UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE OPERAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO DE LATAS VAZIAS PARA UMA FÁBRICA DE BEBIDAS POR: MARCIO FRANÇA RIBEIRO ORIENTADOR: Prof. Ms. MARCO ANTONIO LAROSA RIO DE JANEIRO JULHO/2004 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE OPERAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTO DE LATAS VAZIAS PARA UMA FÁBRICA DE BEBIDAS POR: MARCIO FRANÇA DE OLIVEIRA Apresentação de monografia a Universidade Candido Mendes – Projeto A Vez do Mestre, como condição prévia para a conclusão do curso de Especialização Empresarial. RIO DE JANEIRO JULHO/2004 em Logística AGRADECIMENTOS Ao orientador Prof. Ms. Marco A. Larosa, que muito contribuiu para a realização deste trabalho; Aos meus caros amigos Isabel C. B. Ferreira, Sidnei Panceri, Daniela Koike, pela convivência e companheirismo que nos uniu nestes últimos anos. DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado especialmente a minha amada mulher Marta; Aos meus amados filhos Eduardo, Bruno e Isabel; Aos meus queridos pais Aloysio e Vera Maria; irmãos Carmen, Andréa e Eduardo e meus sobrinhos Leandro, Gabriel, Lucas, Letícia, Mariana, João Pedro e Laura. Ao meu sogro Pedro e minha sogra Teresa Maria. RESUMO O cliente final pretende modificar as condições em prática nessa cadeia logística. Atualmente, ele paga por todas as latas que chegam no seu depósito e que passam no controle de qualidade, arcando com os custos das avarias causadas na movimentação e armazenagem dentro de sua fábrica. A empresa esta propondo aos demais agentes, principalmente ao transportador, pagar somente pelas latas em perfeitas condições na entrada de sua linha de produção, passando para outro agente a responsabilidade e o ônus sobre as avarias. O objetivo desse estudo é analisar a possibilidade de ampliação da participação do agente transportador na cadeia logística, passando este, a assumir toda a responsabilidade pela carga/descarga, movimentação, armazenagem e controle de estoque de latas de alumínio destinadas ao suprimento da fábrica de bebidas. Para isso faz-se necessário um levantamento da atual situação da operação, visando identificar possíveis falhas nos processos e sugerir caminhos alternativos que propiciem um melhor desempenho dessa cadeia de suprimentos. A cadeia de suprimentos em questão é composta por uma fábrica de bebidas, uma fábrica de latas de alumínio e uma transportadora, que estão geograficamente localizadas em um raio médio de 20km de distância entre si, no Distrito Industrial de Campo Grande, estado do Rio de Janeiro. A fábrica de bebidas, além da área dedicada ao processo produtivo, possui dois armazéns destinados à estocagem das latas de alumínio, que estão denominados de Armazéns B e C, cujas instalações e operações serão analisadas nesse trabalho, e a fábrica de latas possui um único armazém que também será objeto de nosso estudo. O transportador possui um escritório estrategicamente localizado nas dependências da fábrica de bebidas. Tanto a fábrica de bebidas quanto a fábrica de latas de alumínio, possuem área para estacionamento dos caminhões do transportador. Palavras-chave: logística • administração • transporte • suprimento METODOLOGIA Trata-se de um estudo de caso, sendo assim, este trabalho descreve a pesquisa de campo que incluiu entrevistas, pesquisa documental e observações empíricas. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I 10 DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES 10 1.1 - Descrição do Processo no Fabricante de Latas de Alumínio 10 1.2 – Descrição do Processo no Transporte 11 1.3 – Descrição do Processo na Fábrica de Bebidas 14 CAPÍTULO II 17 ANÁLISE DE CENÁRIOS 17 2.1 – Cenário 01 17 2.2 – Cenário 02 19 CAPÍTULOIII 22 PROPOSTA 22 BIBLIOGRAFIA 25 ANEXOS 26 INTRODUÇÃO O aumento da competitividade desencadeado pela globalização impulsionou significativas mudanças na atividade de Logística atual, onde profissionais e empresas vêem-se diante de uma realidade cada