SOLUÇÕES INOVADORAS PARA O USO
EFICIENTE DA ÁGUA NA INDÚSTRIA
FICHA TÉCNICA
Título
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Projeto
Efidric – Eficiência Hídrica na Indústria
Entidade Promotora
AEP – Associação Empresarial de Portugal
Equipa
Maria da Conceição Vieira
José António Monteiro
Manuela Roque
Depósito Legal
394908/15
Junho 2015
ÍNDICE GERAL
1.
INTRODUÇÃO
9
2.
ÁGUA NA INDÚSTRIA
10
2.1.
ENQUADRAMENTO
10
2.2.
PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES DA ÁGUA NA INDÚSTRIA
12
2.3.
NECESSIDADES HÍDRICAS DO SETOR INDUSTRIAL EM PORTUGAL
14
3.
REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS
41
4.
APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS
48
4.1.
QUALIDADE, GESTÃO E USOS DAS ÁGUAS PLUVIAIS
49
4.2.
SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS
51
5.
SISTEMAS PREDIAIS DE REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS CINZENTAS
59
6.
MEDIDAS DE EFICIÊNCIA HÍDRICA A IMPLEMENTAR NO TECIDO
INDUSTRIAL
68
6.1.
IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES PARA OTIMIZAR O USO DA ÁGUA E MINIMIZAR
ÁGUAS RESIDUAIS
68
6.2.
MEDIDAS DE EFICIÊNCIA HÍDRICA PREVISTAS NO PROGRAMA NACIONAL PARA
O USO EFICIENTE DA ÁGUA (PNUEA)
72
7.
AUDITORIAS DE EFICIÊNCIA HÍDRICA
76
7.1.
AUDITORIA DE EFICIÊNCIA HÍDRICA AO PROCESSO PRODUTIVO
76
7.2.
AUDITORIA DE EFICIÊNCIA HÍDRICA A EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS
81
8.
IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO EFICIENTE DA ÁGUA
NAS UNIDADES INDUSTRIAIS
85
9.
NEXOS ÁGUA E ENERGIA
95
10.
CONCLUSÃO
98
11.
BIBLIOGRAFIA
99
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
5
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1.
Distribuição das necessidades hídricas para usos consuntivos na RH1 por
tipologia de uso
18
Figura 2.
Distribuição das necessidades hídricas na RH2 por tipologia de uso
22
Figura 3.
Distribuição das necessidades hídricas na RH3 por tipologia de uso
25
Figura 4.
Distribuição das necessidades hídricas na RH4 (Vouga/Mondego/Lis), por
tipologia de uso
29
Distribuição das necessidades hídricas na RH4 (Ribeiras do Oeste), por
tipologia de uso
32
Distribuição (%) das necessidades de consumo de água na RH5 por setor
(2009)
36
Distribuição (%) das necessidades de consumo de água na RH6 por setor
(2009)
37
Distribuição (%) das necessidades de consumo de água na RH7 por setor
(2009)
38
Distribuição (%) das necessidades de consumo de água na RH8 por setor
(2009)
40
Figura 10.
Pluviosidade média anual em Portugal Continental (mm)
52
Figura 11.
Modelo de aviso a colocar junto de dispositivos de rega ou lavagem
alimentados por água da chuva
57
Figura 12.
Princípios básicos de prevenção da poluição
69
Figura 13.
Esquema de intervenções feitas através do Programa AUDITAQUA®
82
Figura 14.
Tipos de edifícios onde o Programa AUDITAQUA® pode ser implementado
84
Figura 15.
O Ciclo PDCA
89
Figura 16.
Modelo do Sistema de Gestão da Água
90
Figura 17.
Água para energia e energia para água
95
Figura 5.
Figura 6.
Figura 7.
Figura 8.
Figura 9.
6
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1.
Necessidades hídricas da indústria transformadora em Portugal, por Região
Hidrográfica
14
Quadro 2.
Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH1, por sub-bacia
15
Quadro 3.
Distribuição geográfica
transformadora na RH1
16
Quadro 4.
Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH1, por CAE
17
Quadro 5.
Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH2, por sub-bacia
19
Quadro 6.
Distribuição geográfica
transformadora na RH2
20
Quadro 7.
Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH2, por CAE
21
Quadro 8.
Captações de água da grande indústria na RH2
22
Quadro 9.
Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH3, por sub-bacia
23
Quadro 10.
Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH3, por CAE
24
Quadro 11.
Necessidades
hídricas
da
indústria
(Vouga/Mondego/Lis), por sub-bacia
Quadro 12.
Evolução prospetiva das necessidades na indústria transformadora da
Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis
27
Quadro 13.
Necessidades
hídricas
da
(Vouga/Mondego/Lis), por CAE
27
Quadro 14.
Dez instalações industriais com maior consumo anual de água na Região
Hidrográfica de Vouga, Mondego e Lis
28
Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH4 (Ribeiras do Oeste),
por sub-bacia
30
Distribuição das necessidades anuais de água dos estabelecimentos
industriais por divisão da CAE (Rev. 3)
31
Quadro 17.
Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH5, por sub-bacia
33
Quadro 18.
Estimativa do número de instalações da indústria transformadora na RH5, por
sub-bacia
34
Distribuição das necessidades anuais de água dos estabelecimentos
industriais por divisão da CAE (Rev. 3)
35
Quadro 20.
Necessidades hídricas da indústria na RH6
37
Quadro 21.
Necessidades hídricas da indústria na RH7
38
Quadro 22.
Necessidades hídricas da indústria na RH8
39
Quadro 23.
Necessidades industriais de água da RH8 por concelho e por origem de
água (2009)
40
Processos de tratamento mais utilizados para a remoção de classes de
poluentes em águas residuais tratadas para reutilização
47
Quadro 25.
Valores recomendados para o coeficiente de escoamento (C)
54
Quadro 26.
Frequência da manutenção dos componentes dos SAAP
58
Quadro 27.
Balanço hídrico em edifícios residenciais com dispositivos eficientes (valores
médios em litros por habitante e por dia)
61
Quadro 15.
Quadro 16.
Quadro 19.
Quadro 24.
das
das
necessidades
de
necessidades
indústria
de
água
água
na
indústria
na
transformadora
transformadora
indústria
na
na
RH4
RH4
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
26
7
Quadro 28.
Tolerâncias relativamente ao VMA
62
Quadro 29.
Requisitos de qualidade para descarga de autoclismos
63
Quadro 30.
Requisitos de qualidade para rega de jardins privados
63
Quadro 31.
Número de análises sucessivas conformes nas diversas fases dos SPRAC
64
Quadro 32.
Medidas aplicáveis ao uso industrial em situação hídrica normal
73
Quadro 33.
Intervenções feitas através do Programa AUDITAQUA®
83
Quadro 34.
Avaliação da água nos negócios
91
Quadro 35.
Nexus Água e Energia
96
8
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
1. INTRODUÇÃO
A água é um importante fator de produção em numerosos setores de atividade económica. Sendo um
recurso limitado, torna-se indispensável proceder a um uso cada vez mais eficiente da água disponível, ou
seja, otimizar a utilização desse recurso sem pôr em causa os objetivos pretendidos ao nível da utilização.
A continuidade e sucesso de qualquer empresa são afetados pela disponibilidade, custo e qualidade da
água em diversas fases da cadeia de valor.
Padrões de eficiência exigentes no uso da água terão de considerar a eficiência e a racionalidade do
modelo de gestão como pilares fundamentais da gestão e precisam de se alicerçar numa nova cultura da
água. Por outro lado, a água é um fator essencial para o desenvolvimento socioeconómico do país, sendo
um recurso natural estruturante e estratégico.
É necessário garantir eficiência e racionalidade no uso deste recurso, fazendo deste desígnio uma das
linhas orientadoras da política de ambiente e gestão da água em Portugal. No entanto, para além da
iniciativa política que deve nortear todo este esforço de educação empresarial, caberá também aos
privados e às partes interessadas promover esta nova cultura do uso da água na sociedade portuguesa,
mais particularmente ao nível do mundo empresarial.
Nesse sentido, a AEP - Associação Empresarial de Portugal, decidiu implementar o projeto
EFIDRIC - Eficiência Hídrica na Indústria, que visa contribuir para a consolidação de estratégias
empresariais que contemplem práticas de gestão sustentável da água na indústria, aumentar a
sustentabilidade e competitividade do tecido empresarial e contribuir para que sejam concretizadas as
metas do Programa Nacional do Uso Eficiente da Água (PNUEA).
