Goiânia/GO maio de 2011 Ano 5 N° 56
9912258380/2010-DR/GO
Mac Editora
www.canalbioenergia.com.br
RENOVAÇÃO DO CANAVIAL
Oportunidade
para produzir mais
Ganhos ambientais, em produtividade e possibilidade de
rotação com diferentes culturas são vantagens do manejo
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REMETENTE
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Carta do editor
Mi­ri­an To­mé
edi­tor@ca­nal­bi­o­e­ner­gia.com.br
arquivo pessoal
28
divulgação
04
divulgação
12
stock.xching
A importância da expansão
10
12 Biodiesel
Pesquisa segue trabalhando em busca de novas opções de matérias-primas para a
produção de biodiesel, de modo a reduzir a dependência da soja.
10 foguete a etanol
Projeto inédito do Instituto de
Aeronáutica e Espaço busca o
desenvolvimento de foguetes
abastecidos com etanol.
28 mais brasil
Praias urbanas e paradisíacas, culinária
diversificada, rico folclore e mais uma
extensa lista de boas surpresas são
atrações irresistíveis de Natal (RN).
O avanço da safra de cana-de-açúcar na
Região Centro-Sul faz com que o setor
sucroenergético volte rapidamente à esperada
normalidade. A redução dos preços do etanol,
que volta a ficar mais competititivo em relação à
gasolina, é o sinal definitivo de que saímos da
fase de dificuldades imposta pela entressafra.
Embora a estimativa de crescimento da safra
nacional não alcance os porcentuais desejáveis,
capazes de assegurar a sustentabilidade da
oferta diante do forte crescimento da demanda
por etanol de nosso mercado interno, a
sociedade como um todo tem agora mais
tranquilidade para avaliar a importância da
expansão do setor sucroenergético, com
destaque para seus efeitos positivos no que se
refere ao controle da inflação e,
consequentemente, sobre o equilíbrio financeiro
das famílias brasileiras.
Esse tema é discutido em profundidade na
entrevista exclusiva com o presidente da Datagro
Consultoria, Plínio Nastari, que trazemos nesta
edição. Em nossa reportagem de capa também
abordamos um aspecto de grande importância
no manejo das lavouras de cana-de-açúcar, a
renovação dos canaviais. Postergada por
algumas usinas durante a já superada crise
financeira mundial, as unidades industriais agora
avaliam e planejam a adoção dessa medida, que
proporciona importantes ganhos ambientais e
em produtividade.
Estas são apenas algumas das várias
reportagens interessantes que trazemos sobre a
bioenergia. Informações úteis que, certamente,
ajudarão nossos leitores a se manterem sempre
atualizados sobre o tema.
Boa leitura!
04 Entrevista
­CANAL, o Jor­nal da Bi­o­e­ner­gia, é uma pu­bli­ca­ção da
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24 Cana-de-açúcar
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Executiva de atendimento COMERCIAL: Tatiane Mendonça
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Editor: Evandro Bittencourt DRT-GO - 00694 - [email protected]
Reportagem: Evandro Bittencourt, Fernando Dantas, Luisa Dias e Mirian Tomé­
Estagiária: Gilana Nunes - [email protected]
DIREÇÃO DE ARTE: Fábio Santos - [email protected]
Em entrevista exclusiva ao Canal,
Plínio Nastari, presidente da Datagro
Consultoria, analisa as tendências de
mercado para o etanol e o açúcar.
Safra goiana deve crescer 3,3% em
relação à anterior, chegando a 48
milhões de toneladas. Índice é superior
ao aumento da safra brasileira.
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Bioenergia não se responsabiliza pelos conceitos e opiniões emitidos nas reportagens e
artigos assinados. Eles representam, literalmente, a opinião de seus autores. É autorizada
a reprodução das matérias, desde que citada a fonte­.
Capa: Lavoura de cana (foto Geraldo Falcão/Petrobras)
“Confia no Senhor de todo o teu coração e não te
estribes no teu próprio entendimento.
Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele
endireitará as tuas veredas. "(Provérbios 3:5-6)
Entrevista - Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria
Caminho de volta à normalidade
Após uma entressafra atípica, Plínio Nastari prevê recuo
dos preços do etanol e do açúcar nos próximos meses
também, das disputas comerciais envolvendo o
comércio de bananas e pneus e prestou consultoria a
governos americanos da coalizão pró-etanol de 1986
a 1992. A base de clientes da Datagro está espalhada
em 5 continentes e em 41 países e é formada por
produtores de açúcar, etanol e biodiesel, trading
companies, bancos, distribuidores de combustíveis,
fornecedores de insumos, governos, fundos de
investimentos, empresas de logística e agências de
informação. Desde 1985 a empresa tem assessorado
o governo brasileiro em iniciativas relacionadas ao
planejamento energético, desregulamentação do
setor sucroenergético e negociações internacionais
do comércio de commodities agrícolas.
Evandro Bittencourt
F
ormado em Administração de Empresas e doutor
em Economia Agrícola pela Iowa State University
(ISU), Plínio Nastari é presidente da Datagro,
maior consultoria de etanol e açúcar do mundo.
Sua equipe é composta por mais de 40 colaboradores,
concentrando suas forças na matriz localizada em
São Paulo, e em outras quatro unidades – Nova York
(EUA), Recife, Santos e Ribeirão Preto. Nastari foi
responsável pelos estudos técnicos usados como base
no processo da Organização Mundial do Comércio
(OMC) contra os subsídios dados pela União Europeia
a seus produtores e exportadores de açúcar. Participou,
E como será essa volta à normalidade?
Choveu muito em janeiro, fevereiro, março e
começo de abril e essas chuvas abrem a perspectiva de recuperação desse canavial durante
2011 e de uma condição de entressafra no início
de 2012 normal. Nós estamos prevendo essa
normalidade e isso não ocorre apenas no Brasil,
mas também em outros países. Nós podemos
antever que não vai se repetir em 2011 a seca
que assolou a Rússia no ano passado, as
enchentes na Austrália e no Paquistão e a seca
no leste europeu, que afetou a safra europeia de
beterraba. Esses países vão também recuperar
suas produções, o que vai fazer com que o abastecimento de açúcar e de etanol no mercado
mundial volte à normalidade.
Existem meios e estratégias que possam ser utilizadas para que os produtores do setor sucroenergético se preparem melhor para enfrentar
dificuldades climáticas, de modo a minimizar as
dificuldades enfrentadas na última safra?
Uma coisa é se preparar para uma variação climática normal, mas será que é possível se resguardar no caso de uma variação climática
04
CANAL, Jornal da Bioenergia
é informar a queda. Espero que os meios de
comunicação também acompanhem esse retorno, essa volta à normalidade, porque isso vai
acontecer nos próximos dois ou três meses e
vamos assistir preços em queda, tanto os do
etanol quanto os do açúcar.
Embora muitos
temessem risco de
desabastecimento
durante o feriado de
Páscoa, não faltou
hidratado, anidro e
nem gasolina em
nenhum mercado.
fotos: divulgação
Qual é o cenário de produção da safra de canade-açúcar 2011/2012?
O cenário é de volta à normalidade, basicamente. O que causou estresse nesse primeiro trimestre de 2011 foi o alongamento da entressafra.
Esse alongamento se deveu, basicamente, a um
resíduo do impacto climático em 2010. A seca
de 2010 na Região Centro-Sul fez com que os
canaviais praticamente hibernassem e não se
desenvolvessem do ponto de vista fisiológico.
Com isso, a cana não ficou pronta para a moagem em março e abril. Isso prolongou a entressafra, além de ter, obviamente, reduzido em
cerca de 25 milhões de toneladas a cana que
estava prevista para ser moída em 2010, diminuindo a produção. Esses estoques estreitos,
menores do que o previsto, fizeram com que
houvesse essa alta de preços e ela foi necessária
para que houvesse um controle, uma redução da
demanda, para que não houvesse falta.
extrema? É muito difícil se resguardar de
situações como as que observamos em 2009 e
2010, em particular no caso do Brasil, um País
que representa 52% do mercado mundial. Em
2009 houve um excesso de chuvas e, em 2010,
um extremo de seca. Para se resguardar é preciso trabalhar como uma formiguinha, guardando estoques. Mas seria necessário guardar um
estoque tão grande que isso seria impraticável
ou extremamente oneroso. Ainda assim, de
certa forma os produtores se prepararam, por
isso não faltou etanol. Embora muitos temessem
risco de desabastecimento durante o feriado de
Páscoa, não faltou hidratado, anidro e nem
gasolina em nenhum mercado. Faltou ovo de
Páscoa, mas não faltou combustível. O que não
foi possível evitar foi a alta de preços que ocorreu, mas ela é temporária, uma coisa passageira,
que serviu para controlar o consumo nesse período de um mês e meio. Agora, essa alta passa e
os preços voltam à normalidade. E acredito que,
tão importante quanto informar a alta de preço
E quais são as perspectivas em relação à formação de estoques ao longo 2011?
Esse é um assunto que vale 10 páginas do seu
jornal. Existe uma legislação em vigor no Brasil,
que é a lei 8176, de 1991, que está regulamentada pelo decreto 238, também de 1991, que dispõem sobre o Sinec – Sistema Integrado Nacional
de Estoques de Combustível. Essas leis substituíram uma legislação anterior, o decreto 94.153, de
1987, que também definia a necessidade de
estoques estratégicos de etanol, em particular. O
Sinec, no entanto, nunca foi implantado. É uma
lei aprovada pelo Congresso, sancionada pelo
presidente e regulamentada, mas eu não vou
discutir se ela é boa ou é ruim. Ela foi discutida
pela sociedade e aprovada pelos representantes
da sociedade no Congresso, mas não está sendo
aplicada. Com certeza, se existisse esse estoque
estratégico, não há dúvida que esse problema
todo teria sido amenizado.
meio de furos de reportagem de alguns jornais
e de uma maneira que eu acho até que o
governo não desejava que tivesse acontecido.
Foi noticiado que três medidas estariam em
exame. A primeira, a possível redução do teor
de mistura de etanol anidro na gasolina, a
segunda, a transferência dos controles da produção e comercialização para a ANP e, a terceira, uma possível taxação sobre exportações
de açúcar.
Respondendo sobre a segunda medida, inicialmente, considero que a transferência para a ANP
não será, necessariamente, uma coisa ruim. Pode
ser uma coisa boa, pois tudo o que for feito para
coibir a informalidade, a comercialização e maiores controles estatísticos sobre o volume produzido e o volume comercializado é bem-vindo.
E o que pode não ser bom nessa transferência
de controle?
A interferência no preço e a interferência no
livre arbítrio da comercialização não são
bem-vindas. Eu acho que isso não deve acontecer porque não existe para outros combustíveis. Existiu na época do Instituto do Açúcar
e do Álcool (IAA), quando o governo definia
cotas de comercialização e preços. Eu não
vejo condições constitucionais para isso acontecer, pois tudo isso caiu em razão da
Constituição de 1988, que limitou o grau de
intervenção do Estado no setor privado, por
meio do artigo 174 da Constituição. Mas se
eles simplesmente passarem a ter um maior
controle sobre o que é produzido, o que é
comercializado e passarem a exigir que haja
um maior planejamento da comercialização,
para que ela deixe de ser basicamente no
mercado à vista e passe a ser estruturada por
meio de contratos de 6, 12 meses entre distribuidoras e produtoras, esse mercado tende a
ter um planejamento melhor. Isso passa por
um uso maior de instrumentos de mercado,
como o contrato futuro de etanol.
E quanto às duas outras medidas que podem ser
adotadas pelo governo?
A simples menção de que o governo está cogitando a redução do teor de mistura de etanol à
gasolina e de que quer aplicar imposto sobre a
exportação é horrível, é péssima, pois ela inibe
investimentos. São medidas que atuam exata-
mente na direção contrária do que deveria estar
ocorrendo. Deveria estar acontecendo agora um
esforço para que houvesse um estímulo ao
investimento, de modo a ampliar a capacidade
para atender a essa demanda crescente. Por isso
não foi bom o anúncio ou vazamento dessa
informação.
Qual é, na avaliação do senhor, a taxa de crescimento sustentável na produção de cana-de
-açúcar para que o setor sucroenergético possa
atender com tranquilidade ao crescente aumento da demanda?
Nós julgamos que a taxa de crescimento sustentável do setor está entre 6% e 8% ao ano, o que
A simples menção de
que o governo está
cogitando a redução
do teor de mistura de
etanol à gasolina e de
que quer aplicar
imposto sobre a
exportação inibe
investimentos.
já é muito para um setor dessa dimensão. Isso
significa dobrar a produção em 10 anos. O Brasil
está constituindo uma frota flex que tem uma
demanda potencial muito grande. A materialização dessa demanda vai depender de preços e
da competitividade do etanol. Se o etanol não
for competitivo e se não tiver oferta suficiente
para permitir que o preço caia a um nível que
permita você ter desenvolvimento de demanda,
o mercado vai continuar em equilíbrio. A oferta
vai continuar encontrando demanda, só que em
níveis de preços mais elevados e com a possibilidade de nós estarmos produzindo e consumindo menos etanol do que poderíamos e, assim,
gerando menos emprego, menos desenvolvimento e, certamente, importando mais equipamentos e combustíveis do exterior. E isso seria
uma pena, pois estaríamos sujando a nossa
matriz energética, com menos combustível
renovável, mas é só uma questão de preço.
O mundo vive um momento de instabilidade no
mercado do petróleo, em razão dos conflitos em
países do Oriente Médio e da África. Como essa
situação, que tem influência direta no preço da
gasolina, pode afetar o mercado de etanol?
Se o preço do petróleo ultrapassar US$ 130, 00
o barril e permanecer acima desse valor já se
admite no governo que será inevitável uma correção do preço da gasolina. Isso vai abrir um
espaço maior para a competitividade do etanol,
expansão do consumo do biocombustível no
Brasil e, portanto, novos investimentos para a
ampliação de capacidade. Se o petróleo for a
US$ 200,00 o barril, por exemplo, nós devemos
ter uma nova onda de expansão de investimentos e de capacidade, sem dúvida alguma.
É frequente a discussão sobre a necessidade de o
governo federal pavimentar o caminho para que
ocorra um novo ciclo de investimentos no setor
sucroenergético. Quais seriam as principais medidas para que isso se torne uma realidade?
Linhas de financiamento no BNDES com taxas de
juros mais convidativas para empreendimentos
direcionados à produção de etanol e cogeração, por
exemplo, e menores restrições de acesso a essas
linhas de financiamento para empresas de capital
privado nacional que tenham saúde e garantias.