vez mais complexa, tendo que se preocupar constantemente com os trade offs: Custo x Qualidade, Serviços x Flexibilidade, Volume x Lucro. Problemas relacionados ao escoamento de produtos, distribuição, localização estratégica de estoques, entre outros, geram a necessidade de um minucioso planejamento de fluxos combinados com a redução de riscos. As operações Logísticas nesse contexto, devem ser gerenciadas, otimizadas e avaliadas continuamente. Essa nova realidade vem acompanhada da necessidade de satisfazer o crescente nível de serviço, desejado por clientes cada vez mais exigentes, tendo, além disso, que se trabalhar com menores margens de lucro, estoques cada vez mais “enxutos”, por vezes inexistentes, e cumprimentos de prazos cada vez mais apertados, tornando-se comuns, práticas como Just in Time e postergação, tendo-se que conviver em contrapartida com a possibilidade de Stock Out. Atualmente a cadeia de suprimentos de latas vazias de alumínio para a fábrica de bebidas em questão possui três agentes logísticos. Cada agente representa um papel distinto. O fabricante das latas de alumínio, além de encarregar-se da produção, faz a movimentação física deste produto até sua área de armazenagem e realiza o carregamento dos caminhões. O transportador rodoviário é responsável pelo transporte das latas e tampas, da fábrica de latas até a fábrica de bebidas, pelo retorno dos materiais utilizados no acondicionamento das latas: pallets vazios, folhas separadoras, topos, e também pelos lotes reprovados pelo controle de qualidade de embalagens da fábrica de bebidas. A fábrica de bebidas, por sua vez, realiza o descarregamento dos caminhões, a armazenagem, a alimentação de sua linha de produção e o envasamento de seus produtos nas latas de alumínio. O esquema abaixo representa as responsabilidades de cada agente na cadeia de suprimentos atual: Fabricante de latas. - Produção - Armazenagem - Movimentação Transportador. - Transporte Fabricante de Bebidas - Movimentação - Armazenagem - Envasamento Figura 1 – Papel de cada agente na cadeia logística. Os fluxos desenvolvem-se da seguinte forma: A fábrica de bebidas, ao final da tarde, transmite o pedido contendo as quantidades e as características dos produtos requeridos ao fabricante de latas. Nesse pedido ainda é informada a hora que cada carregamento deverá chegar à fábrica de bebidas. Assim que recebe o pedido, o fabricante das latas retransmite essas informações para o transportador, para que este disponibilize os veículos necessários para o transporte das cargas. A primeira viagem é programada para chegar na fábrica de bebidas à 00:00 h. Nos últimos doze meses foram realizadas 5.074 viagens entre as respectivas fábricas, o que representa uma movimentação de mais de 1.000.000.000 (um bilhão) de latas/ano. A sazonalidade do produto determina que o pico das operações ocorra no verão, quando o consumo de bebidas aumenta consideravelmente. Esse cenário dá origem a uma logística complexa, o que exigiria interação entre os agentes participantes para que tudo funcione de forma sincronizada. A oportunidade para o transportador aumentar sua participação nesse processo vai de encontro com o objetivo da empresa de se tornar o agente logístico responsável por toda a cadeia de abastecimento. Os atuais problemas identificados no processo vão desde a falta de sincronia entre os agentes, o que gera excessiva perda de tempo nas operações, até a falta de uma melhor organização e cuidados com o manuseio do produto em certas etapas, o que ocasiona um elevado número de latas avariadas. Essas perdas são facilmente sentidas nos longos períodos de espera para descarrega na fábrica de bebidas e no aguardo pela emissão de notas fiscais necessárias às viagens de retorno com os materiais de utilizados no acondicionamento das latas. A operação não uniformizada, onde existem períodos de alta e baixa atividade, aliada à falta de organização nas áreas de armazenagem e manuseio inadequado, colaboram com o elevado índice de avarias. A