2º Encontro-Luso Brasileiro de História da Medicina Tropical DOUTOR THOMAS: DO ATOXYL A UMA TRAJETÓRIA SINGULAR NA AMAZÔNIA Jaime Larry Benchimol *Fundação Oswaldo Cruz / Casa de Oswaldo Cruz [email protected] Resumo Faço na presente comunicação um rápido balanço da trajetória de um pesquisador da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, Harold Howard Shearme Wolferstan Thomas, que teve fugaz destaque na medicina britânica antes de ser deslocado para a Amazônia, onde viria a estabelecer fecundas relações com médicos nativos nas primeiras décadas do século XX. Em 1900, a 4ª expedição ultramarina da Escola de Liverpool rumara para a região para investigar a febre amarela, justo quando era comprovada, em Cuba, a transmissão da doença por mosquito. Cinco anos depois, desembarcavam em Manaus dois outros pesquisadores daquela Escola, Thomas e Breinl, com o objetivo ainda de investigar a febre amarela. No intervalo entre as duas expedições, transcorreram processos muitos dinâmicos no âmbito da medicina tropical, em particular no tocante às tripanossomíases. Nesse terreno Thomas ganhou projeção, ao demonstrar que o atoxyl era eficaz no tratamento de animais e humanos infectados por tripanossomos. A substância foi experimentado na ilha do Marajó, em 1907, por Adolpho Lutz, então diretor do Instituto Bacteriológico de São Paulo. Thomas permaneceu à frente do The Yellow Fever Research Laboratory até sua morte, em 1931. Envolveu-se com os problemas de saúde locais e com médicos que estavam na vanguarda da saúde pública e da medicina experimental no Amazonas — curso discrepante daquele tomado pela maioria dos médicos europeus que participavam de missões enviadas a colônias e áreas de influência das potências imperiais. Nos anos 1950, Thomas foi ‘redescoberto’, ao se tornar (postumamente) um dos agraciados por prêmio conferido pelo governo belga aos descobridores do tratamento da doença do sono.