Quanto ao mercado de açúcar, quais são as
perspectivas em relação aos próximos meses?
Devido à recuperação dos países produtores
mais importantes do mundo, o Brasil deve ser o
grande fundamento positivo desse mercado nos
próximos 12,18 meses, exatamente pela capacidade do País de poder administrar essa flexibilidade de produção de açúcar e etanol e poder
direcionar cada vez mais uma proporção maior
para a produção de etanol no futuro. Esse é o
grande fundamento altista do mercado.
O que é necessário para constituir esse estoque?
É preciso ter rubrica orçamentária para constituir
esse estoque. Mas em um momento em que há
outros compromissos da sociedade brasileira,
como a eliminação de pobreza e a contenção de
gastos públicos, essa é uma discussão que encontra restrições. O fato é que existe a lei e ela não
está sendo cumprida.
Até agora não há nenhuma sinalização do
governo federal nesse sentido?
Não, ninguém fala disso. É uma daquelas leis
que não pegaram.
Como o senhor vê as articulações do governo em
relação à regulação do mercado de etanol no
Brasil, por meio da Agencia Nacional do Petróleo?
As medidas foram cogitadas na imprensa, por
CANAL, Jornal da Bioenergia
05
A Embrapa anunciou no dia 24 de
maio, durante a solenidade de
comemoração de aniversário da
Embrapa Agroenergia (leia nota ao lado),
a obtenção de plantas transgênicas de
cana-de-açúcar. São as primeiras
plantas transgênicas confirmadas
tolerantes à seca com o gene DREB2A.
As perdas em cana-de açúcar devido à
seca podem variar de 10% a 50 %,
dependendo da região de cultivo e da
época de plantio.
Estas plantas foram selecionadas em
laboratório e, dentro de três meses,
estarão em estágio de multiplicação in
vitro para serem avaliadas em casa de
vegetação. Até maio de 2012, terão sido
avaliadas quanto às características de
tolerância à seca. Após estes processos,
as plantas que apresentarem melhor
desempenho terão potencial de
avaliação a campo mediante aprovação
de processo junto ao Comitê Técnico
Nacional de Biossegurança (CTNBio).
O trabalho é realizado em parceria
entre a Embrapa Agroenergia (Brasília/
DF) e a Embrapa Recursos Genéticos e
Biotecnologia (Brasília/DF) e apoio da
Japan Internacional Research Center for
Agricultural Sciences (Jircas), empresa de
pesquisa vinculada ao governo japonês.
Esalq realiza
levantamento de custos
do setor sucroenergético
O Programa de Educação
Continuada em Economia e Gestão
de Empresas (Pecege), da Escola
Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz da Universidade de São
Paulo (USP/Esalq), finalizou no início
de junho o levantamento de custos
de indicadores de produção, índice
de preços e custos de cana-deaçúcar, açúcar e etanol da safra
2010/2011 no Brasil. O trabalho de
entrevistas com as unidades
industriais foi iniciado em 11 de abril
de 2011 e contou com a participação
de 100 unidades. O levantamento é
realizado há quatro safras e possui a
missão de desenvolver uma
pesquisa de extensão universitária
que possibilite a criação e
divulgação de informações de
interesse público que apóiem o
desenvolvimento das empresas.
Embrapa Agroenergia completou cinco anos
A Embrapa Agroenergia, a 38ª
Unidade Descentralizada da
Embrapa, completou cinco anos de
atuação no final de maio. Criada
para coordenar e executar os
trabalhos e pesquisas de
desenvolvimento de soluções para
obtenção de energia, a unidade
tem forte desempenho no
mercado, com resultados
diferenciados em várias áreas. A
data foi comemorada com
programação especial (foto) e
Usina Caeté forma 50 alunos
no Programa de Qualificação
A Usina Caeté realizou, no
dia 19 de maio, a formatura
da 1ª Turma do Programa de
Qualificação Profissional da
Usina Caeté. São 50 jovens
formandos, sendo 25
moradores de Conceição das
Alagoas (AL) e região e 25
moradores de Delta e região.
Como premissas principais o
programa selecionou jovens
06
CANAL, Jornal da Bioenergia
filhos ou parentes de
colaboradores da empresa.
Ao ingressarem no
programa, estes jovens
foram contratados pela
Usina Caeté e receberam ao
longo de seis meses, além do
treinamento nos cursos de
mecânica automotiva e
eletricista,
uma bolsa auxílio.
Jornalistas participam de programa de
imersão no setor sucroenergético em Goiás
Profissionais da imprensa de
importantes veículos de
comunicação, de diversos Estados
brasileiros e do exterior, tiveram a
oportunidade de aprofundar seus
conhecimentos sobre o setor
sucroenergético nacional em um
encontro promovido pelo Projeto
Agora no interior de Goiás, uma
das principais frentes de expansão
Interatividade com o leitor
Participe das nossas pautas! Mande
suas sugestões de assuntos para o
Canal-Jornal da Bioenergia.
lançamento do livro “Complexo
Agroindustrial de Biodiesel no
Brasil: competitividade das cadeias
produtivas de matérias-primas”. A
obra é resultado das análises
documentais e das discussões
geradas por grupos de
especialistas. No mesmo mês, a
empresa inaugurou o Núcleo de
Apoio de Culturas Energéticas –
NACE em parceria da Embrapa
Agroenergia com a Embrapa
Cerrados.
da indústria brasileira da cana-deaçúcar. O grupo se reuniu na
cidade de São Simão nos dias 13 e
14 de maio para a primeira edição
do “Agroenergia em Curso –
Programa de Aperfeiçoamento
sobre o Setor Sucroenergético,”
realizado em parceria com a ETH
Bioenergia, uma das principais
empresas nacionais do setor.
fotos: divulgação
Cana transgênica
tolerante à seca
Capacidade instalada de
energia eólica no Brasil
atinge 1GW
A Abeeólica – Associação
Brasileira de Energia Eólica
comemora a marca de 1 GW de
potencia eólica instalada no país. O
total está distribuído entre os 50
empreendimentos em operação. A
meta foi atingida com a entrada em
operação do parque eólico Elebrás
Cidreira 1, pertencente à associada
EDP Energias do Brasil, localizado no
município de Tramandaí (RS). Lá
estão 31 aerogeradores fabricados
pela Wobben WindPower, com
capacidade total de 70 MW. Com
isto, de acordo com dados
atualizados da Aneel – Agência
Nacional de Energia Elétrica, as
usinas eólicas já respondem por
quase 1% da energia outorgada. A
expectativa da Abeeólica é que a
geração eólica represente 5,2 GW na
matriz brasileira até 2013. O valor
considera os resultados dos leilões de
2009 e 2010.
Novidade contra a
lagarta-do-cartucho
Pesquisadores da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz da
Universidade de São Paulo (Esalq-USP)
e da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa) realizam um
estudo para identificar novos genes de
proteases da mariposa Spodoptera
frugiperda, conhecida popularmente
como lagarta-do-cartucho, e analisálos do ponto de vista estrutural e de
expressão gênica. A praga causa
enormes prejuízos a várias culturas
agrícolas, incluindo a cana-de-açúcar.
Os resultados preliminares permitiram
levantar a hipótese de que os insetos
expressam um grande número de
proteases em resposta à dieta
contendo inibidores.
Envie e-mail para:
[email protected]
[email protected]
CANAL, Jornal da Bioenergia
7
etanol pesquisa
Vantagens e desvantagens
Inovação científica
Universidade Federal do Paraná pesquisa
biocombustível a partir da biomassa da cana
Gilana Nunes
A
Universidade Federal do Paraná (UFPR)
deu um passo importante para o desenvolvimento da produção de etanol de
segunda geração. O Departamento de
Química da UFPR concluiu em março a primeira
fase do Projeto Canebiofuel, que visa produzir o
biocombustível baseado na utilização do bagaço
e da palha da cana-de-açúcar.
O projeto foi financiado pela Comissão Europeia
e trata-se de uma parceria entre a UFPR, o Centro
de Tecnologia Canavieira de Piracicaba (CTC Piracicaba), a Lund University, localizada na Suécia,
e a Novozymes, sediada na Dinamarca. Desde que
teve início, em março de 2009, quarenta pessoas
estiveram envolvidas no desenvolvimento da pesquisa, entre brasileiros e estrangeiros.
08
CANAL, Jornal da Bioenergia
O chefe do projeto na União Europeia, José
Ruiz-Espi, esteve no Brasil para acompanhar os
resultados da parceria. Segundo ele, o trabalho
realizado superou as expectativas do grupo e as
próximas fases serão realizadas na Europa.
O grupo europeu também estabeleceu parceria
com outra instituição de ensino no Brasil, a
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O
novo projeto, coordenado pela professora Elba
Bon, já está em fase de desenvolvimento e possui
a mesma linha de pesquisa do Canebiofuel.
A UFPR busca agora novas parcerias para dar
continuidade aos estudos já desenvolvidos.
Segundo o coordenador do projeto na Universidade,
Luiz Ramos, “os contatos para dar continuidade à
pesquisa já estão sendo realizados pelo Centro de
Tecnologia Canavieira (CTC) e a UFPR espera participar efetivamente dessas iniciativas.”
O etanol gerado a partir de materiais lignocelulósicos, como
o bagaço e a palha da cana, é denominado etanol de segunda
geração ou etanol celulósico. Segundo Luiz Ramos, apesar de
mais avançado, ele não será mais barato que o etanol fabricado
de forma convencional, pelo menos a princípio.
“Nossos estudos indicaram que o custo de produção do etanol
de bagaço e palha de cana, no melhor cenário de integração com
as instalações industriais hoje existentes, ainda é três vezes
maior do que o etanol de sacarose ou caldo de cana, dito de
primeira geração.”
O objetivo da pesquisa é justamente encontrar formas de
diminuir esses custos, reaproveitando ao máximo os resíduos
finais da cana, já que, normalmente, a palha é toda queimada e
boa parte do bagaço é incinerada.
Uma das vantagens é que o etanol celulósico possui a mesma
qualidade do etanol de primeira geração, por isso, os dois podem
ser misturados, com maior reaproveitamento do material e com
menos poluição ao meio ambiente.
Dessa forma, quanto mais usinas aderirem à mistura dos dois
tipos de etanol, mais o custo poderá ser barateado, o que pode
significar uma economia para o consumidor, além de aumentar a
proporção de energia renovável no país
Os estudos demonstraram que, com o uso do bagaço e da palha
de cana, a produção de etanol pode subir de 75 para 115 galões
de etanol por tonelada de cana processada, ou seja, teoricamente,
é possível aumentar essa produção em, aproximadamente, 50%.
No entanto, isto poderá ser economicamente inviável, dependendo das circunstâncias em que se dê a integração dos processos.
Luiz destaca que o sucesso da pesquisa depende da forma de
integração entre o processo de produção de etanol já existente com
as operações unitárias necessárias à produção de etanol de segunda
geração. (Gilana Nunes é estagiária do convênio Canal/UFG-Facomb).
Saiba mais
l O etanol celulósico é fabricado
basicamente em quatro processos.
Primeiramente ocorre a caracterização
do material lignocelulósico a ser
utilizado, pois cada material possui
estruturas e características distintas e
devem, portanto, ser trabalhados de
maneiras específicas.
l O segundo processo é o prétratamento seguido da hidrólise
enzimática. O objetivo do prétratamento é remover a lignina e a
hemicelulose do bagaço ou da palha,
além de aumentar a porosidade desses
materiais, tornando-os mais suscetíveis à
quebra. A hidrólise pode ser realizada
através de processos que utilizam ácidos,
enzimas ou solventes orgânicos.
l O terceiro passo é a fermentação.
Nessa etapa, o material já hidrolisado
sofre a ação de leveduras, com a
transformação dos açúcares em etanol,
CO2 e outros sub-produtos.
l Por fim, é realizada a otimização
energética da planta, que consiste no
máximo aproveitamento do bagaço e da
palha excedente da cana.
Fonte: Workshop de hidrólise de bagaço
de cana para produção de etanol
CANAL, Jornal da Bioenergia
09
propulsor líquido foguete
Etanol no
espaço
Projeto do Instituto da
Aeronáutica usa biocombustível na
produção de foguete brasileiro
Luisa Dias
10
CANAL, Jornal da Bioenergia
D
epois de conquistar carros, motos e até ônibus, o etanol também será utilizado no abastecimento de foguetes. Este é o projeto inédito do Instituto de Aeronáutica e Espaço
(IAE), que busca desenvolver foguetes abastecidos
com o biocombustível nacional em substituição ao
uso dos propulsores sólidos, alguns acrescidos de
hidrazina, que é um componente importado e considerado corrosivo e tóxico.
Para impulsionar a produção do artefato no País, o
IAE começou há cerca de 15 anos um programa de
pesquisa baseado no etanol como combustível para os
veículos espaciais. O projeto surgiu da necessidade de
capacitar o instituto para operação, manuseio e lançamento de foguetes a propelente líquido, uma vez que,
até o momento, todos os foguetes brasileiros utilizam
exclusivamente propulsores sólidos.
“A ideia é a sequência natural no desenvolvimento de motores para foguetes e visa verificar o
desempenho do motor em condições de voo e treinar equipes para operação e lançamento de veículos
com propulsores líquidos”, afirma o coordenador da
pesquisa, Coronel Santana Júnior. A concepção do
foguete e o desenvolvimento são do IAE. Entretanto,
partes desse novo foguete (sistema de alimentação
e motor) estão sendo produzidos pela empresa
Orbital, localizada em São José dos Campos, com
recursos de subvenção Finep (Financiadora Nacional
de Estudos e Projetos).
Atualmente, estão sendo realizados ensaios em solo
fotos: divulgação
(ensaios hidraúlicos, ensaios de resistência e ensaios
de funcionalidade) com os componentes produzidos pela Orbital.
Tecnologia
O projeto do IAE prevê o domínio da tecnologia
de propulsão líquida em foguetes de sondagem,
representando um passo fundamental para o
emprego desses motores em veículos lançadores de
satélites, o que servirá para aumentar significativamente a carga útil e a precisão de inserção de
satélites. O próximo passo da pesquisa é a conclusão de ensaios em solo para confirmação dos parâmetros de massa e propulsivos. “Somente de posse
desses indicadores, comparando com os requisitos
de um foguete, é que poderá ser confirmada a
viabilidade e configuração de voo, bem como a
data de lançamento do foguete, pois depende de
recursos da Agência Espacial Brasileira”, explica
Santana sobre o prazo final da pesquisa.
