖 𝑧𝑖 (7) 𝑖∈ḹ 𝑆𝑢𝑗𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑎: (8) ∑ 𝑥𝑖 − 𝑧𝑖 ≥ 0, 𝑖 ∈ ḹ 𝑖∈𝑁𝑖 ∑ 𝑥𝑗 = 𝑝 (9) 𝑖∈𝐽 𝑥𝑗 ∈ {0,1}; 𝑗∈𝐽 (10) 𝑧𝑖 ∈ {0,1}; 𝑖∈ḹ (11) A função objetivo (7) maximiza a cobertura da demanda; a restrição (8) assegura que um cliente será coberto se existe pelo menos uma instalação localizada dentro da distância de cobertura. A (9) restringe a exatamente 𝑝 o número de instalações localizadas e as restrições (10) e (11) definem variáveis de decisão do tipo binário. 2.3 NIVEL SUPRA A análise supra faz referência às decisões de localização relacionadas ao entorno. Neste segundo nível, ocorre o planejamento do local. Lee (1998) diz que se deve prever expansões futuras da fábrica e a possível saturação do local. Expõe o número, tamanho e localização dos prédios, bem como infra estrutura, estradas, água e energia e mão de obra. 26 Para planejar e decidir de forma eficiente sobre a localização da instalação é importante que se tenha o resultado do planejamento global. Assim, conforme notado por Luzzi (2004), a análise supra, tem como finalidade avaliar e planejar o fluxo físico de pessoas (operação/administração), de veículos e de matérias-primas no entorno da instalação, além de avaliar a vizinhança quanto à segurança, item importante a ser considerado na aquisição de qualquer tipo de instalação. Lee (1998) afirma que como os terrenos são permanentes e caros, essa decisão é de âmbito estratégico e de longo prazo. Portanto, só a alta gerência tem a autoridade para a decisão. 2.4 NIVEL MACRO A análise macro, para vários autores, é o nível mais importante do planejamento de espaço. De acordo com Schmidt (2007), cada estrutura da instalação é planejada por um macro - layout, formando a organização básica da instalação. Nesta etapa do planejamento determinam-se os fluxos de materiais e informações, baseados na definição e localização dos departamentos operacionais. Se for bem projetado, pode proporcionar grandes melhorias na produtividade e lucratividade da empresa, podendo posicioná-la na direção do crescimento. O estudo desses fluxos aliado as informações do processo produtivo permitirá a composição um ou mais arranjos que serão usados para compor a proposta para a filial. 2.4.1 Arranjo físico Para Slack et al., (2002) o arranjo físico é definido como sendo o estudo do posicionamento relativo dos recursos produtivos, homens, máquinas e materiais, ou seja, é a combinação dos diversos equipamentos/máquinas, áreas ou atividades funcionais dispostas adequadamente. É por meio dele que se decide onde colocar todas as instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção, preocupando-se com o posicionamento físico dos recursos de transformação, determinando a forma e a aparência desta unidade produtiva, e também o fluxo dos recursos transformados através das operações. 27 Slack et al. (2002) ainda comentam que é uma atividade difícil e de longa duração por causa das dimensões físicas dos recursos de transformação movidos, podendo afetar o fluxo dos materiais e pessoas, o que poderá acarretar maiores ou menores custos e eficácias da produção. Um erro pode gerar fluxos longos e confusos, estoque de materiais, filas de clientes formando-se ao longo da operação, inconveniência para os clientes, tempos de processamento longos, operações inflexíveis, fluxos imprevisíveis e altos custos. Segundo Krajewski et al., (2009) ao se alterar um arranjo físico, pode-se afetar o modo de como uma empresa busca atingir suas prioridades. Os objetivos visados com um bom arranjo são: Aumentar a moral e satisfação no trabalho; Incrementar a produção, reduzindo as demoras, manuseios e tempos de manufatura (menor demora e distância); Maior utilização de equipamentos, mão de obra e serviços (reduzindo distâncias e tempos improdutivos); Reduzir os riscos para os colaboradores; Melhorar a comunicação. Novamente, Slack et al. (2002) asseguram que para se projetar um arranjo físico, deve-se fazer uma análise do que realmente deseja-se alcançar. Devem ser muito bem compreendidos os objetivos estratégicos da produção, como ponto de partida, dos muitos estágios que levam ao arranjo físico final da produção. Em várias situações, torna-se necessário um estudo de: Ineficiência das instalações (fabricação de novos produtos, aquisição de máquinas, necessidade de maior espaço para estocagem, etc); Redução dos custos de produção; Variação da demanda (aumento ou decréscimo na produção); Ambiente de trabalho inadequado (ruídos, temperaturas, iluminação, etc); Excesso de estoques (fluxo do produto não está bom); Manuseios excessivos (provocam estragos e atrasam a produção); Instalação de uma nova fábrica. De acordo com a estratégia buscada e de como os fatores externos são importantes para a organização, esta deve escolher uma técnica que a auxilie na tomada de decisão. Diante disto, Slack et al. (1997) classificam os arranjos físicos em: 28 Arranjo físico por processo ou funcional; Arranjo físico em linha ou por produto; Arranjo físico posicional ou fixo; Arranjo físico celular; Arranjo físico híbrido, combinado ou misto. Neste estudo, foi identificado que o arranjo físico é por processo, caracterizado pelo maquinário ser agrupado por similaridade, podendo operacionalizar de formas diferentes, em um mesmo local. O material desloca-se através das seções especializadas e de acordo com a necessidade de cada produto. Outro ponto forte deste arranjo é a flexibilidade, o que permite a variedade de itens e adequação da incerteza de demanda. Contudo, gera grande movimentação de materiais. 2.4.2 Capacidade de máquinas O cálculo do número de máquinas é um indicador importante para o estudo de layouts. Ele norteia, assim com outros indicadores ao longo da pesquisa, o espaço necessário segundo Martins et al.(2006). Para realizar o cálculo o autor leva em consideração a quantidade que se pretende produzir, as horas trabalhadas e as especificações técnicas dos equipamentos (tempo de processamento e dimensões). É de posse dessas informações, que ele constitui a relação que determina o número de produtos feitos por uma máquina durante um dia de trabalho. Onde: 𝑇𝑝 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜; 𝑇𝑚 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎. 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎 = 𝑄𝑝 = 𝑇𝑝 𝑇𝑚 (12) A partir desse resultado, é possível calcular o número de máquinas. A fórmula (13) expressa que, para se produzir a 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎 = 𝑄𝑑, meta, é necessário ter 𝑛 máquinas que produzam igual à 𝑄𝑝. 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 = 𝑄𝑑 𝑄𝑝 (13) As técnicas de análise e melhoria de layout estão cada vez mais sendo empregadas no mercado, com o intuito de ajustar os processos produtivos, buscando torna-los otimizados e eficientes, com minimização de desperdícios. Segundo Amaral (2001) é nesse intuito que será realizado o estudo do layout da 29 fábrica, por meio do Planejamento Sistemático de Layout - PSL, para análise de eficiência e possível melhoria na implantação da filial. 2.4.3 Planejamento Sistemático de Layout – PSL Para Tompkins et al. (1996) o procedimento do PSL pode ser usado sequencialmente para desenvolver inicialmente um layout de blocos e, a partir deste, obter o detalhamento de cada setor planejado. Antes do prosseguimento de qualquer planejamento de layout, todos os detalhes relacionados com processos produtivos e fluxo de materiais devem ser obtidos. O PSL inicia com uma análise designada pelas iniciais PQRST (produto, quantidade, rota, suporte e tempo). Essa análise auxilia na coleta organizada dos dados de entrada do problema, que constitui a etapa inicial de um fluxograma. O método está sumarizado na figura1: Figura 1 – Método de PSL. Fonte: Tompkins et al. (1996). O método é dividido em três fases. A fase de Análise inicia com a avaliação dos processos, onde todos os fluxos da produção são agregados a um diagrama, como pode ser visto na figura 2. 30 Figura 2 – Diagrama de relacionamento. Fonte: Schmidt (2007) O diagrama de relacionamento é feito através de notações, que são classificadas em letras, e cada uma com seu significado, como visto na tabela abaixo. Tabela 2 - Legenda do diagrama de relacionamento. REPRESENTAÇÃO SIGNIFICÂNCIA VALORES DA RELAÇÃO A E Absolutamente necessário Muito importante 6 5 Importante Pouco importante Desprezível Indesejável 4 3 2 1 I O U X Fonte: Schmidt (2007). Para determinar o diagrama, é necessário conhecer primeiramente as unidades de planejamento de espaço (um prédio, um departamento, uma unidade de produção ou um posto de trabalho, de acordo com o arranjo físico a ser estudado) e realizar uma análise de afinidades. A comunicação ou interação pessoal entre os colaboradores, movimentações de materiais entre os setores ou qualquer outro fator que exija uma proximidade, precisam ser verificados. Neste estudo foram feitos dois diagramas, como mostram as figuras 8 e 12, seção 3.4.1. O primeiro, com a intenção de identificar a afinidade entre os setores da empresa; o outro, referente ao processo produtivo. Na visão de Lee (1998) as afinidades são os fatores que influenciam diretamente na necessidade de uma proximidade ou não entre os setores ou postos de trabalho. Elas são ferramentas importantes para a elaboração do layout. 