É nossa convicção que as empresas portuguesas não podem continuar a esquecer a variável "Gestão da
Água" nas suas estratégias empresariais. Assim, é imperativo dar a conhecer ao universo industrial as
boas práticas e as técnicas/tecnologias inovadoras que permitam um uso sustentável da água.
Com a publicação “Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria”, parte integrante do
projeto EFIDRIC, a AEP pretende disponibilizar às empresas a informação necessária à implementação de
uma estratégia de gestão sustentável do recurso “ÁGUA”.
A AEP considera que este estudo poderá ser um instrumento de inegável utilidade na implementação de
estratégias de gestão sustentável da água na indústria, contribuindo para níveis mais elevados de
produtividade e competitividade do tecido industrial, ajudar as empresas a definir trajetórias de combate
ao desperdício da água e induzir a adoção de melhores técnicas/tecnologias disponíveis, promovendo o
uso eficiente da água.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
9
2. ÁGUA NA INDÚSTRIA
2.1. ENQUADRAMENTO
A indústria como motor do crescimento económico e através das atividades desenvolvidas, representa
um setor onde o consumo da água é significativo.
Do consumo total de água doce, uma grande parcela é direcionada para as industrias, que em razão das
suas diferentes atividades e tecnologias possuem uma diversificada gama de usos, tais como matériasprimas, reagentes, solventes, lavagens de gases e sólidos, veículos, transmissão de calor, agente de
arrefecimento, fonte de energia, entre outros.
A qualidade da água aplicada no setor industrial pode variar conforme estudos de causas e efeitos das
impurezas nela contidas e o custo benefício de cada tipo de aplicação.
Uma indústria abastece-se de água potável (usada em refeitórios, casas de banho e como matéria-prima)
e de água com outras qualidades para o processo industrial, o que determina quantidades e variedades
diferentes de água para cada setor de produção.
As impurezas da água provocam modificações das suas propriedades e a sua qualificação, para ser
utilizada em um outro setor, dar-se-á sob o prisma económico, ou seja, benefícios, manutenção,
segurança e custo de purificação.
As características de impureza mais consideradas no setor industrial são: turbidez, cor, odor, alcalinidade,
salinidade, dureza, teor em sílica, gases dissolvidos e oxidabilidade na água, que vêm influenciar o
comportamento e resultado dos produtos; por isso a pureza da água deve ser adequada ao processo em
que participa.
O grande volume de água gasto nos segmentos industriais tem centrado a atenção da economia mundial.
Dessa forma, buscam-se opções para o melhor controlo da procura que varia de acordo com a exigência
da cada aplicação. O abastecimento é proveniente de fontes diversas, tais como a água potável do
sistema de distribuição pública, água do poço, água da chuva, reciclagem ou reutilização, água de rio,
camião-tanque, além do uso de dispositivos economizadores.
A implementação de estratégias específicas para otimização do uso da água na indústria pode resultar em
importantes benefícios económicos e ambientais associados às reduções do consumo de água, energia e
águas residuais geradas e respetivo tratamento. A racionalização deste recurso encontra-se aliado à
melhoria da imagem da empresa industrial, contribuindo ainda para atender às crescentes exigências
legislativas aplicáveis em matéria ambiental.
Os maiores consumos de água para a indústria em Portugal ocorrem ao nível dos setores de
transformação, nomeadamente no fabrico de: pasta de papel, papel e cartão (39%), produtos alimentares
e bebidas (20%), metalúrgicas de base (11%), produtos químicos (10%) e têxteis (4%).
10
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Cerca de 84% da água para fins industriais tem origem em captações próprias – poços, furos e águas
superficiais; 16% tem origem na rede de abastecimento público.
Estima-se que o consumo total de água em Portugal seja aproximadamente 7.500 x 106 m3 por ano, dos
quais 385 x 106 m3 se destinam a fins industriais (INAG, 2001) volume este que corresponde a um valor
económico estimado em 485 x 106 €/ano.
No Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água, refere-se que o setor industrial do país apresentava
em 2009 uma eficiência de utilização da água de 77,5%, valor este que expectavelmente poderá aumentar
até 85% em 2020, como consequência da implementação das medidas preconizadas no mesmo.
Esta poupança de volume de água consumida (57 x 106 m3/ano) correspondente a um valor económico
significativo que se estima em 75 x 106 €/ano (a custos atuais).
Saliente-se assim, o interesse do ponto de vista económico associado ao uso eficiente da água na
indústria, devendo ser considerado como um fator de produção passível de gerar um aumento da
ecoeficiência e uma melhoria da imagem das empresas devida ao seu adequado desempenho ambiental.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
11
2.2. PRINCIPAIS UTILIZAÇÕES DA ÁGUA NA INDÚSTRIA
De um modo geral, a qualidade e a quantidade de água necessária para as atividades industriais
dependem do ramo de atividade da indústria e da sua capacidade de produção, ressaltando-se que uma
mesma indústria pode precisar de vários tipos de água, cujos níveis de qualidade são definidos em função
das suas características físicas, químicas e biológicas.
É a dimensão da indústria, relacionada à sua capacidade de produção, que irá definir qual a quantidade de
água adequada para cada utilização.
A água para abastecimento industrial deverá:


Ser abundante, de forma a atender às necessidades presentes e futuras;
Estar disponível na quantidade e pressão necessária para atender às necessidades de ponta e
proteger o local contra incêndio;

Ter qualidade adequada para as diversas utilizações.
Explicam-se a seguir, as principais utilizações da água na indústria.
Utilização da Água na Indústria
A água na indústria pode ter várias aplicações, a saber:
Matéria-prima
Como matéria-prima, a água será incorporada ao produto final, a exemplo do que ocorre nas indústrias
de bebidas, produtos de higiene pessoal e limpeza doméstica, cosméticos, alimentos e conservas e
farmacêutica. Água também pode ser utilizada para a produção de outros produtos como o hidrogénio
por meio da eletrólise.
Nessas aplicações, o grau de qualidade da água pode variar significativamente, podendo-se admitir
características equivalentes ou superiores às da água utilizada para consumo humano. O principal
objetivo é proteger a saúde dos consumidores finais e/ou garantir a qualidade final do produto.
Utilização como fluído auxiliar
A água pode ser o fluido auxiliar de diversas atividades, como a preparação de suspensões e soluções
químicas, compostos intermediários, reagentes químicos, como veículo ou em operações de lavagem.
Da mesma forma que a água utilizada como matéria-prima, o grau de qualidade da água utilizada como
fluido auxiliar depende do processo a que se destina. Caso essa água entre em contato com o produto
final, o grau de qualidade será mais restritivo, de acordo com o tipo de produto.
Se a água não entrar em contacto com o produto final, o grau de qualidade pode ser menos restritivo que
o da água para consumo humano, principalmente com relação à concentração residual de agentes
desinfetantes.
12
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Utilização para produção de energia
Este tipo de aplicação envolve a transformação da energia cinética, potencial ou térmica acumulada na
água em energia mecânica e, posteriormente em energia elétrica. O grau de qualidade da água depende
do processo de produção de energia em questão.
A água é utilizada em estado natural, para que se aproveite a sua potencial energia ou cinética. Ambas
fazem com que um dispositivo gire em torno de um eixo central, e a energia de rotação acione um
gerador elétrico. Tanto a água pode passar pelo interior do dispositivo (como no caso das turbinas) como
o dispositivo pode estar parcialmente coberto por um curso de água (como no caso das rodas de água).
Pode-se utilizar a água bruta de um rio, lago ou outro sistema acumulado, impedindo que materiais de
grandes dimensões, detritos e substâncias agressivas danifiquem os dispositivos do sistema.
O processo de produção de energia mecânica ou elétrica a partir da energia térmica consiste no
aquecimento da água, fornecendo energia térmica produzida pela queima de combustíveis fósseis ou
biomassa. A água converte-se em vapor a alta pressão, expande num conjunto mecânico e movimenta um
êmbolo ou uma turbina, ou seja, a energia térmica transforma-se em energia mecânica. Aqui a água deve
apresentar um elevado grau de qualidade para que não haja problemas nos equipamentos de produção
de vapor ou no dispositivo de conversão de energia.
Utilização como fluído de aquecimento e/ou arrefecimento
Nestes casos, a água é utilizada para aquecer, principalmente na forma de vapor ou para remover o calor
de misturas reativas ou de outros dispositivos que exijam arrefecimento devido à produção de calor ou às
condições de operação estabelecidas, já que a elevação de temperatura pode comprometer o
desempenho do sistema e danificar equipamentos.
Quando se utiliza água na forma de vapor, o seu grau de qualidade deve ser elevado. Como fluido de
arrefecimento ou aquecimento, o seu grau de qualidade pode ser menos restritivo, desde que se leve em
consideração a proteção dos equipamentos com os quais a água entra em contacto.