A principal dificuldade, no momento, é a montagem de dispositivos que posssibilitem os ensaios em
solo, responsabilidade do IAE. Posteriormente, serão
os dispositivos para lançamento. Assim, o atual conceito é utilizar o máximo possível os recursos existentes para lançamento dos foguetes de sondagem.
Em relação aos propulsores sólidos, as principais
vantagens do etanol são o maior desempenho do
propelente e a maior facilidade de controle de
acionamento do motor. Com isso, o foguete adqui-
re uma maior carga útil e maior precisão de inserção em órbita, respectivamente. “Mas o maior
diferencial do uso do etanol, principalmente em
relação ao uso de hidrazina, é a baixa toxicidade e
a grande disponibilidade no País”, explica Santana.
Hoje, poucos foguetes comerciais ainda utilizam a hidrazina em seus propulsores. A hidrazina
como propelente foi primeiramente usada na
Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial,
em aeronaves militares. Durante o período da
Guerra Fria, foi muito utilizada em mísseis balísticos intercontinentais, pois possui duas características essenciais para aplicações militares: prontidão de uso e estocabilidade. Isso decorre de sua
capacidade de se inflamar espontaneamente,
quando em contato com um agente oxidante ou
catalítico, bem como de manter suas propriedades fisicoquímicas inalteradas por dezenas de
anos, facilitando a sua estocagem.
O uso da hidrazina em foguetes é uma preocupação em todo mundo, por causa da toxicidade do
produto. Para abastecer os tanques dos veículos
espaciais, os técnicos usam roupas especiais para
evitar a intoxicação. Na Europa, a Agência Espacial
Europeia (ESA) está buscando um substituto para o
combustível, que seja menos perigoso e também
mais limpo. O projeto é conduzido junto ao Grupo
de Corporações Espaciais da Suécia e envolve também o desenvolvimento de propulsores que funcionem com um novo tipo de propelente.
Peças do foguete em desenvolvimento no
Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE)
CANAL, Jornal da Bioenergia
11
biodiesel pesquisa
Que venham novas
opções de matérias-primas
Fernando Dantas
fotos: divulgação
vantagens econômicas
e ambientais do
biodiesel têm motivado
pesquisadores a oferecer
ao mercado novidades em
matérias-primas para
fabricar o combustível
12
CANAL, Jornal da Bioenergia
D
esde o início de 2010, todo abastecimento
feito com óleo diesel no Brasil tem o percentual de 5% de biodiesel. Trata-se da
mistura B5, uma das metas já alcançadas
pelo Programa Nacional de Produção e Uso do
Biodiesel. Além da questão econômica, especialistas afirmam que são inúmeras as vantagens da
utilização desse combustível, já que é energia renovável e o Brasil é rico em matéria-prima, principalmente em oleaginosas. Resultado disso é que, atualmente, o biodiesel é vendido em mais de 35 mil
postos de combustíveis em todo o País.
A soja continua sendo a principal matéria-prima, pois responde por mais de 80% do biodiesel
produzido no Brasil. É uma leguminosa que tem
cerca de 18% de óleo em suas sementes e uma das
maiores áreas plantadas, com mais de 23 milhões
de hectares. Segundo o professor do Departamento
de Química da Universidade Federal do Paraná, Luiz
Pereira Ramos, todas as outras opções juntas ainda
são incipientes diante da soja. Ele reforça que a
razão ainda está no fato de que o complexo soja é
o mais consolidado no País.
Em segundo lugar como opção de matéria-prima está o sebo bovino. Mas, para Luiz Ramos, esse
produto está fadado a estagnar, já que há outros
mercados que o utilizam para aplicações mais relevantes. “Bem, no frigir dos ovos, tudo é uma questão de preço, particularmente para tecnologias
maduras, em que a matéria-prima responde por
mais de 75% do custo de produção”, ressalta.
Em todo o País existem pesquisas que buscam
revelar novas opções de fontes para a produção de
biodiesel ou mesmo mostrar que determinadas
oleaginosas podem ser aproveitadas para esse fim.
O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) tem
desenvolvido o projeto “viabilização de espécies
vegetais para biodiesel”, que tem como foco a indicação de novas fontes de energia. Os experimentos
de campo do Iapar nos últimos cinco anos têm
testado espécies oleaginosas em diversas localidades do Paraná, com materiais do tipo perene, como
o tung e o pinhão-manso, entrando em fase de
avaliação de potencial produtivo.
Segundo o chefe geral da Embrapa Algodão,
Napoleão Beltrão, um dos grandes destaques é o
dendê ou palma de óleo, espécie que mais produz
óleo por unidade de área, chegando a mais de 10
toneladas por hectare. Além disso, ressalta, por ser
uma palmeira, é possível plantar mais de 70
milhões de hectares, dos quais um milhão de hectares na Bahia e 50 milhões no Pará. “Temos no
Brasil, devido ao seu tamanho, diversidade de clima
e de solos, e mais de 10 espécies potenciais para
serem exploradas para a produção de óleo. O dendê
é a mais plausível”, informa.
Napoleão revela que outra possibilidade é o
babaçu, que pode ser domesticado e que também
é uma palmeira. “Temos ainda a canola para as
regiões mais frias do Brasil e as microalgas no
futuro, a médio prazo, pois são autotróficas (produzem seu próprio alimento) e apresentam muito
óleo. Existem espécies com mais de 70 % do seu
peso em óleo”, diz.
Já um estudo desenvolvido pela Embrapa de
Roraima apresentou o inajá, planta oleaginosa
nativa da região amazônica, como fonte produtora
de biocombustível. Os resultados das pesquisas
revelaram que a palmeira é capaz de gerar 3690
litros de biodiesel por hectare ao ano. Esse valor
supera, em produtividade, outras fontes tradicionais de biocombustível. Mas as novidades não
param por aí. Pesquisas e estudos com fontes de
onde se possa extrair óleos ou gorduras estão sendo feitas em todo
o Brasil. Borras de café, resíduos de caixas de gordura, resíduos
agroindustriais dos mais variados – casca de arroz, microalgas, caroço de abacate, cascas de pinho e gorduras de unidades de tratamento de esgoto também são opções. “A grande motivação para essa
extensa lista está no custo da matéria-prima. Quanto mais barata,
maior a margem de lucro do processo”, acrescenta.
Potencialidade brasileira para produção
Custo-benefício
Quando se trata de definir qual matéria-prima tem melhor
custo-benefício para produção de biodiesel, há divergência entre
especialistas e profissionais do setor. Luiz Ramos diz que depende de
uma série de fatores, como mercado, principalmente quando se fala
do valor agregado da opção pretendida. “Enfim, trata-se de uma
equação complexa que também precisa considerar a facilidade com
que se poderia produzir biodiesel de qualidade a partir destas fontes
alternativas”, destaca. De acordo com Ramos, um dos pontos principais desta equação é a logística, caso se pretenda algo mais do que
simplesmente atender a uma microrregião, como seria o caso de um
arranjo produtivo local.
Para o professor do Núcleo de Estudos Agrícolas do Instituto de
Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), José
Maria Silveira, a soja é a oleaginosa que poderia ter melhor custobenefício. Mas ele ressalta que é um alimento importante para
produzir algo tão rústico como o biodiesel. Ele cita, também, o
exemplo da mamona, que se torna inviável por exigir melhoramento genético. “Caso bons resultados sejam obtidos, deve ser usada
para outros fins mais nobres e, por isso, tem custo de oportunidade
alto”, relata. Já em relação à palma, José esclarece que é uma
matéria-prima importante e exige mão de obra adequada, mas para
a região Norte é uma solução relevante. Fonte: Mapa construído a partir da tabela 12, Meireles F. S. 2003
e Zoneamento Agrícola de Risco Climático - MAPA
CANAL, Jornal da Bioenergia
13
genética brotação lateral
Novas unidades de produção de biodiesel
Babaçu
Pinhão Manso
Abacate
Palma
Tungue
Algodão
Café
14
CANAL, Jornal da Bioenergia
Pesquisa investiga
arquitetura da
cana-de-açúcar
Informações poderão ser empregadas
no melhoramento genético da planta
Detalhe do início do processo de
perfilhamento
Unidade de
produção de
biodiesel da
Bionasa, recentemente
inaugurada em
Porangatu, Região Norte
do Estado de Goiás
Onasa, que vai fornecer parte da matéria-prima
usada no processamento dos combustíveis limpos.
A esmagadora ocupa área de quase sete alqueires
e terá capacidade de produção de 3 mil toneladas
por dia. A nova empresa do ramo de combustíveis
em Porangatu vai criar, inicialmente, 150 empregos diretos e mais de 900 indiretos na região.
acervo cebtec
Girassol
lente oportunidade de negócio a longo prazo”,
registrou o presidente da Bionasa, Francisco
Barreto, durante o evento. As instalações da
empresa contam com recursos tecnológicos avançados, tanto no controle operacional quanto nos
sistemas de produção. O tratamento dos efluentes
e poluentes industriais é outra prioridade da
empresa em seus investimentos.
Além da indústria de transformação, a Bionasa
também conta com uma esmagadora de grãos, a
divulgação
opções de Matérias-primas
Com investimentos de R$ 330 milhões, a Granol
Indústria, Comércio e Exportação está expandindo
suas atividades para o Tocantins, onde irá investir
em um completo agroindustrial que prevê a construção de quatro armazéns de soja e uma esmagadora. A unidade será a primeira processadora do
grão do Estado. Inicialmente a planta, que tem o
início das operações previsto para 2013, terá a
capacidade de esmagar cerca de mil toneladas de
soja por dia, o que poderá ser ampliado. A esmagadora será instalada na cidade de Aguiarnópolis,
onde deve ser construído um dos armazéns. Os
outros serão alojados nos municípios de Porto
Nacional, Figueirópolis e Guaraí.
A nova unidade da Granol pretende contribuir
para o desenvolvimento do município e região,
oferta de empregos, qualificação profissionalizante e aumento da arrecadação de impostos. O principal fator que levou a empresa a escolher o
Estado de Tocantins para abrir novas frentes de
investimento, foi o de acreditar que o Estado, já se
apresentando como um dos maiores produtores
agrícolas da região norte, ainda conta com um
potencial de crescimento, tendo em vista a grande
área disponível para ocupação agrícola. Aliado aos
investimentos de infraestrutura pelo Estado, a
Granol, que atualmente já está presente na comercialização dessa produção agrícola, investirá para
tornar realidade a industrialização em Tocantins.
Já na região Norte de Goiás, em Porangatu (GO),
a empresa de biodiesel Bionasa inaugurou uma
unidade de processamento e refino de biocombustível, que já está em produção. Foram investidos
cerca de R$ 280 milhões na indústria, que ocupa
uma área de 85 mil metros quadrados. A empresa
possui equipamentos para processamento, transformação e armazenamento de óleos de origem
animal e vegetal – soja, algodão e girassol. A unidade será responsável pela produção de
235 milhões de litros anuais de biodiesel. Essa prospecção corresponde a aproximadamente 21% de
toda a capacidade instalada em Goiás. Com a liberação da comercialização da demanda, concedida
pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis, a Bionasa poderá, em cada leilão
do segmento, negociar até 47 milhões de litros.
“Investimos aproximadamente R$ 150 milhões
na construção da fábrica e projetamos uma exce-
E
Plantas de cana-de-açúcar submetidas à pesquisa crescendo in vitro, no
laboratório de cultura de tecidos do CEBTEC
studo realizado por Fausto Andrés Ortiz-Morea, aluno de
doutorado do programa de pós-graduação em Genética
e Melhoramento de Plantas, da Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/Esalq), revela novas e
instigantes informações sobre o funcionamento fisiológico e
molecular da brotação lateral em cana-de-açúcar, aspecto
importante na produção em campo de biomassa/unidade de
área. A pesquisa, que também elucidou mecanismos de regulação da expressão gênica (microRNAs) até agora não descritos
para essa cultura, teve parte dos resultados divulgado em
reconhecido jornal científico da área - “BMC Plant Biology”.
“A brotação lateral é um dos principais fatores que regulam a arquitetura dos vegetais e, recentemente, essa fase do
desenvolvimento tem sido estudada intensivamente usando
enfoques de genética direta e reversa, elucidando, em parte,
as vias genéticas, ambientais e hormonais que regulam esse
processo, mas a maioria dos estudos são feitos em plantas
consideradas modelo e pouco é conhecido em cana-de-açúcar. Dentro dessas vias, microRNAs, uma classe de
pequenos RNAs que não produzem proteínas e que modulam
a expressão do genes, parecem ser importantes reguladores”,
explica o pesquisador.
Em cana-de-açúcar, a brotação lateral é importante não
somente para a arquitetura dos ramos laterais, mas também
para a germinação e perfilhamento. No caso da germinação, a
cana é propagada vegetativamente usando fragmentos do
caule que contém gema ligada (colmo), uma vez que a emergência da gema é um passo fundamental no estabelecimento
de novas plantações. Em relação ao padrão de perfilhamento,
este determina o número de caules ou perfilhos que são produzidos por uma planta durante seu ciclo de vida, o qual está
diretamente coligado com sua produtividade (maior número
de perfilhos traduz maior produção). Entretanto, devido a sua
complexidade genética e ausência de mutantes defectivos na
brotação lateral, estudos nessa área ao nível molecular são
limitados.
Sobre a aplicabilidade do estudo, o doutorando explica que,
mesmo sendo essa uma pesquisa básica, no futuro os dados,
por meio dessa investigação, poderão ser empregados no
melhoramento genético de cana-de-açúcar visando à geração
ou identificação de plantas com características desejáveis
associadas à arquitetura da planta, assim como em outros
estudos que envolvam aspectos fisiológicos do desenvolvimento da cultura.
A tese de doutorado de Fausto Andrés Ortiz-Morea, orientada pelos professores Fábio Tebaldi Silveira Nogueira, do
Instituto de Biociências de Botucatu, em colaboração com a
professora Helaine Carrer, do Departamento de Ciências
Biológicas (LCB) da Esalq, faz parte de um projeto temático
inserido no Programa Fapesp de Pesquisa em Bioenergia
(BIOEN), dentro da divisão de Biomassa para Bioenergia (com
foco em cana-de-açúcar). (Canal com Assessoria de
Comunicação da USP/Esalq).