31 Em relação à fase de pesquisa, Muther et al. (2000) iniciam esta fase com um arranjo ideal de espaços. Na sequência, trabalha-se com um arranjo realístico, idealmente apresentando uma mínima variação com relação ao ideal. Segundo Krajewski et al. (2009) a construção do diagrama de blocos é feita após definição das solicitações de espaço. O layout final surge da união desses blocos, que representam os setores e espaços envolvidos. Yang et al. (2000) alegam que as restrições adicionais de projeto e limitações práticas são consideradas antes do início do desenvolvimento do layout de blocos. Após desenvolvimento do layout, inicia-se a fase de Seleção, e para Kerns (1999), é nesta fase os layouts sofrem uma avaliação de viabilidade e aprovação entre os departamentos envolvidos. Este processo de avaliação deve considerar se os critérios de projeto foram satisfeitos. 2.5 NÍVEL MICRO Após a definição do arranjo do espaço no nível macro, se escolherá como as unidades de planejamento de espaços serão organizadas nas estações de trabalho. Assim, de acordo com Lee (1998, p. 110): “A ênfase muda do fluxo bruto de materiais para o espaço pessoal e a comunicação”. O micro espaço se torna, então, uma continuação da análise do macro, portanto, na unidade de planejamento de espaço escolhida devem-se analisar os movimentos realizados, definindo seus fluxos, de forma a tornar o ambiente seguro e que propicie satisfação dos trabalhadores. Segundo Neumann (2008) nesta etapa determina-se a localização das máquinas, móveis e postos de trabalho para cada unidade do macro espaço. Além disso, analisa-se como as pessoas e as máquinas trabalharão dentro do meio, otimizando a utilização da área. Novamente, Lee (1998) afirma que as considerações sociotécnicas são fortes neste nível do planejamento. A estratégia operacional do negócio tem que estar muito bem alinhada com a equipe de produção, pois caso contrário poderá desestimular o trabalho em equipe. 32 2.5.1 Balanceamento da linha de produção Segundo Aguiar et al., (2007) o balanceamento da linha de produção consiste na atribuição das atividades aos postos de trabalho, que formam a linha, de forma que todos os postos demandem aproximadamente o mesmo tempo de execução das atividades a eles destinadas. O tempo de execução de cada operador tem que ser o mais próximo possível, para que não exista atraso nas atividades seguintes. O autor lista os procedimentos para a realização do balanceamento: Definir a sequência de atividade; Calcular o tempo de ciclo; Calcular o número mínimo de postos de trabalhos; Atribuir as atividades aos postos, seguindo a ordem natural do processo; Verificar se não existem outras soluções, objetivando sempre o menor tempo ocioso; Calcular o percentual de ocupação; Calcular a eficiência da linha produtiva. A seguir é mostrado como são obtidos os indicadores da linha de produção. 2.5.1.1 Tempo de ciclo Para Martins et al.(2006), o tempo de ciclo é o tempo que a linha leva para produzir uma peça. 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 = 𝑇𝑐 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑄𝑢𝑎𝑑𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎 (14) A partir do tempo de ciclo, determina-se o número mínimo e teórico de operadores. 2.5.1.2 Número de operador A fórmula (15) demonstra como encontrar o resultado. 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 = 𝑁𝑜𝑝 = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑒 𝑢𝑚𝑎 𝑝𝑒ç𝑎 𝑇𝑐 (15) Para identificar o número real o autor propõe realizar simulações, distribuindo as atividades e alocando nos posto de trabalho, não esquecendo sempre que cada 33 operador deverá trabalhar a menor ou igual ao tempo de ciclo. Procura-se o menor índice de ociosidade. 2.5.1.3 Percentual de ocupação Por melhor balanceada que a produção esteja sempre existirá postos de trabalho com atividade que demandam menor tempo de produção, afirma o autor Martins et al. (2006) Mas procura-se o equilibrar o tempo para reduzir a ociosidade ou a sobrecarga dos postos. A taxa é encontrada a partir da fórmula (16). 𝑂𝑐𝑢𝑝𝑎çã𝑜 % = 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 𝑇𝑐 (16) O autor considera que outro fator importante também afere a confiabilidade do balanceamento é a eficiência dele. 2.5.1.4 Eficiência Uma vez já determinada a solução, calcula-se, através da fórmula (17), a eficiência do balanceamento. 𝐸%= 2.6 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑒ó𝑟𝑖𝑐𝑜 𝑑𝑒 𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜𝑟 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑅𝑒𝑎𝑙 (17) ABORDAGEM EXPERIMENTAL E CLONAGEM Segundo Lee, (1998) as abordagens ao planejamento do layout das instalações podem ser altamente organizadas ou extremamente aleatórias. Dentre as abordagens citadas, o autor referencia algumas abordagens, que serão descritas, resumidamente, a seguir. A abordagem baseada na experiência é fundamentada na vivência, no senso comum e no instinto. A experiência dos membros mais velhos da organização é valiosa, contudo pode entrar em obsolescência devido a novas tecnologias e formas de organização. Este tipo de abordagem, dita experimental, normalmente, não é bem organizada e resulta da memória de um ou de poucos indivíduos, podendo esquecer muitos detalhes. 34 A abordagem baseada na clonagem, simplesmente duplica uma instalação já existente ou parte dela, por isso é uma tarefa bastante rápida. Se a instalação existente é eficiente e se as condições são as mesmas, este tipo de abordagem funciona bem. Para a maior parte dos casos, no entanto, a clonagem tem uso limitado porque os locais, processos e pessoas são diferentes. 2.7 SETOR MADEREIRO NO ESTADO DO PARÁ Um dos setores mais aquecidos e diversificados do Estado, reflexo da abundância deste recurso natural e cujo aproveitamento e comercialização se dão nas formas mais variadas na indústria de transformação no Brasil e para exportação. A Amazônia brasileira é uma das principais regiões produtoras de madeira tropical no mundo, atrás apenas da Malásia e Indonésia (OIMT, 2006). A exploração e o processamento industrial de madeira estão entre suas principais atividades econômicas, ao lado da mineração e da agropecuária. Silva (2011) relata que o Pará concentra 51% das indústrias madeireiras e gera 48% dos empregos neste setor, na Amazônia. Em seguida, aparece o Mato Grosso com 33% da produção, enquanto Rondônia ocupa o terceiro lugar, 15%. O restante, 7%, está distribuído entre os outros Estados. O Estado do Amazonas contribui com apenas 2% da produção regional. Segundo Veríssimo et al. (1998) uma localidade é considerada um polo madeireiro quando atinge um volume de extração e consumo anual de madeira em tora igual ou superior a 100 mil metros cúbicos. Conforme publicação da AIMEX, já são registrados 33 polos no Estado, alimentando mais de 1.600 fábricas e fazendo circular pela região milhões, mensalmente, com a atividade. 35 Figura 3 – Polos madeireiros no Pará. Fonte: IMAZON. A figura 3 ilustra o mapa do Estado e as regiões onde ocorrem a atividade de exploração de madeira. O setor madeireiro impulsiona com o alto peso a economia paraense pelos empregos, renda e divisas que gera de forma direta, em dezenas de municípios da Amazônia. Segundo a IMAZON, em 2004 este setor gerou quase 400 mil empregos, o equivalente a 5% da população economicamente ativa da região e sua receita bruta foi de US$ 2,3 bilhões. Já em 2008, de acordo com Santana (2009), o Estado apresentou um valor adicionado de US$ 4,46 bilhões e 30.481 novos empregos, participando, respectivamente com 9,6% e 3,6% do PIB e do emprego total. O Setor gera grande parte da renda e do emprego no local onde se estabelece, portanto, é de uma importância vital para o desenvolvimento rural na Amazônia. A comercialização interestadual dos produtos das cadeias produtivas de madeira beneficiada, móveis e artefatos de madeira, apresentou superávit de R$ 507,79 milhões em 2010, conforme informações da AIMEX. 36 Com relação ao mercado internacional, Santana (2009) disse que mesmo diante da crise, o Estado do Pará apresentou um crescimento (superávit) na balança comercial dos produtos da madeira de R$ 1,43 bilhão em 2009. Embora o cenário não ter sido totalmente favorável, o Estado continuou como exportador mais imponente deste produto, com um superávit total de R$ 1,93 bilhão (exportação R$ 2,37 bilhões e importação R$ 0,44 bilhão). Com este saldo, a cadeia produtiva de base florestal madeireira foi a mais importante entre as cadeias de base agrária (florestal, agrícola, pecuária e pesca). Carvalho (2012) explicou que mesmo com a grave crise enfrentada pelo setor produtivo florestal, os valores exportados de produtos industrializados e manufaturados de madeira do Pará cresceram 20,91%, em 2011. 2.7.1 Piso de madeira Citados por Martins et al. (2002) definiram piso como sendo uma superfície qualquer, contínua ou descontínua, construída com a finalidade de permitir o trânsito pesado ou leve. Portanto, o uso e o ambiente em que será inserido, determinam a escolha de um piso, considerando algumas características: O piso de um compartimento deve ser compatível com seu acabamento; O pavimento de um ambiente deve ser apropriado ao ambiente; Deve-se levar em consideração a aquisição, a instalação o desgaste, a manutenção e a conservação do piso; Deve apresentar atrito necessário ao trânsito; Deve apresentar resistência ao desgaste provocado pelo trânsito; Inalterabilidade de cor e dimensões. A Revista de madeira publicou que o piso de madeira decora e embeleza qualquer aposento além de valorizar o imóvel com o tempo. De fato, numa pesquisa nacional, nos Estados Unidos, 90% dos corretores imobiliários pesquisados, afirmaram que imóveis com piso de madeira são vendidos mais rapidamente e com preço mais alto em relação ao demais imóveis. São ecologicamente amigáveis, pois vem de fonte natural e em muitos casos, de madeira de reflorestamento. Os pisos de madeira apresentam custo-benefício adequado, pois ao se comparar com outras opções de piso, os de madeira mantêm sua beleza e 37 integridade por muito mais tempo. É possível encontrar grande variedade de estilos, cores e espécie de madeira. Atualmente, segundo dados da Associação Nacional dos Produtores de Pisos de Madeira - ANPM, aproximadamente 57% das vendas de madeira do Pará para o exterior são de produtos com maior valor agregado. A madeira serrada, representando 43,62%, continua liderando as exportações, acompanhada do segmento de pisos, com 38,12%. 