distância entre a fábrica de latas, localizada no município de Santa Cruz - RJ e a fábrica de bebidas, localizada em Novo Rio é de aproximadamente 20 Km, e esse percurso é cumprido em aproximadamente 30 minutos. Esse trabalho é baseado em pesquisa realizada junto ao mercado e os dados relativos às empresas pesquisadas não serão divulgados por solicitação das mesmas. CAPÍTULO I DESCRIÇÃO DAS OPERAÇÕES Neste capítulo faremos a descrição das operações intrínsecas a uma cadeira de suprimentos de latas vazias de alumínio a uma fábrica de bebidas para cada ator da cadeia: o fabricante de latas de alumínio, o transportador e a fábrica de bebidas. 1.1 - Descrição dos Processos no Fabricante de Latas de Alumínio O fabricante é responsável pela produção das latas, movimentação e armazenagem. Sua linha de produção tem a capacidade para produzir 2000 unidades por minuto e tem uma área de armazenagem com capacidade para 110.000.000 unidades. Atualmente a operação ocorre em 3 turnos de 8h, cobrindo assim, 24h diárias. A empresa realiza a operação de movimentação das unidades produzidas utilizando três empilhadeiras (mais um de reserva). Uma dessas empilhadeiras tem a função de retirar as unidades que saem da linha de produção e levá-las para a área de armazenagem. As outras duas empilhadeiras têm a função de retirar as unidades da área de armazenagem, levá-las para a área de expedição e realizar o carregamento dos veículos. Essas empilhadeiras ainda têm a função de descarregar os veículos que trazem os produtos que retornam da fábrica de bebidas. Assim que recebe o pedido do fabricante de bebidas, a fábrica de latas processa essas informações e as primeiras cargas a serem transportadas são levadas, da área de armazenagem, para a área de expedição. Nessa área os lotes são inspecionados por um conferente, que verifica se os mesmos estão completos e se o lote possui avarias. Caso haja constatação de faltas ou avarias, o lote é corrigido utilizando-se latas de outros lotes. Nesse caso, as unidades avariadas que foram retiradas do pallet são encaminhadas para a reciclagem. A programação é transmitida ao transportador que envia seus veículos para o carregamento. O processo de carregamento é acompanhado pelo cedente e pelo recebedor da carga e, caso existam não conformidades, estas são acertadas da mesma forma que na área de expedição. Na possibilidade de unidades avariadas ingressarem no veículo, a responsabilidade passa a ser da transportadora. A tabela 1 representa o número de funcionários do fabricante de latas envolvidos diretamente na operação: Tabela 1: Funcionários na Movimentação e Armazenagem Função/Turno Conferente Operador de Empilhadeira Ajudante Manhã 01 03 02 (05 verão) Tarde 01 03 01 (02 verão) Noite 01 03 01 (02 verão) A operação no fabricante de latas, de modo geral, é bem organizada sendo que o mesmo possui um armazém bem dimensionado internamente, com ruas e travessas amplas, e o numero de empilhadeiras, operadores e ajudantes é suficiente. Um problema observado é o espaço insuficiente para os caminhões nas docas. Nas 03 docas de carga/descarga, os veículos têm que parar com o cavalo em “L”, o que pode causar certos inconvenientes tais como: interferência no fluxo dos veículos, surgimento de gargalos, problemas relativos à segurança, avarias nos equipamentos e danos ao piso do armazém nos períodos de intensa atividade. O sistema da empresa informa a quantidade de unidades estocadas, porém os lotes não têm localização definida. Essa falta de endereçamento faz com que, caso seja necessário localizar um lote especifico, o conferente saia à procura do mesmo no armazém, o que demanda uma perda de cerca de 30 minutos na consolidação do carregamento de um veículo completo. Para atualizar as quantidades em estoque, a cada noite o conferente deve contar todos os produtos, bem como os pallets que estão vazios. Essa informação é passada para o conferente da manhã que atualiza o sistema com as novas quantidades 1.2 - Descrição do Processo no Transporte