tando ainda mais essa proporção M/F, o centro de rotação se deslocará em direção incisal, produzindo o movimento radicular. E, persistindo o aumento dessa proporção, o movimento radicular será de grande amplitude, com a coroa se deslocando em direção oposta à da força aplicada. Burstone e Pryputniewics em 1980, afirmaram que, para ocorrer um movimento de inclinação controlada, seria necessária uma alça com características tais que produzissem uma proporção M/F de 7,1/1. Para o movimento de translação e movimento radicular, seriam necessárias proporções de 9,9/1 e 11,4/1 respectivamente. Em contrapartida, Smith & Burstone, em 1984, preconizaram uma proporção M/F de 8/1 para o movimento de inclinação controlada, de 10/1 para a translação e, para o movimento radicular, de 12/1. Já Tanne et al., em 1988, recomendaram que as proporções M/F para inclinação controlada, translação e movimento radicular fossem de 6,52, 8,30 e 9,53 respectivamente. Já a proporção C/D se refere à quantidade de força dispendida para produzir uma determinada ativação em um dispositivo ortodôntico. Segundo Burstone em 1966, quão mais próxima de zero essa proporção, mais leves e constantes serão as forças liberadas por tais dispositivos. Essa importante característica tem sido estudada por outros autores, dentre eles, Burstone e Koenig em 1976, Burstone, em 1982, Gjessing, em 1985. Para Burstone, Baldwin e Lawless, em 1961, alças com baixa proporção C/D liberariam forças mais constantes durante a sua desativação, já que existiria uma menor variação da força para cada milímetro de ativação. Por outro lado, Staggers e Germane em 1991, afirmavam que a configuração da alça, a incorporação de helicóides e a alteração da composição do fio ortodôntico poderiam diminuir a proporção C/D gerada por uma determinada alça. Embora as alças Bull modificadas, construídas com aço inoxidável, sejam muito utilizadas, não há trabalhos que apresentem a avaliação dos sistemas de forças completos para essas alças, ou seja, as magnitudes das forças, dos momentos, das proporções M/F e C/D, quando submetidas às diferentes intensidades de préativações e ativações, bem como a diferentes secções transversais. Assim, o ensaio mecânico foi realizado para as alças Bull modificada, com uma ativação máxima de 2,0 mm, uma vez que se tratava de um trabalho experimental. No entanto, é importante salientar que, embora clinicamente não se realize ativação com essa magnitude, os ensaios foram executados com a intenção de avaliar o seu comportamento mecânico. Uma das características das alças construídas com aço inoxidável 18/8 é apresentarem-se dúcteis e muito rígidas (MUENCH, 1994). Portanto, no uso diário, não seria recomendável que se ativasse as alças Bull acima de 2,0 mm, uma vez que esta ativação geraria forças excessivas e poderia ultrapassar o limite de elasticidade da alça, deformando-a permanentemente. A eficiência do tratamento ortodôntico e a eficácia do movimento dentário estão diretamente relacionadas com a quantidade de força utilizada (SCHWARZ, 1932; STOREY; SMITH, 1952; REITAN, 1957; BURSTONE; GROVES, 1961; REITAN, 1969; RICKETTS, 1976; QUINN; YOSHIKAWA, 1985; MENDES et al., 1992; SHIMIZU, 1995). assim, muitos pesquisadores recomendaram a utilização de forças leves, dentre eles Schwarz, 1932; Storey e Smith, 1952, Reitan, 1957, Burstone e Groves, 1961, Burstone, 1962, Quinn e Yoshikawa, 1985. Outros autores, como Oppenhein, em 1944, Begg em 1956 e Burstone, em 1966, recomendaram que fossem utilizadas forças leves e, quando possível, contínuas. Por sua vez, Proffit e Fields, em 1995, afirmaram que, dificilmente se conseguiria, na prática ortodôn- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 13-24, mar./abr. 2002 tica, um dispositivo que liberasse uma força contínua independente da quantidade de movimento dentário resultante da aplicação daquela força. Para os autores, a magnitude da força diminui após o dente apresentar alguma movimentação, mesmo que se utilize a melhor configuração da alça. Assim, ao correlacionarem a duração da força com o seu ritmo de desativação, classificaram-na em contínua, intermitente e interrompida. Relacionaram, ainda, a magnitude da força e a velocidade de seu declínio à medida que o dente se movimentava. Exemplificaram também que, se uma força leve e contínua fosse aplicada a um dente, este se movimentaria por reabsorção óssea direta, o que estaria perfeitamente embasado pela literatura ortodôntica (ANGLE, 1907; BEGG, 1956; REITAN, 1969). Porém, se a força fosse pesada e contínua, o movimento dentário decorrente seria lento até que a reabsorção solapante ocorresse, provocando uma alteração rápida de posição. Por ser contínua, deverá pressionar novamente os tecidos, não permitindo a reparação do ligamento periodontal. Nova reabsorção solapante deverá ocorrer e assim sucessivamente. Portanto, uma força considerada pesada e contínua poderá ser muito destrutiva, tanto para as estruturas periodontais como para o próprio dente, conforme afirmaram Oppenhein, em 1944, Quinn e Yoshikawa, em 1985, entre outros. Ao se utilizarem forças que diminuem rapidamente para zero após uma pequena movimentação dentária, deve-se considerar que: se a força inicial for relativamente suave, o dente se deslocará para o espaço após a reabsorção óssea direta e permanecerá nessa posição até que o aparelho seja reativado; se a força for suficientemente pesada para produzir reabsorção solapante, o dente se movimentará quando o processo se completar e permanecerá nessa posição até a próxima ativação, possi17 dadas por Shimizu, em 1995, para retração dos incisivos inferiores (240g), incisivos superiores (300g), retração em massa superior (600g) e inferior (480g). As proporções C/D para as alças Bull quando ativadas 0,5 mm foram, respectivamente, 464 g/mm, 648 g/mm, 864 g/mm e 1128 g/mm. A ativação de 1,0 mm das alças Bull construídas com o mesmo fio ortodôntico gerou magnitudes de força que variaram de 419 g a 778 g 1600 18 Médias das forças horizontais geradas pela alça Bull modificada construída com fios de aço inoxidável .017”x.025”, .018”x.025”, .019x.025” e .021”x.025”, quando pré-ativada 0, 20, 30 e 40 graus, segundo a interação ativação x pré-ativação. .017” x .025” .018” x .025” .019” x .025” .021” x .025” 1400 1200 1000 800 600 400 0º 20º 30º 40º 200 0 Fio de aço inoxidável .017" x .025" 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 Ativação (mm) 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 GRÁFICO 2 2500 Médias dos momentos gerados pela alça Bull modificada construída com fios de aço inoxidável .017”x.025”, .018”x.025”, .019”x.025” e .021”x.025”, quando pré-ativada 0, 20, 30 e 40 graus, segundo a interação ativação x pré-ativação. .017” x .025” .018” x .025” .019” x .025” .021” x .025” 2250 2000 Momento (g.mm) Com relação às magnitudes da Força horizontal (Fh), ilustradas no gráfico 1 e demonstradas na tabela 1, e às proporções Carga/Deflexão (C/ D), ilustradas no gráfico 4 e demonstradas na tabela 1, pode-se considerar que: • quando ativadas 0,5mm, as alças Bull construídas com essa secção transversal de fio de aço inoxidável proporcionaram 232 g, 324g, 432 g e 564 g de força para préativações de 0o, 20 o, 30 o e 40o respectivamente. Embora 0,5 mm não seja uma quantidade de ativação muito utilizada, bem como essa secção transversal de fio, poderia ser eventualmente considerada com base nas magnitudes de força recomen- quando pré-ativadas de 0o a 40o. Portanto, essas magnitudes de força geradas pelas alças Bull ultrapassam aquelas preconizadas para a retração dos caninos ou dos incisivos (120 g a 300 g), sendo melhor recomendadas para retração em massa dos incisivos e caninos inferiores (480 g) e também para retração em massa dos incisivos e caninos superiores (600 g). As alças Bull geraram proporções C/D que variaram de 419 g/mm a 778 g/mm, conferindo GRÁFICO 1 Força (g) bilitando um período de regeneração e reparo do ligamento periodontal antes que a força seja aplicada novamente. Logo, as forças pesadas e contínuas devem ser evitadas, e as pesadas e intermitentes, muito embora não sejam ideais, vêm a ser clinicamente mais aceitáveis. Portanto, se não houver necessidade da utilização de grandes magnitudes de força, e havendo a possibilidade da utilização de dispositivos ortodônticos que gerem somente a magnitude necessária, estarão sendo realizados tratamentos de maneira mais racional. Assim, Shimizu, em 1995, ao estudar os mecanismos de fechamento de espaços em Ortodontia a partir de trabalhos consultados, especificamente no que se refere às magnitudes de forças necessárias para movimentação dos dentes ou grupos de dentes, concluiu que a magnitude de força para as retrações dos caninos superiores seria de 150g; para os inferiores, de 120 g; para os incisivos superiores, de 300g; para os incisivos inferiores, 240g; e, finalmente, 600g para retração em massa dos incisivos e caninos superiores e 480g para retração em massa dos incisivos e caninos inferiores. 