2.7.2 Piso engenheirado Elegante, funcional e de fácil aplicação, um novo conceito de piso ecologicamente correto, que diminui em 200% o impacto ambiental, surge a partir de estudos para o reaproveitamento da matéria-prima e reciclagem dos resíduos da produção. Segundo Graneto (2010), a estrutura do piso é composta por três camadas: Madeira compensada: a camada de suporte é composta de madeira compensada da melhor qualidade existente no mercado. Desenhada para minimizar as chances de expansão e contração na camada superior, esta madeira potencializa a estabilidade concedida ao piso pela camada de madeira reciclada; Madeira nobre reciclada: consiste num processo de reciclagem industrial, que incorpora subprodutos da produção. Este material proveniente do primeiro corte da madeira é reutilizado na construção da estrutura do piso, o que confere ao mesmo maior estabilidade, quando comparado a um piso de madeira sólido tradicional; Madeira nobre: madeiras elegantes, duráveis e exóticas, típicas da região Amazônia, provenientes de florestas bem manejadas. Com densidades entre 790 kg por metro cúbico até 1300 kg por metro cúbico. 38 Figura 4 – Camadas do piso engenheirado. Fonte: Vitória Régia Exportadora. No processo de fabricação do piso são utilizadas lâminas de madeira compensada coladas, como em um painel, formando a base do piso. Na fase seguinte, o compensado passa por processo de calibração e lixamento, para ajuste da espessura, e recebe o miolo do piso - camada da madeira reciclada - e em seguida são colocadas as lâminas de madeira nobre decorativas na face. A fase final consiste de cortes longitudinais em larguras finais do piso, perfilamento longitudinal e transversal para encaixes e aplicação de material de acabamento superficial. Enquanto o piso de madeira maciça muda de dimensão consideravelmente, à medida que sofre alterações de umidade, o piso engenheirado tem maior estabilidade dimensional por ser constituído de lâminas sobrepostas com fibras cruzadas. Por terem maior estabilidade, os pisos engenheirados podem ser instalados em áreas com maior variação de umidade e podem ser colados ao contrapiso. E segundo dicas da REMADE, o piso engenheirado pode ser colado diretamente sobre o concreto curado. 39 3. ESTUDO DE CASO Para a realização do estudo foi analisada toda a problemática envolvendo o processo de escolha do novo local para se instalar a filial. Obedecendo à metodologia de Lee (1998), a análise não se restringiu tão somente aos níveis mais macros da instalação – planejamento estratégico - mas alcançou também os aspectos relacionados ao plano operacional da empresa, como seu arranjo físico e processo produtivo. O estudo foi realizado em uma empresa voltada à produção de pisos engenheirados e industrialização de pisos sólidos de madeira. O fundamento da pesquisa teve origem ainda no ano de 2012, quando, à época se desenvolveu ali, um trabalho de Planejamento e Controle da Produção II. Naquela oportunidade, os sócios proprietários manifestaram o interesse em abrir uma filial de sua empresa. Dessa forma, com o argumento inicial latente, a ideia do desenvolvimento do trabalho começou, mesmo, em meados de janeiro de 2013, por meio das primeiras pesquisas literárias sobre o tema localização de empresas. Este embasamento científico se prolongou até abril de 2013, coincidindo, em parte, com o período de realização de visitas ao local, entre os meses de fevereiro e abril de 2013. Essas visitas possibilitaram a análise e o conhecimento da rotina de atividades dos funcionários, do processo produtivo da fábrica, da configuração do layout e dos fluxos de produção dos materiais processados. Para tanto, além das visitas de observação in loco, foram realizadas entrevistas com os responsáveis dos diversos departamentos da empresa, tais como: Planejamento e Controle da Produção, Controle da Qualidade, Engenharia, Gerência e Diretoria. Também foram realizadas entrevistas com a força de trabalho da produção da empresa. O registro dessas atividades ocorreu por meio de fotos, vídeos e medições, para obtenção do dimensionamento das áreas da empresa, disposição de móveis, máquinas e equipamentos. Todo esse processo de coleta na empresa matriz ocorreu nos meses de fevereiro, março e abril de 2013. Coletadas as informações, foram aplicados os conhecimentos citados no referencial teórico, permitindo analisar e extrair resultados importantes que comporão a proposta de instalação da nova fábrica. 40 3.1 HISTÓRICO DA EMPRESA Hoje é classificada como uma beneficiadora de madeira, porém, como muitas empresas da região, iniciou suas atividades com poucos recursos, com uma estrutura familiar e produzindo manualmente portas e esquadrias, em meados da década de 90. A pequena empresa ganhou prestígio por trabalhar com seriedade, cumprindo com os prazos e, principalmente, pela qualidade nos acabamentos dos seus produtos. Em poucos anos de atividade, conseguiu adquirir os primeiros maquinários e assim atender a uma maior demanda. Os funcionários que foram substituídos pelas maquinas não foram desligados, e sim, treinados em novas técnicas, capacitando-os para confeccionar o novo produto, piso maciço. Junto ao piso, surge à responsabilidade de cobrar do fornecedor, a procedência da madeira nobre, postura que ratifica a seriedade da empresa e a preocupação com o meio ambiente. Esta consciência, aliada à funcionalidade, beleza e ao refinado acabamento do piso, assegurou um rápido destaque no mercado. Porém, a estrutura física, mecânica (equipamentos) e de pessoal não estava se desenvolvendo na mesma velocidade, impedindo o atendimento da demanda e, consequentemente, o crescimento da empresa, até então de cunho familiar. O patriarca, disposto a alavancar a marca, analisou a reação do mercado (de forma positiva), os concorrentes e procurou uma instituição financeira para realizar um empréstimo. A partir dessa decisão, a empresa passara por uma nova fase, deixando de lado o livro caixa, o caderno de pedidos e a velha oficina de quintal para assumir a instalação de sua unidade industrial, toda automatizada e controlada por software, situada no distrito industrial de Ananindeua. Em 2004, a planta estava devidamente legalizada, com suas licenças operacionais e registros pertinentes e funcionando a todo vapor. No primeiro ano de funcionamento, o aumento da produção foi quase que imensurável, passando dos 500% sobre que era produzido manualmente, reflexo do investimento em tecnologia e, também, do mercado da construção civil aquecido. Todo esse crescimento tornou visível o resíduo que era gerado pela produção do piso. Preocupada com o descarte desse material, a empresa identificou uma 41 primeira destinação, que foi a de alimentar o forno que fornece calor às estufas. Contudo, esse tratamento não foi suficiente para consumir toda a quantidade produzida. Então, recorreu a especialistas, e uma equipe de engenheiros ambientais foi contratada (que hoje compõe o departamento ambiental), para encontrar a melhor solução de descarte. Empenhada em encontrar uma solução que tornasse a produção mais limpa, alinhada com o desenvolvimento econômico e sustentável da empresa, os visionários, transformaram a problemática em um grande sucesso. Assim, surgiu a proposta do piso ecologicamente correto, e que dois meses após a solução já estavam sendo confeccionados os primeiros pedidos. Este piso ecológico utiliza a técnica de pisos engenheirados e busca a otimização racional da madeira, aplicando diretrizes que visam promover o desenvolvimento sustentável e atender à demanda de consumidores preocupados com a preservação do meio ambiente. O piso ecologicamente correto passa a ser o produto classe A e a empresa ganha força no mercado exterior, exportando o piso para: França, Itália, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Canadá. Assim, ela entra na lista das maiores indústrias do Estado. Além do sucesso com o piso ecológico, a empresa comemora a aprovação do projeto de desenvolvimento sustentável, junto ao IBAMA e ao Ministério do meio ambiente, em que pretende apoiar o desenvolvimento e a adoção de sistemas sustentáveis de manejo florestal, no Estado do Pará e, futuramente, na Amazônia, com destaque para a exploração e fabricação de produtos madeireiros. O crescimento da produção vem evoluindo a cada ano e atualmente a empresa já sente a necessidade de expandir sua estrutura para melhor atender seus clientes e visando novos mercados. 