Transporte e assimilação de contaminantes
Embora não seja uma das aplicações mais nobres, a maioria das indústrias inevitavelmente utiliza a água
para essa finalidade, seja nas instalações sanitárias, na lavagem de equipamentos e instalações ou para
incorporação de subprodutos sólidos, líquidos ou gasosos, produzidos pelos processos industriais.
Dependendo da função que desempenha, a água deve ter características físicas, químicas e biológicas, tais
que possibilitem a obtenção dos melhores resultados possíveis, já que as suas funções podem
comprometer o resultado do processo. Quando a água é utilizada para a limpeza dos equipamentos, por
exemplo, pode ser que se exija um elevado grau de pureza, principalmente quando os processos em
questão não toleram a presença de outras substâncias químicas e/ou microrganismos. Isso é comum nas
indústrias farmacêuticas, eletrónicas, de química fina e fotográfica, entre outras.
Dessa maneira, entende-se que a água é um bem imprescindível na indústria e que deve estar disponível
na qualidade e quantidade necessárias para atender a cada utilização específica, salientando-se que pode
cumprir vários papéis numa mesma indústria.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
13
2.3. NECESSIDADES HÍDRICAS DO SETOR INDUSTRIAL EM PORTUGAL
As necessidades hídricas do setor industrial em Portugal são de cerca de 349,75 hm3/ano. As maiores
necessidades encontram-se nas regiões do Alentejo, Tejo e Centro, mais precisamente, nas regiões
hidrográficas de Sado e Mira, Vouga, Mondego, Lis e Tejo.
Quadro 1 – Necessidades hídricas da indústria transformadora em Portugal, por Região Hidrográfica
Departamento
Regional
NORTE
Região Hidrográfica
Necessidades de
água (hm3/ano)
%
RH1 - Região Hidrográfica 1: Minho e Lima
11,43
3,27
RH2 - Região Hidrográfica 2: Cávado, Ave e Leça
37,50
10,72
RH3 - Região Hidrográfica 3: Douro
13,60
3,89
RH4 - Região Hidrográfica 4: Vouga, Mondego e Lis
87,17
24,92
RH4 - Região Hidrográfica 4: Ribeiras do Oeste
9,71
2,78
RH5 - Região Hidrográfica 5: Tejo
85,69
24,50
RH6 - Região Hidrográfica 6: Sado e Mira
95,14
27,20
RH7 - Região Hidrográfica 7: Guadiana
3,5
1,00
RH8 - Região Hidrográfica 8: Ribeiras do Algarve
6,01
1,72
349,75
100
CENTRO
TEJO
ALENTEJO
ALGARVE
PORTUGAL
Fonte: Planos de Gestão das Regiões Hidrográficas
De seguida, caracteriza-se cada uma das regiões hidrográficas de Portugal, em termos das necessidades
hídricas do setor industrial.
14
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Departamento Regional NORTE
Região Hidrográfica 1 (RH1)
MINHO E LIMA
As necessidades hídricas da indústria na RH1 são de cerca de 11,4 hm3.
A água para a indústria pode ser obtida a partir dos sistemas de abastecimento público ou através de
captações próprias.
No caso das captações próprias, são conhecidos dados referentes a oito captações de água atribuídas a
sete empresas industriais: uma do setor do papel (Portucel Viana), duas do setor têxtil, uma de
componentes automóveis, uma indústria química, uma de construção e reparação naval e um aterro
sanitário (RESULIMA).
O volume captado pela indústria na RH1 atinge cerca de 8,6 hm3. A empresa que apresenta uma captação
mais considerável é a Portucel Viana, com 8,2 hm3/ano, captados no rio Lima. De seguida temos a Tintex
em Vila Nova de Cerveira, com captação no rio Minho, com 358 mil m3/ano. Os Estaleiros Navais de Viana
apresentam necessidades de 1,4 hm3/ano. As restantes empresas analisadas representam volumes pouco
consideráveis, inferiores a 10 mil m3/ano.
Os restantes 2,8 hm3 que perfazem os 11,4 hm3 provêm de sistemas de abastecimento público.
Pelos fatores já explicitados, a sub-bacia do Lima é onde as necessidades hídricas são maiores. A sub-bacia
da região que assume o segundo maior valor em termos das necessidades totais de água é a do rio Minho,
ainda que com um valor muito inferior às da sub-bacia do Lima. Se atendermos aos valores por unidades
de área, a sub-bacia do Lima continua a ser a que apresenta o maior valor; no entanto, a sub-bacia do rio
Minho perde destaque relativamente às duas costeiras – Neiva e Costeiras entre o Lima e o Neiva e
Costeiras entre o Minho e o Lima, refletindo a maior concentração de atividade industrial nestas bacias.
No quadro seguinte apresenta-se a distribuição das sub-bacias da região por classes, em função das
necessidades hídricas da indústria.
Quadro 2 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH1, por sub-bacia
Necessidades de
água (hm3/ano)
Necessidades de
água por unidade de
área (hm3/ano.km2)
Necessidades de água
da indústria satisfeitas
por captações próprias
(hm3/ano)
Minho
0,93
0,001
0,36
Costeiras entre Minho e
Lima
0,30
0,002
-
Lima
9,55
0,008
8,23
Neiva e Costeiras entre o
Lima e o Neiva
0,64
0,003
0,01
Total
11,43
0,005
8,60
Sub-bacia
hidrográfica
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Minho e Lima.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
15
Efetuando a distribuição das necessidades hídricas do setor industrial por concelho, conclui-se que estas
são mais significativas em Ponte de Lima e Viana do Castelo, concelhos que compreendem cerca de 88%
das necessidades hídricas industriais da região hidrográfica do Minho e Lima.
A distribuição geográfica destas necessidades por concelhos é apresentada no quadro seguinte.
Quadro 3 – Distribuição geográfica das necessidades de água na indústria transformadora na RH1
Necessidades de
água (mil m3)
Estrutura (%)
Arcos de Valdevez
81,77
0,72%
Barcelos
250,37
2,19%
Caminha
27,96
0,24%
Esposende
64,45
0,56%
Melgaço
19,62
0,17%
Monção
131,85
1,15%
Montalegre
0,40
0,00%
Paredes de Coura
35,38
0,31%
Ponte da Barca
20,62
0,18%
Ponte de Lima
6.229,46
54,52%
Terras de Bouro
0,20
0,00%
181,98
1,59%
3.796,77
33,23%
Vila Nova de Cerveira
550,66
4,82%
Vila Verde
33,79
0,30%
11.425,29
100,00%
Concelho
Valença
Viana do Castelo
TOTAIS NOS CONCELHOS
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Minho e Lima.
Relatório de Base - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água
O quadro seguinte apresenta as necessidades hídricas da indústria transformadora na RH1, por setor de
atividade económica.
Os números apresentados permitem inferir que apenas três setores – Têxteis, Pasta de papel e Outro
equipamento de transporte - absorvem 84% das necessidades totais, pelo que o esforço de gestão da RH1
neste domínio deverá ser neles altamente concentrado.
As necessidades do setor da pasta do papel são explicadas fundamentalmente pela Portucel. Outro
grande setor consumidor de água é o da fabricação de outro equipamento de transporte (CAE 30),
nomeadamente a construção de embarcações que, emprega cerca de 1.350 trabalhadores, sobretudo nos
Estaleiros Navais de Viana, com 990 trabalhadores e com necessidades de 1.400 mil m3/ano.
16
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Quadro 4 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH1, por CAE
Necessidades
de água
(hm3/ano)
Estrutura (%)
17 - Fabricação de pasta, de papel, de cartão e seus artigos
8,2
70,44%
30 - Fabricação de outro equipamento de transporte
1,8
15,46%
13 - Fabricação de têxteis
0,65
5,58%
29 - Fabricação de veículos automóveis, reboques, semirreboques e
componentes para veículos automóveis
0,27
2,32%
10 - Indústrias alimentares
0,17
1,46%
25 - Fabricação de produtos metálicos, exceto máquinas e
equipamentos
0,15
1,29%
16 - Indústrias da madeira e da cortiça e suas obras, exceto mobiliário;
Fabricação de obras de cestaria e de espartaria
0,10
0,86%
23 - Fabrico de outros produtos minerais não metálicos
0,05
0,43%
11 - Indústria das bebidas
0,04
0,34%
32 - Outras indústrias transformadoras
0,03
0,26%
14 - Indústria do vestuário
0,03
0,26%
20 - Fabricação de produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais,
exceto produtos farmacêuticos
0,029
0,25%
31 - Fabrico de mobiliário e de colchões
0,020
0,17%
27 - Fabricação de equipamento elétrico
0,020
0,17%
15 - Indústria do couro e dos produtos do couro
0,020
0,17%
22 - Fabricação de artigos de borracha e de matérias plásticas
0,020
0,17%
24 - Indústrias metalúrgicas de base
0,018
0,15%
28 - Fabricação de máquinas e de equipamentos, n.e.