1750 1500 1250 1000 750 500 0º 20º 30º 40º 250 0 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 Ativação (mm) R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 13-24, mar./abr. 2002 novamente uma força pesada para essas alças. As alças Bull com ativações de 1,5mm e mesmas intensidades de pré-ativações geraram magnitudes de força variando de 593g a 955g. Estas magnitudes de força ultrapassam os valores preconizados para retração dos caninos superiores ou inferiores, isoladamente; dos incisivos superiores ou inferiores e, também, para retração em massa dos caninos e incisivos inferiores. Considerando que a maior magnitude de força necessária durante a fase de fechamento de espaços (retração em massa de caninos e incisivos superiores) é de aproximadamente 600 g, as alças Bull poderão ser utilizadas com essa intensidade de ativação desde que não inseridas pré-ativações. Assim, empregam-se magnitudes de forças ide- GRÁFICO 3 3,50 Médias das proporções momento/força geradas pela alça Bull modificada construída com fios de aço inox .017”x.025”, .018”x.025”, .019”x.025” e .021”x.025”, quando pré-ativada 0, 20, 30 e 40 graus, segundo a interação ativação x pré-ativação. .017” x .025” .018” x .025” .019” x .025” .021” x .025” Momento / Força 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0º 20º 30º 40º 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 Ativação (mm) GRÁFICO 4 1800 Médias das proporções carga/deflexão geradas pela alça Bull modificada construída com fios de aço inox. .017”x.025”, .018”x.025”, .019”x.025” e .021”x.025”, quando pré-ativada 0, 20, 30 e 40 graus, segundo a interação ativação x pré-ativação. .017” x .025” .018” x .025” .019” x .025” .021” x .025” Carga/Deflexão (g/mm) 1600 1400 1200 1000 800 600 400 0º 20º 30º 40º 200 0 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 2 0 0,5 1 1,5 Ativação (mm) R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 13-24, mar./abr. 2002 2 ais minimizando efeitos colaterais nos dentes e tecidos circunjacentes, bem como controlando adequadamente a ancoragem. (OPPENHEIN, 1944; BEGG, 1956; REITAN, 1957; STRANG, 1957; PAULSON; SPEIDELT; ISAACSON, 1970; CAPUTO; CHACONAS; HAYASHI, 1974; QUINN; YOSHIKAWA, 1985). As alças Bull com ativações superiores a 2,0 mm geraram magnitudes de força exageradas, conforme tabela 1, além de serem passíveis de deformações permanentes. As pré-ativações nas alças Bull são realizadas em sua base (FIG. 2) e, ao inserirem-se suas extremidades nas canaletas dos braquetes, há a compressão de suas pernas, conseqüentemente gerando um acúmulo de força horizontal mesmo antes de sua ativação. Portanto, de uma maneira geral, a inserção de pré-ativações nas alças Bull aumentou as magnitudes de forças horizontais. Segundo Proffit e Fields em 1995, desde que sejam ativadas dentro de seus limites elásticos, as alças para fechamento de espaços podem ser utilizadas mesmo que excedam os valores de força ideais para retração de cada dente ou grupo de dentes, devendo, no entanto, ser respeitados os intervalos de tempo necessários para a reorganização dos tecidos circunjacentes, bem como a quantidade de ativação. Em relação às magnitudes dos Momentos (M), demonstradas no gráfico 2 e na tabela 1, e às proporções Momento/Força (M/F), ilustradas no gráfico 3 e demonstradas na tabela 1, pode-se verificar que: • as magnitudes de Momentos foram de 0 g/mm, 689,8 g/mm, 1286,0 g/mm e 1509,0 g/mm quando avaliadas sem ativação e pré-ativadas 0o, 20o, 30o e 40o. Quando ativadas 0,5mm e préativadas 0o, 20o, 30o e 40o, as alças Bull proporcionaram magnitudes de Momento de 256,6g/mm, 870,2g/ mm, 1398,6 g/mm e 1554 g/mm respectivamente. No entanto, devido 19 às elevadas magnitudes de força necessárias para ativação das alças Bull, as proporções M/F foram de 1,1, 2,7, 3,3 e 2,8. Portanto, quando ativada 0,5mm, a alça Bull proporciona somente movimento de inclinação descontrolada, uma vez que sua proporção M/F não ultrapassa 3,3 g/mm (BURSTONE; KOENIG, 1976; BURSTONE; PRYPUTNIEWICS, 1980; SMITH; BURSTONE, 1984; TANNE; KOENIG, BURSTONE, 1988). As magnitudes de Momento liberadas pelas alças Bull com ativações de 1,0mm a 2,0mm foram de 489,4 g/mm a 1.747,0 g/mm. Em função das elevadas magnitudes de força necessárias para ativação das alças Bull, suas proporções M/F para esse intervalo de ativação variaram de 1,2 a 2,3, insuficientes para sequer produzir o movimento de inclinação controlada. Portanto, conforme os resultados demonstrados nas tabelas 1 e 2, as proporções M/F obtidas pelas alças Bull durante as ativações de 0,0mm a 2,0mm variaram de 1,1 a 3,3, conseqüentemente não atingindo a proporção M/F necessária para produzir o movimento de inclinação controlada. Fio de aço inoxidável .018" x .025" Com relação às magnitudes da Força horizontal (Fh), demonstradas na tabela 1 e no gráfico 1, e às proporções Carga/Deflexão (C/D), demonstradas na tabela 1 e ilustradas no gráfico 4, pode-se considerar que: • as alças Bull, quando construídas com fio de aço inoxidável .018" x .025", apresentaram magnitudes de força ligeiramente maiores que as daquelas construídas com fio de aço inoxidável .017" x.025". Assim, as alças Bull, quando ativadas 0,5mm e pré-ativadas 0o, 20o, 30o e 40 o, geraram 196g, 403g, 433g e 578g respectivamente. Quando não pré-ativadas, liberaram uma magnitude de força de 196g, favorável à retração dos caninos superiores; quando pré-ativadas, liberaram magnitudes de força favoráveis para retração em massa superior e inferior. A proporção C/D variou de 392g/mm a 1.156g/mm. Com 1,0mm de ativação, as alças Bull geraram 384g quando não pré-ativadas (0o); no entanto, com pré-ativações de 20o, 30o e 40o, as magnitudes de força aumentaram consideravelmente (622g, 654g e 808g). Portanto, as alças Bull, quando construídas com essa secção transversal, poderão ser utilizadas com magnitudes de força ideais para retração dos incisivos superiores desde que não pré-ativadas e, também, para a retração em massa dos incisivos e caninos superiores quando préativadas 20o ou 30o. Quando ativadas 1,5mm e préativadas de 0o a 40o, liberaram magnitudes de força variando de 561g a 1002g e, por conseguinte, proporções C/D de 374g/mm a 668g/mm. Portanto, essas alças podem ser ativadas e utilizadas para retração em massa dos incisivos e caninos superiores desde que não pré-ativadas. Ativações acima de 1,5 mm geraram TABELA 1 Médias para a Força horizontal (Fh), Momento (M), proporção Momento/Força (M/F) e proporção Carga/Deflexão (C/D) gerados pela alça Bull modificada segundo a secção transversal do fio de aço inoxidável .017” x .025” e .018” x .025” e a interação ativação x pré-ativação. Ativ. Pré-ativ. 0 0,5 1 1,5 2 ——— .018” x .025” ———Fh Tukey M Tukey M/F Tukey Tukey 0 0,0 A 0,0 A —- —- 0,0 A 0,0 A 0,0 A —- —- 0,0 A 20 0,0 A 689,8 B —- —- 0,0 A 0,0 A 723,0 B —- —- 0,0 A 30 0,0 A 1286,0 C —- —- 0,0 A 0,0 A 888,0 C —- —- 0,0 A 40 0,0 A 1509,0 D —- —- 0,0 A 0,0 A 1136,0 D —- —- 0,0 A 0 232,0 A 256,6 A 1,1 A 464,0 A 196,0 A 198,0 A 1,0 A 392,0 A 20 324,0 B 870,2 B 2,7 B 648,0 B 403,0 B 855,0 B 2,1 B 806,0 B 866,0 B 30 432,0 C 1398,6 C 3,3 B 864,0 C 433,0 B 1019,0 C 2,4 B 40 564,0 D 1554,0 D 2,8 B 1128,0 D 578,0 C 1160,0 D 2,0 B 1156,0 C 0 419,0 A 489,4 A 1,2 A 419,0 A 384,0 A A 1,0 A 384,0 A 527,0 B 1024,0 B 2,0 B 527,0 B 622,0 B 1022,6 B 1,7 B 622,0 B 30 646,0 C 1505,2 C 2,3 B 646,0 C 654,0 B 1165,0 C 1,8 BC 654,0 B 40 778,0 D 1632,0 C 2,1 B 778,0 D 808,0 C 1202,0 C 1,5 C 808,0 C 0 593,0 A 687,8 A 1,2 A 395,3 A 561,0 A 20 707,0 B 1140,8 B 1,6 B 471,3 B 797,0 B 369,0 C/D Tukey 20 