3.2 PRIMEIRO NÍVEL: GLOBAL Inicialmente, a análise no conjunto de documentos fiscais arquivados na empresa, notas fiscais (NFs) e conhecimentos de transporte rodoviário de carga (CTRCs) permitiu identificar a área de origem do fornecimento de matéria-prima. Nesses documentos foram encontradas quatro cidades que compõem o mercado fornecedor atual da empresa: Paragominas, Dom Eliseu, Baião e Tailândia. Nas notas fiscais estavam contidas as quantidades e os respectivos valores pagos pela 42 matéria prima, em cada local de origem; nos CTCRs, o custo do frete com o transporte. Uma vez que o valor pago pela matéria-prima será o mesmo, independentemente da localização, ao estudo interessou, preliminarmente, extrair o quanto a empresa gastava com o transporte, já que um dos problemas, se não o principal deles, que a pesquisa se propõe a resolver, é justamente, o alto custo com o transporte de matéria prima. Nesse sentido, procedeu-se o levantamento do custo mensal da empresa, por cidade, dos últimos cinco anos (2008 – 2012), para se ter uma base sólida de dados, conforme demonstrado na tabela 3. DOM ELISEU 1630 1950 PARAGOMINAS TAILÂNDIA 1095 1340 2009 2010 1050 880 2350 1100 2008 Tabela 3 – Custo do frete por cidade. CUSTO DO QUANT. PERÍODO BAIÃO FRETE (R$) (M3) JAN 3.980 35 1835 FEV 2.970 22 MAR 2.830 21 ABR 2.350 17 MAI 2.415 18 1315 JUN 2.280 16 2280 JUL 2.345 17 AGO 2.470 18 SET 2.190 15 OUT 2.950 22 NOV 2.340 17 2340 DEZ 2.750 22 JAN 3.000 27 1550 FEV 2.180 15 MAR 2.890 22 ABR 2.460 18 MAI 4.100 36 795 JUN 3.450 33 1450 JUL 3.390 32 AGO 4.205 36 1100 2345 1100 1650 1370 2190 1300 1550 1450 1200 2180 1200 1125 1240 1805 SET OUT 2.970 3.880 28 35 1100 NOV DEZ 3.300 4.560 32 37 1000 2100 JAN FEV 4.150 2.310 36 16 MAR ABR 4.090 3.570 36 33 2040 1000 MAI JUN 3.400 3.230 32 30 1000 1230 1400 JUL AGO SET 3.690 4.590 3.050 34 37 28 1690 2460 1080 750 2150 1100 1250 1300 1580 1150 1870 1150 1300 1000 1100 1360 1350 1940 860 1930 1050 1640 1000 1000 1000 2310 830 1180 1100 1300 1580 1210 1870 1010 1250 2012 2011 43 OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL 3.529 3.680 4.615 4.509 2.420 2.790 3.170 3.500 3.250 4.610 33 34 37 36 20 22 29 33 30 37 811 1100 1330 1245 1438 1690 1100 AGO SET 4.615 3.290 37 30 2815 OUT NOV 4.690 3.150 37 29 2360 DEZ JAN 3.589 3.490 34 33 950 1600 FEV 2.140 16 MAR 3.269 31 1985 ABR 2.890 26 1000 MAI 3.359 32 1100 JUN 2.560 23 1790 JUL 2.950 26 AGO 4.575 36 1700 1075 1800 SET 3.280 30 1500 1000 780 OUT 4.705 37 1580 1945 NOV 3.250 30 675 900 DEZ 2.410 21 1050 1500 800 1000 2180 1130 2420 1429 1300 1190 1130 1000 1070 1000 1100 2450 1100 1800 1090 1100 2150 1000 1000 2100 1350 1160 2330 1389 1250 1890 2140 1284 1890 1100 1159 770 1850 1100 1180 1675 1100 1310 Fonte: Empresa estudada (2013). No levantamento constatou-se que a captação de matéria prima nas cidades pesquisadas não ocorria regularmente, havendo interstícios aleatórios. Ou seja, houve meses em que não se tinha custo com frete para uma determinada cidade. A causa, pesquisada na empresa, era resultante da falta de insumo, em uma cidade, num determinado período. O valor mensal do frete para cada cidade: 𝑎 = Baião, 𝑏 = Dom Eliseu, 𝑐 = Paragominas e 𝑑 = Tailândia, foram calculados através da fórmula (18), onde 𝑛 = {1, 2, 3, … , 12} refere-se aos meses e 𝑚 = {2008,2009 … , 2012} aos anos coletados. 𝐶𝑓(𝑛;𝑚) = ∑ 𝐶𝑓 (𝑎; 𝑏; 𝑐; 𝑑 ) (18) (𝑛;𝑚) De posse dos valores mensais de frete para cada cidade, pôde-se calcular, por meio das fórmulas (19), (20), (21) e (22) o valor médio mensal dos fretes pagos 44 pela empresa, para cada cidade. Ressalta-se que foram excluídos do cálculo os meses onde não houve captação de matéria prima, 𝐶𝑓 = 0 , a fim de que não houvesse tendência a diminuir o resultado da média. Considerando 𝑛 = {1, 2, 3, … , 12} e 𝑎 = Baião, 𝑏 = Dom Eliseu, 𝑐 = Paragominas e 𝑑 = Tailândia. 2012 𝐶𝑓𝑎𝑛 = 𝐶𝑓𝑛 𝑚=2008 𝑎 (19) 2012 𝐶𝑓𝑏𝑛 = 𝐶𝑓𝑛 𝑚=2008 𝑏 (20) 2012 𝐶𝑓𝑐𝑛 = 𝐶𝑓𝑛 𝑚=2008 𝑐 (21) 2012 𝐶𝑓𝑑𝑛 = 𝐶𝑓𝑛 𝑚=2008 𝑑 (22) Os valores encontrados para cada cidade e para cada mês do período compreendido entre os anos de 2008 a 2012 foram disponibilizados na tabela 4, o que possibilitou saber quanto a empresa gastou, em média, para trazer a matéria prima, de cada cidade. Essa análise permitiu descobrir, por exemplo, que na cidade de Paragominas não teve nenhum valor médio de frete no mês de março, o que significa dizer que, durante os cinco anos do levantamento, não houve captação de matéria prima, neste mês, nesta cidade. O mesmo ocorreu para as cidades de Baião nos meses de julho, Dom Eliseu em abril e junho e Tailândia nos meses de fevereiro. Essa circunstância, também pesquisada, possui explicação no fato de que, nesses períodos, as cidades estavam passando por um programa de manejo florestal, de plantio e reflorestamento, e que estava proibida a extração e venda de madeira. Tabela 4 – Média do custo do frete. BAIÃO DOM ELISEU PARAGOMINAS TAILÂNDIA JAN 1.449,00 1.412,67 1.388,33 1.232,50 FEV 2.310,00 1.630,00 1.880,00 0,00 MAR 1.905,00 1.306,80 0,00 1.206,67 ABR 1.000,00 0,00 1.952,50 1.876,67 MAI 1.142,00 1.156,25 1.079,67 1.066,67 JUN 1.510,00 0,00 950,00 1.092,50 JUL 0,00 1.297,50 1.820,00 1.505,00 AGO 1.611,25 1.320,00 1.460,00 1.450,00 SET 1.260,00 1.050,00 1.716,67 1.250,00 OUT 1.970,00 1.721,00 1.157,50 1.289,50 NOV 1.266,25 1.176,67 1.575,00 1.325,00 DEZ 1.525,00 1.321,00 1.460,00 1.250,00 45 MÉDIA 1.540,77 1.339,19 1.494,52 1.322,23 Fonte: Autores (2013). O custo médio com frete de cada cidade foi encontrado através das fórmulas (23), (24), (25) e (26) que considerou novamente a média dos custos médios encontrados dos fretes, por mês. Restrição para 𝐶𝑓 = 0. 12 𝐶𝑓𝑎 = 𝐶𝑓𝑎𝑛 𝑛=1 (23) 12 𝐶𝑓𝑏 = 𝐶𝑓𝑏𝑛 𝑛=1 (24) 12 𝐶𝑓𝑐 = 𝐶𝑓𝑐𝑛 𝑛=1 (25) 12 𝐶𝑓𝑑 = 𝐶𝑓𝑑𝑛 𝑛=1 (26) A cidade Baião, frente a outras, teve a maior média, na ordem de R$ 1.540.77 por mês. A tabela 5 apresenta as distâncias de cada cidade fornecedora de matéria prima até a cidade de Ananindeua, onde se encontra localizada a fábrica matriz. Tabela 5 – Distâncias entre a fábrica matriz e seu mercado fornecedor. LOCAL ORIGEM DISTÂNCIA DESTINO KM PARAGOMINAS DOM ELISEU 288 432 ANANINDEUA TAILÂNDIA 330 BAIÃO 420 Fonte: IBGE (2013). De posse desses números e utilizando-se das fórmulas (27), (28), (29) e (30) chegou-se aos valores mensais do custo unitário por quilômetro, expostos na tabela 6. Onde 𝑛 = {1, 2, 3, … , 12} e 𝐷, a distância da cidade. 𝐶𝑓𝑎𝑛 𝐷𝑎 𝐶𝑓𝑏𝑛 𝐶𝑢𝑓𝑏𝑛 = 𝐷𝑏 𝐶𝑓𝑐𝑛 𝐶𝑢𝑓𝑐𝑛 = 𝐷𝑐 𝐶𝑓𝑑𝑛 𝐶𝑢𝑓𝑑𝑛 = 𝐷𝑑 𝐶𝑢𝑓𝑎𝑛 = (27) (28) (29) (30) Tabela 6 – Média do custo unitário mensal por cidade. BAIÃO DOM ELISEU PARAGOMINAS TAILÂNDIA 46 JAN 3,45 3,27 4,82 3,73 FEV 5,50 3,77 6,53 0,00 MAR 4,54 3,03 0,00 3,66 ABR 2,38 0,00 6,78 5,69 MAI 2,72 2,68 3,75 3,23 JUN 3,60 0,00 3,30 3,31 JUL 0,00 3,00 6,32 4,56 AGO 3,84 3,06 5,07 4,39 SET 3,00 2,43 5,96 3,79 OUT 4,69 3,98 4,02 3,91 NOV 3,01 2,72 5,47 4,02 DEZ 3,63 3,06 5,07 3,79 MÉDIA 3,67 2,82 5,08 3,95 Fonte: Autores (2013). Dessa forma, o custo unitário final do frete para cada cidade é encontrado por meio da média dos custos unitários mensais, conforme demonstrado nas fórmulas a segui. O resultado será utilizado no cálculo de localização como será exposto mais adiante. 12 𝐶𝑢𝑓𝑎 = 𝐶𝑓𝑎𝑛=1 12 𝐶𝑢𝑓𝑏 = 𝐶𝑓𝑏𝑛=1 12 𝐶𝑢𝑓𝑐 = 𝐶𝑓𝑐𝑛=1 12 𝐶𝑢𝑓𝑑 = 𝐶𝑓𝑑𝑛=1 (31) (32) (33) (34) Na tabela 7 consta o levantamento, realizado a partir da análise das NFs, das quantidades de madeira comprada mensalmente, em cada cidade que compunha o mercado fornecedor da empresa, no período de 2008 a 2012. A unidade de medida que constava nas NFs era 𝑚3 . Consoante já dito, novamente, ratificou-se a circunstância descoberta, quando da análise do levantamento de frete (nos CTRCs), em que se verificou que captação de madeira não ocorria de forma regular, mensalmente, em todas as cidades. Assim sendo, através da formula (35) é calculado o total adquirido, em cada mês, das cidades fornecedoras. O valor mensal da quantidade de matéria prima de cada cidade: 𝑎 = Baião, 𝑏 = Dom Eliseu, 𝑐 = Paragominas e 𝑑 = Tailândia. Onde 𝑛 = {1, 2, 3, … , 12} refere-se aos meses e 𝑚 = {2008,2009 … , 2012} aos anos coletados. 47 𝑄(𝑛;𝑚) = ∑ 𝑄 (𝑎; 𝑏; 𝑐; 𝑑) (35) (𝑛;𝑚) 2011 2010 2009 2008 Tabela 7 – Quantidade adquirida da madeira dos últimos cinco anos. QUANT. DOM PERÍODO BAIÃO PARAGOMINAS TAILÂNDIA (M3) ELISEU JAN 35 FEV MAR 22 21 ABR MAI JUN JUL AGO SET 17 18 16 17 18 15 OUT NOV DEZ JAN FEV MAR 22 17 22 27 15 22 ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET 18 36 33 32 36 28 35 32 37 36 16 36 33 32 30 34 37 28 OUT NOV 33 34 DEZ JAN FEV MAR ABR 37 36 20 22 29 15 10 12 14 10 10 7 17 10 16 8 17 8 10 15 12 10 17 10 12 10 10 7 15 10 6 12 10 10 10 15 10 12 14 15 12 12 16 16 12 18 10 9 20 10 10 10 16 10 18 10 10 7 13 12 10 10 10 14 10 15 10 12 12 18 10 12 8 10 15 10 10 10 10 10 8 10 13 13 13 6 10 10 17 10 20 10 10 12 10 10 19 2012 48 MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN 33 30 37 37 30 37 29 34 33 13 7 FEV 16 MAR 31 18 ABR 26 10 MAI 32 10 JUN 23 16 10 10 10 18 15 10 9 22 12 7 15 10 12 13 10 10 13 10 19 13 14 18 16 13 16 10 12 7 JUL 26 AGO 36 12 16 10 14 SET 30 12 10 8 OUT 37 12 15 NOV 30 7 8 DEZ 21 Fonte: Empresa estudada. 10 10 15 9 12 De posse dos valores, levantou-se a média mensal, de madeira adquirida em cada cidade, no horizonte dos cinco anos do levantamento, o que se conseguiu através das fórmulas (36), (37), (38) e (39). Onde 𝑛 = {1, 2, 3, … , 12} refere-se aos meses e 𝑚 = {2008,2009 … , 2012} aos anos coletados. 2012 𝑄𝑎𝑛 = 𝑄𝑛 𝑚=2008 𝑎 (36) 2012 𝑄𝑏𝑛 = 𝑄𝑛 𝑚=2008 𝑏 (37) 2012 𝑄𝑐𝑛 = 𝑄𝑛 𝑚=2008 𝑐 (38) 2012 𝑄𝑑𝑛 = 𝑄𝑛 𝑚=2008 𝑑 Tabela 8 – Média da quantidade de insumo. BAIÃO DOM ELISEU JAN 12 11 FEV 16 14 (39) PARAGOMINAS TAILÂNDIA 12 11 15 0 49 MAR 15 11 0 10 ABR 10 0 16 17 MAI 10 11 11 9 JUN 13 0 10 11 JUL 0 12 16 12 AGO 15 11 12 12 SET 11 10 13 12 OUT 12 13 10 12 NOV 11 11 15 13 DEZ 11 11 13 11 MÉDIA 12 11 13 12 Fonte: Autores, 2013. A quantidade média de madeira, de cada cidade foi encontrada através das fórmulas (40), (41), (42) e (43). Restrição para 𝑄 = 0. 