CANAL, Jornal da Bioenergia
15
Sifaeg em ação
Luisa Dias
fotos: divulgação
Mercado
Plinio Nastari em palestra para os
empresários do setor. Abaixo, André Rocha,
presidente-executivo do Sifaeg, que destacou
a importância do semininário
16
CANAL, Jornal da Bioenergia
Durante o seminário, o consultor da Datagro, Guilherme Nastari, falou sobre
o posicionamento brasileiro no mercado internacional. Segundo ele, depois da
soberania na produção do açúcar nas últimas décadas, o Brasil irá enfrentar
novos concorrentes que irão se posicionar com vantagens no mercado. É o
caso da Tailândia e de países da América Central e da África, que investiram
pesado na expansão da produção. “Nesta década em que estamos, haverá uma
desaceleração da moagem e aumentará a competição entre os países pela
venda”, Guilherme.
No aumento da competição externa, um dos itens principais a ser impactado será o custo da produção no setor sucroenergético. De acordo com
Guilherme, muitos países possuem custo abaixo do brasileiro devido a acordos
de preferência de comércio, proteção de preços e outros. “Até 2010, o Brasil era
imbatível em custo de produção. Nesta próxima década, o Brasil vai desacelerar os investimentos e passará a concorrer com os outros países”, afirma ele.
Há, no entanto, uma perspectiva de redução de custos, em especial nas áreas
novas, a exemplo do Estado de Goiás, o que possibilitará maior competitividade das usinas. O país ainda responde por 52% das exportações de açúcar
mundiais e o mix da safra de cana, na região Centro-Sul, de acordo com a
Datagro, deve ficar em 55% para o etanol e 45%, para o açúcar.
Sobre as novas áreas, Guilherme explica que a cana-de-açúcar, depois de
“500 anos de Brasil”, começa a quebrar barreiras na ocupação geográfica. “Até
hoje, o plantio só era realizado nas regiões mais propícias, mas, a partir de
agora, a expansão acontecerá em regiões que não são tão produtivas, como
algumas tradicionais, devido ao incentivo econômico trazido pelo etanol e o
desenvolvimento varietal da cana que possibilita sua produção em muitas
localidades”, conclui. De acordo com o presidente executivo do Sifaeg, André Rocha, o evento é
uma oportunidade para discutir o posicionamento do Estado no mercado do
etanol e do açúcar, analisar as questões climáticas na lavoura e buscar as melhores oportunidades de negócio nesta nova safra. “É importante ter a consultoria
em Goiás para orientar os nossos produtores quanto às tendências e buscar os
melhores negócios para o setor”, explica. Ele conta que este ano será aberta mais
uma usina em Goiás, chegando a 33 o número de unidades em operação. A
expectativa é que em 2012 o número suba para 38 usinas. “Tivemos um momento maior de expansão até 2009 e agora o setor retoma o crescimento com
grandes expectativas”, afirmou o presidente executivo.
A Datagro é a maior consultoria internacional de etanol e açúcar, com
escritórios em São Paulo, Recife, Santos e Ribeirão Preto, no Brasil, e Nova
Iorque, nos Estados Unidos. A empresa presta serviços de análise de mercado voltada para o posicionamento comercial e estratégico de seus clientes
e parceiros. O seminário foi oferecido gratuitamente para os associados do
Sifaeg, em uma parceria realizada desde o ano passado entre a entidade e
a consultoria.
Museu do Açúcar e do Etanol
Frota mais limpa
O Instituto Brasil Leitor, responsável pela
gestão, coordenação e execução geral do
projeto de restauro do Engenho Central e
dos detalhes da criação do Museu do Açúcar
e do Etanol, em parceria com a Prefeitura de
Piracicaba, estima que o complexo seja
concluído em 2013. A instalação do local e
finalização do projeto deve ocorrer em 2012
e as obras, segundo o Instituto, terão início,
efetivamente, a partir de outubro deste ano.
No momento, o órgão trabalha com o
mapeamento histórico e arqueológico do
local e da região.
O Museu do Açúcar e do Etanol do
Engenho Central contará a história da
cana-de-açúcar no Brasil. “Serão utilizadas
técnicas e equipamentos de última
geração, os quais permitirão a criação de
atividades interativas e sensoriais”, revela
o diretor-geral do Instituto Brasil Leitor,
William Nacked.
Com 3500 metros quadrados, o Museu
contará com objetos, maquetes e também
um espaço dedicado a pesquisa, seminários,
congressos e eventos. Segundo Nacked,
artistas plásticos terão oportunidade de
expor obras relacionadas à história e
influência da cana na sociedade. “Queremos
também realizar programas voltados às
escolas da rede pública e privada, além de
projetos voltados ao lazer”, afirma.
Em busca da “frota limpa” para os eventos Copa do Mundo 2014 e Jogos
Olímpicos de 2016, que serão sediados no Rio de Janeiro, a Secretaria de
Transporte do Estado e parceiros apresentaram durante o mês de maio o
protótipo Volksbus com tecnologia inovadora flex GNV+Diesel. O
desenvolvimento do veículo faz parte do Programa Rio Transporte
Sustentável e tem tecnologia nacional assinada pela MAN Latin America,
fabricante dos caminhões e ônibus Volkswagen, juntamente com a Robert
Bosch América Latina, que responde pelo sistema de injeção dos
combustíveis no motor do veículo, permitindo que o ônibus rode com até
90% de GNV - Gás Natural Veicular. Nesta primeira etapa de
funcionamento, o ônibus será utilizado em trajeto definido pela Setrans Secretaria de Transportes do Rio de Janeiro. Nessa etapa, a MAN Latin
America, em conjunto com o Programa de Engenharia de Transportes da
COPPE/UFRJ, que acompanhará o desempenho do ônibus por meio da
medição de sua eficiência energética (Km/Leq), taxa de substituição e
viabilidade econômica do projeto.
Representantes da Ceg, MAN Latin America, Robert Bosch
América Latina e Secretaria de Transporte do Estado do Rio de
Janeiro, apresentam ônibus com tecnologia flex GNV e diesel.
Antônio Pinheiro
Seminário realizado pelo
Sifaeg/Sifaçúcar levou
análises de mercado
para associados
O
dibulgação
Datagro prevê
cenário positivo
para etanol e
açúcar
Sindicato da Indústria de Fabricação de Etanol e Açúcar (Sifaeg/
Sifaçúcar) de Goiás realizou, no dia 5 de maio, no auditório da
Federação da Indústria do Estado de Goiás (Fieg), o Seminário Datagro,
com a apresentação das perspectivas da safra 2011/12 para os associados da entidade. Durante o evento, foram discutidos os cenários para o etanol
e o açúcar no Brasil e no mundo, a crise causada pela elevação do preço do
combustível no mercado interno e a influência do clima na nova safra.
O principal palestrante do seminário foi o presidente da Datagro, Plínio
Nastari. Ele apontou um cenário positivo para o Brasil e para Goiás em 2011.
Segundo ele, a estimativa de produção de cana-de-açúcar da safra 2011/12 no
Centro-Sul é de 561 milhões de toneladas e boa parte desta produção será
proveniente das usinas goianas. “’Goiás impressiona o Brasil pela potencialidade e rigor da sua expansão. O Estado possui desenvolvimento acelerado e é um
campo fértil de negócios”.
Nastari afirmou que a recuperação será maior a partir do segundo semestre,
quando o alto volume de chuvas irá favorecer a recuperação do canavial atingido pela seca da safra anterior. "Esse efeito será melhor sentido na produtividade da cana a ser colhida no segundo semestre", disse. Com isso, a produção
do combustível estimada para 2011/12 é de 25 bilhões de litros e 35,10 milhões
de toneladas de açúcar. No caso do etanol, a produção deve evitar, em 2012,
elevação do preço como a ocorrida no começo deste ano .
Até o segundo semestre, segundo Plínio Nastari, os produtores ainda passarão
por dificuldades no começo da safra, que deve ser ruim, com ATR baixa, ocasionada pela seca em 2010, fruto do fenômeno climático La Niña. Mas a partir de
agosto, com a ATR alta, será hora dos empresários aproveitarem os bons preços.
O presidente da Datagro afirmou, ainda, que a expectativa é de que em 2011 o
piso de preços será mais elevado.” Tanto os preços conquistados nas exportações
quanto o maior capital de giro que as usinas capturaram devem dar retorno para
os empresários”, disse Guilherme.
CANAL, Jornal da Bioenergia
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divulgação
américo josé
cana-de-açúcar manejo
fotos: divugação unica
Hora de
renovar
reforma do canavial permite
que sejam introduzidas novas
variedades e sistemas de
produção, aumentando a
produtividade da lavoura
Fernando Dantas
18
CANAL, Jornal da Bioenergia
Q
uando há o esgotamento econômico da
capacidade produtiva do canavial é sinal
de que chegou a hora de renovar a plantação. Uma das formas de observar esse
limite é quando a produtividade do ciclo canavieiro, no caso o “último corte”, não é mais suficiente
para remunerar os custos do canavial com insumos,
máquinas, mão de obra e remuneração da terra.
Apesar de na região Centro-Sul a reforma ser
realizada, em geral, entre o 5º e o 6º corte, e a produtividade limite ficar em torno de 55 toneladas
por hectare, especialistas alertam que não existe
período pré-determinado para a renovação. Cada
caso deve ser avaliado separadamente, observando
desde manejo, ambiente de produção, tipo de plantio etc. Segundo o professor do Departamento de
Produção Vegetal, Planejamento e Produção de
Cana da Esalq/USP, Edgar de Beauclair, áreas bem
manejadas, com cuidados na colheita, tráfego controlado para evitar o pisoteio das soqueiras, boas
correções e fertilizações do solo, controle de ervas
e pragas, além do uso de variedades adaptadas a
cada ambiente de produção podem prolongar a
vida útil do canavial, permitindo mais de 6 cortes.
Em época de chuvas intensas, Beauclair enfatiza
que a reforma deve ser evitada, devido aos riscos
de erosão. “É importante que o solo tenha umidade
para uma boa brotação. Existem muitos produtores
que plantam o ano inteiro, aplicando vinhaça ou
água nos períodos de maior déficit hídrico”, ressal-
ta. Ele acrescenta, ainda, que áreas irrigadas podem
alcançar 12 cortes. Já por outro lado, ambientes de
produção fracos e sem manejo têm vida útil menor,
com dificuldade de atingir 4 cortes.
Além da vantagem econômica, já que a renovação eleva a produtividade e lucro para o produtor,
existem vantagens ambientais, como esclarece o
pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), da
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do
Estado de São Paulo, Julio César Garcia. Ele cita
que um canavial reformado terá plantas de porte
grande, número maior de plantas por metro e,
consequentemente, por hectare também. “Por ser
de ciclo C4, ou seja, possuir alta taxa de fotossíntese, a planta consegue sequestrar quantidade
significativa de Carbono da atmosfera, reduzindo
a poluição”, diz.
Etapas
Reestruturar a área para receber um novo ciclo
da cana-de-açúcar. Segundo o pesquisador da
Esalq/USP e mestre em economia, Carlos Eduardo
Osório Xavier, esse é o objetivo principal da reforma do canavial. A reestruturação ocorre em diversas etapas e a maioria utiliza mecanização. O processo de renovação tem início após a colheita da
cana, quando é feita a destruição da soqueira –
raízes e colmos remanescentes da cana-de-açúcar
–, e a partir daí começam as intervenções de preparo do solo (convencional, reduzido e plantio
direto), que variam de acordo com o número de
operações a serem empregadas.
No caso do plantio direto, a cana a ser reformada
é eliminada quimicamente (dessecador) ou com eliminador mecânico de soqueira (que atua apenas na
linha da cana) para posterior sulcação na antiga
entrelinha. “Em ambos os casos é feita a distribuição
de mudas, seja manual ou mecânica, após a sulcação. No plantio mecanizado, sulcação, distribuição
de mudas e cobertura são feitas em apenas uma
operação. Em todas as situações, o primeiro passo é
sempre a análise e planejamento”, relata Edgar.
O pesquisador Carlos Eduardo ressalta que é
possível, e muito utilizado hoje em dia, a implementação de outra cultura intercalar, em geral de
ciclo curto, na reforma dos canaviais. A prática
recebe o nome de rotação de cultura e entre as
vantagens estão conservação do solo, controle de
plantas daninhas e controle indireto de pragas e
doenças, além de melhorias físicas, químicas e biológicas do solo.
A indicação da melhor cultura para o processo
de rotação depende de cada região, mas as leguminosas têm sido mais indicadas por promoverem
melhores condições do solo e por, inclusive, proteger o solo contra erosão no período das águas. As
opções mais comuns são amendoim, soja e adubos
verdes, especialmente a crotalária (juncea). Também
podem ser usadas outras culturas, como tomate,
hortaliças, milho, arroz e feijão, entre outros.
CANAL, Jornal da Bioenergia
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divulgação/john deere
Tipos de plantio de cana
Convencional
Também denominado manual é,
tecnicamente, considerado semimecanizado por envolver operações
manuais e mecanizadas em suas etapas.
As operações envolvidas no plantio semimecanizado são sulcação mecanizada,
juntamente com a aplicação de
defensivos e fertilizantes; distribuição de
mudas, manualmente; picação e
alinhamento das mudas dentro do sulco,
manualmente, e cobrição (fechamento)
dos sulcos, mecanicamente.
Reduzido
Consiste na redução do número de
operações de preparo. Pulveriza menos e
deixa mais resíduos na superfície do solo.
Reduz a compactação do solo, melhora a
infiltração da água e diminui as perdas
de solo e água por erosão em relação ao
preparo convencional.
Plantio Direto
É um sistema de manejo do solo onde a
palha e os restos vegetais são deixados
na superfície do solo, sendo revolvido
apenas no sulco onde são depositadas
sementes e fertilizantes. Redução da
erosão, melhoramento das condições
físicas e de fertilidade do solo, aumento
do teor de matéria orgânica, nutrientes e
água armazenada no solo são alguma
das vantagens do sistema.
20
CANAL, Jornal da Bioenergia
Custos e cuidados
Os custos da reforma equivalem a aproximadamente três vezes o custo de manutenção e tratos de
soqueira, dependendo também do sistema adotado
para cada ambiente de produção. Se houver a opção
por investir em irrigação, os custos acabam superando R$ 10 mil por hectare. De acordo com Edgar, de
forma geral são componentes do custo de renovação
do canavial, além do preço da terra, o custo do preparo do solo, plantio e tratos culturais envolvendo
diferentes insumos que vão desde corretivos de solo
a defensivos para pragas, passando pelo custo de
produção de mudas, fertilizantes e mão de obra. Nos
processos de rotação de cultura, garante o pesquisador do IAC, Júlio César Garcia, a venda da soja, amendoim, girrasol etc, geram receitas que irão abater os
custos de produção por ocasião do plantio da cana.