A 1,1 A 374,0 A 1153,6 B 605,0 1,5 AB 531,3 B 30 812,0 B 1598,8 C 2,0 BC 541,3 B 828,0 B 1259,0 B 1,5 BC 552,0 B 40 955,0 C 1701,2 C 1,8 C 636,7 C 1002,0 C 1236,0 B 1,2 C 668,0 C 740,0 A 857,4 A 1,1 A 356,0 A 1255,0 B 1,4 A 469,0 B 0 20 30 40 20 ——— .017” x .025” ———M Tukey M/F Tukey C/D Tukey Fh 862,0 A B 1226,8 946,0 A 1,2 A 370,0 A 712,0 A B 1,4 AB 431,0 AB 938,0 B 799,0 B 1663,0 C 1,8 BC 473,0 B 971,0 B 1345,0 B 1,4 AB 485,5 B 1100,0 C 1747,0 C 1,6 C 550,0 C 1130,0 C 1265,0 B 1,1 B 565,0 C R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 13-24, mar./abr. 2002 magnitudes de força excessivas, conforme pode ser verificado nas tabelas anteriormente citadas. Em relação às magnitudes dos Momentos (M), demonstradas na tabela 1 e no gráfico 2, e às proporções Momento/Força (M/F), ilustradas na tabela 1 e no gráfico 3, podese verificar que: • quando ativadas 0,0 mm ou 0,5 mm, as alças Bull proporcionaram magnitudes de Momentos que variaram de 0 g/mm a 1.160 g/mm. As proporções M/F geradas para 0,5 mm de ativação e pré-ativações de 0o a 40o variaram de 1,0 a 2,4. Para 1,0 mm de ativação da alça Bull com as mesmas intensidades de pré-ativações, as magnitudes dos Momentos e das Forças horizontais foram de 369g/mm, 1.022,6g/mm, 1.165,0 e 1.202g/mm e de 384g, 622g, 654g e 808g, respectivamente. Portanto, as proporções M/F foram de 1,0, 1,7, 1,8 e 1,5. Verifica-se que as pré-ativações aumentaram as magnitudes das forças horizontais, conseqüentemente diminuin- do as proporções M/F. Portanto, temse que as alças Bull proporcionam somente movimento por inclinação descontrolada. Fio de aço inoxidável .019" x .025" Com relação às magnitudes da Força horizontal (Fh), demonstradas na tabela 2 e no gráfico 1, e às proporções Carga/Deflexão (C/D), demonstradas na tabela 2 e ilustradas no gráfico 4, pode-se considerar que: • para ativação de 0,5 mm e préativação de 0o, as alças Bull geraram 211g de força horizontal, compatíveis com as magnitudes necessárias para retração do canino superior ou dos incisivos inferiores. Para pré-ativações de 20 o, 30 o e 40o, geraram, respectivamente, 428g, 549g e 596g, favoráveis para retração em massa dos incisivos e caninos inferiores ou superiores. Novamente, verificou-se que as pré-ativações influenciaram significantemente nas magnitudes de forças. Dessa forma, com 1,0mm de ati- vação e sem pré-ativação, geraram uma magnitude de força e uma proporção C/D de 423g, compatíveis para retração em massa dos incisivos e caninos inferiores. Já a inserção de 20 o de pré-ativação proporcionará 684g de força, magnitude próxima daquela necessária para retração em massa dos incisivos e caninos superiores. Por outro lado, préativações de 30o e 40o, mantendo-se a mesma intensidade de ativação, proporcionaram magnitudes de força excessivas, 797g e 849g. Estas magnitudes de força foram semelhantes àquelas encontradas por Scelza Neto, Mucha e Chevitarese, em 1985, quando obtiveram para 1,0mm de ativação da alça Bull aproximadamente 800g de força, porém sem a inserção de pré-ativações. Autores recomendam para as alças Bull construídas com fios .019" x .025", .021" x .025" ou .0215" x .025" ativações máximas de 1,25mm a 1,5mm, uma vez que ativações superiores gerariam forças excessivas e poderiam deformá-las perma- TABELA 2 Médias para a força horizontal (Fh), Momento (M), proporção Momento/Força (M/F) e proporção Carga/Deflexão (C/D) gerados pela alça Bull modificada, segundo a secção transversal do fio de aço inoxidável .019” x .025” e .021” x .025” e a interação ativação x pré-ativação. ——— .021” x .025” ———Fh Tukey M Tukey M/F Tukey C/D Tukey A 0,0 A 0,0 A —- —- 0,0 A 0,0 A 0,0 A 447,0 A —- —- 0,0 A —- 0,0 A 0,0 A 1722,0 B —- —- 0,0 A —- 0,0 A 0,0 A 1647,0 B —- —- 0,0 A 1,2 A 422,0 A 298,0 A 375,0 A 1,3 A 596,0 A 1,9 B 856,0 B 495,0 B 664,6 B 1,3 A 990,0 B C 1,9 B 1098,0 C 694,0 C 1346,0 C 2,0 B 1388,0 C C 2,0 B 1192,0 C 836,0 D 1866,0 D 2,2 B 1672,0 D A 1,0 A 423,0 A 585,0 A 789,0 A 1,4 A 585,0 A 955,0 B 1,4 AB 684,0 B 814,0 B 1023,0 A 1,3 A 814,0 B C 1193,0 C 1,5 B 797,0 C 1036,0 C 1540,0 B 1,5 AB 1036,0 C C 1304,2 C 1,6 B 849,0 C 1146,0 D 2040,0 C 1,8 B 1146,0 D 608,0 A 717,2 A 1,2 A 405,3 A 827,0 A 1150,0 A 1,4 A 551,3 A 871,0 B 1098,0 B 1,3 A 580,7 B 1077,0 B 1287,4 A 1,2 AB 718,0 B 30 978,0 BC 1271,0 BC 1,3 A 652,0 BC 1287,0 C 1664,4 B 1,3 AB 858,0 C 40 1043,0 C 1398,0 C 1,4 A 695,3 C 1370,0 C 2176,0 C 1,6 B 913,3 C 0 774,0 A 979,0 A 1,3 A 387,0 A 1042,0 A 1461,0 A 1,4 A 521,0 A 20 1036,0 B 1210,2 AB 1,2 A 518,0 B 1293,0 B 1484,0 A 1,2 A 646,5 B 30 1134,0 BC 1364,0 B 1,2 A 567,0 BC 1466,0 C 1756,0 A 1,2 A 733,0 C 40 1197,0 C 1463,0 B 1,2 A 598,5 C 1557,0 C 2284,0 B 1,5 A 778,5 C Ativ. Pré-ativ. 0 0,5 1 1,5 2 ——— .019” x .025” ———M Tukey M/F Tukey C/D Tukey Fh Tukey 0 0,0 A 0,0 A —- —- 0,0 20 0,0 A 570,0 B —- —- 30 0,0 A 872,0 C —- 40 0,0 A 1074,0 D —- 0 211,0 A 242,0 A 20 428,0 B 779,0 B 30 549,0 C 1047,0 40 596,0 C 1172,0 0 423,0 A 426,0 20 684,0 B 30 797,0 40 849,0 0 20 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 13-24, mar./abr. 2002 21 nentemente (BULL, 1951; TWEED, 1966; HIXON et al., 1969; SCELZA NETO; MUCHA, CHEVITARESE, 1985). Assim, quando ativadas 1,5 mm e com 0o de pré-ativação, geraram 608 g, sendo esta magnitude de força favorável para retração em massa dos incisivos e caninos superiores. Quando pré-ativadas de 20o a 40o, essas alças geraram aproximadamente 960 g de força horizontal, magnitude de força além do necessário para o fechamento de espaços, desencadeando conseqüentemente um processo de hialinização e ocasionando a reabsorção solapante, além de favorecer a mesialização dos dentes posteriores. Para as magnitudes de Momento (M), demonstradas na tabela 2 e ilustradas no gráfico 2, e das proporções Momento/Força (M/F), ilustradas na tabela 2 e ilustradas no gráfico 3, pode-se fazer as seguintes considerações: • com 0,5 mm de ativação, geraram magnitudes de Momento de 242g/mm com pré-ativação de 0o e de 779 g/mm, 1.047 g/mm e 1.172 g/mm para pré-ativações de 20o, 30o e 40o respectivamente. No entanto, exigiram elevadas magnitudes de força para ativá-las, responsáveis pelas baixas proporções M/F liberadas pelas mesmas (máxima proporção M/F foi de 2). Portanto, quando ativadas 0,5mm e pré-ativadas de 20o a 40o, novamente proporcionaram apenas o movimento por inclinação descontrolada. A opção de utilização da alça Bull, especificamente para essa secção transversal, deve ser baseada principalmente nos diferentes sistemas de força gerados. Por exemplo, a alça Bull, quando ativada 1,0mm e pré-ativada 40o, gerou uma magnitude de força horizontal de 849 g e, conseqüentemente, uma proporção C/D da mesma intensidade, um momento de 1.304,2 g/mm e uma baixa proporção M/F (1,6) em função da elevada mag22 nitude de força. Para ativações acima de 1,0 mm, as alças geraram maiores magnitudes de momento; contudo, geraram maiores magnitudes de força durante suas ativações e, conseqüentemente, baixas proporções M/F. Fio de aço inoxidável .021" x .025" Com relação às magnitudes da Força horizontal (Fh), demonstradas na tabela 2 e ilustradas no gráfico 1, e às proporções Carga/Deflexão (C/ D), demonstradas na tabela 2 e ilustradas no gráfico 4, pode-se considerar que: • as alças Bull construídas com essa secção transversal apresentaram-se muito rígidas e, conseqüentemente, geraram elevadas magnitudes de força horizontal. Entretanto, é uma secção transversal muito estudada e/ou recomendada pela literatura para construção dessas alças (SHAPIRO, 1957; HIXON et al., 1969; ALBUQUERQUE, 1987; TOTTI; SATO, 1992). Assim, essas alças com ativações de 1,0mm geraram magnitudes de força de 585g, 814g, 1.036g e 1.146g quando inseridas pré-ativações de 0 o, 20 o, 30 o e 40 o respectivamente. Quando não pré-ativadas, geraram magnitudes favoráveis para retração em massa dos incisivos e caninos superiores; porém, quando inseridas quaisquer intensidades de pré-ativações, geraram magnitudes de força acima daquelas ideais preconizadas para o fechamento de espaços. Com o intuito de diminuir a magnitude de força gerada, Totti e Sato em 1992, recomendaram a construção dessa alça com 9,0mm de altura por 3,0mm de diâmetro em sua curvatura, gerando, dessa forma, 411g de força horizontal para 1,0mm de ativação. Ativações acima de 1,5mm geraram