12 𝑄𝑎 = 𝑄𝑎𝑛 𝑛=1 12 𝑄𝑏 = 𝑄𝑏𝑛 𝑛=1 12 𝑄𝑐 = 𝑄𝑐𝑛 𝑛=1 (40) (41) (42) 12 𝑄𝑑 = 𝑄𝑑𝑛 𝑛=1 (43) Assim, de posse dos dados, foi possível calcular o custo médio mensal que a fábrica tem com transporte de insumo. Estabeleceu-se uma relação entre: Quantidade média (de cada cidade), Custo unitário de transporte e Distância percorrida até a cidade de Ananindeua, onde está localizada a matriz. Esse custo médio foi, para cada cidade, obtido através das fórmulas (44), (45), (46) e (47). 𝐶𝑀𝑚𝑎 = 𝑄𝑎 𝑥 𝐷𝑎 𝑥 𝐶𝑢𝑓𝑎 (44) 𝐶𝑀𝑚𝑏 = 𝑄𝑏 𝑥 𝐷𝑏 𝑥 𝐶𝑢𝑓𝑏 (45) 𝐶𝑀𝑚𝑐 = 𝑄𝑐 𝑥 𝐷𝑐 𝑥 𝐶𝑢𝑓𝑐 (46) 𝐶𝑀𝑚𝑑 = 𝑄𝑑 𝑥 𝐷𝑑 𝑥 𝐶𝑢𝑓𝑑 (47) 50 Tabela 9 – Custo de transporte da matriz. LOCAL DESTINO ORIGEM TAILÂNDIA BAIÃO PARAGOMINAS ANANINDEUA DOM ELISEU QUANT. CUSTO UNT. DISTÂNCIA (M3) (R$) (KM) (M3 x R$ x KM) 12 3,95 330 15.138,86 12 3,67 420 18.909,48 13 5,08 288 18.359,86 11 2,82 432 13.813,48 CUSTO MÉDIO R$66.221,69 Fonte: Autores, 2013. 𝐶𝑡𝑚 = ∑ 𝐶𝑀𝑚 (𝑎; 𝑏; 𝑐; 𝑑) (48) Os cálculos apontaram para um custo total médio de transporte no valor de R$ 66.221,69, conforme demonstrado na tabela 9. Esse custo é o quanto a empresa gasta para trazer o insumo à sua sede. De fato, essa é uma despesa significativa da empresa, respondendo, atualmente, por cerca de 30% de seu custo operacional (informação repassada também pela área de planejamento). Ora, o ponto crucial, então, reside na necessidade de se aproximar a fábrica de seu mercado fornecedor. Mas, para decidir qual a melhor cidade, antes, é necessário analisar se as cidades reúnem condições de atender a esse crescimento de demanda e a futuras expansões no negócio. Para encontrar a resposta para esse questionamento, foi feito uma previsão de demanda, onde se fez uso três de métodos (Média ponderada – MMPO; Média exponencial – MMEX e Média Aritmética - MMA), para verificar qual o de menor erro, visto que os dados gerados têm suma importância na decisão. 354 70 125 38 73 PREVISÃO MMEX (0,7) 3518 1826,1 1283 980 917 825 854 PREVISÃO MMA (N=5) ERRO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO DEMANDA PREVISÃO MMPO REAL (N=3) 1742 1101 1050 850 1204 890 960 785 910 867 830 920 847 ERRO 2008 PERÍODO ERRO Tabela 10 – Previsão de demanda. 2417 776 433 90 132 42 66 1127 935 888 342 68 32 2012 2011 2010 2009 51 SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN 767 1105 831 1082 1326 757 1113 924 1803 1659 900 807 1016 886 1023 1235 900 1049 962 1551 133 298 185 196 303 478 213 125 841 108 862 846 889 898 941 1022 1020 1022 1040 1185 95 259 58 184 385 265 93 98 763 474 JUL AGO 1603 1821 1626 1610 23 211 1251 1420 352 401 SET OUT 1758 1521 338 219 1562 1661 142 79 81 242 71 983 514 162 1674 1608 1768 1798 1092 1601 95 229 43 1009 727 69 1649 1633 1679 1677 1551 1567 70 204 132 888 268 103 1539 1673 1570 1627 1745 1590 79 171 135 240 367 37 1649 1627 1539 1655 1803 1505 32 125 166 211 425 122 1585 1541 1479 1663 1672 1614 32 39 226 203 294 13 1712 1600 112 1591 121 1616 96 DEZ 1838 162 1658 180 1819 983 1115 1435 1789 1810 1231 1150 30 827 116 285 1684 1675 1596 1493 135 692 481 58 MAI JUN JUL AGO SET OUT 1662 1499 1861 1825 1517 1827 1349 1568 1520 1759 1805 1603 313 69 341 66 288 224 1438 1403 1339 1514 1656 1673 224 96 522 311 139 154 NOV 1462 218 61 820 290 219 413 15 326 112 254 149 272 1676 JAN FEV MAR ABR 1620 1758 1803 1405 1216 1249 1485 1535 1713 1771 1678 1734 1760 298 1706 244 DEZ 1679 128 1698 19 1669 816 1571 1320 97 26 815 327 1551 JAN FEV MAR ABR 1583 1644 1631 1245 1662 1631 1491 1439 7 815 80 119 1603 1146 44 309 366 28 845 502 101 MAI JUN 1364 1295 1512 1641 1661 1069 1421 1350 1527 253 381 1411 1396 192 250 877 833 967 900 1011 1154 993 1049 110 272 136 182 315 397 120 125 1420 1740 947 1401 1555 1660 1723 1577 856 258 48 161 303 163 NOV DEZ JAN FEV MAR ABR 1579 1837 1811 789 1819 1670 1660 1596 1740 1772 1305 1508 MAI JUN JUL AGO SET OUT 1617 1502 1705 1866 1378 1627 NOV 52 JUL AGO SET OUT NOV DEZ 1277 1811 1523 1830 1480 1047 MAD 4MAD 1318 1303 1518 1560 1734 1594 41 508 5 270 254 547 247 986 1260 1272 1649 1561 1749 1561 17 539 126 269 269 514 305 1291 1383 1431 1472 1517 1584 1220 14 428 92 358 37 537 234 934 Fonte: Autores (2013). A média que mais se aproximou da demanda real foi à aritmética. A análise dos próximos cinco anos é satisfatória porque mostrou que todas elas têm capacidade de atender a fábrica. Além disso, informações levantadas através de pesquisas junto ao Governo do Estado, comprovam existir o mesmo nível de incentivos. Outro dado importante para a tomada decisão local está relacionado ao fato de que a venda produtos acabados aos clientes é sempre feita na modalidade FOB, ou seja, o frete, em relação ao mercado consumidor, não é de responsabilidade da empresa. Com essas condições, partiu-se para a solução da questão: qual das cidades é a mais apropriada para receber a filial da fábrica, visando à redução do custo com transporte. O método de localização mais apropriado foi o dos momentos, uma vez que já se tem conhecida a circunvizinhança onde se pretende localizar a fábrica, necessitando somente realizar a ponderação para se descobrir o ponto ótimo da localização. Tabela 11 – Parâmetros. LOCAL QUANT. (M3) CUSTO UNT. (R$) A TAILÂNDIA 12 3,95 B BAIÃO 12 3,67 C PARAGOMINAS 13 5,08 D DOM ELISEU 11 2,82 Fonte: Autores (2013). Tabela 12 – Partindo de Tailândia TAILÂNDIA DE - PARA A-B A-C A-D DISTÂNCIA (KM) 303 265 401 TOTAL Fonte: Autores (2013). CUSTO 13.641,84 16.893,63 12.822,23 R$43.357,70 53 Tabela 13 – Partindo de Baião. BAIÃO DE - PARA B-A B-C B-D DISTÂNCIA (KM) 303 440 577 TOTAL CUSTO 13.900,23 28.049,79 18.449,95 R$ 60.399,97 Fonte: Autores (2013). Tabela 14 – Partindo de Paragominas. PARAGOMINAS DE - PARA C-A C-B C-D DISTÂNCIA (KM) 264 440 160 TOTAL CUSTO 12.111,09 19.809,94 5.116,10 R$ 37.037,13 Fonte: Autores (2013). Tabela 15 – Partindo de Dom Eliseu. DOM ELISEU DE - PARA D-A D-B D-C DISTÂNCIA (KM) 401 577 160 TOTAL CUSTO 18.396,01 25.978,03 10.199,92 R$ 54.573,96 Fonte: Autores (2013). Conforme a metodologia foi possível mensurar o custo dos momentos para cada cidade e identificar, então, que a cidade de Paragominas é a melhor para instalar a filial, visto que resultou no menor custo. Definida a cidade de Paragominas, parte-se, então para a pesquisa e análise das condições do local e caracterização da construção. 3.3 SEGUNDO NÍVEL: SUPRA ESPAÇO O Município de Paragominas está localizado no nordeste paraense a uma altitude de 90m acima do nível do mar, com população de aproximadamente 104.000 habitantes e uma área de 19.331 Km² formada por extensas florestas, segundo informações obtidas na prefeitura municipal. A cidade ocupa uma posição geográfica estratégica que confere vantagens inquestionáveis aos investidores, 54 devido à facilidade de escoamento da produção através da rodovia Belém-Brasília podendo alcançar o porto de Itaqui no Maranhão pela ferrovia de Carajás ou através da hidrovia do Capim, o porto de Vila do Conde no Pará, porto brasileiro mais próximo, em milhas náuticas, dos mercados consumidores da Europa, Estados Unidos e Caribe. A cidade também se destaca por possuir a terceira maior área brasileira de floresta nativa certificada pelo FSC/Brasil (Conselho de Manejo Florestal). A certificação florestal consiste na obtenção de um selo que atesta a boa procedência do produto florestal. Na avaliação são utilizados critérios sociais, ambientais e econômicos, com o objetivo de estimular e orientar a gestão sustentável das florestas tropicais por meio de mecanismos de mercado. Um levantamento foi realizado junto à concessionária de energia elétrica, e o histórico não apresentou interrupções de longo período, mesmo assim, é indispensável à disponibilização de um gerador, pois o custo por hora da paralisação da produção é elevado. Da mesma forma, informações apontaram a abundância de lençóis freáticos subterrâneos, o que possibilitará sua utilização para provimento da demanda de consumo de água na fábrica. A matéria prima principal será obtida junto às madeireiras que operam na região, sendo que seu transporte ocorrerá por meio do modal rodoviário, com significativa redução do custo de transporte, considerando que fábrica se localiza próximo ao mercado fornecedor. Outra preocupação esteve relacionada com as condições das estradas por onde será escoado o produto acabado. Mas, na visita realizada à cidade, no mês de junho de 2013, pode-se constatar – figura 5 e 6 – que estão boas, garantindo o fácil acesso dos veículos dos clientes. 55 Figura 5 – PA-256: acesso à Paragominas Fonte: Autores (2013). Figura 6 – Entrada da cidade. Fonte: Autores (2013). Ainda no planejamento do local, avaliou-se as condições climáticas e de temperatura no intuito de identificar qual o tipo de estrutura mais adequada para a instalação. A alternativa com melhor o custo benefício é a utilização de um galpão 56 de estrutura metálica, devendo ser privilegiados a ventilação e a iluminação natural no ambiente. Dessa forma, levantou-se a existência de galpões para locação e terrenos com aproximadamente 3.000 m2. A pesquisa de mercado apontou somente imóveis menores do que o desejado, além do mais, cotações para locação de alto valor – variando de R$ 18.000,00 a R$ 25.000,00. Já para terrenos, os resultados foram mais aceitáveis, áreas maiores, bem localizados e valores entre R$ 290.000,00 a R$ 400.000,00 para áreas com mais de 3.000 m2. Foram analisadas as opções, concomitantemente, com as perspectivas de longo prazo da empresa, e optou-se pela aquisição de um terreno de 4.500 m2 (100X45), no valor de R$ 350.000,00 para a compra do terreno, com o custo estimado para construção do galpão ficando em torno de R$ 190.000,00 – prazo de entrega e montagem de 45 dias – estimando um investimento total da ordem de R$ 540.000,00. A figura abaixo (7) mostra o posicionamento do terreno onde funcionará a filial da fábrica de pisos engenheirados. Figura 7 – Visão panorâmica do terreno Fonte: Google Earth (2013). 