Além de observar os custos, os especialistas do IAC
e Esalq/USP enfatizam que é preciso seguir alguns
cuidados. De acordo com Edgar Beauclair, para a
agroindústria é importante ter uma produção de
cana equalizada ao longo dos anos e ao longo da
safra. “O planejamento da reforma precisa considerar
as produtividades em cada corte e as áreas correspondentes para realizar uma boa produção de cana,
suprindo as necessidades industriais que devem
superar as necessidades agrícolas no caso de a cana
pertencer à usina”, reforça. Ele orienta que, no caso
dos produtores independentes, a análise deve ser
feita com as estimativas de produção com e sem
reforma, o tempo até a produção e os custos de cada
opção. “Uma análise de investimento como outra
qualquer”, destaca.
Já para Carlos Eduardo, um bom preparo de solo
seguido de um bom plantio caracterizam uma
reforma de canavial bem feita. “Como as plantas
satisfazem a maioria de suas necessidades através
das raízes, o condicionamento para que o sistema
radicular possa se desenvolver adequadamente é
primordial para o sucesso da cultura”, revela. O
pesquisador acrescenta que para a cana-de-açúcar
e demais culturas perenes e semi-perenes esse preparo é ainda mais importante, já que as condições
determinadas ficarão estabelecidas por um período
de tempo maior. Sendo assim, práticas que minimizam a erosão e compactação do solo, como preparo mínimo e plantio direto, são formas de “manipular” o solo adequadamente. “O mapeamento da
variabilidade, bem como práticas relacionadas à
agricultura de precisão, vêm se mostrando como
ferramentas de grande utilidade na agricultura,
permitindo gerenciar a área de forma mais racional, gerando com isso benefícios não só econômicos, mas também ambientais”, constata.
O pesquisador Júlio César, do IAC, alerta para a
importância de cuidados técnicos, como a utilização de mudas sadias, livres de pragas e doenças,
correto manejo na correção e adubação do solo,
controle de pragas, doenças e plantas daninhas e
número mínimo de gemas por metro, variando de
14 a 20 gemas.
No campo
Nas unidades do Grupo Cerradinho, a reforma do
canavial tem sido feita de 5 em 5 cortes, em média,
devido à queda de produtividade. Mas as usinas do
grupo têm trabalhado, ultimamente, com o tráfego
controlado, o que permite aumentar a longevidade
dos canaviais para até 7 cortes. Alguns cuidados são
tomados no momento da renovação, como eliminação da soqueira, para que não resulte em mistura de
variedades na renovação, escolha de variedade adequada, época de colheita, conservação de solo, levantamento de pragas de solo e rotação de cultura.
Já na Usina Jalles Machado, localizada em
Goianésia (GO), a reforma é feita, em média, com 5
anos. De acordo com a gestora de Planejamento
Agrícola, Pesquisa e Desenvolvimento, Patrícia
Rezende Fontoura, primeiro é realizada a colheita da
área, avaliada a produtividade, a brotação, o número
de cortes, a distância média da área a ser reformada
e, por fim, o ambiente de produção. “Com a renovação temos maior rendimento das máquinas e eficiência industrial, além da diminuição no uso de herbicida e inseticidas, pois as canas mais novas tendem a
ser mais produtivas”, ressalta.
Planejar para ganhar
em produtividade
divulgação/unica
Em todas as áreas profissionais, planejamento tem
sido palavra de ordem. No setor sucroenergético não é
diferente. Para alcançar resultados satisfatórios, indústrias e produtores têm buscado esquematizar todas as
ações, desde plantio e colheita, reforma, manutenção,
estoque, transporte, logística etc.
Percebendo a importância de se preparar para alcançar bons resultados, empresas têm investido em produtos e serviços específicos voltados para a área de planejamento. É o caso da Ilab Sistemas Especialistas, empresa
que atua no desenvolvimento e implantação de sistemas
de apoio à tomada de decisão, utilizando técnicas e ferramentas de otimização para resolução de problemas
complexos de planejamento e alocação de recursos.
A Ilab oferece no mercado programas de software,
como o IREF – Planejamento de Reforma e Expansão –
que ajudam o produtor ou industrial a programar a
reforma, expansão e plantio do canavial em 10 anos ou
mais, buscando atingir metas de produção agrícola e
otimizando os custos totais envolvidos. Por meio do
programa, é possível obter os volumes ideais de áreas
para reforma, plantio e expansão em cada setor e
ambiente de produção da lavoura, com a indicação das
categorias de variedades a serem plantadas.
O IREF possibilita ainda que o produtor possa prever
os estágios de corte, indica o intervalo mínimo e máximo
admissível de reforma, define percentual mínimo/máximo de plantio de uma variedade, restringe o plantio de
uma variedade em um setor/ambiente, entre outros.
CANAL, Jornal da Bioenergia
21
mercado bioenergia
Saiba mais sobre o processo
A caldeira recebe água tratada (desmineralizada) e
biomassa e fornece vapor superaquecido para a
turbina a vapor. A cogeração nas usinas
sucroenergéticas é baseada no ciclo Rankine, que
prevê a operação de turbinas a vapor comumente
encontradas em estações de produção de energia.
O trabalho é gerado ao vaporizar e condensar-se
alternadamente um fluido.
Caldeira de alta pressão
da Sermatec Zanini em
operação na Unidade
Angélica do Grupo
Adecoagro
Caldeira de alta pressão
da Caldema, primeira
com faixa de pressão de
operação 100 kgf/cm² e
um tambor na Usina São
José, em Macatuba
Os principais equipamentos deste ciclo são: caldeira,
turbina a vapor, gerador, condensador, bombas.
A caldeira promove a combustão controlada e
eficiente da biomassa.
No processo de combustão há a transformação da
energia química do combustível em energia térmica
liberada nos gases de combustão. Ocorre, então, a
troca de calor (radiação e convecção) entre os gases
de combustão e os componentes da caldeira que
resulta na produção do vapor superaquecido a alta
pressão, que é direcionado para a turbina a vapor.
Aquecendo as caldeiras
O futuro verde aumenta o volume de vendas no mercado de
caldeiras e torna o setor competitivo e rico em novidades
Luisa Dias
S
e o futuro depende das energias renováveis,
parte dele terá que passar pelos equipamentos chamados de caldeiras de alta pressão.
São elas as grandes responsáveis pela combustão da biomassa no processo de cogeração de
energia. Até o início deste ano, a instalação de
novas caldeiras em usinas de cana-de-açúcar ainda
era tímida por causa dos valores de venda da energia
de biomassa, nos leilões realizados pelo governo.
Mas a expectativa do mercado é que as vendas
sejam alavancadas a partir do segundo semestre de
2011, já capitalizando o final da crise nos processos
de aquisição, consolidação e abertura de empresas
do setor sucroenergético e o compromisso brasileiro
com a redução nas emissões de CO2.
Atualmente, o setor sucroenergético já responde
por 5% da energia do Brasil. Em 2010, o País exportou 1.100 MW médios para a rede elétrica nacional.
Hoje, somente 22% das usinas do setor estão conectadas à rede elétrica como geradoras de energia. A
capacidade instalada é muito maior, mas depende de
investimentos dos empresários do setor na instalação
de centrais de cogeração nos novos projetos e em
plantas já existentes. Para instalar uma caldeira com
capacidade de 67 kgf/cm2, o valor custa, em média,
de R$2.700 a R$ 3.100 por Mwh instalado. Para uma
caldeira de potência térmica de 298 MW, o investimento pode chegar a 1 milhão de reais, sem contabilizar os custos relativos às interligações com as
redes de alta tensão, que variam de região para
região, e da logística de cada unidade.
22
CANAL, Jornal da Bioenergia
As caldeiras estão sendo projetadas e fabricadas
para atender grandes capacidades de vapor
gerado(t/h), pressões (kgf/cm²) e temperaturas(°C).
As mais solicitadas no mercado, principalmente
para as novas plantas, são as que possuem características para altas capacidades de produção de
vapor por tonelada hora, para altas pressões e
temperaturas, diz o coordenador comercial/marketing da Caldema, Alexandre Martinelli. “Pode-se
dizer capacidade acima de 120t/h (de vapor gerado);
pressão de operação igual ou acima de 44kgf/cm²,
podendo chegar a 120kgf/cm², e temperatura na
faixa de 490 a 540°C.”
O tempo médio para fabricação e instalação de
uma caldeira nova, atualmente, é de 16 a 18 meses,
dependendo da capacidade a ser instalada. Grandes
empresas já atuam no setor com tecnologias inovadoras e diferenciais, que atraem mais interessados a
cada dia na produção da bioenergia. Além dos equipamentos a serem instalados em novos projetos, há
uma tendência de mercado de renovação das unidades de baixa pressão (21kgf/cm²), que foram fornecidas ainda no período do Proálcool.
A questão da otimização, hoje, é de extrema
importância na área industrial das usinas. De acordo com Martinelli, os grupos de investidores têm
buscado layouts de usinas mais racionais e enxutos,
evitando desperdício de recursos, principalmente
os relacionados à manutenção e mão de obra. “Ao
invés de várias caldeiras de baixas/médias capacidades, pressões e temperaturas, hoje é possível
gerar a mesma quantidade de vapor, além de cogerar (exportar energia elétrica), com poucas caldei-
Na turbina a vapor ocorre a transformação da
energia térmica em energia mecânica, ou seja, a
expansão do vapor promove a rotação da turbina e
,consequentemente, do gerador, acoplado à mesma.
No gerador ocorre a transformação da energia
mecânica em energia elétrica.
caldema/divulgação
sematec/divulgação
O vapor remanescente da produção de etanol e
açúcar é direcionado à parte de condensação da
turbina a vapor onde ocorre a expansão final do
vapor, chegando, geralmente, a 0,1 bar(a), o qual
é direcionado ao condensador onde é
condensado e direcionado, através de bombas, ao
desaerador da caldeira.
Fonte: Dedini
ras de altas pressões, temperaturas e maior capacidade, obtendo-se, assim, uma eficiência maior,
podendo uma planta ter apenas uma caldeira”,
explica ele. A Caldema instala de 8 a 12 caldeiras por
ano e é pioneira na fabricação de caldeiras na faixa
de pressão de operação de 100 kgf/cm² e também na
caldeira de um tambor para o setor sucroenergético.
Para José Luiz Olivério, vice-presidente de
Tecnologia e Desenvolvimento da Dedini, a produção
de bioenergia é um mercado em expansão, o que deve
acelerar a venda de caldeiras de alta pressão, pois a
base energética do País deve ser reforçada com plantas utilizando combustíveis e sistemas alternativos
para evitar crises no fornecimento energético brasileiro. “O que falta é uma política de incentivos, principalmente no caso do uso de combustíveis renováveis,
que seguramente garantem a sustentabilidade de
uma grande cadeia de investimentos e permite a
menor emissão de gases poluentes para o bem do
clima do nosso planeta”, conclui ele. A Dedini, atualmente, tem capacidade para instalar até duas unidades por mês.
Para Guilherme Antoneli, Gerente do Departamento
de Caldeiras da Sermatec Zanini, o mercado sucroenergético tende a se tornar cada vez mais qualificado
tecnicamente e exigente. “Questões como sustentabilidade e segurança operacional certamente vão ter
pesos cada vez maiores nas decisões, pois grandes
grupos passam a atuar nesse segmento e muito deles
oriundos do mercado petroquímico, onde esses temas
já fazem parte da cultura do setor”, afirma ele. A
capacidade produtiva da Sermatec Zanini é uma das
maiores no setor de caldeiras, podendo fabricar de 15
a 20 equipamentos de alta pressão por ano.
Avanços
Além da troca das caldeiras menores por apenas um
equipamento de maior pressão, outra novidade adotada pelas indústrias de fabricação de caldeiras é a utilização do leito fluidizado para queima de bagaço de
cana. Esta é uma tecnologia de combustão usada em
centrais termoelétricas, que consistem na suspensão de
combustíveis sólidos em jatos ascendentes de ar duran-
te o processo de combustão, originando assim uma
mistura turbulenta de gases e sólidos. Esta agitação
similar à de um fluido borbulhante aumenta a eficiência das reações químicas e a taxa de transferência de
calor, o que aumenta a produtividade da cogeração.
Segundo Olivério, da Dedini, também estão em evidência as técnicas de “Single Drum” (caldeira de um tambor) e a queima de palha e sorgo.
Manutenção
Além do investimento na instalação das caldeiras, as
usinas que adotam a produção da energia a partir do
bagaço de cana também precisam investir em manutenção, um item básico para a qualidade do produto
gerado e a segurança dos colaboradores envolvidos. De
acordo com Guilherme Antoneli, da Sermatec, a
manutenção é extremamente importante, porque,
quando feita com responsabilidade e planejamento,
consegue garantir que o equipamento em questão
execute o seu trabalho durante todo o período de safra
sem que o seu proprietário tenha surpresas indesejáveis que afetam sobremaneira a produção industrial e,
consequentemente, o orçamento da empresa.
“O controle deve ser contínuo, ou seja, feito desde
o período de operação, e não somente durante as
paradas. A correta operação do equipamento certamente diminuirá os gastos financeiros com todo o
processo da sua manutenção, aumentando também
a vida útil e a confiabilidade da caldeira”, explica
Antoneli.
Além das verificações que comumente são realizadas nos principais componentes da caldeira propriamente dita, é muito importante que todos os equipamentos periféricos como ventiladores, bombas, motores elétricos, válvulas, visores de nível, sopradores de
fuligem e instrumentação de controle também sejam
inspecionados de acordo com as recomendações de
seus respectivos fabricantes.
As dicas são reforçadas por Olivério, da Dedini, que
acrescenta ainda a manutenção da qualidade da água
de alimentação, a execução da aferição/calibração
anual das válvulas de segurança e a realização da inspeção anual de segurança, conforme a NR-13.
Alexandre Martinelli,
coordenador comercial/
marketing da Caldema
Guilherme Antoneli, Gerente
do Departamento de Caldeiras
da Sermatec Zanini
José Luiz Olivério, vicepresidente de Tecnologia e
Desenvolvimento da Dedini
CANAL, Jornal da Bioenergia
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Cana-de-açúcar colheita
Conab estima crescimento
de 2,9% na produção de
cana 2011/2012
Solenidade de abertura
oficial foi realizada na
Usina Boa Vista, em
Quirinópolis (GO).