forças que variaram de 1.042g a 1.557g. Portanto, parece sensato afirmar que as alças Bull, quando construídas com fio .021" x .025", com a configuração utilizada neste trabalho, deveriam ser ativadas no máximo 1,0mm e preferencialmente sem a inserção de grandes quantidades de pré-ativações. Se houver a necessidade de inserir préativações durante sua utilização, poder-se-ia deixar as pernas das alças ligeiramente abertas em sua base, minimizando, assim, o acúmulo de forças ao inserir as extremidades dessas alças nas canaletas dos braquetes. Devido às elevadas quantidades de força necessárias para ativar essas alças, suas proporções C/D também se apresentaram elevadas. Para ativações de 1,0 mm e 1,5 mm, essas alças proporcionaram 585 g/ mm, 814 g/mm, 1.036 g/mm e 1.146 g/mm e, 551,3 g/mm, 718 g/mm, 858 g/mm e 913,3 g/mm, respectivamente, configurando, dessa forma, a liberação de forças pesadas, propiciando a mesialização dos dentes posteriores durante o fechamento de espaços (BEGG, 1956; REITAN, 1957; STRANG, 1957; PAULSON; SPEIDELT; ISAACSON, 1970; CAPUTO; CHACONAS; HAYASHI, 1974). Em relação às magnitudes de Momento (M), demonstradas na tabela 2 e ilustradas no gráfico 2, e às proporções Momento/Força (M/F), ilustradas na tabela 2 e ilustradas no gráfico 3, pode-se verificar que: • com ativação de 0,0mm, as magnitudes de Momento geradas pelas alças Bull foram de 447 g/mm, 1.722 g/mm e 1.647 g/mm quando pré-ativadas com 20o, 30o e 40o. Devido à incidência somente de Momento, ocorreu nos dentes anteriores, o movimento radicular em direção lingual e um pequeno movimento de inclinação coronária em direção vestibular (MELSEN; FOTIS; BURSTONE, 1990). Quando ativadas 0,5mm e préativadas 0o, 20o, 30o e 40o, as alças Bull geraram magnitudes de Momen- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 13-24, mar./abr. 2002 também aumentaram em demasia e, conseqüentemente, diminuíram suas proporções M/F, que variaram de 1,3 a 1,8. Quando ativadas 1,5 mm, as alças Bull geraram magnitudes de momento que oscilaram de 1.150 g/mm a 2.176 g/mm, e novamente, em função das elevadas magnitudes de força durante as ativações, as proporções M/F variaram de 1,2 a 1,6. Ativações de 2,0 mm geraram proporções M/F abaixo de 1,5. CONCLUSÃO 8 UNITEK, were evaluated through mechanics tests, for four different thickness: .017”x .025”, .018”x .025”, .019”x .025”, .021”x.025”; and four different preactivation: 0º, 20º, 30º and 40º. According to the results, it could be concluded that the preactivation increased the force magnitude of Bull loop; the Bull loop showed lower M/F proportion, presenting only the uncontrolled inclination movement. Key words: Orthodontic. Tooth Extration. Orthodontic Space Closure. Traction Resistance. Orthodontics Loops. BULL, H. L. Obtaining facial balance in the treatment of class II, division 1. Angle Orthod, Appleton, v. 21, p.139-149, 1951. BURSTONE, C. J.; GROVES, M. H. Threshold and optimum force values for maxillary tooth movement. J Dent Res, Chicago, v. 39, p. 695, 1961. ANGLE, E. H. Treatment of maloclusion of teeth. 7th ed. Philadelphia: White Dental Manufacturing, 1907. p. 132-139. BURSTONE, C. J. Application of bioengineering to clinical orthodontics. In: GRABER, T. M.; VANARSDALL Jr., R. L. Orthodontics current principles and techniques. 2nd ed. St.Louis: Mosby, 1994. BURSTONE, C. J.; KOENIG, H. A. Creative were bending - the force system from step and V bends. Am J Orthod Dentofacial Orthop, St. Louis, v. 93, p. 59-67, 1988. BAETEN, L.R. Canine retraction: a photoelastic study. Am J Orthod, St. Louis, v. 67, p. 11-23, 1975. BURSTONE, C. J. Rationale of the segmented arch. 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Com 1,0mm de ativação, as alças apresentaram magnitudes mais elevadas de momento, como pode ser verificado na tabela 2, porém as magnitudes de força para ativá-las 1 As alças Bull modificada geraram altas proporções carga/deflexão, conseqüentemente proporcionando elevadas magnitudes de força durante sua desativação. 2 Essas alças geraram baixas proporções momento/força, proporcionando apenas movimento por inclinação descontrolada. 3 A inserção das dobras de préativações aumentaram significantemente as magnitudes de forças. Abstract The purpose of this study was to evaluate the Bull loop’s force system when it was in the middle of the interbracket space, and constructed with different stainless steel wire thickness, activation and preactivation. Eighty Bull loops, made with stainless steel wire 18/ REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, F. M. Análise comparativa de alguns recursos no fechamento de espaços de extrações de primeiros pré-molares. 1987. 43 f. 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Endereço para correspondência Roberto Hideo Shimizu Rua Padre Anchieta, 1846 conj. 602/3/4 - CEP 80730-000 - Curitiba - Paraná e-mail: [email protected] 24 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 13-24, mar./abr. 2002 Artigo Inédito Alteração da Inclinação do Plano Oclusal em Cirurgia Ortognática Alteration of the Occlusal Plane Cant in Orthognathic Surgery Resumo Andrea Goes Acerbi O presente estudo consiste na revisão da literatura sobre a manipulação do plano oclusal em cirurgia ortognática. A inclinação do plano oclusal pode ser aumentada por meio de rotação do complexo maxilomandibular no sentido horário, ou reduzida por meio de autorotação mandibular ou de rotação do complexo maxilomandibular no sentido anti-horário. Os três procedimentos são descritos, sendo discutidas suas indicações, efeitos estéticos e possíveis implicações sobre a função e morfologia das articulações temporomandibulares. O assunto é relevante para o ortodontista e para o cirurgião, uma vez que a alteração da inclinação do plano oclusal pode influir de forma significativa no resultado estético e funcional do tratamento ortodôntico-cirúrgico das deformidades dentofaciais. INTRODUÇÃO A correção das deformidades dentofaciais tem como conseqüência comum a alteração do plano oclusal. Os efeitos dessa alteração têm atraído atenção não só durante o planejamento do tratamento, mas também no que concerne a estabilidade dos resultados. Segundo Wolford et al. (1994), a abordagem tradicional da cirurgia bimaxilar, mantém a angulação inicial, estabelece uma nova angulação às custas da auto-rotação mandibular ou, ainda, aumenta a angulação do plano oclusal de forma seletiva em relação ao plano horizontal de Frankfurt. Apesar de alcançarem relação oclusal aceitável, esses métodos podem não prover relação funcional e estética ótima das estruturas musculares, esqueléticas e da dentadura, em todos os casos. A rotação do complexo maxilomandibular no sentido anti-horário tem sido tradicionalmente considerada um procedimento instável e, portanto, de restrita aplicação clínica (EPKER; FISH 1986; PROFFIT; BELL, 1980). No entanto, por razões estéticas e funcionais, alguns autores como Chemello et al. (1994), Cottrell et al. (1997) e Rosen (1993), têm reavaliado a estabilidade desse procedimento e defendido sua aplicação em determinados casos. Em geral, a necessidade estética constitui a queixa principal que leva à procura pelo tratamento ortodôntico-cirúrgico. No entanto, estudos como os de Athanasiou et al. (1989), Kerstens et al. (1989) e Magnusson et al. (1986), mostram que a função estomatognática dos pacientes Andrea Goes Acerbi* José Rino Neto** João Batista de Paiva** Marcelo Melo Soares*** Palavras-chave: Cirurgia Ortognática. Ortodontia. Plano Oclusal. * Cirurgiã-dentista Estagiária do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. ** Professores Doutores do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. *** Professor Assistente do Serviço de Cirurgia Buco-maxilo-facial do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 25-32, mar./abr. 2002 25 portadores de deformidades dentofaciais é geralmente pobre, e o tratamento deve visar, além de estética, melhora funcional. Em ambos os aspectos, a correta manipulação do plano oclusal deve exercer um importante papel sobre o resultado final. O presente estudo tem por objetivo revisar a literatura quanto às diferentes manipulações cirúrgicas do plano oclusal, discutindo suas indicações e efeitos estéticos, além de suas possíveis repercussões