57 Já definidas as questões estratégicas, lugar e localização do terreno, o próximo passo será de planejamento e elaboração do macro layout da empresa. 3.4 TERCEIRO NÍVEL: MACRO ESPAÇO Neste nível são definidos os posicionamentos dos departamentos, onde se determina, consequentemente, o fluxo geral do espaço. Para se chegar a uma proposta de macro layout, a estratégia adotada, inicialmente, foi a opção pela clonagem do layout da fábrica matriz, até certo nível - o que se é justificável, por se tratar do mesmo processo produtivo que será desenvolvido na filial, valendo-se ainda da técnica da abordagem experimental, quando se utilizou os questionários resultantes das entrevistas realizadas com as pessoas da empresa matriz. Dando sequência, passou-se a considerar na análise, variáveis restritivas do espaço e da própria localização, além das tarefas realizadas e do fluxo estabelecido no processo produtivo, levando-se em consideração fatores como tempo e recursos disponíveis, conforme o método de Planejamento Sistemático de Layout – PSL e, para melhor entendimento foi dividida em duas tarefas: obtenção e desenvolvimento de dados e planejamento do espaço. 3.4.1 Obtenção de dados A fase de obtenção de dados foi, até certo ponto, facilitada, visto que já estava disponível, pois as informações necessárias, tanto quantitativas quanto qualitativamente, para ajudar a compor os primeiros planos de layout, tinham sido obtidas da fábrica matriz, sendo necessária somente a reanálise do processo existente, e sua adequação ao produto e respectivas quantidades, previstas para a produção na filial. Nessa pesquisa, optou-se por não realizar um detalhamento maior da análise de produto-volume, visto que a empresa já havia calculado o quanto será necessário produzir na filial. A estimativa para o primeiro ano é 70% do fabricado na matriz. Todavia, com análise desses dados pôde-se constatar que por ser o piso engenheirado, um produto com alto volume e variedade reduzida, a estratégia de 58 produção apontou para a necessidade de equipamentos para uma linha de produção de alta velocidade. Como mencionado anteriormente, estima-se para o primeiro ano 70% da produção da matriz, porém levou-se em consideração, a expectativa da empresa alcançar novos mercados e tendo em vista que a compra dos equipamentos é um investimento alto e com retorno a longo prazo, determinou-se que para calcular o número de máquinas, será usado, como quantidade desejada, média anual – ou seja, 100% da produção da matriz, cerca 22.800 m2 . De posse dessas informações, foi realizado o cálculo do número de maquinas que serão necessárias no setor produtivo. Para chegar nesse número, foi preciso, anteriormente, cronometrar o tempo que cada máquina leva para produzir 1 m2 de piso. Tabela 16 – Tempo de máquina na fabricação de pisos engenheirados. MÁQUINA TEMPO (MIM) PLAINA 8 SERRA 4 COLAGEM 6 CALIBRAGEM 15 PRENSA 20 PERFILADEIRA 2,5 EMASSAMENTO 5 VERNIZ 5 LIXA 5 CLIMATIZAAÇÃO 30 EMBALAGEM 3 Fonte: Autores (2013). Com esses tempos foi possível chegar a quantidade que cada máquina consegue produzir, por ano de piso (m2), através da fórmula (55). Onde 6,9 = 𝐻𝑜𝑟𝑎𝑠 ú𝑡𝑒𝑖𝑠 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑎𝑑𝑎𝑠 (sendo 10% das 8 horas de trabalho desperdiçado com necessidades pessoais e 30 minutos de setap) e 𝑇𝑚 = 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 , 𝑚 = 𝑜 𝑡𝑖𝑝𝑜 𝑑𝑎 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 e 300, os dias trabalhados durante o ano. 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 (m2 ) = 𝑄𝑝 = 6,9 𝑥 60 𝑥 300 𝑇𝑚 𝑥 𝑚/𝑚2 (55) Serão definidos os números de cada máquina através da fórmula (56), que fornece a relação entre o que se deseja produzir (22.800 m2) e a quantidade produzida – fórmula (55). 59 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎 = 𝑄𝑑 𝑄𝑝 (56) Na tabela 17 expõem-se os resultados das fórmulas (55) e (56). Tabela 17 – Número de máquinas. TIPO DE MÁQUINA PRODUÇÃO ANUAL NÚMERO DE MÁQUINA PLAINA 15.525 2 SERRA 31.050 1 COLAGEM 20.700 2 CALIBRAGEM 8.280 3 PRENSA 6.210 4 PERFILADEIRA 49.680 1 EMASSAMENTO 24.840 1 VERNIZ 24.840 1 LIXA 24.840 1 CLIMATIZAAÇÃO 4.140 6 EMBALAGEM 41.400 1 Fonte: Autores (2013). Vale ressaltar que o tempo da estufa não foi levado em consideração, pois para cada tipo de madeira há um tempo especifico. Os valores usados na coluna “número de máquina” foram arredondados, à maior, tendo em vista que não se pode comprar parte de uma máquina. O número total encontrado foi de 23 máquinas. Esse resultado despertou atenção na pesquisa, pois na matriz, esse número é mais que o dobro. É certo que outros produtos são confeccionados na instalação principal, todavia, ainda assim, não se justifica a diferença elevada de máquinas encontrada, mas a investigação das causas não foi explorada neste estudo. Em contra partida, a tecnologia dos novos equipamentos e o uso de um sistema de controle mais avançado ratificam diferença gerada, proporcionando economia no capital inicial. Os processos já existentes foram identificados ainda na fase em que ocorreram as visitas na fábrica matriz e envolveram o acompanhamento das atividades relacionadas às operações da fábrica, associadas a ele. Já que um processo semelhante ocorrerá na filial, este acompanhamento serviu para criar um ponto de referência, a partir do qual se buscou melhorias no próprio processo e no planejamento do espaço, levando-se em consideração a estrutura física disponível e outras questões importantes, como se verá mais adiante. 60 A análise no funcionamento da fábrica matriz revelou o fluxo e relação que os departamentos têm. Com esse entendimento, mais uma etapa do planejamento do espaço foi alcançada, a elaboração do diagrama de relacionamento, ilustrado na figura 8, gerado para os setores da empresa. Figura 8 – Diagrama de relacionamento dos setores. Fonte: Autores (2013). O diagrama gera as restrições entre os departamentos, como a figura 8 mostrou é indesejável (representado pela letra X) a aproximação entre a produção e o refeitório, e o mesmo se tem para o banheiro. Foi cominado este conceito na relação entre esses departamentos, em virtude dos resíduos gerados na produção, dificultando a higiene do refeitório e a facilidade de contaminação dos alimentos. Outro destaque se dá ao relacionamento do PCP e qualidade para com a produção, a eles foram atribuídos a letra A (absolutamente importante), precisam estar perto da produção para facilitar o monitoramento das atividades e comunicação. O passo seguinte é criar o diagrama de blocos, que une os departamentos num horizonte com as dimensões do espaço disponível. Essa adequação dos blocos, que representam os departamentos, é feita manualmente gerando inúmeros layouts. Lembrando que as restrições e afinidades que apontaram no diagrama de relacionamento têm o papel fundamental de nortear o posicionamento. A partir do gráfico de relacionamento se realizou o cálculo para identificar a taxa de proximidade total de cada setor, que representa a soma dos valores numéricos das relações de proximidade de cada posto de trabalho com os demais: onde A= 6, E= 5, I= 4, O= 3, U= 2 e X= 1. Do maior para o menor, os resultados definirão a sequência que os departamentos serão alocados. A resolução apontou que a produção deverá ser o primeiro o setor a se posiciona no layout, e dessa forma, a figura 9 mostra a melhor alternativa. 61 Figura 9 – Diagrama de blocos para os setores. Fonte: Autores (2013). Destaca-se que na construção do diagrama não são levados em consideração aspectos estruturais. O layout final derivará deste diagrama. A sequência consistiu na análise da organização, com foco a se determinar o espaço necessário às instalações de apoio, como banheiros, e refeitório. Para projetar esses espaços dispensou-se maior atenção, afinal são ambientes supridores de necessidades dos colaboradores. E pelo fato ainda que na fábrica matriz já não comportam, confortavelmente, os usuários. Procurou-se levar em consideração, eventual acréscimo de efetivo. 3.4.2 Planejamento do espaço Respeitando as restrições e fundamentos com os dados identificados anteriormente, um layout macro foi definido, como mostra a figura 10. Figura 10 – Layout a nível macro. Fonte: Autores (2013). 62 Esta configuração é suscetível de ajustes, tendo em vista que ainda será projetado o posicionamento do maquinário, o que ditará o fluxo do produto. 3.5 QUARTO NÍVEL: MICRO ESPAÇO É o último nível de planejamento dessa pesquisa. Nele, por meio da técnica de clonagem, buscou-se, ao máximo, tangenciar-se ao modelo definido pela fábrica matriz, seguindo explicitamente planos e procedimentos de operação para o chão de fábrica, até o limite da diferenciação, exigido na proposição do novo layout da filial, decorrente, por exemplo, da determinação da localização dos equipamentos, móveis e estações de trabalho, a fim de se chegar a um arranjo físico ideal. Dessa forma, foi criado através de um fluxograma, representado na figura 11, que consta a sequência dos processos e máquinas, por onde a madeira passa até ser transformada em piso. Figura 11 – Sequência de processos e máquinas. RECEPÇÃO DE MATÉRIA PRIMA Estufa PREPARAÇÃO Plaina Serra Calibragem Colagem Prensa USINAGEM Perfiladeira Emassamento Lixa ACABAMENTO Verniz Climatização EMBALAGEM Fonte: Autores (2013). Este fluxograma e o diagrama de relacionamento, que será exposto abaixo, permitiram a análise prévia do fluxo da madeira e as restrições de cada processo. 