Projeção de
crescimento na
produção é de 3,3%
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CANAL, Jornal da Bioenergia
P
rodutores, autoridades e representantes de
usinas, sindicatos e associações ligadas ao
setor sucroenergético participaram da solenidade de abertura da safra de canade-açúcar 2011/2012 em Goiás, realizada no dia 6 de
maio, na Usina Boa Vista, em Quirinópolis (GO),
município a 300 quilômetros de Goiânia (GO). A
safra foi aberta oficialmente pelo governador do
Estado de Goiás, Marconi Perillo, que fez questão
de iniciar a colheita de cana na unidade, pertencente à Nova Fronteira Bioenergia, joint venture
formada entre o Grupo São Martinho e a Petrobras
Biocombustível.
A projeção de 3,3% de crescimento para a safra
estadual que se inicia é a mesma das duas últimas.
O presidente-executivo do Sindicato da Indústria
de Fabricação de Açúcar e Etanol em Goiás (Sifaeg),
André Luiz Rocha, considera que o índice ainda é
tímido, porém maior que a média nacional. De
acordo com o dirigente, a produção de cana-de-açúcar chegará a 48 milhões de toneladas, 3
bilhões de litros de etanol e 1,8 milhão de toneladas
de açúcar. Para André Rocha, apesar de o aumento
ser baixo, devido à falta de investimentos no setor,
esses números devem consolidar o Estado como o
segundo maior produtor de etanol no Brasil, atrás
apenas de São Paulo, segundo lugar na cogeração
de energia e quarto na produção de açúcar.
Atividade
Em Goiás, do total de 33 unidades em operação, 22 usinas iniciaram a colheita e moagem da
cana antes da data de lançamento oficial da
safra. A própria Usina Boa Vista iniciou a colheita e moagem uma semana antes da abertura da
safra no Estado. Na unidade, que possui 200
fornecedores de matéria-prima, a previsão de
moagem está em torno de 2,5 milhões de toneladas e produção de etanol na marca de 210
milhões de litros na safra 2011/2012. O crescimento é de 20%, se comparado à safra passada,
quando a unidade registrou um total de 2
milhões de toneladas de cana moída.
Segundo o presidente do Grupo São Martinho,
Fábio Venturelli, apesar da projeção positiva, a
unidade – que produz apenas etanol –, ainda
não alcançou sua capacidade máxima de moagem, que é de 3,4 milhões de toneladas de cana.
Por meio de investimentos de R$ 700 milhões
previstos para ocorrer até a safra 2014/2015, a
expectativa é de que a unidade alcance a marca
de 7 milhões de toneladas moídas ao final desse
período.
Outra usina que iniciou a
safra 2011/2012 antes do lançamento oficial foi a Jalles
Machado, situada em
Goianésia, a 170 quilôme-
sílvio simões
Fernando Dantas, Quirinópolis (GO)
tros da capital goiana. Até outubro, a Jalles
Machado pretende moer 2,6 milhões de toneladas de cana, produzir 105 milhões de litros de
etanol e fabricar 3,7 milhões de sacas de açúcar.
Oferta e demanda
Para evitar o aumento de preços do combustível, como registrado nos últimos meses por
causa da falta de produto no mercado, a solução,
segundo representantes do setor, é investir no
aumento da produção de cana no Estado. Para o
diretor de etanol da Petrobras Biocombustível,
Ricardo Castello Branco, existe a possibilidade de
a procura ser maior que a oferta, já que, entre
outros fatores, houve um crescimento no mercado de veículos flex em 10% no último ano,
levando ao aumento do consumo de etanol.
Apesar de produtores e usinas se esforçarem
para atender a demanda do mercado, o cami-
nho para que ocorra o equilíbrio de preços nas
bombas, de acordo com Castello Branco, é
investir exatamente no aumento da produção.
Outro gargalo que prejudica todo o setor
agrícola brasileiro são as condições das estradas.
No evento de abertura, o governador Marconi
Perillo (PSDB) aproveitou a oportunidade para
adiantar o lançamento do projeto Rodovida,
que será desenvolvido no Estado com o intuito
de reconstruir e manter em boas condições as
estradas que cortam Goiás. Com investimentos
de R$ 1,5 bilhão, a perspectiva do governo é
que até 3 mil quilômetros de estradas sejam
reconstruídas em 2011, e não reformadas. Já
para o final de 2012, o governador disse que
serão mais de 5 mil quilômetros. Segundo ele, a
medida trará maior segurança aos motoristas e
incentivará o crescimento econômico em diversos municípios goianos.
A estimativa da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) é que a produção de cana-de-açúcar no Brasil deverá alcançar a marca de
641,982 milhões de toneladas na safra 2011/2012.
Com essa projeção, o crescimento da safra em relação à anterior será de 2,9%, em relação ao total de
623,905 milhões de toneladas da safra 2010/2011.
A produção total de etanol na safra 2011/2012 será
de 27,090 bilhões de litros, segundo cálculos da
Conab. Esse valor representa queda de 1,83% em
relação aos 27,595 bilhões de litros da safra 2010/2011.
Já a oferta de açúcar deverá atingir a marca de
40,935 milhões de toneladas, alta de 7,25% ante as
38,168 milhões de toneladas da safra passada. unica/niels andreas
Goiás inicia safra 2011/2012
CANAL, Jornal da Bioenergia
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aquecimento global crédito de carbono
Saiba Mais
· Créditos de carbono
São certificados que autorizam o direito de
poluir. As agências de proteção ambiental
reguladoras emitem certificados autorizando
emissões de toneladas de gases poluentes. O
sistema de créditos de carbono contabiliza a
redução, por parte de uma empresa, da
quantidade de emissão dos gases causadores
do efeito estufa.
· Mercado de carbono
São mecanismos adotados por países
industrializados para o cumprimento das
metas do Protocolo de Kyoto. O Mecanismo
de Desenvolvimento Limpo (MDL) é o que
envolve a participação de países em
desenvolvimento, objetiva a mitigação das
emissões de gases nos países em
desenvolvimento com investimento em
tecnologias limpas, eficiência energética
(racionalização do uso de energia),
reflorestamento e outros, gerando créditos
de carbono que podem ser vendidos.
Negócios além da
cana-de-açúcar
A economia de baixo carbono é uma oportunidade para o
Brasil, protagonista de uma história que tende ao sucesso
Luisa Dias
A
cana do etanol, do açúcar e da bioeletricidade
tem papel de destaque em outro mercado,
onde protagoniza o pioneirismo brasileiro na
venda de créditos de carbono. O controle dos
efeitos do aquecimento global passa pelos canaviais e
se torna uma grande oportunidade de negócios para o
setor sucroenergético. No Brasil, 29 usinas vendem
créditos de carbono de acordo com os preceitos da
Política Nacional de Mudanças Climáticas (Lei n.º
12.187/2009 e Decreto n.º 7.390/2010), que lançou
uma meta de redução entre 36,1% e 38,9% dos gases
do efeito estufa emitidos no País até 2020. O cálculo foi
feito a partir do Inventário Nacional de 1990-2005.
A meta elevada, de quase 40%, visa controlar o
aumento da temperatura da Terra ocasionado pela
grande concentração de gases do efeito estufa, como
o CO2 e o CH4. No mesmo prazo brasileiro, até 2020,
a meta europeia é de reduzir em 20% as emissões.
Com a nova legislação, várias empresas deverão
implantar em seus processos produtivos mecanismos
de mitigação das emissões ou, quando for necessário,
comprar créditos de carbono para atingir a meta
integral. Os créditos são vendidos pelo Mercado
Brasileiro de Redução de Emissões e se tornaram uma
boa moeda de negociação entre empresas e até países. Para o Brasil, a oportunidade cresce em várias
áreas, incluindo o setor sucroenergético.
Pelo Protocolo de Kyoto, apenas os países em
desenvolvimento podem produzir créditos de carbono através do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL), e vendê-los aos países desenvolvidos com
metas de redução de emissões já assumidas junto a
Organização das Nações Unidas (ONU). A venda
ocorre, em vários casos, há muitos anos no setor
sucroenergético. O Grupo Jalles Machado, por exemplo, estabelecido em Goianésia (GO), desde 2001,
vende créditos de carbono para o governo holandês,
com quem desenvolve um projeto até 2014. Com
iniciativas como esta, o objetivo da ONU é criar possibilidade de “limpeza” dos processos produtivos dos
países já desenvolvidos, cujas mudanças seriam inviáveis economicamente e sob o viés do desenvolvimento sustentável.
A Jalles Machado é a primeira empresa do setor a
efetivar a comercialização de créditos de carbono.
Possui o certificado do Bureau Veritas Quality
International (BVQI), que a credencia para operar
nesse mercado. A empresa irá gerar, até 2012, uma
redução de emissões de 220 mil toneladas de CO2 e
a receita será agregada aos seus projetos ambientais.
A gestão de carbono coloca para os empresários
do setor produtivo, em geral, duas questões: os riscos
de crime ambiental e boas oportunidades de negócios. A economia de baixo carbono já atrai investidores e se torna, aos poucos, uma possibilidade real de
ganhos ambientais aliados ao ganho de capital.
Segundo o engenheiro mecânico Carlos Paletta, doutor em Energia, nenhum País do mundo usa a biomassa de forma mais eficiente do que o Brasil. “O
Proálcool é o maior programa de biomassa existente
e a evolução do setor sucroenergético em matéria de
eficiência foi muito grande, nos últimos anos, impulsionado pelo nosso País”.
A Política Nacional sobre Mudança do Clima indica que as emissões totais projetadas para 2020 no
Brasil serão de 3.236 milhões de toneladas de
CO2eq, compostas pelos seguintes setores: mudança
de uso da terra, energia, agropecuária e processos
industriais e tratamento de resíduos. Para o pesquisador, que é responsável por projetos e negócios
sustentáveis desde 1996, a cogeração de energia
através do bagaço de cana é o mais importante meio
de geração de créditos de carbono pelo setor sucroenergético atualmente e deve ser o foco do mercado
na década atual, tanto pela produção da eletricidade
quanto pela contribuição com o MDL. Além dos
projetos de cogeração, o setor tem papel importante
na produção do etanol, combustível mais limpo.
Tecnologia Nacional
A cogeração de energia é feita através da geração
de vapor em alta temperatura e pela passagem em
sistemas de turbinas de contrapressão ou condensação. “Hoje temos turbinas produzidas no Brasil e que
garantem até 5% a mais de eficiência industrial.”
Apesar de um custo até 20% superior aos modelos
tradicionais, esses equipamentos representam apenas
5% do valor total do projeto e podem trazer maior
ganho produtivo, explica o consultor. Outra novidade
no setor é o condensador evaporativo, que consome
menos água e menos energia elétrica e ainda possibilita o uso de qualquer tipo de água vinda do processo produtivo da usina. “As turbinas e os condensadores mostram que o Brasil possui equipamentos e
tecnologias modernas e eficientes para melhorar o
patamar de cogeração de energia e capturar mais
créditos de CO2”, afirma Paletta.
Os investimentos em energias limpas cresceram
30%, em 2010, em todo o mundo, e chegaram aos
US$ 243 bilhões. No ranking de países com mais
investimentos, o Brasil figura em sexto lugar com
US$ 7,6 bilhões e tem gerado cerca de 14 GW/ano
em energias renováveis. Dos investimentos, 40%
foram destinados para os biocombustíveis, 31% para
a energia eólica e 28% para outras fontes, incluindo
a cogeração pelo bagaço da cana-de-açúcar.
“Levamos um baile da energia eólica, que produz
tudo com equipamentos importados, mas têm mais
facilidade de instalação”, explica Paletta. Atualmente,
o Brasil possui 239 usinas de cana-de-açúcar que
produzem bioeletricidade, responsáveis pela geração
de 2.925 MW/ano.
Projetos
De acordo com o engenheiro elétrico e doutor
em mudanças climáticas, Francisco Maciel, os
empresários precisam estar atentos para a operacionalização do Protocolo de Kyoto para se manterem na vanguarda das negociações. “Todas as discussões sobre economia de baixo carbono nasceram aqui, na Eco 92, e o Brasil precisa se manter
protagonista desta história”. Para quem irá se
aventurar no mercado de carbono ele indica seguir
a metodologia proposta pela ONU e, em seguida,
realizar sua validação. Em média, um projeto leva
de 12 a 18 meses para ser aprovado. “Para começar,
o investimento é de 75 mil reais. É um negócio
complexo, que depende dos acordos, do governo.
Não é barato. Custa muito caro, mas há a possibilidade de ganhos reais.”
Para a advogada Danielle Limiro, consultora de
projetos de baixo carbono, a legislação brasileira
impõe um caminho sem volta no sentido de evitar
maiores mudanças climáticas no Brasil. “O País estabeleceu regras e deverá cumpri-las. Para isso, é essencial que as empresas façam seus planejamentos”. Ela
explica que já existem incentivos, como linhas de
financiamento para projetos de baixo carbono. “O
setor sucroenergético, com a cogeração e a oferta do
biocombustível, são facilitadores deste processo”,
conclui. “A falta de informações, tanto do setor
público como privado, ainda é um problema a ser
superado no mercado brasileiro e na América Latina
em geral para que a demanda existente no mercado
seja atendida”, explica a advogada, que é autora do
livro Créditos de Carbono: Projetos de MDL e
Protocolo de Kyoto (Editora Juruá).
Oportunidade
De acordo com o superintendente-executivo do
Sindicato de Fabricação de Etanol e Açúcar de Goiás
(Sifaeg), José Mauro de Oliveira Ferreira, o meio
ambiente é a “razão de ser” do setor e, no caso da
entidade, ele afirma que todos os esforços têm sido
feitos através da Comissão de Meio-Ambiente, que se
reúne mensalmente e busca dividir experiências positivas entre as usinas associadas. A Comissão foi responsável pela realização do evento “Oportunidades
com mudanças climáticas no Setor Sucroalcooleiro
em Goiás”, realizado na Fieg no dia 27 de abril.
Para o gerente de Gestão e Proteção Ambiental da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Goiás,
Sérgio Martins, a parceria entre o setor produtivo e o
setor ambiental é essencial para “minimizar problemas existentes e garantir o crescimento sustentável
do Estado e do País”. Em breve, novas usinas do
Estado vão receber projeto piloto do Simehgo
(Sistema de Meteorologia e Hidrologia do Estado de
Goiás) com instalação de sensor de CO2 para mostrar
o impacto da atividade na redução das emissões.