sobre a morfologia e função das articulações temporomandibulares, nos pacientes que se submetem à correção de deformidades dentofaciais. Em geral, a literatura consultada mostra que a alteração do ângulo do plano oclusal pode influir de forma significativa no resultado estético e funcional do tratamento ortodôntico-cirúrgico das deformidades dentofaciais. Existem, no entanto, diferentes abordagens desse tópico. Enquanto Wolford et al. (1993, 1994), Mc Collum et al. (1989), Reyneke e Evans (1990) e Sarver et al. (1993) entendem a manipulação do ângulo do plano oclusal como uma modalidade de tratamento, Epker (1993) considera essa alteração uma simples decorrência dos diversos procedimentos cirúrgicos, criticando a manipulação deliberada desse ângulo no intuito de obter melhores resultados estéticos e funcionais. A despeito dessa divergência conceitual, segue-se uma divisão didática das possibilidades de alteração do ângulo do plano oclusal, discutindo-se os principais aspectos referentes ao seu emprego e repercussões. AUMENTO DA INCLINAÇÃO DO PLANO OCLUSAL Indicação Proposta por McCollum et al. (1989), como alternativa para o tratamento de pacientes com maloclusões Classe I e baixo ângulo do plano oclusal, a rotação do complexo maxilomandibular no sentido horário tem, segundo Wolford et al. (1994), indicação mais ampla. Para esses autores, são 26 candidatos a esse tipo de correção, pacientes que apresentam as seguintes características: plano oclusal com inclinação inferior a 4 graus; baixa inclinação do plano mandibular; ângulo goníaco proeminente; mento pronunciado em relação ao processo alveolar; geralmente maloclusão Classe II divisão 2 e, eventualmente, maloclusões Classe I e III de Angle; curva de Spee acentuada no arco inferior; sobremordida profunda; alterações na inclinação vestíbulo-lingual dos incisivos inferiores e, por fim, inclinação lingual dos incisivos superiores. Segundo Mc Collum et al. (1989), esse tipo facial apresenta paralelismo entre os planos mandibular, oclusal, palatino e o da base anterior do crânio, caracterizando a face de ângulo reduzido, ou a mordida profunda esquelética. Sarver et al. (1993) citam ainda, como critérios gerais para indicação desse procedimento, a insuficiência maxilar vertical ou horizontal e a altura relativamente igual dos ângulos goníaco e mentoniano (FIG. 1-1). Movimentos cirúrgicos Na técnica descrita por McCollum et al. (1989), Reyneke e Evans (1990) e Wolford et al. (1993), o ângulo do plano oclusal superior é aumentado, em direção à inclinação normal, por meio do reposicionamento superior da porção posterior da maxila, tendo a região anterior como fulcro. Criada a mordida aberta posterior, executa-se a fixação rígida da maxila, para posicionar a mandíbula. A porção posterior do corpo da mandíbula é elevada, após a realização de osteotomias sagitais bilaterais, permitindo que os incisivos inferiores se movam para baixo, e para frente ou para trás, até relação de Classe I (FIG. 1-2). Caso a maxila seja segmentada em três partes, a angulação dos incisivos pode ser selecionada independentemente da alteração do plano oclusal. Isto simplifica o tratamento ortodôntico, pois dispensa a prévia compensação na angulação dos incisivos, além de melhorar a estabilidade. Nes- sa abordagem, é a nova posição da maxila que determina a inclinação do plano oclusal, sendo que a mandíbula requer ajustes cirúrgicos para acomodar-se à inclinação do arco dentário superior. Qualquer alteração ânteroposterior dos maxilares se dará segundo o novo plano oclusal. A técnica permite variação na posição do centro de rotação em torno do qual a inclinação da maxila será ajustada. O centro pode estar localizado na espinha nasal anterior, na borda incisal dos incisivos centrais superiores, ou em qualquer ponto intermediário, o que será ditado primariamente pelas exigências estéticas do caso. O procedimento é relativamente simples, quando comparado à osteotomia subapical total, além de ter menor grau de morbidade em relação ao nervo alveolar inferior, conforme afirmam Reyneke e Evans (1990). Segundo Wolford et al. (1994), o uso de fixação interna rígida elimina a necessidade de fixação intermaxilar após a cirurgia, além de proporcionar um resultado mais previsível. Esses autores advertem que cuidados devem ser tomados a fim de evitar a sobrecarga articular. Efeitos sobre as variáveis clínicas e cefalométricas O procedimento implica no aumento da inclinação dos planos oclusal e mandibular; rotação posterior do mento tornando-o menos proeminente em relação à posição ântero-posterior dos incisivos inferiores; redução da altura facial posterior; avanço das estruturas perinasais; lingualização dos incisivos superiores e vestibularização dos incisivos inferiores. O centro de rotação terá efeito sobre o resultado estético. Caso a rotação se dê em torno da borda incisal do incisivo superior, a área perinasal avançará e o mento rotacionará no sentido horário. Caso a rotação se dê em torno do ponto A, a área perinasal não será afetada de forma significativa, porém, a borda incisal dos incisivos superiores, a região in- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 25-32, mar./abr. 2002 FIGURA 1-1) Deficiência ântero-posterior da maxila e da mandíbula em indivíduo de padrão facial hipodivergente. O plano oclusal apresenta-se paralelo ao plano horizontal de Frankfurt. FIGURA 1-2) Rotação do complexo maxilo-mandibular no sentido horário, aumentando a inclinação do plano oclusal. Avanço da maxila e da mandíbula ao longo do novo plano oclusal. FIGURA 1-3) Sobreposição dos traçados pré (linha tracejada) e pós-cirúrgicos (linha cheia), evidenciando, além do avanço da maxila e da mandíbula, aumento da altura facial anterior inferior e redução da altura facial posterior inferior. ferior do lábio superior e o mento rotacionarão em sentido horário (McCOLLUM et al., 1989; REYNEKE; EVANS, 1990; WOLFORD et al, 1994). Procedimentos concomitantes, como o avanço da mandíbula e da maxila, realizados segundo o novo plano oclusal visam normalizar as relações estéticas da face (FIG. 1-3). to, Reyneke e Evans (1990) afirmam que a excessiva alteração do plano oclusal poderia afetar o equilíbrio entre a guia condilar da eminência articular e as angulações das guias incisais responsáveis pela desoclusão posterior em protrusão. Porém, não encontraram alterações na atividade das articulações temporomandibulares, sendo que a alteração máxima na angulação do plano oclusal foi de 9 graus. McCollum et al. (1989) também salientam a importância de se avaliar a repercussão da alteração do plano oclusal no tocante à altura das cúspides, a fim de respeitar os princípios da oclusão protegida, defendidos por Okeson (1985). Segundo Athanasiou et al. (1989), ainda não foi estabelecida uma forte correlação entre as deformidades dentofaciais e a disfunção crânio-mandibular. No entanto, estudando os sintomas articulares pré- e pós-cirurgia ortognática, Kerstens et al. (1989) notaram que o grupo de pacientes que apresentava maior sintomatologia pré-operatória era o dos que apresentavam “ângulos baixos” ou sobremordida profunda, ou seja, pacientes candidatos à rotação do plano oclusal no sentido horário. Foram observados nesse mesmo grupo de pacientes os melhores resultados quanto à redução dos sintomas após o tratamento, mostrando que a possibilidade de resolução articular é maior nessa deformidade. Os autores afirmam que, possivelmente, a redução da pressão intraarticular levaria à melhora da função, na ausência de maiores patologias no disco articular. Estabilidade e efeitos sobre a função e morfologia da ATM A rotação do complexo maxilomandibular no sentido horário tornouse um dos métodos mais reconhecidos de tratamento, por ser previsível e estável, uma vez que todos os músculos da mastigação permanecem praticamente com o mesmo comprimento ou, no máximo, são reduzidos (WOLFORD et al., 1994). Chemello et al. (1994) avaliaram a estabilidade desse procedimento a longo prazo, utilizando traçados cefalométricos realizados antes, imediatamente após e 21 meses, em média, após a cirurgia. Os autores concluíram que a rotação do plano oclusal no sentido horário, com uso de fixação interna rígida, é um procedimento estável a longo prazo, quando executado em pacientes com articulações saudáveis. No entan- R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 25-32, mar./abr. 2002 REDUÇÃO DA INCLINAÇÃO DO PLANO OCLUSAL A redução da inclinação do plano oclusal, ou seja, a rotação do plano oclusal no sentido anti-horário ou póstero-superior pode ser feita de duas maneiras. A primeira e mais difundida consiste na auto-rotação da mandíbula após o reposicionamento superior da maxila, sendo que a mandíbula não é manipulada cirurgicamente. Esse procedimento tem sido documentado como um dos mais estáveis em cirurgia ortognática. Já a rotação do complexo maxilomandibular no sentido anti-horário é outra maneira de se promover a redução do ângulo do plano oclusal. Entretanto, tem sido extensamente discutida e freqüentemente criticada por sua instabilidade (EPKER; FISH 1986; PROFFIT, BELL, 1980). Os dois procedimentos serão discutidos separadamente. 