0,010
0,09%
18 - Impressão e reprodução de suportes gravados
0,006
0,05%
33 - Reparação, manutenção e instalação de máquinas e
equipamentos
0,004
0,03%
26 - Fabricação de equipamentos informáticos, equipamento para
comunicações e produtos eletrónicos e óticos
0,004
0,03%
21 - Fabricação de produtos farmacêuticos de base e de preparações
farmacêuticas
0,0005
0,00%
11,4
100%
CAE
TOTAL
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Minho e Lima.
Relatório de Base - Parte 3 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
17
As necessidades hídricas do setor industrial representam cerca de 8% das necessidades totais na RH1,
como se pode ver na figura seguinte.
77,40%
Urbano
Indústria
Agricultura
0,43%
0,11%
Pecuária
Golfe
14,29%
7,78%
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Minho e Lima.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
Figura 1 – Distribuição das necessidades hídricas para usos consuntivos na RH1 por tipologia de uso
18
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Região Hidrográfica 2 (RH2)
CÁVADO, AVE E LEÇA
As necessidades hídricas da indústria na RH2 são de cerca de 37,5 hm3. Do total de 37,5 hm3 estimados,
24,7 hm3 provêm de captações próprias da indústria. Admite-se que os restantes 12,8 hm3 sejam
satisfeitos, na totalidade, a partir dos sistemas de abastecimento público.
A sub-bacia onde as necessidades de água para indústria são mais elevadas é a sub-bacia do Ave, (66%
das necessidades totais da região), apresentado igualmente um valor elevado das necessidades por
unidade de área, o que se deve à forte presença da indústria têxtil nesta sub-bacia. Este setor representa
individualmente cerca de 72% das necessidades hídricas totais da indústria.
A sub-bacia do Cávado é a que apresenta o segundo maior valor de necessidades hídricas da indústria,
contribuindo para este facto essencialmente a sua dimensão. Esta é a sub-bacia que apresenta o menor
valor por unidade de área.
Segue-se a sub-bacia do rio Leça, que apesar da sua reduzida dimensão, apresenta necessidades hídricas
relevantes, cerca de 11% do total, o que se reflete no valor das necessidades hídricas por unidade de área,
que apresenta, nesta sub-bacia, o maior valor.
O quadro seguinte apresenta as necessidades hídricas da indústria transformadora na região hidrográfica
do Cávado, Ave e Leça, por sub-bacia.
Quadro 5 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH2, por sub-bacia
Necessidades de
água (hm3/ano)
Necessidades de
água por unidade de
área (hm3/ano.km2)
Necessidades de água
da indústria satisfeitas
por captações próprias
(hm3/ano)
Cávado
6,49
0,003
5,24
Ave
25,68
0,012
16,37
Leça
3,65
0,014
2,72
Costeiras entre o Neiva e o
Douro
1,67
0,002
0,37
Total
37,50
-
24,71
Sub-bacia hidrográfica
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Cávado, Ave e Leça.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
Ao nível dos concelhos, o destaque vai para Guimarães (26% das necessidades), Vila Nova de Famalicão
(19%)e Barcelos (14%), como se pode ver no quadro seguinte.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
19
Quadro 6 – Distribuição geográfica das necessidades de água na indústria transformadora na RH2
Necessidades de
água (mil m3)
Estrutura
(%)
Amares
54,4
0,15%
Barcelos
5.067,1
13,51%
Boticas
0,6
0,00%
Braga
2.118,6
5,65%
Cabeceiras de Basto
0,0
0,00%
Celorico de Basto
86,4
0,23%
Esposende
354,4
0,95%
Fafe
739,9
1,97%
Felgueiras
63,3
0,17%
Gondomar
6,8
0,02%
Guimarães
9.874,4
26,33%
21,2
0,06%
Maia
1.868,8
4,98%
Matosinhos
1.175,3
3,13%
Montalegre
21,7
0,06%
Paços de Ferreira
22,0
0,06%
Ponte da Barca
0,0
0,00%
Ponte de Lima
0,0
0,00%
Porto
283,6
0,76%
Povoa de Lanhoso
256,9
0,69%
Povoa de Varzim
325,1
0,87%
3.571,6
9,53%
28,3
0,08%
1.390,8
3,71%
239,1
0,64%
Vieira do Minho
9,2
0,02%
Vila do Conde
1.372,8
3,66%
Vila Nova de Famalicão
7.123,6
19,00%
182,6
0,49%
Vizela
1.238,2
3,30%
TOTAIS NOS CONCELHOS
37.496,7
100,00%
Concelho
Lousada
Santo Tirso
Terras de Bouro
Trofa
Valongo
Vila Verde
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Cávado, Ave e Leça.
Relatório de Base - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água
20
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
No que respeita aos setores industriais, destaca-se, a seguir à indústria têxtil, o setor das indústrias
alimentares, muito embora o seu peso seja muito inferior ao da primeira (2,7%). Os números
apresentados permitem inferir que estes três setores absorvem 80% das necessidades totais.
Os restantes setores industriais têm individualmente um peso reduzido nas necessidades hídricas totais
da região.
O quadro seguinte apresenta as necessidades hídricas da indústria transformadora na região hidrográfica
2, por CAE.
Quadro 7 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH2, por CAE
CAE
Setor
Necessidades de
água (mil
m3/ano)
Estrutura
(%)
10
Indústrias Alimentares
2.700
7,24%
11
Indústrias da Bebida
700
1,88%
13
Fabricação de Têxteis
27.000
72,39%
14
Indústria do Vestuário
580
1,55%
15
Indústria do Couro e dos Produtos do Couro
480
1,29%
16
Indústria da Madeira e da Cortiça
120
0,32%
17
Fabricação de Pasta, de Papel e de Cartão
120
0,32%
18
Impressão e Reprodução de Suportes Gravados
10
0,03%
20
Fabricação de Produtos Químicos
500
1,34%
21
Fabricação de Produtos Farmacêuticos de Base
150
0,40%
22
Fabricação de Artigos de Borracha e Plásticos
170
0,46%
23
Fabricação de Outros Produtos Minerais não Metálicos
440
1,18%
24
Indústrias Metalúrgicas de Base
990
2,65%
25
Fabricação de Produtos Metálicos
1.100
2,95%
26
Fabricação de Equipamentos Informáticos
260
0,70%
27
Fabricação de Equipamento Elétrico
140
0,38%
28
Fabricação de Máquinas e Equipamentos n.e.
440
1,18%
29
Fabricação de Veículos Automóveis
510
1,37%
30
Fabricação de Outro Equipamento de Transporte
240
0,64%
31
Fabrico de Mobiliário e Colchões
310
0,83%
32
Outras Indústrias Transformadoras
260
0,70%
33
Reparação, Manutenção e Instalação de Máq. e Eq.
80
0,21%
37.300
100,00%
TOTAL
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Cávado, Ave e Leça.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
21
Relatório de Base - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água
O quadro seguinte apresenta os volumes de água captados por algumas das empresas analisadas na
região.
Quadro 8 – Captações de água da grande indústria na RH2
Volume captado
(m3/ano)
Empresa
Empresa Têxtil Nortenha, S.A.
140.317
Fábrica Têxtil Riopele, S.A.
150.000
Lima & Cª, S.A.
76.487
Tintofama - Tinturaria e acabamentos têxteis Lda.
104.748
Tintrofa - Tinturaria da Trofa, S.A.
358.578
Têxtil Manuel Gonçalves, S.A.
8.728
Carnes Landeiro, S.A.
40.490
Pizarro, S.A.
778.656
Caverna Têxtil, Lda.
541.276
Sakthi Portugal, S.A.
91.230
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Cávado, Ave e Leça.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
As necessidades hídricas do setor industrial representam cerca de 8% das necessidades totais na RH2,
como se pode ver na figura seguinte.
71,00%
Urbano
Indústria
Agricultura
0,80%
0,20%
8,00%
Pecuária
Golfe
20,00%
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Cávado, Ave e Leça.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
Figura 2 – Distribuição das necessidades hídricas na RH2 por tipologia de uso
22
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Região Hidrográfica 3 (RH3)
DOURO
As necessidades hídricas da indústria na RH3 são de cerca de 13,6 hm3.