63 Figura 12 – Diagrama de relacionamento das máquinas. Fonte: Autores (2013). Nota-se que as máquinas cujas funções são serrar e colocar verniz foram as que mais receberam a letra “X”. As restrições da serra estão relacionadas com as máquinas de colagem, prensagem e de envernizarmento, se dão, respectivamente, porque, sempre que a madeira entra em processamento é produzida uma “poeira”, que: em contato com a cola, diminui o potencial de grude; quando é prensada, interfere sobre a textura da peça; e, durante a aplicação do verniz, altera a uniformidade e a textura da cobertura do piso. O mesmo acontece se houver proximidade entre as máquinas lixadeira e de verniz, pois, análoga à serra, o lixamento também gera um pó. Do mesmo modo que foi feito para se chegar ao diagrama de blocos para os setores, foi aplicada nesta seção e o resultado do cálculo da taxa de proximidade total mostrou que a prensa e a perfiladeira tiveram o maior somatório. Após determinada a ordem de posicionamento, foram gerados vários arranjos e selecionado o melhor. A figura 13 ilustra a melhor organização alcançada. Figura 13 – Diagrama de blocos para as máquinas. Fonte: Autores, 2013 64 No diagrama, constam os números de máquinas calculados anteriormente e organizadas apenas levando em conta as restrições observadas no gráfico de relacionamento. Paralelo a este momento de definição das máquinas, foi realizado o balanceamento da linha de produção, através da distribuição dos postos de trabalhos, servindo de balizador para definição de um fluxo otimizado. O primeiro passo é determinar o tempo de ciclo, que expressa à frequência com que 1m2 de piso deve sair da linha. Onde: 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 = 6,9ℎ; 𝑄𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑠𝑒𝑗𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑖á𝑟𝑖𝑎 = 79 𝑚2 . 𝑇𝑐 = 6,9 ℎ 𝑥 60/𝑚𝑖𝑚 79 𝑚2 (57) O resultado desta expressão foi: 𝑇𝑐 = 5,24 𝑚𝑖𝑚. A partir do tempo de ciclo, foi determinado se: o número teórico de operadores, considerando- 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑜 𝑚2 = ∑ 𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑚á𝑞𝑢𝑖𝑛𝑎𝑠 = 106,5𝑚𝑖𝑚 . Os tempos de máquinas estão na tabela 17. 𝑁𝑜𝑝 = 106,5 5,24 (58) O valor encontrado foi de 𝑁 = 20,32 ≅ 21. Isso significa que essa quantidade é a mínima para realizar a produção diária de 79m2, teoricamente. Para assegurar que a teoria condiz com a realidade, foram feitas simulações, alocando os operadores para realizar as operações das máquinas. Considerando que cada operador deve realizar seus trabalhos num tempo igual ou menor que o tempo de ciclo, o resultado desta distribuição foi apresentado na tabela 18. Para melhor entendimento da tabela, a figura 14 demonstra as máquinas, o tempo de execução e a operação a que ela corresponde. Figura 14 – Balanceamento da linha de produção. Fonte: Autores (2013) 65 Tabela 18 – Distribuição de tarefas. OPERADOR OPERAÇÃO TEMPO OCUPAÇÃO 1 A+B+C 4,5 86% 2 A+B+C 4,5 86% 3 A+B+C 4,5 86% 4 A+B+C 4,5 86% 5 D 5 95% 6 D 5 95% 7 D 5 95% 8 E 5 95% 9 E 5 95% 10 E 5 95% 11 E 5 95% 12 F+H+K 4,5 86% 13 F+H+K 4,5 86% 14 F+H+K 4,5 86% 15 G+I+K 4,33 83% 16 G+I+K 4,33 83% 17 G+I+K 4,33 83% 18 J 5 95% 19 J 5 95% 20 J 5 95% 21 J 5 95% 22 J 5 95% J 5 95% 23 Fonte: Autores (2013). Esse foi o melhor balanceamento feito, e como prova, sua eficiência foi de 91%, cujo resultado foi demonstrado através da fórmula (59). O número real mínimo foi de 23 operadores, e mostrou a necessidade de pelo menos 3 operadores nos processos mais longos; já nos mais rápidos, o operador segue com o produto, realizando até três operações. Neste último caso, teve-se a preocupação de selecionar as operações com menor distância. 𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 = 21 23 (59) Com a alocação dos operadores no posto de trabalho – máquina, dar-se por concluída a fase de levantamento de dados, haja vista que foram suficientes para a análise, paralelamente à elaboração do micro layout. 66 Para se chegar a um arranjo funcional e otimizado, respeitando as limitações do espaço, foi necessário observar e considerar cada detalhe do funcionamento da matriz, e reunir a todos os resultados encontrados. Figura 15 – Proposta de layout para a filial. Fonte: Autores (2013) Na figura 16 tem-se uma visão panorâmica da planta, e que permite visualizar o fluxo que a madeira faz, da recepção a saída do produto acabado. Figura 16 – Fluxo da madeira. Fonte: Autores (2013). As figuras acima (15 e 16) retratam de forma sumarizada, todos os dados levantados ao longo do estudo, respeitando as restrições departamentais e do 67 maquinário. Esta proposta de layout buscou otimizar o espaço, minimizar os fluxos da matéria-prima e as melhorias idealizadas para a matriz. 3.6 ANÁLISE DOS RESULTADOS No nível global, os cálculos resultantes da aplicação do método de localização do momento, comprovaram que a cidade de Paragominas é o melhor local para se instalar a nova unidade. A tabela 19 demonstra, em ordem crescente, o menor custo por cidade, entre aquelas que compuseram o estudo comparativo. Tabela 19 – Custo por cidade. CIDADE CUSTO PARAGOMINAS 37.037,13 TAILÂNDIA 43.357,70 DOM ELISEU 54.573,96 BAIÃO 60.399,97 Fonte: Autores (2013). Uma análise mais depurada dos cálculos permite ainda constatar que o resultado sofreu influência, principalmente, de duas variáveis. A primeira está relacionada ao alto custo unitário do km por m3 de madeira transportada a partir de Paragominas. Esse número eleva os valores dos custos nas outras cidades e é praticamente nulo, quando a cidade de origem é Paragominas. Em outras palavras, sai muito mais caro se captar a madeira em Paragominas e se levar até Baião, Dom Eliseu ou Tailândia. A segunda variável tem haver com a distância reduzida para a cidade de Dom Eliseu, cerca de 160 km, aliado ao fato de ser a cidade com menor quantidade de matéria prima e possuir o menor custo unitário do km por m 3. O principal resultado da pesquisa está sustentado na análise comparativa entre custo atual que a matriz possui para se trazer a sua matéria prima de todas as quatro cidades fornecedoras até a sua sede, e o custo, com essas mesmas características, considerado se a unidade for instalada na cidade de Paragominas. A tabela 20 apresenta esse paralelo e fornece razões suficientes para embasar a decisão da empresa de optar por instalar sua filial em uma cidade que resultará, no horizonte de 12 meses, em uma redução de 43,85%, conforme consta demonstrado, 68 se comparado ao custo encontrado na tabela 9, seção 3.2, que apontou o custo de R$ 66.221,69 para se captar a matéria-prima, a partir das mesmas cidades. Tabela 20 – Custo médio de transporte destino Paragominas. QUANT. CUSTO UNT. DISTÂNCIA CUSTO MÉDIO 12 3,95 265 12.156,96 12 3,67 440 19.809,94 PARAGOMINAS 13 5,08 1,5 95,62 DOM ELISEU 11 2,82 160 5.116,10 R$37.178,63 LOCAL TAILÂNDIA BAIÃO PARAGOMINAS Fonte: Autores (2013). A economia ao ano gira em torno de R$ 348.516,74. E sendo assim, em 18 meses é possível ter o retorno do investimento da compra do terreno e construção do galpão. Os resultados do planejamento do segundo nível – o Supra Espaço – foram decorrentes, predominantemente, de um exame de variáveis de influência do local, relacionadas, sobretudo, à infraestrutura que deve existir para garantir a instalação. Explicitaram, por meio da pesquisa exploratória, as condições propícias, encontradas na cidade de Paragominas, à instalação, não necessariamente relacionadas ao estudo quantitativo, como ocorreu no primeiro nível, mas de importância qualitativa no estudo realizado. O terceiro nível do projeto resultou em um amplo arranjo do espaço disponível, visto na figura 10. Para a elaboração deste arranjo, foi calculado o número de máquinas necessárias para operacionalizar 22.800 m2 de piso no ano, valor esse que corresponde à produção (anual) da matriz. O número total de máquina encontrado foi de 23, variando de 1 a 6 máquinas por operação. Esse número (juntamente com as medidas das máquinas) foi útil para determinar a área ocupada, mas também, serviu como indicador para a fábrica matriz, visto que foram usados os dados de sua produção. O alerta fica para o superdimensionamento e para equipamentos obsoletos, uma vez que utiliza 50 máquinas para produzir a mesma quantidade. Outra informação que ajudou a compor este macro arranjo foi a taxa de proximidade, que foi encontrada a partir do gráfico de relacionamentos. A taxa é a somatória das importâncias atribuídas a cada departamento, definidos do maior para o menor, a ordem pela qual foram alocados. A saber, a produção foi à 69 primeira, seguida do PCP e da qualidade e o último, departamento posicionado foi o do refeitório. A visão mais particular da pesquisa teve inicio com a criação do fluxograma do processo produtivo, se valendo da abordagem experimental e de clonagem. A partir dessa ferramenta foi possível gerar o diagrama de relacionamento, que explicitou as “desarmonias” a respeito da proximidade de algumas máquinas. Bem semelhante ao que foi feito no macro espaço, calculou-se a taxa de aproximação para ordenar o posicionamento das máquinas no espaço disponível. Essa alocação gerou o diagrama de blocos representado pela figura 13. Optou-se por definir as responsabilidades dos operadores antes de posicionar definitivamente o maquinário. Com isso, calculou-se o número mínimo de operadores, que apontou 21. Todavia, para se chagar ao número real se fez necessário realizar o balanceamento de linha de produção, isso quer dizer, designar um ou mais operadores para realizar uma ou mais atividades. Vale lembrar que foi considerado o tempo de processamento de cada máquina (exposto na tabela 16) e que cada operador executará seu papel com tempo igual ou menor que o tempo de ciclo (frequência com que 1m2 de piso deve ser produzido), o tempo calculado foi de 5,24 minutos. Dessa forma, encontrou-se uma linha produtiva com 23 operadores, realizando de uma a três operações e apenas 9 % de ociosidade. Esse resultado influenciou o posicionamento das máquinas, pois, buscando diminuir as distâncias percorridas pelos operadores que ficaram responsáveis por mais de uma tarefa. Na proposta de layout, apresentada na figura16, ficou clara a redução dos fluxos se comparado com os da figura 17, que esboça o layout da fábrica matriz. 