27 A) Auto-Rotação da Mandíbula Indicações Descrito por Wolford e Epker em 1975, o procedimento está indicado para indivíduos com altura facial anterior inferior aumentada, exposição excessiva dos dentes anteriores superiores em repouso ou durante o sorriso, e distância interlabial aumentada. O perfil desses pacientes se caracteriza pela altura facial inferior anterior aumentada e incompetência labial, com o mento aparentemente reduzido. A avaliação oclusal geralmente revela maloclusão Classe II divisão 1, com ou sem mordida aberta e o palato é freqüentemente ogival. Os indivíduos candidatos a esse procedimento demonstram, na análise cefalométrica, além de altura facial anterior inferior aumentada, ângulo SNB reduzido, ângulo ANB aumentado e aumento da inclinação dos incisivos, especialmente nos casos de mordida aberta anterior (FIG. 2-1). Segundo Epker e Fish (1980), existem dois tipos de pacientes para os quais nenhuma cirurgia mandibular simultânea está indicada, podendo-se indicar a rotação mandibular simples. O primeiro é o paciente com maloclusão Classe I, cuja maxila pode FIGURA 2-1 - Altura facial anterior inferior aumentada, incompetência labial e exposição excessiva do incisivo superior, em indivíduo de padrão facial hiperdivergente. Plano oclusal excessivamente inclinado em relação ao plano horizontal de Frankfurt. 28 ser reposicionada superior e anteriormente o montante ditado pela autorotação, mantendo a oclusão Classe I, com melhora estética. O segundo é o paciente com maloclusão Classe II, cuja maxila pode ser reposicionada superior e posteriormente em conjunto com a auto-rotação mandibular, corrigindo a maloclusão sem comprometer a estética. Nos casos em que a auto-rotação simples não proporciona o resultado estético satisfatório, esses autores preconizam a execução de procedimentos complementares, como a cirurgia mandibular subapical, a mentoplastia de aumento ou de redução, e o avanço ou recuo da mandíbula. Movimentos cirúrgicos O reposicionamento superior da maxila após secção desta em três ou mais segmentos permite a auto-rotação mandibular em direção ânterosuperior. As predições do grau de impacção maxilar e de rotação mandibular subseqüente são obtidas por meio de traçados cefalométricos, sendo o côndilo o centro de rotação (EPKER, 1993; WOLFORD; EPKER, 1975) (FIG. 2-2). No entanto, Sperry et al. (1982) observando que nem sempre a rotação leva a mandíbula FIGURA 2-2 - Reposicionamento superior da região posterior da maxila e auto-rotação da mandíbula. para a posição prevista, sugerem que o centro de rotação mandibular não seja o centro do côndilo. Segundo esses autores, o centro de rotação recai sobre o processo mastóide, tendo sido demonstrada diferença clínica significante em função dessa variável. Efeitos sobre as variáveis clínicas e cefalométricas O procedimento elimina a mordida aberta, corrige a incompetência labial e reduz a altura facial anterior inferior (FIG. 2-3). Pode ainda estabelecer oclusão Classe I, reduzindo o grau de retrognatismo mandibular, conforme afirmam Wolford e Epker (1975). Existe, no entanto, controvérsia quanto aos resultados estéticos alcançados por meio desse procedimento. Epker e Fish (1980), Wolford et al. (1993, 1994) e Rosen (1993) concordam que a simples auto-rotação, seguida dos ajustes ântero-posteriores, que ocorrem necessariamente no novo plano oclusal por ela determinado, não leva a resultados satisfatórios em todos os casos. Rosen (1993), por exemplo, salienta que para o tratamento da micrognatia mandibular severa, em que além da deficiência horizontal o ramo mandibular exibe deficiência vertical, a auto- FIGURA 2-3 - Sobreposição dos traçados pré- (linha tracejada) e pós-cirúrgicos (linha cheia), evidenciando redução da inclinação do plano oclusal e da altura facial anterior inferior, além da obtenção de selamento labial. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 25-32, mar./abr. 2002 rotação falha por não alcançar adequado grau de protrusão mandibular além de promover redução adicional da altura facial posterior, sem melhora significativa da excessiva inclinação do plano oclusal. Entretanto, a forma de lidar com esses casos difere entre esses mesmos autores. Enquanto Epker e Fish (1980) propõem uma série de procedimentos simultâneos à auto-rotação, Wolford et al. (1993, 1994) e Rosen (1993) defendem a rotação de todo o complexo maxilomandibular no sentido anti-horário. Estabilidade e efeitos sobre a função e morfologia da ATM Segundo Wolford e Epker (1975), a auto-rotação da mandíbula constitui um procedimento altamente previsível e estável, trazendo alguma preocupação apenas no que concerne à redução da dimensão vertical e no conseqüente espaço livre aumentado. No entanto, os mesmos autores relatam a rápida adaptação do paciente a essa nova dimensão vertical, restabelecendo o espaço livre normal. Wessberg (1982) constatou a ocorrência de rotação mandibular compensatória guiada pela programação neuromuscular, que melhora ou ao menos preserva a função mastigatória, mantendo constante a distância inter-oclusal. Ainda assim, sugeriram cautela na correção de deformidades dentofaciais severas caracterizadas por faces longas. Afirmaram que quanto maior a movimentação superior da maxila, mais distantes entre si estarão as posições de oclusão central e de repouso, o que acarretaria perda de eficiência mastigatória. O’Ryan e Epker (1983) avaliaram os sintomas, a função e a anatomia articular de pacientes que se submeteram à auto-rotação mandibular e concluíram que, em geral, a função temporomandibular é normal após esse tipo de cirurgia. A incidência de sinais e sintomas é baixa, frente aos dados da literatura, para pacientes normais. O posicionamento mais posterior do côndilo na cavidade glenóide e a maior incidência de artrose podem ser conseqüências, tanto da deformidade pré-existente, quanto do tratamento instituído (O’RYAN, EPKER, 1983). Mavreas e Athanasiou (1992), avaliando o relacionamento côndilo-fossa após diversos tipos de cirurgias ortognáticas, por meio de tomografias lineares com prosseguimento pós-operatório de 6 meses, concluíram que, em média, não ocorrem alterações articulares significativas após a auto-rotação mandibular. Athanasiou et al. (1996) observaram decréscimo nos índices de disfunção mandibular além de não encontrarem alterações significativas quanto à redução de espaços articulares e compressão do disco em tomografias lineares de pacientes que se submeteram a esse tipo de cirurgia. Existem, no entanto, resultados como os de Kerstens et al. (1989), que chamam atenção para o correto reposicionamento do conjunto côndilo e disco articular durante a cirurgia, a fim de evitar a osteoartrose condilar. B) Rotação do Complexo Maxilo-Mandibular no Sentido AntiHorário Indicações O princípio da rotação do complexo maxilo-mandibular no sentido antihorário foi defendido por Tulasne e Tessier (1988), como parte do tratamento cirúrgico da Síndrome de Treacher Collins. Obwegeser (1988) sugeriu este procedimento como forma de tratamento da deficiência mandibular severa. Wolford et al. (1994) consideram mais ampla a indicação desse procedimento, afirmando que a rotação do complexo maxilo-mandibular no sentido anti-horário pode estar incluída no tratamento ortodôntico-cirúrgico de pacientes que possuem as seguintes características: plano oclusal com inclinação superior a 12 