Do total de 13,6 hm3 estimados, 8,2 hm3 provêm de captações próprias da indústria. Admite-se que os
restantes 5,4 hm3 sejam satisfeitos, na totalidade, a partir dos sistemas de abastecimento público.
Tendo em conta a distribuição da origem da água consumida na indústria, determinada no âmbito do
Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Douro, para efeitos de elaboração do balanço hídrico, admitiu-se que
40% das necessidades de água da indústria são satisfeitas através dos sistemas públicos de abastecimento
de água, enquanto que 60% são satisfeitas através de captações próprias.
Os volumes assim estimados, por sub-bacia, são apresentados no quadro seguinte.
Quadro 9 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH3, por sub-bacia
Necessidades de
água (hm3/ano)
Necessidades de água
da indústria satisfeitas
por captações
próprias (hm3/ano)
Necessidades de
água por unidade de
área (hm3/ano.km2)
Douro
8,508
5,001
0,00141
Costeiras entre o Douro e o
Vouga
2,763
1,747
0,01339
Tâmega
1,041
0,693
0,00039
Coa
0,590
0,351
0,00023
Tua
0,250
0,137
0,00020
Sabor
0,185
0,119
0,00006
Rabaçal/ Tuela
0,161
0,089
0,00009
Paiva
0,096
0,055
0,00012
Águeda
0,005
0,003
0,00002
TOTAL
13,599
8,196
0,00072
Sub-bacia hidrográfica
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Douro.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
A análise do quadro anterior permite verificar a maior importância das sub-bacias do Douro e das ribeiras
Costeiras entre o Douro e o Vouga, no que respeita às necessidades hídricas da indústria, quer em termos
absolutos (61% e 21% das necessidades totais da Região, respetivamente), quer por unidade de área.
Seguem-se as sub-bacias do Tâmega e do Côa, apresentando as restantes sub-bacias da região valores
pouco significativos.
O setor industrial para o qual se estimaram as maiores necessidades de água é o das indústrias
alimentares, com um peso de 18,3% no total das necessidades estimadas para a região. Este setor
apresenta consumos bastante significativos nos concelhos de Porto, Vila Nova de Gaia, Santa Maria da
Feira, Mirandela e Maia.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
23
Outros setores com necessidades hídricas relevante, relativamente aos restantes, são a indústria de
mobiliário (CAE 31), devido ao elevado número de pessoas ao serviço, representando 12,3% das
necessidades totais da região e a indústria têxtil (CAE 13) com 10,2%.
As empresas a que estão associados os maiores volumes captados são a VMPS - Águas e Turismo, SA
(130.100 m3/ano), a RAR - Refinarias de Açúcar Reunidas, S.A (125.000 m3/ano), a Fábrica de Cerâmica
Valadares, S.A. (106.095 m3/ano), a Papeleira Portuguesa, S.A. (101.964 m3/ano), a Irivotêxtil (93.500
m3/ano), a Sociedade Agrícola e Comercial da Quinta da Aveleda, S.A (73.098 m3/ano) e a Resitâmega
(71.500 m3/ano); as restantes empresas apresentam volumes de captação inferiores a 70.000 m3/ano.
O quadro seguinte apresenta as necessidades hídricas da indústria transformadora na RH3, por CAE.
Quadro 10 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH3, por CAE
CAE
Setor
Necessidades
de água
(mil m3/ano)
Estrutura
(%)
10
Indústrias Alimentares
2.500,0
18,36%
11
Indústrias da Bebida
1.000,0
7,34%
13
Fabricação de Têxteis
1.400,0
10,28%
14
Indústria do Vestuário
160,0
1,17%
15
Indústria do Couro e dos Produtos do Couro
850,0
6,24%
16
Indústria da Madeira e da Cortiça
990,0
7,27%
17
Fabricação de Pasta, de Papel e de Cartão
990,0
7,27%
18
Impressão e Reprodução de Suportes Gravados
100,0
0,73%
20
Fabricação de Produtos Químicos
520,0
3,82%
21
Fabricação de Produtos Farmacêuticos de Base
280,0
2,06%
22
Fabricação de Artigos de Borracha e Plásticos
50,0
0,37%
23
Fabricação de Outros Produtos Minerais não Metálicos
620,0
4,55%
24
Indústrias Metalúrgicas de Base
240,0
1,76%
25
Fabricação de Produtos Metálicos
820,0
6,02%
26
Fabricação de Equipamentos Informáticos
10,0
0,07%
27
Fabricação de Equipamento Elétrico
100,0
0,73%
28
Fabricação de Máquinas e Equipamentos n.e.
310,0
2,28%
29
Fabricação de Veículos Automóveis
510,0
3,74%
30
Fabricação de Outro Equipamento de Transporte
100,0
0,73%
31
Fabrico de Mobiliário e Colchões
1.680,0
12,33%
32
Outras Indústrias Transformadoras
310,0
2,28%
33
Reparação, Manutenção e Instalação de Máq. e Eq.
80,0
0,59%
13.620,0
100,00%
TOTAL
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Douro.
Relatório de Base - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água
24
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
As necessidades hídricas do setor industrial representam cerca de 1% das necessidades totais na RH3,
como se pode ver na figura seguinte.
75,00%
Urbano
Indústria
Agricultura
0,10%
0,90%
Pecuária
Golfe
1,00%
23,00%
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Douro.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
Figura 3 – Distribuição das necessidades hídricas na RH3 por tipologia de uso
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
25
Departamento Regional CENTRO
Região Hidrográfica 4 (RH4)
VOUGA/ MONDEGO/ LIS
As necessidades anuais de água para a indústria para a Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis
estimam-se, no total, em 87.166 dam3, verificando-se que 42% desses consumos ocorrem nas Bacias
Costeiras entre o Mondego e o Lis.
De realçar que a esta bacia estão associados grandes consumos, com particular destaque para a Celulose
Beira Industrial (CELBI) (com cerca de 10.000 x103 m3/ano) e a SOPORCEL, Sociedade Portuguesa de Papel
(cerca de 26.000 x 103 m3/ano). No entanto, é importante referir que, estas duas indústrias de papel são
abastecidas pelo canal do Mondego, que tem a sua origem no Açude Ponte Coimbra, na bacia do
Mondego.
Seguem-se as sub-bacias do Vouga e do Mondego, com 36% e 13% do consumo total, respetivamente.
À bacia do Vouga está associada a existência das captações industriais pertencentes à Portucel – Empresa
Produtora de Pasta de Papel, cujo consumo corresponde a cerca de 12.930 x10³ m³/ano, e à indústria
química CUF – Químicos Industriais, pertencente ao CQE (Complexo Químico de Estarreja) cuja
necessidade de água é cerca de 3.080 x10³ m³/ano.
O quadro seguinte ilustra as necessidades totais, para cada sub-bacia.
Quadro 11 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH4 (Vouga/Mondego/Lis),
por sub-bacia
Necessidades totais
(x103 m3/ano)
%
384
0,4%
36.609
42,0%
368
0,4%
Sub-bacia do Dão
2.757
3,2%
Bacia do Lis
4.260
4,9%
Sub-bacia do Mondego
11.347
13,0%
Bacia do Vouga
31.440
36,1%
TOTAL
87.166
100,0%
Bacia / Sub-bacia
Sub-bacia do Alva
Bacias Costeiras entre o Mondego e o Lis
Bacias Costeiras entre o Vouga e o Mondego
Fonte: Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas dos rios Vouga, Mondego e Lis Integradas na Região
Hidrográfica 4.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região. 1.7 – Usos e Necessidades de Água
O cenário expectável, em termos das necessidades de água na indústria transformadora na região
hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis é que até 2027 diminuam cerca de 0,87% para um valor de
86.326.838 m3, face aos valores de referência de 2010 (87.087.910 m3).
26
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
O quadro seguinte apresenta o comportamento das necessidades hídricas do setor industrial da região,
partindo do cenário base e apresentando também cenários minimalistas e maximalistas.
Quadro 12 – Evolução prospetiva das necessidades na indústria transformadora da Região Hidrográfica
do Vouga, Mondego e Lis
Necessidades de água (m3/ano)
Cenários
Minimalista
2010
Base
Maximalista
87.087.910
2015
86.846.443
86.849.038
119.921.142
2021
86.578.236
86.585.765
119.517.889
2027
86.314.002
86.326.838
119.122.005
-0,89%
-0,87%
0,37%
Até 2027
Fonte: Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas dos rios Vouga, Mondego e Lis Integradas na Região
Hidrográfica 4.
Relatório de Base - Parte 4 - Cenários Prospetivos. 7 – Setor da Indústria
O quadro seguinte evidencia as necessidades de água, por atividades industriais, em cada divisão da CAE.