O transportador rodoviário possui bases localizadas estrategicamente, tanto no site da fábrica de latas, quanto na fábrica de bebidas, que distam cerca de 20 Km entre si, (aproximadamente 30 minutos). Assim que recebe a programação da fábrica de latas, o transportador disponibiliza seus caminhões para serem carregados. Atualmente na operação do Rio de janeiro são utilizados cinco baús. Os baús projetados para essa operação, têm capacidade para 25 pallets e cada pallet comporta 8169 unidades. Os baús possuem uma gaveta em baixo onde são carregadas as tampas das latas, cada carga de tampas contém o equivalente ao número de latas da viagem correspondente, essa gaveta foi desenvolvida para aprimorar esse transporte. Esses baús possuem ainda roletes no piso, que facilitam a carga/descarga dos pallets. O tempo de espera para descarga é um dos problemas identificados na operação. Os veículos chegam na fábrica de bebidas e ficam aguardando a autorização do conferente para ingressar na fábrica e descarregar. Quando a carga do veículo não é prioridade para a produção, ou quando não há espaço físico para a armazenagem da mesma, o veículo aguarda carregado por até 06 horas. Todos os lotes que chegam na fábrica de bebidas são submetidos a testes de controle de qualidade. Estes ficam em quarentena aguardando os resultados desses testes, o que pode levar de 40 minutos a 24 horas, dependendo da necessidade da produção. Os lotes que são reprovados e não possuem condições de uso são devolvidos ao fabricante das latas. Os materiais de acondicionamento das latas (pallets, topos e folhas separadoras), também são recarregados nessa área e deveriam retornar à proporção de uma viagem para cada três viagens carregadas com destino à fábrica de bebidas. Essa proporção não é obedecida e o fabricante das latas invariavelmente tem que cobrar a devolução dos mesmos à fábrica de bebidas. O carregamento e transporte desses materiais, principalmente dos pallets vazios, causam avarias no interior dos baús. Já as folhas separadoras são movimentadas e transportadas sem amarração, o que causa uma grande perda desse material. Outro ponto crítico é o tempo de espera pela nota fiscal, sempre que se está carregando o material de retorno. O veículo chega a ficar retido por até 12 horas à espera desse documento para poder seguir viagem. Isso causa problemas em toda a cadeia de abastecimento, fazendo com que a programação de um dia sobreponha-se à programação do dia seguinte. Estes problemas, além de causarem perdas materiais (avarias dos baús), elevados tempos de espera (o que aumenta o custo de oportunidade) e prejudicar a programação das operações, tornam-se fato gerador de possíveis ativos trabalhistas. Existem avarias que ocorrem durante o transporte. A torção do baú, a movimentação interna durante o translado e as operações de carga/descarga, quando não conduzidas de forma adequada, são responsáveis por essas possíveis avarias. Sem contar é claro, com acidentes que eventualmente ocorrem. O fabricante das latas realizou um acompanhamento das viagens e chegou a um índice de 0,12% de unidades amassadas no transporte. O transportador trabalha com um índice muito próximo a este, de 0,15%. A tabela 2 apresenta uma projeção anual de perdas com avarias no transporte: Tabela 2: Estimativa de Perdas com Avarias no Transporte Latas transportadas Latas avariadas Custo médio/latas ** Custo anual 0,12% 1000* 1,2* R$ 0,16 R$ 192.000,00 0,15% 1000* 1,5* R$ 0,16 R$ 240.000,00 Índi ce *Estimativa em milhões de unidades. ** Custo estimado através de pagamentos realizados pelo transportador. Um outro problema identificado na operação é que os colaboradores do transportador responsáveis pela emissão do conhecimento do transporte rodoviário de carga (CTRC), ficam na unidade da fábrica de bebidas, localizada em Campo Grande. Desta forma, a viagem de Santa Cruz para Campo Grande é realizada sem o CTRC. O motorista necessita do CTRC para habilitar sua entrada na área de descarga da fábrica de bebidas, tendo assim, que passar com antecedência na base operacional da transportadora e aguardar a emissão do mesmo. Essa rotina demanda uma perda média de 45 minutos. 