Setores e fontes de atividades aceitos pelo MDL
Iniciativa Setor
Fontes de Atividades
ReduçãoEnergia
Queima de combustíveis: indústria de energia; indústria de transformação; indústria de construção; transporte; outros setores
Emissões fugitivas de combustíveis: combustíveis sólidos; petróleo e gás natural
Processos Industriais
Produtos minerais; indústria química; produção de metais; produção e consumo de halocarbonos e hexafluoreto de enxofre; uso de solventes; outros
Resíduos
Deposição de resíduos sólidos; tratamento de esgoto sanitário; tratamento de efluentes líquidos; incineração de resíduos; outros
Remoção
Solo (uso, transformação e florestamento)Florestamento e reflorestamento; plantações; agroflorestamento
Fonte: UNFCCC, 1997.
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CANAL, Jornal da Bioenergia
CANAL, Jornal da Bioenergia
27
Onde o
foto: canindé soares
sol brilha
o ano todo
fernando dantas
Praia da Redinha, no litoral Norte:
antiga vila de pescadores
em parte coberta com vegetação típica da região.
As subidas e descidas do Morro do Careca foram
proibidas no fim da década de 90, por causa da
erosão. Por esse motivo, o turista tem que se contentar em apenas visitar e registrar o momento
através de fotos.
Deixando Ponta Negra, o visitante pode percorrer a
Via Costeira, via expressa e litorânea, de aproximadamente 10 quilômetros, que faz ligação da zona sul ao
leste de Natal. Lá é possível visualizar a imensidão do
Oceano Atlântico e é onde estão luxuosos hotéis de 4
e 5 estrelas, o Parque das Dunas – área verde preservada - , e o Farol da Mãe Luiza, que recebeu o nome
em homenagem a uma velha parteira da cidade.
Depois de passar pela via, o próximo ponto é a
Praia do Meio, que abrange a Praia do Forte – ao
redor do forte dos Reis Magos – Praia dos Artistas
e Areia Preta. O local é bastante frequentado por
banhistas e surfistas, pois as praias são cortadas
por recifes e, quando a maré baixa, formam-se
piscinas naturais. Os hotéis ao longo da avenida
principal da Praia do Meio são mais baratos que
os de Ponta Negra.
Na época do réveillon, o local é tomado por turistas e moradores da cidade que prestam homenagens
e fazem pedidos a Iemanjá, por causa da imagem da
rainha do mar na praia. Uma curiosidade da Praia
dos Artistas, que integra a do Meio, é que o local
recebeu esse nome por ter sido espaço de manifestações artísticas de ídolos das décadas de 20 e 30.
Pela proximidade, o ideal é visitar as praias que
integram a do Meio no mesmo dia, e conhecer a
Fortaleza dos Reis Magos, também um dos principais cartões-postais da cidade. Marco da colonização portuguesa no Estado, teve sua construção
iniciada em 1598, e chegou a ser ocupado por
holandeses entre 1633 e 1654. Está localizado nas
proximidades do encontro do Oceano Atlântico
com a foz do Rio Potengi.
Só atravessar a ponte
Praia para visitar é o que não falta em Natal.
Então, o turista não pode deixar de, pelo menos,
dar uma passada pela Praia da Redinha, localizada
no litoral Norte, no lado oposto da margem do Rio
Potengi. Com a nova ponte construída na cidade,
que é local importante para visualizar a parte norte
e sul de Natal, a distância de Redinha à Praia dos
Artistas é de apenas 6 quilômetros.
Antiga vila de pescadores, Redinha mantém
tradições dos antigos moradores da região. Entre
as principais atrações estão o velho Mercado
Público, a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes,
construída com pedras retiradas dos arrecifes, e o
Aquário Natal.
Se passar pelo velho mercado, o visitante deve se
render à tradição e degustar “Ginga com Tapioca”,
uma manjuba servida frita que vem no palito. Para
quem não sabe, manjuba é um peixe pequeno que
pode ser frito também no azeite de dendê. Depois de
apreciar um prato da região, a dica é visitar o
Aquário. São cerca de 60 espécies de animais, como
tubarão, moreias, peixes de corais, cavalos marinhos,
além de jacarés, pinguins, pirarucu, entre outros.
Fernando Dantas
Natal
Brasília
2.507 quilômetros
Goiânia
2.619 quilômetros
Rio de Janeiro
2.625 quilômetros
São Paulo
2.947 quilômetros
28
CANAL, Jornal da Bioenergia
Com pouco mais de 800 mil
habitantes, segundo dados do
Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE)
de 2010, Natal recebe cerca de
2 milhões de turistas por ano,
sendo que, desse total, 30%
são de estrangeiros. Por
experiência própria – visitei
várias vezes e até morei na
cidade - posso dizer que
motivos não faltam para
conhecer a capital brasileira
mais próxima do continente
europeu.
Antes de falar das praias, atiço a curiosidade
apresentando um pouco as guloseimas e os pratos
típicos da capital potiguar. Natal é líder na produção de camarão, o que torna esse “fruto do mar”
um dos principais ingredientes da culinária local.
Risoto, bobó, à milanesa, são incontáveis as misturas feitas com o produto. Tem também a caranguejada, que utiliza o crustáceo cozido com leite de
côco e diversos temperos.
Se ainda não está com água na boca, pense na
tradicional carne de sol da região, que é exportada
para outros Estados. Pedido nos restaurantes e
bares, o prato, em geral, vem em porções generosas
– para três ou quatro pessoas –, acompanhado por
arroz, feijão verde, macaxeira e farofa ou paçoca.
Mas além da comida típica, o turista pode desfrutar
de pratos de várias regiões do Brasil nos diversos
restaurantes espalhados pela cidade.
Sombra e água de coco fresca
Que tal começar por Ponta Negra o passeio
pelas praias de Natal? Com cerca de quatro
quilômetros de extensão litorânea, Ponta Negra é
a praia mais frequentada da capital potiguar e
tem particularidades que só quem já visitou sabe
dizer. Para começar, o nascer e o pôr do sol são de
encher os olhos. O resultado disso é que, a partir
de 5 horas da manhã e no final do dia, por volta
de 17 horas, a praia fica lotada de turistas e moradores, que aproveitam o cenário para caminhar,
conversar e tomar água de coco.
Outro atrativo da região é o Morro do Careca,
um dos principais pontos turísticos e cartões-postais de Natal. O morro é um patrimônio natural da
cidade, formado por duna de 107 metros de altura
CANAL, Jornal da Bioenergia
29
não deixe de conhecer
Centro de Turismo
O turista pode encontrar lembranças e peças artesanais da região
no prédio que já foi um presídio. São várias lojas de artesanato e
souvenirs, galeria de arte, restaurante, bares e eventos, como o
Forró com o Turista. A arquitetura original foi toda restaurada
pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Está localizado próximo à Praia do Meio.
Farol da Mãe Luiza, nome
dado em homenagem a uma
antiga parteira da cidade
Um pouco de história
Fundada em um dia de Natal, em 25 de dezembro
de 1599, o nome do município tem origem no latim
natale. Historicamente, a cidade teve grande
importância na Segunda Guerra Mundial, em 1942,
durante a Operação Tocha, já que os aviões da base
aliada americana se abasteciam com combustível no
lugar que hoje é o Aeroporto Internacional Augusto
Severo, sendo classificada como "um dos quatro
pontos mais estratégicos do mundo" pelo
Departamento de Guerra dos EUA, junto com Suez,
Gilbratar e Bósforo.
Teatro Alberto Maranhão
Localizado na Ribeira, bairro mais antigo de Natal, o Teatro
Alberto Maranhão foi construído no final do século XIX e
resguarda linhas e traços da arquitetura francesa da época. O
monumento é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do
Rio Grande do Norte.
Reza a lenda em Natal que o termo forró surgiu por
lá. Segundo relatos históricos, os americanos, na
época da segunda guerra mundial, vieram para o
Brasil para a construção da base americana de Natal.
Para facilitar a convivência com o povo nordestino
realizavam aos fins de semanas festas dançantes
para a comunidade, conhecidas como festa para
todos, que em inglês significa "for all". Com o intuito
de facilitar a pronúncia, os brasileiros passaram a
falar forró. Assim o estilo de música e dança da
época foi batizado dessa forma.
Touros
Pirangi
Com acesso pela BR 101, situado a 106 quilômetros de Natal, o município de Touros abriga o primeiro registro da posse dos portugueses na costa
do Rio Grande do Norte. Datado de 1501, o marco
de Touros é um Patrimônio Nacional. Entre as atrações de Touros encontramos o Farol do Calcanhar,
seu animado Carnaval, seu artesanato e a Igreja do
Bom Jesus dos Navegantes.
O símbolo da Praia de Pirangi, localizada a 20
quilômetros de Natal, é o maior cajueiro do
mundo, que está até registrado no Guinness Book.
A árvore cobre uma área de aproximadamente 8,5
mil metros quadrados, com um perímetro de
aproximadamente 500 metros e produz cerca de
80 mil cajus por ano. O cajueiro foi plantado em
1888, por um pescador chamado Luiz Inácio de
Oliveira. Ele morreu, com 93 anos de idade, sob as
sombras do cajueiro.
Litoral Sul – Pipa
Barreira do Inferno
Primeira base de lançamentos de foguetes da América Latina, a
Barreira do Inferno tem esse nome por estar no alto de uma falésia
altíssima, de cor avermelhada. Atualmente, são realizadas pesquisas
espaciais no local e visitas, com horário marcado, são permitidas.
fotos: canindé soares
Litoral Norte – Genipabu
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CANAL, Jornal da Bioenergia
Localizada a 80 quilômetros de Natal, Pipa é o
point ideal para quem busca calmaria e belezas
estonteantes. O cenário é formado por falésias,
águas claras, calmas e mornas, e até mirante com
vista exclusiva da Baia dos Golfinhos, pequena
enseada onde os animais se aproximam da praia
em busca de cardumes de peixes e ficam até ao
lado dos banhistas.
Originalmente uma aldeia de pescadores, o local
Búzios
Águas cristalinas, esverdeadas e convidativas.
Assim pode ser resumida a Praia de Búzios, que está
situada no município de Nisia Floresta, a 20 quilômetros de Natal. As águas são revoltas, mas há uma
enseada chamada Pirambuzios, de águas calmas
que servem de lazer e descanso, além de reunir
praticantes de windsurfe e kitesurfe.
Percorra o litoral do RN
Se tempo é o que não falta, não se contente
em ficar apenas na capital potiguar, conheça os
arredores de Natal também. São municípios que
possuem praias paradisíacas, calmaria e costumes
da vida do interior. Conheça os principais pontos:
Memorial Câmara Cascudo
O prédio que já serviu à Tesouraria da Fazenda e ao Quartel
General do Exército Nacional hoje abriga o Memorial.
Normalmente é sede do Encontro de Cultura Popular, que ocorre
durante as comemorações da Semana do Folclore e possui
biblioteca com livros do acervo pessoal de Câmara Cascudo.
foi tomado por imigrantes de todas as partes do
mundo, que ao conhecerem as paisagens, não
resistiram e fixaram moradia. Para o turista desavisado, esse é um risco que se corre. Apaixonar-se
por Pipa e não querer voltar. Existe por lá até a
Praia do Amor, de mar aberto e ondas fortes, onde
se concentra surfistas de todo o Brasil.
Pipa possui completa estrutura de hotéis, pousadas e áreas de camping. À noite, o local se torna
ponto para degustar comidas típicas da região nos
bares localizados na avenida central.
Impossível ir até Natal e não conhecer um dos
principais cartões postais do Rio Grande do
Norte: Genipabu. Localizada a 25 quilômetros da
capital do Estado, no município de Extremoz,
litoral Norte do RN, o Parque Turístico Ecológico
Dunas de Genipabu possui dunas imensas e
móveis – isso mesmo, elas se movem pela ação
do vento -, brisa do mar constante e uma lagoa
de água doce, que recebe diversos turistas interessados no esquibunda. Essa prática é mais do
que conhecida, trata-se da descida nas dunas em
cima de pranchas de madeiras até cair no lago.
Fica até difícil se contentar em descer apenas
uma vez.
Outra atração bastante requisitada nas dunas
de Genipabu é o passeio de buggy. O turista que
participa da atividade, de prontidão já tem que
responder a pergunta do guia: com ou sem emoção? Se gosta de aventura, não perca a oportu-
nidade e peça com emoção. Sabe aquele friozinho na barriga quando a gente passa em uma
lombada. Multiplique por diversas vezes e você
entenderá o friozinho que o passeio “com emoção” pode causar. E não se preocupe. Segurança
é palavra de ordem nos passeios.
Genipabu também oferece opções exóticas
para o turista. Que tal subir na corcova de um
dromedário e conhecer melhor as dunas e paisagens da região?! Lá é possível. O animal pode
levar duas pessoas por vez e a voltinha leva entre
10 e 15 minutos. Dá tempo até de tirar fotos
montado no animal.
Mas uma dúvida básica: por que Genipabu? O
nome deriva do tupi “jenipa-bu”, que significa local
onde se encontra jenipapo, fruta típica da região.
Maracajaú
Há quem diga que Maracajaú é o caribe do Rio
Grande do Norte. O motivo são as águas cristalinas e parrachos, recifes de corais a sete quilômetros que abrigam centenas de espécies da fauna
e flora oceânica. Localizado a 60 quilômetros de
Natal, O turista tem a oportunidade de mergulhar nas piscinas naturais que se formam próximas da praia e ainda levar um registro para casa.
CANAL, Jornal da Bioenergia
31
fotos: divulgação
ETH Bioenergia lança mais um
programa socioambiental
A ETH Bioenergia lançou em abril o Programa
Energia Social para a Sustentabilidade Local no
município de Perolândia – GO. O objetivo do
programa é levar aos municípios próximos à
empresa, ações e investimentos para elaboração
de projetos socioambientais. O Programa Energia
Social já foi lançado nos Estados de São Paulo,
Goiás e do Mato Grosso do Sul, onde a ETH possui
outras unidades de bioenergia em pleno
funcionamento. Compareceram à solenidade,
realizada na Câmara Municipal, o prefeito de
Perolândia, Paulo Pereira de Lima, vereadores da
cidade e representantes da ETH Bioenergia. O
evento reuniu cerca de 200 pessoas.
O Programa visa integrar a empresa, o
governo local e a comunidade no
desenvolvimento das atividades propostas, que
abrangem áreas como educação, cultura, saúde,
segurança e preservação ambiental. A ETH
Bioenergia é uma empresa da Organização
Odebrecht que atua no mercado etanol, energia
elétrica e açúcar e avança na produção de etanol
e energia à partir da biomassa.