A “fabricação de pasta, de papel e de cartão” origina 66% das necessidades de água da indústria
transformadora, seguindo-se a considerável distância as “indústrias alimentares” e a “fabricação de
produtos químicos”, representando, respetivamente, 12,4% e 4,7% do consumo.
Em conjunto, os três principais subsetores utilizadores geram mais de 83% do consumo de água da
indústria transformadora da região em análise.
Quadro 13 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH4 (Vouga/Mondego/Lis), por CAE
CAE
Atividade
Necessidades
de Água
(Mil m3)
%
17
Fabricação de pasta, de papel e de cartão
56.991
65,8%
10
Indústrias alimentares
10.745
12,4%
20
Fabricação de produtos químicos
4.082
4,7%
24
Indústrias metalúrgicas de base
2.483
2,9%
23
Fabrico de outros produtos minerais não metálicos
2.008
2,3%
25
Fabricação de produtos metálicos
1.845
2,1%
30
Fabricação de outro equipamento de transporte
1.443
1,7%
13
Fabricação de têxteis
1.141
1,3%
16
Indústrias da madeira e da cortiça
1.154
1,3%
29
Fabricação de veículos automóveis, reboques, semirreboques
1.050
1,2%
15
Indústria do couro e dos produtos do couro
692
0,8%
31
Fabrico de mobiliário e de colchões
664
0,8%
11
Indústria das bebidas
508
0,6%
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
27
Quadro 13 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH4 (Vouga/Mondego/Lis), por CAE
(continuação)
CAE
Atividade
Necessidades
de Água
(Mil m3)
%
21
Fabricação de produtos farmacêuticos
431
0,5%
28
Fabricação de máquinas e de equipamentos, n.e.
453
0,5%
33
Reparação, manutenção e instalação de máquinas e
equipamentos
304
0,4%
27
Fabricação de equipamento elétrico
192
0,2%
32
Outras indústrias transformadoras
178
0,2%
14
Indústria do vestuário
62
0,1%
18
Impressão e reprodução de suportes gravados
77
0,1%
22
Fabricação de artigos de borracha e de plásticos
100
0,1%
26
Fabricação de equipamentos informáticos e produtos eletrónicos
18
0,0%
87.166
100,0%
TOTAL
Fonte: Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas dos rios Vouga, Mondego e Lis Integradas na Região
Hidrográfica 4.
Relatório de Base - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água
A maior parte das instalações dispõe de uma rede privada de captação de água para uso industrial, na
maioria dos casos de águas subterrâneas. A água para consumo industrial provém maioritariamente
destas captações privadas, sendo a água da rede pública utilizada para consumo humano, nos balneários,
casas-de-banho e refeitórios.
O quadro seguinte mostra as dez instalações com maior consumo anual de água na região, sendo a
Iberdrola responsável por 68% da água consumida, captando-a maioritariamente do Oceano Atlântico.
Quadro 14 – Dez instalações industriais com maior consumo anual de água na Região Hidrográfica de
Vouga, Mondego e Lis
Nome da Instalação
Consumo total (m3/ano)
Iberdrola Generación, SAU
410 152 536
Luso Finsa
182 291 000
Specialty Minerals Portugal
1 620 100
Edp Bioeléctrica - Figueira da Foz
920 000
"Lactogal - Oliveira de Azeméis"
822 551
"Prado - Cartolinas da Lousã"
822 537
Dow Portugal
774 000
Portucel - Fábrica de Cacia
645 125
Sumol (Pombal)
569 210
"Cimpor - Centro de Produção de Souselas"
559 545
Fonte: Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas dos rios Vouga, Mondego e Lis Integradas na Região
Hidrográfica 4.
Relatório de Base - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água
28
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
As necessidades hídricas do setor industrial representam cerca de 18% das necessidades totais na RH4
(Vouga, Mondego e Lis), como se pode ver na figura seguinte.
0,7%
0,1%
18,0%
1,2%
26,5%
Agricultura
Pecuária
Golfe
Indústria
Centrais Termoelétricas
Urbano
53,5%
Fonte: Plano de Gestão das Bacias Hidrográficas dos rios Vouga, Mondego e Lis Integradas na Região
Hidrográfica 4.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região. 1.7 – Usos e Necessidades de Água
Figura 4 – Distribuição das necessidades hídricas na RH4 (Vouga/Mondego/Lis), por tipologia de uso
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
29
Região Hidrográfica 4 (RH4)
RIBEIRAS DO OESTE
As necessidades totais para o setor da indústria totalizam cerca de 9,7 hm3/ano, correspondendo a 9%
das necessidades totais das bacias hidrográficas (114 hm3/ano).
A distribuição das necessidades de água do setor por bacia, permite destacar as bacias Rio Alcobaça e
Ribeiras Costeiras do Oeste, que, no seu conjunto, concentram cerca de metade (48%) das necessidades
totais da bacia. Por outro lado, as bacias que apresentam os valores mais elevados de necessidades de
água por unidade de área são as bacias Rio Alcobaça e Rio Lisandro. No caso da bacia Rio Alcobaça, este
facto está relacionado com a forte presença de instalações industriais na área da bacia, sendo uma das
que maior número de instalações apresenta.
Quadro 15 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH4 (Ribeiras do Oeste),
por sub-bacia
Necessidades de
água (dam3/ano)
% das necessidades
totais
Necessidades de água
por unidade de área
(dam3/ano.km2)
2.255
23%
5,36
Rio Tornada
724
7%
2,93
Rio Arnóia
833
9%
1,85
Ribeira de São Domingos
211
2%
3,02
Rio Alcabrichel
530
5%
3,52
Rio Sizandro
1.689
17%
5,05
Rio Lisandro
1.061
11%
6,33
Ribeiras Costeiras do Oeste
2.408
25%
4,21
Total
9.712
100
Sub-bacia hidrográfica
Rio Alcobaça
Fonte: Plano das Bacias Hidrográficas das Ribeiras do Oeste.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
Considerando os diversos setores da indústria transformadora, destacam-se o setor das indústrias
alimentares (CAE 10), com as maiores necessidades de água, 63% do total. Neste setor, destacam-se os
subsetores de preparação e conservação de frutos e produtos hortícolas (CAE 103) e o abate de animais,
preparação e conservação de carne e de produtos à base de carne (CAE 101), com 39% e 36% das
necessidades de água, respetivamente.
Destacam-se ainda os setores da fabricação de outros produtos minerais não metálicos (CAE 23) e da
fabricação de pasta de papel, cartão e seus artigos (CAE 17), cujas necessidades anuais de água
representam, respetivamente, 9% e 8% das necessidades da indústria transformadora.
A distribuição das necessidades de água dos estabelecimentos industriais por divisão da CAE é
apresentada no quadro seguinte.
30
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Quadro 16 – Distribuição das necessidades anuais de água dos estabelecimentos industriais por divisão
da CAE (Rev. 3)
Necessidades de água
anuais (dam3/ano)
% das
necessidades totais
CAE 10 – Indústrias alimentares
6.152
63,3%
CAE 11 – Indústrias das bebidas
209
2,1%
CAE 12 – Indústrias do tabaco
3
0,0%
CAE 13 – Fabricação de têxteis
22
0,2%
CAE 14 – Indústria do vestuário
9
0,1%
CAE 15 – Indústria do couro e seus produtos
22
0,2%
CAE 16 – Indústria da madeira e da cortiça
171
1,8%
CAE 17 – Fabricação de pasta de papel, cartão e seus
artigos
730
7,5%
CAE 18 – Impressão e reprodução de suportes gravados
43
0,4%
CAE 20 – Fabricação de produtos químicos e de fibras
sintéticas ou artificiais
202
2,1%
CAE 21 – Fabricação de produtos farmacêuticos de base
e preparações farmacêuticas
115
1,2%
CAE 22 – Fabricação de artigos de borracha e de
matérias plásticas
261
2,7%
CAE 23 – Fabricação de outros produtos minerais não
metálicos
853
8,8%
CAE 24 – Indústrias metalúrgicas de base
54
0,6%
CAE 25 – Fabricação de produtos metálicos
266
2,7%
CAE 26 – Fabricação de equipamentos informáticos, para
comunicações e produtos eletrónicos
3
0,0%
CAE 27 – Fabricação de equipamento elétrico
18
0,2%
CAE 28 – Fabricação de máquinas e equipamentos n.e.