1.3 - Descrição do Processo na Fábrica de Bebidas O fabricante de bebidas, que é o cliente final dessa cadeia de suprimentos, é quem determina as quantidades, os produtos a serem transportados e os horários que os mesmos devem chegar à suas instalações. Normalmente o processo inicia-se à 00:00 h. À medida que os veículos chegam a fabrica de bebidas, um colaborador do transportador informa ao conferente da fábrica, que é responsável pelo recebimento, que os mesmo estão disponíveis para descarregar. Uma vez autorizado a descarregar, o veículo dirige-se ao armazém correspondente. Existem dois armazéns destinados a estocar as latas e as tampas vindas do fabricante de latas. O armazém B, que atende a duas linhas de envasamento de cerveja, por vezes alternadas para refrigerantes, com capacidade de 120.000 latas/hora cada linha e o Armazém C que atende a uma linha de produção exclusiva para refrigerantes, com capacidade de 60.000 latas/hora. a) Armazém B O armazém B possui espaço para manobra dos veículos e empilhadeiras, porém, como não existem docas específicas para carga e descarga, os veículos são parqueados em uma área sem delimitações ou plataforma. Foi observado que o descarregamento é feito sem o devido cuidado requerido pela fragilidade do material e o conferente não observa se o carregamento possui ou não latas avariadas. Os pallets são muitas vezes arrastados pelo chão e colocados onde exista espaço disponível. Nos pallets já armazenados é comum encontrar latas avariadas por acidentes com manobra das empilhadeiras, apesar da boa largura das ruas e travessas. Esses problemas são causados provavelmente, pela quantidade insuficiente de empilhadeiras alocadas para atender essa operação. A mesma tarefa que é feita por três empilhadeiras no fabricante de latas é realizada por duas na fábrica de bebidas. Uma empilhadeira é responsável pela carga/descarga dos veículos e a segunda alimenta a linha de produção. As empilhadeiras não têm um papel específico, sendo as mesmas invariavelmente deslocadas para outros pontos do armazém a fim de realizar outras tarefas. O fluxo inverso também ocorre, empilhadeiras de outras seções também realizam as operações de carga/descarga e movimentação das latas vazias. Neste armazém, os padrões de armazenagem não estão bem definidos, existindo produtos acabados, outros insumos e pallets vazios mesclados às latas vazias. Essa desorganização e a falta de supervisão faz com que vários pallets estejam com avarias, que claramente, são causadas por acidentes com as empilhadeiras, sem que se saiba quem foram os responsáveis. Segundo informações de colaboradores da fábrica de bebidas, o sistema de informação da empresa fornece a quantidade de latas armazenadas e a localização dos lotes. Porém, observa-se facilmente que os espaços demarcados no armazém não possuem identificações lógicas, fazendo com que a informação sobre a localização só tenha sentido para quem conheça o armazém. O armazenamento das tampas é realizado em outra parte desse mesmo armazém sendo as mesmas acondicionadas em racks de aço junto a outros insumos. b) Armazém C A linha de produção suprida por esse armazém possui uma capacidade menor que as do armazém B, mas nem por isso a situação é melhor. A começar pela área de descarga. No armazém C o espaço para o descarregamento é o mínimo possível. O veículo tem que entrar com o baú já aberto, pois não há espaço suficiente para abri-lo na área de descarga. Esse espaço reduzido já foi motivo de vários acidentes, já que ao lado do veículo ficam armazenados produtos acabados e latas vazias. O processo de descarregamento é similar ao do armazém B, porém a área de armazenagem é ainda mais desorganizada. Sinais claros de pallets avariados por empilhadeiras podem ser vistos por todos os lados. Quase todos os pallets nesse armazém possuem latas amassadas, podem