70 Figura 17 – Planta da fábrica matriz. Fonte: Autores (2013). A configuração das máquinas na fabrica matriz demonstra que a forma encontrada para garantir a não proximidade da serra com os demais processos, devido à serragem da madeira provocar queda na qualidade e até desperdício de produto, foi, simplesmente, afasta-las e posiciona-las antes das plainas, quebrando a sequencia das máquinas. Porém, essa solução acarreta num fluxo maior e cruzado entre as primeiras atividades, além da aproximação com as áreas de apoio, o que dificulta a limpeza e higiene dos ambientes. A medida proposta para a filial é a instalação de paredes, isolando os processos que geram resíduos e odor forte. Essa estrutura, dentre outros benefícios, permitiu manter a linha de produção contínua. Foi exemplificada apenas a situação da serra, mas essa estrutura foi incorporada no projeto também para as lixadeiras e máquina de envernizamento. Vale ressaltar, que a ideia das paredes acompanha vidros, com mínimo de 1,80m de altura, consentindo o acompanhamento da atividade, e portas vai-e-vem, para evitar perda de tempo. Outras comparações foram realizadas com o intuito de mostrar a solução de problemáticas identificadas na matriz. A proposta do layout para a filial traz o escritório, refeitório e banheiro do lado oposto ao início do processo produtivo. A inversão foi proposital, pois se percebeu o alto nível de ruído gerado pelas estufas, serras e plainas. Essa proposição permite aos funcionários do setor administrativo e aos demais colaboradores, que utilizarão o refeitório e banheiro, a sensação maior de conforto. A criação de corredores (laterais) permite um acesso mais seguro aos 71 trabalhadores e visitantes ao setor produtivo, evitando o contorno das máquinas em funcionamento, verificado na fábrica em Ananindeua. Foi projetada também, uma sala de reuniões, anexa ao departamento de qualidade, pois não existe um lugar adequado, na fabrica matriz; usualmente, utilizam o refeitório para reunir os colaboradores, para treinamentos, dinâmicas e reuniões. Por fim, na comparação estabelecida em relação ao tamanho das instalações, a matriz apresenta 8.340 m2 construídos e a proposta da filial é de 2.620 m2, representando uma diminuição de cerca de 70% de sua área. Essa redução comprova que a solução para o problema, no que desrespeito a organização do espaço foi encontrada, através do método de planejamento sistemático de layout, aplicado no macro e micro espaço, permitindo um arranjo eficiente e com produtividade semelhante à da matriz. Fatores que também contribuíram com essa redução foram o cálculo do número de máquinas e o balanceamento da linha de produção. A análise do estudo identificou que a abordagem de clonagem, inicialmente adotada, não se aplicaria para a determinação do espaço necessário, pois, superdimensionaria a área e distorceria o objetivo da pesquisa. Então, utilizou-se a abordagem apenas para copiar o processo produtivo, já que o produto fabricado será o mesmo. A proposta para a fábrica filial não buscou apenas reduzir os custos e otimizar o espaço, possibilitou também oferecer conforto e segurança para os trabalhadores. 72 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS De posse dos resultados proporcionados por essa pesquisa conseguiu-se examinar todas as funções estratégicas e operacionais necessárias para o planejamento de instalações de uma fábrica. O estudo foi fundamentado na metodologia proposta por Lee (1998), que estabelece que um projeto de instalações está dividido em cinco níveis. O centro dessa investigação esteve o tempo todo preocupado em provar, qualitativa e quantitativamente, valendo-se de meios científicos aplicados à realidade, resultados favoráveis à empresa, na decisão de instalar uma filial, sob o ponto de vista financeiro, é o que importa. Relevante destacar que a pesquisa se limitou aos quatro primeiros níveis propostos, ficando o quinto nível, como uma oportunidade futura de se planear sobre o tema, que tem haver com o estudo do posto de trabalho. No primeiro nível de planejamento, se demonstrou, matematicamente, a melhor localização para se instalar a filial. Para tanto, valeu-se da aplicação do método de momento, pois se revelou ser o mais apropriado à situação que se expunha. Durante a fase de coleta, para se ter informações com uma maior margem de segurança, o que por conseguinte geraria resultados mais precisos e exatos, foi realizado o levantamento nos documentos fiscais da empresa, de modo a dimanar os dados de um período de cinco anos. Com o resultado dessa análise disposto em tabelas, pode-se, com o auxílio de fórmulas, ser evidenciado o custo mensal da empresa com o transporte de matéria prima. O estudo do macro espaço foi importante, pois estruturou o processo de planejamento do espaço, onde foram estabelecidos os departamentos da empresa, de forma harmônica e obedecendo à restrições de afinidades ou aproximação, imprescindíveis não somente, ao funcionamento da fábrica, dentro de parâmetros aceitáveis de qualidade, produtividade, eficiência, efetividade, e alinhada a critérios de segurança, meio ambiente e saúde, mas sobretudo e principalmente, porque proporcionou um layout estrategicamente funcional. No micro espaço, a análise e definição da correta localização dos equipamentos e máquinas, propiciada pela aplicação de diagramas de relacionamento, e a aplicação do balanceamento da linha de produção complementaram o layout do macro espaço, quando se encontrou o posicionamento 73 ideal para esses móveis e aproveitamento eficaz das células de trabalho. Esses níveis alçaram dados importantíssimos tais como: número de máquinas, relacionamento entre os departamentos e entre as máquinas, número mínimo de operador e a alocação deles nos postos de trabalho. A cada nível, partindo-se do global para o particular, o número de informações foi aumentando e exigindo mais gerenciamento do projeto, por que, apesar de ter sido revelado na pesquisa, a necessidade de se isolar os níveis e focalizar um de cada vez, a realidade do estudo de caso foi diferente, demonstrando a interdependência das atividades, em que a realização de uma etapa dependia da execução/dados de outra Fundamental para toda a extensão do trabalho foi, sem dúvida, conhecer o processo da fábrica matriz, não se afastando, jamais, da ideia de que as pessoas são parte integrante desse processo e que o planejamento deve ser, a cada instante, participativo e interativo, para permitir a obtenção de informações claras, necessárias para atingir o objetivo do estudo, à consecução final da proposta de instalação da filial da fábrica. 4.1 EXTENSÃO DA PESQUISA Com o resultado da aplicação do cálculo do momento tendo indicado a cidade de Paragominas como o melhor local para se instalar a nova fábrica, e o custo que ela terá com a captação de matéria prima, foi possível se confrontar com o custo encontrado na empresa matriz, para se trazer seu insumo até a sede, provando a redução significativa dessa despesa para a empresa. Essa asserção deverá ser legitimada, após o início do funcionamento da unidade, quando, de posse dos novos documentos geradores de frete, poderá ser realizada análise similar àquela que identificou o custo de frete na fábrica matriz. Em outras palavras, fica reservado a possíveis interessados em estender a pesquisa, estabelecer o grau de eficiência do método ou aplicar outros métodos de localização (centro de gravidade, máxima cobertura, p-mediana, etc.) para comparação de resultados. A pesquisa prescinde ainda de ser enriquecida com o estudo detalhado do quinto nível de planejamento – Submicro espaço. Nele poderá ser desenvolvido o projeto das estações de trabalho em cada setor. Nessa linha, uma indicação poderá 74 ser a intervenção de uma análise macro ergonômica dos postos de trabalho na nova fábrica. No tocante ao estudo do macro espaço estimula-se oportunizar adiante deste trabalho, a elaboração e análise do cálculo do número de máquinas na fábrica matriz, tendo em vista que o resultado encontrado nessa pesquisa apresentou discrepância significativa. Isto, intui, num primeiro momento que pode haver um superdimensionamento de máquinas na empresa mãe, mesmo sabendo que ali são fabricados, além do piso engenheirado, outros produtos. Outra importante contribuição a posteriori poderá se basear na simulação, com o auxílio de softwares, do funcionamento do layout proposto, a fim de se comprovar a sua eficácia. 75 REFERÊNCIAS AMARAL, Augusto Carlos Patti. Estrutura e funcionamento de uma cooperativa d e trabalho médico: um estudo de caso da Unimed Cuiabá. Dissertação mestrado – (Administração de empresa) PUCSP. São Paulo. 2001. AGUIAR, Giancarlos et al. 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