131
1,3%
CAE 29 – Fabricação de veículos automóveis, reboques,
semirreboques
48
0,5%
CAE 30 – Fabricação de outro equipamento de
transporte
269
2,8%
CAE 31 – Fabricação de mobiliário e de colchões
69
0,7%
CAE 32 – Outras indústrias transformadoras
15
0,2%
CAE 33 – Reparação, manutenção e instalação de
máquinas e equipamentos
47
0,5%
9.712
100%
CAE – Setor de Atividade
TOTAL
Fonte: Plano das Bacias Hidrográficas das Ribeiras do Oeste.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
31
As necessidades hídricas do setor industrial representam cerca de 9% das necessidades totais na RH4
(Ribeiras do Oeste), como se pode ver na figura seguinte.
1%
1%
9%
38%
Agricultura
Pecuária
Golfe
Indústria
Urbano
51%
Fonte: Plano das Bacias Hidrográficas das Ribeiras do Oeste.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
Figura 5 – Distribuição das necessidades hídricas na RH4 (Ribeiras do Oeste), por tipologia de uso
32
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Departamento Regional TEJO
Região Hidrográfica 5 (RH5)
TEJO
As necessidades totais para o setor da indústria totalizam cerca de 86 hm3/ano, correspondendo a 6% das
necessidades totais da região (1.346 hm3/ano).
A sub-bacia onde as necessidades de água para indústria são mais elevadas é a sub-bacia Estuário, com
25% das necessidades de água, correspondendo também à sub-bacia com maior número (29%) de
instalações industriais na região. Seguem-se as sub-bacias Grande Lisboa e Rio Sorraia, ambas com 11%
das necessidades totais.
A sub-bacia Grande Lisboa é também a sub-bacia que apresenta maiores necessidades de água por
unidade de área, o que se prende com o facto de ser nesta sub-bacia onde se verifica uma maior
densidade de instalações industriais na região hidrográfica.
O quadro seguinte apresenta as necessidades de água totais do setor industrial na RH5, por sub-bacia.
Quadro 17 – Necessidades hídricas da indústria transformadora na RH5, por sub-bacia
Necessidades de
água
(dam3/ano)
% das necessidades
de água
Necessidades de água
atuais por unidade de
área (dam3/ano.km2)
13
0,01%
0,02
Ribeira do Aravil
11
0,01%
0,03
Rio Pônsul
249
0,29%
0,19
Rio Ocreza
848
0,99%
0,59
Rio Zêzere
7.885
9,20%
1,57
Rio Almonda
5.937
6,93%
27,9
Rio Alviela
3.855
4,50%
7,98
Rio Maior
4.216
4,92%
4,56
Rio Alenquer
3.053
3,56%
10,64
849
0,99%
7,18
Rio Trancão
4.928
5,75%
17,65
Grande Lisboa
Sub-bacia hidrográfica
Rio Erges
Rio Grande da Pipa
9.757
11,39%
56,74
Rio Sever
413
0,48%
1,33
Ribeira de Nisa
86
0,10%
0,32
3.733
4,36%
8,16
Ribeira de Muge
622
0,73%
0,88
Ribeira de Magos
554
0,65%
2,76
Rio Sorraia
9.743
11,37%
1,28
Tejo Superior
4.319
5,04%
2,07
Vala de Alpiarça e Ribeira de
Ulme
Tejo Inferior
2.080
2,43%
3,81
Estuário
21.490
25,08%
15,78
Ribeiras Costeiras do Sul
33
0,04%
0,31
Água Costeira do Tejo
1.019
1,19%
6,66
TOTAL
85.692
100%
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
33
A estimativa do número de instalações industriais existentes na RH5 e a sua distribuição por sub-bacia é
apresentada no quadro seguinte.
Quadro 18 – Estimativa do número de instalações da indústria transformadora na RH5, por sub-bacia
Sub-bacia
N.º de instalações industriais
Rio Erges
4
Ribeira do Aravil
4
Rio Pônsul
80
Rio Ocreza
172
Rio Zêzere
1.074
Rio Almonda
113
Rio Alviela
353
Rio Maior
408
Rio Alenquer
133
Rio Grande da Pipa
Rio Trancão
Grande Lisboa
92
895
2.082
Rio Sever
24
Ribeira de Nisa
16
Vala de Alpiarça e Ribeira de Ulme
83
Ribeira de Muge
39
Ribeira de Magos
56
Rio Sorraia
553
Tejo Superior
199
Tejo Inferior
146
Estuário
Ribeiras Costeiras do Sul
Água Costeira do Tejo
TOTAL
2.899
28
501
9.954
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
Considerando os diversos setores da indústria transformadora, destacam-se os setores das indústrias
alimentares (CAE 10), da fabricação de pasta de papel, cartão e seus artigos (CAE 17) e da fabricação de
produtos químicos e de fibras sintéticas ou artificiais (CAE 20), com maiores necessidades de água, 43%,
23% e 6% do total, respetivamente.
O quadro seguinte apresenta a distribuição das necessidades de água anuais pelos diversos setores da
indústria transformadora, de acordo com a CAE (Rev. 3).
34
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Quadro 19 – Distribuição das necessidades anuais de água dos estabelecimentos industriais por divisão
da CAE (Rev. 3)
Necessidades de água
anuais (dam3/ano)
% das
necessidades totais
CAE 10 – Indústrias alimentares
36.567
43%
CAE 11 – Indústrias das bebidas
3.254
4%
CAE 12 – Indústrias do tabaco
16
0%
CAE 13 – Fabricação de têxteis
1.812
2%
CAE 14 – Indústria do vestuário
195
0%
CAE 15 – Indústria do couro e seus produtos
2.612
3%
CAE 16 – Indústria da madeira e da cortiça
977
1%
CAE 17 – Fabricação de pasta, de papel, cartão e seus
artigos
19.540
23%
CAE 18 – Impressão e reprodução de suportes gravados
390
0%
CAE 19 – Fabricação de coque, produtos petrolíferos
refinados e de aglomerados de combustíveis
3.157
4%
CAE 20 – Fabricação de produtos químicos e de fibras
sintéticas ou artificiais
4.950
6%
CAE 21 – Fabricação de produtos farmacêuticos de base
e preparações farmacêuticas
2.448
3%
CAE 22 – Fabricação de artigos de borracha e de
matérias plásticas
1.159
1%
CAE 23 – Fabricação de outros produtos minerais não
metálicos
2.118
2%
654
1%
1.460
2%
CAE 26 – Fabricação de equipamentos informáticos, para
comunicações e produtos eletrónicos
66
0%
CAE 27 – Fabricação de equipamento elétrico
115
0%
CAE 28 – Fabricação de máquinas e equipamentos n.e.
521
1%
CAE 29 – Fabricação de veículos automóveis, reboques,
semirreboques
886
1%
1.489
2%
CAE 31 – Fabricação de mobiliário e de colchões
221
0%
CAE 32 – Outras indústrias transformadoras
91
0%
CAE 33 – Reparação, manutenção e instalação de
máquinas e equipamentos
994
1%
85.692
100%
CAE – Setor de Atividade
CAE 24 – Indústrias metalúrgicas de base
CAE 25 – Fabricação de produtos metálicos
CAE 30 – Fabricação de outro equipamento de
transporte
Total
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
As necessidades do setor industrial correspondem a cerca de 6% das necessidades totais na RH5, como se
pode ver na figura seguinte.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
35
0,5%
0,4%
65,4%
Urbano
Indústria
Agricultura
Pecuária
27,2%
Golfe
6,4%
Fonte: Plano de Gestão da Região Hidrográfica do Tejo.
Relatório de Base - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico da Região Hidrográfica
Figura 6 – Distribuição (%) das necessidades de consumo de água na RH5 por setor (2009)
36
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Departamento Regional ALENTEJO
Região Hidrográfica 6 (RH6)
SADO/MIRA
As necessidades hídricas da indústria na RH6 são de cerca de 95,14 hm3. Destacam-se, neste âmbito, as
indústrias transformadoras (nomeadamente, as «indústrias pesadas» localizadas em Sines e Setúbal).
Os usos consuntivos na indústria da região são na ordem dos 21 hm3. Estes consumos de água são
provenientes do Sistema de Morgável, que serve a ZILS – Zona Industrial e Logística de Sines (9,91 hm3),
bem como de captações próprias superficiais e subterrâneas (6,01 e 10,96 hm3, respetivamente).
Algumas unidades industriais de Sines (REN e REPSOL) têm, ainda, importantes necessidades de
refrigeração (cerca de 74 hm3/ano), que são satisfeitas com captações localizadas no Oceano Atlântico.
O quadro seguinte apresenta a forma como essas necessidades se distribuem entre captações próprias e
água proveniente da rede de abastecimento pública.