graus; angulação do plano mandibular aumentada; excesso vertical anterior da maxila e/ou deficiência vertical posterior da maxila; altura anterior da mandíbula aumentada e/ou altura posterior da R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 25-32, mar./abr. 2002 mandíbula reduzida; projeção do mento reduzida; deficiência ântero-posterior da mandíbula; inclinação dos incisivos superiores reduzida; inclinação dos incisivos inferiores aumentada; maloclusão Classe II e, eventualmente, maloclusões Classe I e III de Angle; mordida aberta anterior, que pode ser acompanhada por curva de Spee acentuada na arcada superior; perda das guias dos caninos e incisivos, além de interferências em trabalho e balanceio, nos casos mais severos onde a inclinação do plano oclusal se aproxima da inclinação da eminência articular e, finalmente, em casos mais graves de apnéia do sono, que apresentam posicionamento posterior da língua e constrição do espaço aéreo orofaríngeo (FIG. 3-1). Movimentos cirúrgicos Nessa técnica de redução da inclinação do plano oclusal, em geral, a mandíbula é reposicionada primeiramente, gerando mordida aberta posterior. O uso da goteira cirúrgica facilita o alinhamento da mandíbula, sendo então aplicada fixação rígida à mesma. Esse procedimento facilita a cirurgia maxilar, dando maior precisão em seu reposicionamento. A estabilização da maxila é realizada com a fixação de enxertos ósseos ou com hidroxiapatita porosa ou em bloco, para preencher defeitos ósseos. Em alguns casos, a altura vertical do ramo pode ser aumentada. A fixação rígida elimina a necessidade de fixação intermaxilar e elásticos guias suaves são suficientes para controlar a oclusão pós-cirúrgica, conforme afirmam Wolford et al. (1994) (FIG. 3-2). No tratamento da micrognatia da mandíbula, Rosen (1993) realiza a rotação do plano oclusal no sentido anti-horário, intruindo o segmento anterior da maxila após osteotomia Le Fort I, visando normalizar a relação da borda incisal dos incisivos superiores com o lábio superior. Intrusão mínima ou nenhuma é executada no segmento posterior. Como resultado, obtém-se mordida aberta anterior nos 29 pacientes que não a apresentavam, e aumenta-se essa abertura naqueles que já a possuíam. Após fixação rígida da maxila, são realizadas osteotomias sagitais nos ramos mandibulares a fim de promover o avanço do corpo mandibular até relação de Classe I, e de rotacionar o corpo da mandíbula para fechar a mordida aberta previamente obtida, seguindo-se a fixação rígida da mandíbula. Efeitos sobre as variáveis clínicas e cefalométricas Dentre as alterações anatômicas produzidas por esse procedimento estão: redução da angulação dos planos oclusal e mandibular; aumento da inclinação dos incisivos superiores; redução da inclinação dos incisivos inferiores; aumento da projeção do mento em relação às bordas incisais dos incisivos inferiores; possível aumento da altura facial posterior; melhora das guias dos caninos e incisivo; movimento posterior da área perinasal em relação às bordas incisais dos incisivos superiores e ainda, aumento do espaço orofaríngeo (FIG. 3-3). O centro de rotação afetará a relação estética dos maxilares com as outras estruturas faciais. Caso o centro de rotação seja a borda incisal dos incisivos FIGURA 3-1 - Retrognatismo mandibular acompanhado de excesso vertical da maxila em indivíduo de padrão facial hiperdivergente. O plano oclusal apresenta excessiva inclinação em relação ao plano horizontal de Frankfurt. 30 superiores, a área perinasal e a espinha nasal se moverão em direção posterior, e o mento em direção anterior. Caso a rotação se dê em torno do ponto A ou acima desse, a área perinasal e o nariz serão menos afetados, mas as bordas incisais dos incisivos superiores se deslocarão em direção anterior, aumentando o suporte ânteroposterior do lábio superior, e o mento se deslocará ainda mais para anterior. Segundo Kortebein (1991), quando a angulação do plano oclusal é reduzida e a mandíbula é avançada, o espaço aéreo orofaríngeo é aumentado em cerca de 40% do avanço medido nos tubérculos genianos. Estabilidade e efeitos sobre a função e morfologia da ATM A rotação do complexo maxilomandibular no sentido anti-horário é considerada um procedimento instável (EPKER; FISH, 1986; PROFFIT, BELL, 1980). Segundo Epker e Fish, 1986, o que de fato tem sido criticado por sua instabilidade é o procedimento de rotação do segmento distal mandibular no sentido anti-horário, com tentativa de alongamento do ramo, para o fechamento de mordida aberta anterior com avanço isolado da mandíbula. Essa rotação do plano oclusal FIGURA 3-2 - Rotação do complexo maxilo-mandibular no sentido antihorário. Avanço da mandíbula ao longo do novo plano oclusal. no sentido anti-horário, após osteotomias verticais dos ramos, foi associada ao aumento de alterações articulares e à recidiva, de acordo com Athanasiou et al. (1996). De fato, Finn et al. (1980) encontraram, em um modelo bidimensional, justificativas biomecânicas para o alto grau de recidiva relacionado aos procedimentos de avanço mandibular isolado, nos casos de padrão esquelético hiperdivergente. Estudos referentes à estabilidade da rotação do plano oclusal no sentido anti-horário são escassos na literatura, particularmente para a rotação de todo o complexo maxilo-mandibular neste sentido. Wolford et al. (1993) afirmam que as modificações de técnicas cirúrgicas e o desenvolvimento da fixação rígida têm melhorado de forma significativa os resultados a longo prazo. Após acompanhamento de pacientes cirúrgicos, por em média 21 meses, Chemello et al. (1994) concluíram que, assim como a rotação no sentido horário, a rotação cirúrgica do plano oclusal no sentido anti-horário em pacientes com articulações temporomandibulares saudáveis, utilizando fixação interna rígida, é um procedimento estável. Quanto ao aspecto funcional, FIGURA 3-3 - Sobreposição dos traçados pré- (linha tracejada) e pós-cirúrgicos (linha cheia), evidenciando a redução da inclinação do plano oclusal e da altura facial anterior inferior, além do avanço da mandíbula e da obtenção de selamento labial. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 25-32, mar./abr. 2002 têm-se assumido que a redução da angulação do plano oclusal por meio do aumento do comprimento facial posterior pode levar ao aumento da pressão articular devido às forças musculares e ao braço de alavanca maior. Estudando os efeitos de grandes reduções na angulação do plano oclusal sobre a posição e estrutura condilar, Cottrell et al. (1997) realizaram avaliação pós-cirúrgica de 22 pacientes a longo prazo. Observaram que a rotação no sentido anti-horário produz pequena, porém significativa redução do espaço articular posterior e superior, além de incipiente remodelação condilar principalmente na região posterior, sendo que o grau de tais alterações articulares não mostra relação com o grau de redução do ângulo do plano oclusal. Os autores advertem que desordens articulares prévias à cirurgia, quando não tratadas, podem implicar na piora dos sintomas, limitação funcional, reabsorção condilar, mordi- da aberta anterior, maloclusão e retrusão mandibular. Para esse fato, também chamam a atenção os estudos de Athanasiou e Yücel-Eroglu (1994), Mavreas e Athanasiou (1992), salientando a importância da avaliação prévia das condições articulares a fim de prever o grau de adaptação que os elementos articulares poderão suportar, e assim, melhor indicar o procedimento cirúrgico. CONCLUSÃO A decisão sobre a manipulação da inclinação do plano oclusal deve levar em conta os aspectos estéticos, funcionais e a estabilidade. O aumento da angulação do plano oclusal deve ser considerado, nos casos pertinentes, não só com vistas ao benefício estético, mas também, ao benefício funcional que em geral proporciona. Quanto à redução do ângulo do plano oclusal, a opção entre a auto-rotação da mandíbula e a rotação de todo o com- plexo maxilo-mandibular no sentido anti-horário recai, principalmente, sobre as necessidades estéticas do caso, sendo que traçados predictivos devem auxiliar na visualização dos resultados obtidos após a realização de cada um dos procedimentos. A avaliação prévia das condições articulares parece ser de fundamental importância na prevenção de complicações