ser vistos pallets semitombados com várias latas amassadas e espalhadas pelo chão. O problema de produtos acabados e latas vazias dividindo o mesmo espaço de armazenagem continua. A área de armazenagem das tampas também é distante do armazenamento das latas e localiza-se junto a outros insumos, seguindo o mesmo “padrão” do armazém B. c) Avarias na Fábrica de Bebidas Na fábrica de bebidas, o descarregamento dos veículos é feito sem o acompanhamento atento de conferentes. Os lotes não são inspecionados e as empilhadeiras realizam o descarregamento sem o devido cuidado requerido pelo material. Assim, percebe-se facilmente a incidência de avarias nessa etapa do processo. A fábrica de bebidas informou estar operando com um índice de 0,89% de avarias nesse processo e tem uma meta de reduzir esse índice para 0,39%. Com base nesses dados, podemos fazer uma estimativa de custos gerados por essas perdas, conforme mostra a tabela 3. Tabela 3: Estimativa de Perdas com Avarias na Armazenagem*** Latas Índice Latas Ano avariadas Custo Médio/lata** Custo Anual 0,89% (atual) 0,39% (meta) 1000* 1000* 8,9* 3,9* R$ 0,16 R$ 0,16 R$ 1.424.000,00 R$ 624.000,00 *Estimativa em milhões de unidades. **Custo estimado através de pagamentos realizados pela transportadora. ***Utilizando-se índices aproximados, fornecidos pela fabrica de bebidas. Além das avarias na movimentação e armazenagem, também ocorrem avarias na linha de produção. Observando o fluxo de produção pode-se notar que latas são jogadas para fora da linha, muitas vezes caem e amassam as que estão ao redor. CAPÍTULO II ANÁLISE DE CENÁRIOS Serão examinados dois cenários: no primeiro há um único agente assumindo o transporte, a armazenagem e o deslocamento das latas de alumínio na fábrica e no segundo o transportador além do transporte assume a armazenagem cabendo a uma empresa terceirizada a movimentação das latas. 2.1 - Cenário 01 Nesse cenário um único agente assumiria as operações de transporte, armazenagem e movimentação das latas de alumínio dentro da fábrica de bebidas, tornando-se o responsável por todo o processo logístico desde o inicio do transporte na fábrica de latas até a alimentação da linha de produção da fábrica de bebidas. Essa nova estrutura da cadeia logística é apresentada abaixo: Fabricante de latas. - Produção - Armazenagem - Movimentação Transportador. - Transporte - Movimentação - Armazenagem Fabricante de Bebidas. - Envasamento Figura 2 – Cenário Logístico 01 Para que esse cenário seja viável a fábrica de bebidas deve, em primeiro lugar, disponibilizar um espaço em cada armazém (B e C), para uso exclusivo do transportador. Essa área seria utilizada unicamente para a armazenagem das latas vazias e dos materiais de retorno. Essa área deve ser proporcional ao nível de estoque requerido pela fábrica de bebidas. Hoje a fábrica de bebidas armazena o equivalente a 02 (dois) dias de produção em estoque. A tabela 4 apresenta a área útil necessária em cada armazém, utilizando-se a capacidade de produção instalada nas linhas de produção. Para o cálculo dessa área foram utilizados os seguintes dados: - Capacidade de produção instalada: • Armazém B – 240.000 latas/hora. • Armazém C – 60.000 latas/hora. - Formas de armazenamento: • Armazém B – 75% em pilhas de 03 pallets e 25% em pilhas de 02 pallets. • Armazém C – 100% em pilhas de 02 pallets. - Pallets com capacidade para 8169 latas e 1,20m² (1,00x 1,20). - 02 (dois) dias de produção em estoque. Tabela 4: Área útil Necessária para a Armazenagem: Armazém B Capacidade de Número de Produção Instalada latas 240.000 latas/hora 11.520.000 Número de Área útil de Pallets estoque* (m²). 