Galvão Energia aposta na
produção de energia eólica
A Galvão Energia já adquiriu 40 novas turbinas
de energia eólica modelo V-100 2 MW da
empresa Vestas Wind Systems e está negociando
mais sete do mesmo modelo, o que totalizará 47
novos equipamentos para os projetos Olho
D'Água, São Bento do Norte, Boa Vista e Farol,
todos localizados no Rio Grande do Norte. Os
equipamentos já adquiridos serão entregues até o
terceiro trimestre de 2012 e devem começar a
funcionar ainda no mesmo ano. O contrato já
assinado prevê que a Vestas será responsável pelo
fornecimento, instalação, comissionamento,
assistência técnica e manutenção das turbinas
eólicas. De acordo com Otávio Silveira, diretor
presidente da Galvão Energia, a parceria com a
Vestas vai ajudar a potencializar as instalações de
energia eólica.
Carpal Tratores firma parceria com a indústria Santal Equipamentos
O crescimento da participação da cana-de-açúcar
no cenário do agronegócio goiano vem motivando a
empresa Carpal Tratores Ltda a investir e focalizar
cada dia mais o setor sucroenergético.
Pesquisa comprova eficiência da
peneira rotativa à pressão
Ford lança nova geração de caminhões
A Ford lança no mercado sul-americano a linha Novo
Cargo 2012 (foto), com onze modelos, cinco das quais
com a opção de cabine-leito. Com vendas disponíveis
desde o mês de maio, os caminhões reúnem design
moderno, qualidade, conforto, desempenho,
funcionalidade, versatilidade e preços competitivos.
Com caminhões na faixa de 13 a 31 toneladas de peso
bruto total, e com capacidade máxima de tração de até
63 toneladas, o Novo Ford Cargo é um projeto global que
foi desenvolvido nos estúdios de design e centro de
engenharia de Camaçari, Bahia, e de São Bernardo do
Campo e Tatuí, em São Paulo, com intensivo suporte das
unidades dos Estados Unidos e Europa. A sua concepção
teve como base as pesquisas e os testes realizados na
América do Sul, o que resultou num produto apto para
diferentes mercados.
"Este é um momento muito importante para a Ford
Caminhões, uma marca pioneira na América do Sul.
Lançamos uma linha completa de caminhões como parte
dos investimentos de R$ 670 milhões que estamos
realizando até 2013 na Operação de Caminhões. O Novo
Ford Cargo vai surpreender o mercado por exceder os
requisitos desejados nesse crescente segmento de mercado",
diz Marcos de Oliveira, presidente da Ford Brasil e Mercosul.
Beleza e funcionalidade
A nova linha é formada pelos modelos Cargo 1317,
Cargo 1517, Cargo 1717, Cargo 2622, Cargo 2628, e
Cargo 3132, com cabine-regular; e Cargo 1722, Cargo
2422, Cargo 2428, Cargo 1932R e Cargo 1932, com
cabine-regular ou cabine-leito.
O Novo Ford Cargo apresenta linhas modernas e
bonitas, mas também robustas e funcionais. A
modernidade está em evidência nas linhas limpas e no
desenho que emprega a chamada linguagem Kinetic
Design da Ford, que busca dar uma sensação de
movimento ao veículo, mesmo com ele parado.
A robustez está presente no uso de materiais de alta
resistência, no para-choque forte e nas caixas de rodas
encorpadas. O aspecto funcional é apresentado na
aerodinâmica, no capô de fácil acesso, no basculamento
de 60 graus e rápida operação e no interior totalmente
criado para facilitar a vida do motorista.
"A criatividade de nossos designers partiu de um
conceito fundamental: desenhar uma cabine totalmente
nova, entendendo as necessidades dos frotistas e
motoristas autônomos. Sabemos que eles desejam um
caminhão prático, funcional e com o valor agregado do
design. Além disso, buscamos manter a identidade do
Cargo, que sempre se destacou pela ampla área
envidraçada", explica João Marcos Ramos, chefe de
Design da Ford América do Sul.
Desempenho e segurança
A Nova Linha Cargo é equipada com os motores
Cummins de 4 e 6 cilindros, reconhecidos pela robustez,
durabilidade, economia e baixo custo de manutenção.
Ela recebeu as novas transmissões Eaton das famílias FS,
de seis marchas com primeira sincronizada, e FTS, com
13 marchas, totalmente sincronizadas. Todos os modelos
trazem ainda embreagem mais robusta e durável e novo
acionamento da transmissão por cabo, que torna os
engates mais leves, suaves e precisos.
O eixo traseiro 6x4, da Arvin Meritor, tem carcaça
robusta e é de alta durabilidade. A suspensão dianteira é
calibrada para oferecer maior conforto, junto com a
nova suspensão da cabine.
O Novo Cargo oferece segurança ativa e passiva. Os
freios trazem uma nova válvula APU, com pórticos
adicionais para a instalação de acessórios. A suspensão
traseira é de alta resistência e forma um dos melhores
conjuntos do mercado.
A Equilíbrio apostou no desempenho de um dos
seus últimos desenvolvimentos e investiu num estudo
minucioso para trazer ao mercado resultados
comprovados de ganho produtivo com a utilização do
equipamento no processo de produção do etanol. O
produto em questão é a peneira rotativa à pressão
(P.R.P), construída para contribuir com a redução da
quantidade de impurezas do caldo misto aumentando
a produtividade da planta. No processo, a P.R.P é
instalada após a peneira rotativa de caldo misto que
faz o primeiro peneiramento. O segundo peneiramento
é feito pela peneira à pressão, que realiza o
refinamento dos sólidos retidos antes do caldo seguir
para o decantador e/ou dornas.
A pesquisa liderada pela Fermetec, consultoria
especializada em fermentação alcoólica e controle
laboratorial para a produção de açúcar e etanol, foi
realizada na destilaria Rio do Cachimbo/MG que opera
com uma peneira rotativa de caldo misto de abertura
0,3mm e com uma P.R.P que apresenta uma abertura
de 0,15mm ou aproximadamente 100 mesh. Foram
feitas análises de coleta de caldo para verificação de
pH, impurezas e plaqueamento antes e após a
instalação da P.R.P com eficiência na retenção de
impurezas de aproximadamente 60%.
Na etapa de verificação de impurezas, foi
constatada uma redução de 2,52% para 1,04% que
permitiu ganhos no setor de peneiramento e
diminuição do retorno de caldo para as moendas.
De acordo com a Equilíbrio, os números são
representativos, sobretudo porque hoje não existe
no mercado equipamento semelhante capaz de
retirar essa mesma quantidade de sólidos nesta
etapa do processo.
Já na coleta de mosto, a redução de impurezas
contribuiu com o processo de fermentação nas dornas
que passaram a trabalhar com um menor volume de
fermento, possibilitando redução de custos para a
usina com levedura que passa a ser reutilizada mais
vezes. A análise mostrou ainda que, com o mesmo
volume de levedo tratado se consegue mais levedura e
menos impurezas, consequentemente o volume pé/
vinho pode ser menor. Este menor volume pé/vinho
acaba apresentando a mesma quantidade de levedura,
pois está com menos impurezas e maior quantidade de
levedura viva.
A empresa, que este ano completa 50 anos
de atuação no mercado – estabeleceu em 2010
parceria com a indústria brasileira Santal
Equipamentos S/A Comércio e Indústria,
primeira fabricante nacional de maquinário
para mecanização agrícola no setor
canavieiro, como distribuidor de seus
produtos (carregadora, colhedora, transbordo)
no Estado de Goiás.
Com a parceria firmada, a Carpal Tratores espera
atender cada vez mais o mercado sucroenergético,
por poder oferecer às usinas e prestadores de serviço
tratores New Holland – marca que representa desde
sua chegada ao Brasil – e as colhedoras e
implementos Santal.
A direção da empresa informa, satisfeita, que os
resultados da parceria já começaram a aparecer e que
grandes vendas já foram realizadas; destacando-se as
vendas recentes para a RR Serviços, prestadora de
serviços para a Goiasa Goiatuba Álcool Ltda, do
Grupo Construcap; e para a Icana Serviços Agrícolas
Ltda, prestadora de serviços para a Usina Jalles
Machado sediada em Goianésia e Denusa Destilaria
Nova União, sediada em Jandaia.
Basf lança site da Unidade de Proteção de Cultivos
A Unidade de Proteção de Cultivos da Basf
colocou no ar um site novo, mais dinâmico e de fácil
navegabilidade. Dentro do site, o catálogo de
produtos possibilitará que produtores e outros
profissionais da área consultem informações
técnicas sobre as soluções que a Basf disponibiliza
para o mercado agrícola. Os internautas também
terão acesso a informações climáticas, notícias,
campanhas e links para as mídias sociais em que a
empresa está presente.
“Nosso objetivo é oferecer aos usuários da
Internet uma plataforma web de fácil navegabilidade
e dinâmica. Além disso, é importante para a Basf que
todos seus canais de comunicação estejam alinhados
com a identidade visual da empresa”, explica a
gerente de Comunicação e Serviços de
Relacionamento com o Cliente, Adriana Boock.
O já consagrado vídeo “Um Planeta Faminto e a
Agricultura Brasileira” será destaque no novo site.
Com dados tangíveis e comparações didáticas, a
animação mostra à sociedade a evolução da
agricultura brasileira na produção de alimentos para
a crescente população mundial. Para jornalistas, a
nova página terá uma Sala de Imprensa com
informações de interesse deste público, atualizadas
constantemente. Os internautas poderão acessar a
plataforma totalmente reformulada por meio do
endereço: www.agro.basf.com.br.
Brumazi fornece circuito de
bagaço para ETH Bioenergia
A Brumazi vendeu para a ETH Bioenergia um
circuito de bagaço para a unidade Costa Rica, no
Mato Grosso do Sul. O sistema de transporte
fabricado pela Brumazi consiste em um circuito
para transporte e movimentação de bagaço
completo, que tem aproximadamente 500m
lineares de transportadores entre esteiras
metálicas, de borracha e moega.
Estes equipamentos fazem parte do sistema de
cogeração de energia e tem a capacidade de 300
toneladas por hora. Sua função é alimentar as
duas caldeiras e armazenar o excedente para,
quando necessário, retornar para a caldeira
através da moenda e esteira de retorno. O sistema
de transporte está previsto para entrar em
operação em julho de 2011.
www.ionixnet.com.br
32
CANAL, Jornal da Bioenergia
CANAL, Jornal da Bioenergia
33
selman alencardivulgação
projeto de lei votação
Código Florestal é
aprovado na Câmara
H
á dois anos, as discussões sobre o projeto de lei
1876/99, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PC do
B/SP), que propõe alterações no marco legal que regulamenta o uso da terra no País, o Código Florestal, se
intensificaram e movimentaram o cenário agrícola e ambiental
no Brasil. Após passar por mais de 120 audiências, o projeto foi
votado e aprovado na Câmara dos Deputados, em sessão extraordinária realizada no dia 24 de maio. Dos 474 parlamentares
presentes, 410 votaram a favor do substitutivo, 63 foram contra e houve uma abstenção.
Agora, o projeto terá um novo caminho a percorrer. Primeiro
precisa ser aprovado no Senado para depois passar pela sansão
da presidente da República, Dilma Rousseff. Caso haja alguma
mudança, o projeto retorna para a Câmara para nova apreciação do item. Mesmo se aprovado pelas duas Casas (Câmara e
Senado), a proposta ou aspectos pontuais do projeto ainda
podem ser vetados pela presidente.
Também foi aprovada a emenda 164, que dá aos Estados,
por meio do Programa de Regularização Ambiental (PRA), o
poder de estabelecer outras atividades que possam justificar
a regularização de áreas desmatadas. Por meio da emenda,
o artigo 8º, do projeto original, foi alterado e prevê que o
uso do solo por atividade de utilidade pública, interesse
social ou de baixo impacto serão previstas em lei e, em todos
os casos, devem ser observados critérios técnicos de conservação do solo e da água.
34
CANAL, Jornal da Bioenergia
Principais pontos que mudam com a aprovação
Metragens de APPs
As medidas de matas ciliares (Áreas de Preservação
Permanente) de margem de rio foram mantidas. O
texto mantém em 30 metros a área de proteção de
terreno que margeie um rio com até 10 metros de
largura. No entanto, os proprietários que não
estiverem com a área mínima de 30 metros
preservada serão obrigados a recompor a mata ciliar
em até 15 metros. A faixa de terreno à margem do
rio que deve ser preservada varia conforme a
largura do rio.
Anistia e regularização
Aqueles proprietários que tiverem multas, mas que
decidirem regularizar seu imóvel recuperando as
APPs e a Reserva Legal terão a multa suspensa. De
acordo com o projeto, para conseguir a suspensão,
o proprietário rural deverá procurar o Órgão
Ambiental e aderir ao Programa de Regularização
Ambiental (PRA), a ser instituído pela União e
pelos Estados. Os interessados terão um ano para
aderir, mas esse prazo só começará a contar a
partir da criação do Cadastro Ambiental Rural
(CAR), o que deverá ocorrer em até 90 dias da
publicação da futura lei. Todos os imóveis rurais
deverão se cadastrar.
Em Goiás, por exemplo, a regularização e anistia
poderão ser divididas em três grupos: primeiro os
produtores que abriram suas áreas antes de 1989,
quando a legislação ainda não previa a exigência
da averbação da Reserva Legal. Esses produtores
terão segurança jurídica e estão livres da
recomposição ou compensação das áreas. No
segundo grupo entram produtores que abriram
suas áreas entre 1989 e 22 de julho de 2008. Esses
produtores terão suas atividades consolidadas, mas
deverão recompor ou compensar a área
desmatada, desde que seja no mesmo bioma. No
terceiro grupo estão os que desmataram depois de
22 de julho de 2008. Esses estão fora do projeto de
Lei do novo Código Florestal e estão sujeitos a
todas as medidas punitivas como embargo, multas
e a própria obrigação da retirada da atividade
produtiva das áreas não permitidas pela lei.
Cota de reserva
Quem tiver Reserva Legal em excesso poderá emitir
a Cota de Reserva Ambiental (CRA). Essa Cota será
um título que representará o mesmo tamanho da
área que deveria ser recomposta. A emissão da cota
será feita pelo órgão ambiental a pedido do dono
da terra preservada com vegetação nativa ou
recomposta em área excedente à reserva legal
devida em sua propriedade. Esse título poderá ser
cedido ou vendido a outro proprietário que tenha
déficit de reserva legal. O proprietário da terra que
pedir a emissão do CRA será responsável pela
preservação, podendo fazer um plano de manejo
florestal sustentável para explorar a área.
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Canal : O jornal da bioenergia (Maio de 2011 Ano 5 N° 56)