funcionais relacionadas, principalmente, à rotação do complexo maxilo-mandibular no sentido anti-horário. Quanto à estabilidade, parece ser este também, o procedimento que gera maior preocupação, provavelmente por não estar tão amplamente documentado quanto os demais. Finalmente, a participação do ortodontista na decisão quanto à alteração da inclinação do plano oclusal é importante, uma vez que o resultado estético e funcional do caso pode ser alterado de forma significativa, em função do procedimento escolhido. Abstract This paper reviews the existing literature on the manipulation of the occlusal plane in orthognathic surgery. The occlusal plane angulation may be increased through clockwise rotation of the maxillomandibular complex, or reduced through mandible autorotation or counterclockwise rotation of the maxillomandibular complex. The three procedures are described and their indications are discussed, as well as their esthetic results and possible implications on the function and morphology of the temporomandibular joints. The issue is relevant to both orthodontists and surgeons, since the alteration of the occlusal plane angulation may significantly influence the esthetic and functional results of the surgical-orthodontic treatment of dentofacial deformities. Key words: Orthognathic Surgery. Orthodontics. Occlusal Plane. REFERÊNCIAS ATHANASIOU, A. E. et al. 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Prof. Lineu Prestes, 2227, Cidade Universitária, São Paulo, SP, CEP: 05508-000 E-mail: [email protected] 32 R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 25-32, mar./abr. 2002 Artigo Inédito Estudo Cefalométrico do Crescimento e Flexão da Base do Crânio Humana do Nascimento aos Seis Meses de Idade Cephalometric Study of the Human Cranial Base Growth and Flexure from birth to Six Months of Age Resumo Patrícia Lanza Neste estudo, analisamos as variações no crescimento e flexão da base do crânio em peças anatômicas de crianças, pertencentes a faixa etária entre o nascimento e os seis meses de vida. Para tal, foram implantados pinos de aço inoxidável em pontos anatômicos específicos de 31 hemi-cabeças (corte sagital mediano) as quais foram radiografadas em norma lateral a uma distância padrão de 1,52m. Com o auxílio de programa de análise cefalométrica, foram obtidas medidas lineares e angulares na região. Após a análise estatística dos dados, concluímos que, neste período de vida, não ocorreram variações angulares (flexão) na base do crânio, porém houve um aumento considerável do comprimento da sua porção anterior e relativa estabilidade da sua porção posterior. Não foram observadas variações na relação angular entre os ossos esfenóide e etmóide e na inclinação da maxila. INTRODUÇÃO A base do crânio humana é uma região de particular interesse para os ortodontistas, tanto pela sua influência na oclusão dentária, (HUGGARE; KANTOMAA; SERLO; RONNING, 1990; MOSS; GREENBERG, 1955) como pela sua participação no desenvolvimento das estruturas faciais envolvidas nas funções oral e nasal (KJAER, 1990). Esta região é composta pelos ossos frontal, etmóide, esfenóide e occipital, unidos entre si pelas sincondroses que, juntamente com as áreas de suturas, permitem o crescimento e adaptação óssea da base craniana (KJAER, 1990). O crescimento ântero-posterior da massa cefálica determina o crescimento das estruturas ósseas da base do crânio, limitando e coordenando a elongação desta área devido ao íntimo relacionamento existente entre tais estruturas. Além disso, a expansão da grande massa cerebral ao redor de um pequeno segmento ventral médio (medula, ponte, hipotálamo, quiasma óptico) ocasiona a curvatura de toda face inferior do cérebro, resultando na flexão da base do crânio (ENLOW, 1993) (FIG.1). A flexão da base do crânio influencia diretamente as dimensões verticais e horizontais da face, (KVINNSLAND, 1971; HUGGARE; KANTOMAA; SERLO; RÖNNING, 1990) como a Patrícia Lanza* Ary Santos-Pinto** Paulo Domingos André Bolini*** Palavras-chave: Base Crânio. Flexão. Crescimento. Pósnatal. * Estagiária da Disciplina de Ortodontia, Departamento de Clínica Infantil, da Faculdade de Odontologia de Araraquara (UNESP). ** Prof. Assistente Doutor da Disciplina de Ortodontia, Departamento de Clínica Infantil, da Faculdade de Odontologia de Araraquara (UNESP). *** Prof. Assistente Doutor da Disciplina de Anatomia, Departamento de Morfologia, da Faculdade de Odontologia de Araraquara (UNESP). R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 33-39, mar./abr. 2002 33 1 4 5 3 2 6 7 FIGURA 1 - Desenho esquemático da flexão da base do crânio: segmento ventral médio; massa cerebral FIGURA 2 - Aspecto da peça anatômica (hemi-cabeça) em corte sagital mediano. FIGURA 3 - Pontos de referência: 1) Násio (Na); 2) Esfenóide (E); 3) Sela inferior (Si); 4) Sincondrose Esfenooccipital (Seo); 5) Básio (Ba); 6) Espinha nasal posterior (Enp); 7) Espinha nasal anterior (Ena). altura facial anterior (KVINNSLAND, 1971), a protrusão maxilar (HUGGARE; KANTOMAA; SERLO; RONNING, 1990) e a rotação mandibular (KVINNSLAND, 1971). Sendo assim, alterações nas características da base craniana afetam o relacionamento das estruturas faciais, particularmente do complexo maxilar e osso mandibular, podendo resultar em maloclusões dentárias do tipo Classe II e Classe III (HUGGARE; KANTOMAA; SERLO; RÖNNING, 1990; MOSS; GREENBERG, 1955). Mediante tais observações, foi realizado o presente estudo radiográfico da base do crânio em peças anatômicas de crianças, pertencentes a faixa etária entre o nascimento e os seis meses de vida. Procurou-se quantificar as variações na flexão da base do crânio, por meio de medições lineares e angulares tomadas nesta região, com o objetivo de determinar as relações entre as alterações na flexão da base do crânio e a posição de estruturas cranianas e complexo maxilar, nestes seis primeiros meses de vida pós-natal. Paulista de Medicina de São PauloUNIFESP (1979/81) que relatou como causas mortis das crianças, desidratação e broncopneumonia. Conservadas, desde então, em formaldeído 10%, elas foram separadas e agrupadas de acordo com a faixa etária correspondente (TAB. 1). As hemi-cabeças foram radiografadas em norma lateral, utilizandose aparelho de Raio X, marca General Eletric 1000 e filme radiográfico Kodak T-Mat 18/24 cm. Previamente às tomadas radiográficas, pinos de aço inoxidável com diâmetro de 0,7mm e comprimento aproximado de 2,0 mm, foram inseridos com seu longo eixo perpendicular ao plano sagital mediano, em locais específicos, denominados pontos de referência (FIG. 3, Quadro 1). Utilizando metodologia descrita por Anagnostopoulou et al. (1988), as hemi-cabeças foram dispostas de forma que o plano sagital mediano ficasse apoiado ao chassi contendo o filme radiográfico, a uma distância foco-filme padronizada de 1,52m. Esta padronização foi obtida por intermédio de um suporte especialmente construído, de forma que o feixe central de Raio X fosse direcionado perpendicularmente ao chassi e ao centro da peça anatômica (FIG. 4). Para a tomada radiográfica, foram utilizados os fatores 90 Kv, 15 Ma e 6 Im, obtidos mediante testes de tomadas radiográficas em peças anatômicas pertencentes a diferentes faixas etárias, com o objetivo de determinar um único valor que permitisse contraste e nitidez adequados para qualquer das peças radiografadas. 6 5 MATERIAL E MÉTODO Para o presente estudo, utilizamos 31 hemi-cabeças de crianças com até 6 (seis) meses de vida pósnatal (FIG. 2), pertencentes à Disciplina de Anatomia do Departamento de Morfologia de Araraquara-UNESP. Estas peças foram cedidas pelo Departamento de Anatomia da Escola 34 4 3 A 7 2 1 Suporte para radiografias 1 base inferior: sustenta o chassi 2 chassi: contém o filme 3 peça anatômica 4 haste vertical: mantém a distância foco-filme (mede 1,52 metros) 5 base superior:sustenta o cone de raio X 6 cabeçote do aparelho de raio X: emite o raio X pelo orifício da base superior, cujo diâmetro é igual ao diâmetro do cone 7 feixe de raio X: incide perpendicular à peça anatômica B FIGURA 4 - A) Desenho esquemático do suporte utilizado nas radiografias; B) Aspecto radiográfico dos pontos de referência. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, Maringá, v. 7, n. 2, p. 33-39, mar./abr. 2002