1.410 616 Armazém C 60.000 latas/hora 353 2.880.000 213 *sem considerar a área das ruas, travessas e espaço para os pallets vazios. Além da área de armazenagem para as latas vazias, outro espaço deve ser disponibilizado para o armazenamento de pallets vazios, folhas separadoras e topos. Um espaço nos racks deve ser reservado exclusivamente para o armazenamento das tampas, que também seria uma área de responsabilidade do transportador. Nesse cenário, a equipe do transportador que fará a movimentação das cargas dentro da fábrica de bebidas será composta conforme a tabela 5: Tabela 5: Funcionários na Movimentação e Armazenagem - Transportador Função/Turno Manhã Tarde Noite Coordenador Operadores (com empilhadeiras). Ajudante 01 03 (04 verão) 01 03 (04 verão) 01 03 (04 verão) 01 (02 verão) 01 (02 verão) 01 Os custos com salários e aluguel das empilhadeiras previstos nesse cenário são apresentados na tabela 6: Tabela 6: Custos com Salários e Aluguel de Equipamentos Função Coordenador Operador Salário Quantidade Total R$ 3.700,00* R$ 1.450,00** 03 09 (12 verão) R$ 11.100,00 R$ 13.050,00 (R$ 17.400,00) R$ 3.900,00*** R$ 1.205,00* 03 (04 verão) 03 (05 verão) Total R$ 11.700,00 (R$ 15.600,00) R$ 3.615,00(R$ 6.025,00) R$ 39.465,00 (R$ 50.125,00) de empilhadeir a Empilhadeiras Ajudante *Salários isentos de encargos **Pago à empresa locadora da empilhadeira, já com os encargos. ***Empilhadeiras de 2,5 ton com elevação de 6 m (aluguel R$ 1.800,00 + manutenção R$ 3,40 por hora – estimativa de 20 horas de trabalho diário no pico). 2.2 - Cenário 02 Nesse cenário o transportador seria responsável somente pelo transporte e armazenagem (armazéns B e C), cabendo a uma empresa terceirizada qualquer, contratada pela fábrica de bebidas, realizar a movimentação das cargas. Deste modo, a nova estrutura da cadeia logística ficaria como representado na figura 3: Fabricante de latas. - Produção - Armazenagem - Movimentação Transportador. - Transporte - Armazenagem Fabricante de Bebidas. - Movimentação - Envasamento Figura 3 – Cenário Logístico 02. Neste cenário, continua necessária a disponibilidade de uma área exclusiva para a armazenagem das latas, pallets vazios, folhas separadoras, topos e tampas, similar à área útil calculada na tabela 4 do cenário 1. O custo relativo a salários nesse novo cenários é apresentado na tabela 7. Conforme mostrado, dois agentes distintos seriam responsáveis pelas operações de armazenagem e movimentação de carga dentro dos armazéns da fábrica de bebidas. Tabela 7: Custos com Salários e Aluguel de Equipamentos Função Coordenador Ajudante Salário R$ 3.700,00* R$ 1.205,00* Quantidade 03 03 (05 verão) Total Total R$ 11.100,00 R$ 3.615,00(R$ 6.025,00) R$ 14.715,00(R$ 17.125,00) *Salários com encargos a) Desvantagens Algumas desvantagens continuarão a existir na cadeia logística, pois não se tratam de tarefas que possam ser executadas pelo Operador Logístico, tais como: - A emissão do CRTC (Conhecimento Rodoviário de Transporte de Carga), que demanda uma media de 45 minutos, continuará com a mesma rotina. - O teste do controle de qualidade das latas continuará a ser feito pelo fabricante de bebidas e com isso os lotes vão continuar aguardando de 40 minutos ate 24 horas pela liberação, de acordo com a necessidade na produção. - A emissão da Nota Fiscal continuará sendo emitida pelo fabricante de bebidas o que mantém o processo lento com veículos podendo ficar no aguardo por até 12 horas. b) Vantagens Haverá uma readequação total dos padrões de armazenagem e operação. Onde também trabalharemos a padronização das áreas de estocagem e as operações de manuseio. c) Desvantagens - O operador Logístico permanecerá afastado das operações de carga e descarga e com isso os longos períodos de espera serão mantidos. - O grande problema desse cenário é que teriam dois agentes responsáveis pela área de armazenagem. Um responsável pelo próprio armazém em si e outro pela movimentação. Se esses agentes não operarem em perfeita sincronia, e as responsabilidades não forem bem definidas, os mesmos problemas apresentados na atual operação podem voltar a ocorrer. CAPÍTULO III PROPOSTA Conclusão: A operação da cadeia de suprimentos de latas vazias para a fábrica de bebidas possui inúmeros problemas, dentre os quais podemos destacar: - Alto índice de avarias, principalmente na armazenagem e movimentação dentro dos armazéns da fabrica de bebidas. - Falta de endereçamento eletrônico dos pallets dificultando sua localização e a atualização do estoque. - Elevado tempo de espera para descarregar os caminhões na fábrica de bebidas. - Número insuficiente de empilhadeiras operando no descarregamento na fábrica de bebidas. - Elevado tempo de espera no aguardo de notas fiscais para realizar viagens com material de retorno para a fábrica de latas. Verificamos que os problemas de tempos elevados de espera são causados por falta de planejamento e sincronismo entre os agentes atuantes na cadeia de suprimentos. Esse fato ocasiona ainda a sobrecarga de empilhadeiras e operadores, já que os mesmos realizam um número elevado de operações desnecessárias. Aliada a esse problema foi constatada a falta de uma área especifica para o produto, falta de endereçamento eletrônico e falta de fiscalização, que contribuem para a elevação dos índices de latas avariadas. Para tentar minimizar esses problemas foram apresentados dois cenários. Um cenário onde um só agente controla todo o processo, desde o inicio do transporte na fábrica de latas, até a alimentação das linhas de produção da fábrica de bebidas e, um outro cenário onde uma empresa terceirizada seria responsável pela movimentação na fabrica de bebidas. Em ambos os cenários, para que a operação apresente bons resultados, é necessária a disponibilidade de uma área exclusiva para armazenagem das latas vazias e tampas. A administração dessa área ficaria sob a responsabilidade do agente logístico escolhido para as operações de armazenagem e movimentação interna. O sincronismo das operações, possibilitaria uma redução dos estoques em toda a cadeia logística. Por esta ótica, o primeiro cenário apresenta a vantagem de ter somente um agente responsável pelas operações. Já no segundo cenário, deveria haver um forte comprometimento entre os agentes da cadeia logística e as responsabilidades de cada um deveriam estar bem definidas, para que não persistissem os problemas atuais. Para que a produção de latas, sua armazenagem (nas duas pontas da cadeia), transporte e consumo ocorram de forma menos turbulenta, é necessário o bom relacionamento dos agentes envolvidos para que, os elevados tempos de espera, apresentados atualmente, sejam eliminados do processo. Aliado ao planejamento das operações globalizadas, a utilização de graneleiras para as viagens de retorno com os pallets, folhas separadoras e topos, dariam mais agilidade e eficiência ao processo. A cadeia logística estudada nesse trabalho, apesar de ser composta por apenas três agentes, apresenta inúmeras particularidades e diversos pontos críticos, conforme descrevemos. Foi observada ao longo do estudo, a inexistência de um nível de integração logística que propiciasse uma relação de ganho que satisfizesse a todos os agentes dessa cadeia de suprimentos. Apesar do trabalho ter sido desenvolvido com enfoque operacional, verificamos que existem particularidades e posturas distintas em cada um dos agentes que influenciam de forma crucial a tomada de decisão diante dos cenários apresentados. Sabe-se que existe a necessidade de melhoria dos processos em todos os pontos da cadeia logística, porém, essas melhorias dependem basicamente de uma reorganização apoiada em ações integradas. Ao final, observamos que o principal agente, o cliente, que é a fabrica de bebidas, exerce forte influência sobre os demais integrantes da cadeia e praticamente é quem dita todas as regras relacionadas ao processo. Diante dessa realidade, fica concluído que, enquanto a fábrica de bebidas não quebrar seus próprios paradigmas, passando a encarar os demais agentes da cadeia como parceiros, ao invés de meros fornecedores ou prestadores de serviço alheios a uma integração global, não é aconselhável qualquer mudança significativa, com o objetivo de ampliar a participação do agente transportador na cadeia logística. BIBLIOGRAFIA - Pesquisa de campo. - Fontes Numéricas: Dados coletados em pesquisa junto ao mercado. ANEXOS