Quadro 20 – Necessidades hídricas da indústria na RH6
Fontes de Água
Hm3
Redes de abastecimento público ou coletivo
0,79
Captações privadas e Outras
94,35
Refrigeração
73,88
Usos consuntivos
20,47
TOTAL
95,14
Fonte: Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas Integradas nas Regiões Hidrográficas 6 e 7.
Região Hidrográfica 6 (Volume I Relatório) - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água. Tomo
IA Peças Escritas
As necessidades do setor industrial correspondem a cerca de 7,1% das necessidades totais na RH6, como
se pode ver na figura seguinte.
0,9%
0,9%
9,6% 0,7%
Agricultura
7,1%
Indústria
Produção de Energia
Comércio
Setor Residencial
Turismo
80,8%
Fonte: Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas Integradas nas Regiões Hidrográficas 6 e 7.
Região Hidrográfica 6 (Volume I Relatório) - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico. Tomo 8 Síntese de
Caracterização e Diagnóstico
Figura 7 – Distribuição (%) das necessidades de consumo de água na RH6 por setor (2009)
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
37
Região Hidrográfica 7 (RH7)
GUADIANA
A indústria na RH7 consome 3,5 hm3 por ano, grande parte dos quais (2,54 hm3) associados às minas de
Neves Corvo (SOMINCOR) e transferidos da RH6 (albufeira de Santa Clara, bacia do Mira).
O quadro seguinte apresenta a forma como essas necessidades se distribuem entre captações próprias e
água proveniente da rede de abastecimento pública.
Quadro 21 – Necessidades hídricas da indústria na RH7
Fontes de Água
Hm3
Redes de abastecimento público ou coletivo
0,35
Captações privadas e Outras
3,15
TOTAL
3,5
Fonte: Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas Integradas nas Regiões Hidrográficas 6 e 7.
Região Hidrográfica 7 (Volume I Relatório) - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água. Tomo
IA Peças Escritas
As necessidades do setor industrial correspondem a cerca de 1,9% das necessidades totais na RH7, como
se pode ver na figura seguinte.
10,80%
1,40%
0,00%
1,40%
Agricultura
1,90%
Indústria
Produção de Energia
Comércio
Setor Residencial
Turismo
84,50%
Fonte: Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas Integradas nas Regiões Hidrográficas 6 e 7.
Região Hidrográfica 7 (Volume I Relatório) - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico. Tomo 8 Síntese de
Caracterização e Diagnóstico
Figura 8 – Distribuição (%) das necessidades de consumo de água na RH7 por setor (2009)
38
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Departamento Regional ALGARVE
Região Hidrográfica 8 (RH8)
RIBEIRAS DO ALGARVE
As necessidades de água relativas ao setor industrial correspondem aos volumes de água que se destinam
a satisfazer principalmente as seguintes funções: processo de fabrico (incluindo a incorporação nos
produtos finais e a produção de vapor), arrefecimento, lavagem e transporte de resíduos e higiene do
pessoal operário.
As necessidades de água das micro ou pequenas indústrias são, em geral, garantidas pela rede de
abastecimento público, ao passo que a água utilizada em instalações industriais de maior dimensão
advém normalmente, na sua totalidade ou parcialmente, de captações próprias.
De acordo com a informação utilizada, em 2009, as necessidades de água do setor industrial da RH8
foram de cerca de 6,01 hm3. Do volume total anual de água utilizado pelas indústrias, 4,69 hm3 (78,0%) é
garantido através da rede de abastecimento pública e os restantes 1,32 hm3 de água (quantitativo
correspondente a 22,0% do total requerido pelas indústrias da RH8) são assegurados através de
captações privadas subterrâneas.
O quadro seguinte apresenta a forma como essas necessidades se distribuem entre captações próprias e
água proveniente da rede de abastecimento pública.
Quadro 22 – Necessidades hídricas da indústria na RH8
Fontes de Água
Hm3
Redes de abastecimento público ou coletivo
4,69
Captações privadas e Outras
1,32
TOTAL
6,01
Fonte: Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas que Integram a Região Hidrográfica das Ribeiras do Algarve
(RH8).
Região Hidrográfica 8 (Volume I Relatório) - Parte 3 - Análise Económica das Utilizações da Água.
Tomo IA Peças Escritas
Ao nível dos concelhos, Albufeira é o município com maiores consumos de água por parte da indústria
(requer 41,8% das necessidades industriais de água da RH8). Do volume total de água fornecido pela rede
pública para o abastecimento industrial, mais de metade é distribuído no concelho de Albufeira (52,8%),
sendo esta a origem de água que assegura a quase totalidade das necessidades de água das indústrias
presentes neste município.
Destaca-se também, em termos de importância no total do consumo anual de água industrial, o concelho
de Loulé. A atividade industrial sedeada neste município utilizou no ano analisado 1,87 hm3 de água, ou
seja, 31,1% do total afeto anualmente ao setor em apreço. A água utilizada pelas indústrias que laboram
neste concelho provém, à semelhança do que se verifica em Albufeira, maioritariamente da rede de
abastecimento pública.
Para além destes dois concelhos, há apenas a salientar os municípios de Lagoa e Lagos, cujos consumos
anuais industriais correspondem a 12,5% e 10,9% do total anual afeto à indústria existente na RH8. No
concelho de Lagos, cerca de 67,5% da água utilizada advêm da rede de abastecimento pública, ao passo
que em Lagoa 96,3% da água consumida é extraída em captações privadas subterrâneas.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
39
Nos restantes municípios a atividade industrial é muito reduzida, representando em conjunto os
quantitativos de água utilizados apenas 3,7% do total afeto ao setor em apreço na região em estudo.
O quadro seguinte apresenta o volume de água envolvido na atividade industrial da RH8 por concelho da
área de estudo e por origem de água.
Quadro 23 – Necessidades industriais de água da RH8 por concelho e por origem de água (2009)
Concelho
Rede de abastecimento
pública (hm3)
Captações
privadas (hm3)
Total (hm3)
Albufeira
2,48
0,04
2,51
Aljezur
-
0,00
0,00
Almodôvar
-
-
0,00
Castro Marim
-
-
0,00
Faro
-
0,02
0,02
Lagoa
0,03
0,72
0,75
Lagos
0,44
0,21
0,66
Loulé
1,70
0,17
1,87
-
0,02
0,03
Monchique
Odemira
-
-
0,00
0,03
0,05
0,09
Portimão
-
0,02
0,02
São Brás de Alportel
-
0,01
0,01
Silves
-
0,04
0,04
Tavira
-
0,01
0,01
Vila do Bispo
-
-
0,00
Olhão
Vila Real de Santo António
Total
-
-
0,00
4,69
1,32
6,01
Fonte: Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas que Integram a Região Hidrográfica das Ribeiras do Algarve (RH8).
Região Hidrográfica 8 (Volume I Relatório) - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico. Tomo 3 Caracterização
socioeconómica, ordenamento do território e usos da água
As necessidades do setor industrial correspondem a cerca de 4% das necessidades totais na RH8, como se
pode ver na figura seguinte.
11,0%
24,1%
4,8%
0,0%
4,0%
56,1%
Agricultura
Pecuária
Indústria
Energia
Comércio
Setor Residencial
Turismo
0,0%
Fonte: Planos de Gestão das Bacias Hidrográficas que Integram a Região Hidrográfica das Ribeiras do Algarve (RH8).
Região Hidrográfica 8 (Volume I Relatório) - Parte 2 - Caracterização e Diagnóstico. Tomo 8 Síntese da
caracterização e diagnóstico
Figura 9 – Distribuição (%) das necessidades de consumo de água na RH8 por setor (2009)
40
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
3. REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS RESIDUAIS
A escassez de recursos hídricos, fruto da procura excessiva e de processos de poluição, tornou-se um dos
principais problemas dos grandes centros urbanos e industriais de vários países.
Em muitos casos, os responsáveis pelo abastecimento de água optam pelo desenvolvimento de novas
fontes para captação e tratamento de água em regiões cada vez mais distantes. Embora atenue os
problemas relacionados com a escassez de água, pelo menos a curto prazo, essa não é a melhor opção,
principalmente pelas seguintes razões:
 O custo da água para os consumidores finais aumenta;
 Caso não haja uma estrutura compatível para a drenagem e tratamento dos esgotos gerados, os
recursos hídricos da região acabam por ser comprometidos;
 O aumento da extensão do sistema de transporte de água provoca um aumento nas perdas ao
longo do trajeto;
 A organização das várias regiões hidrográficas em bacias dificulta a transposição da água de uma
região para a outra.
Surge assim a necessidade de implementar estratégias que priorizem a conservação e a utilização
eficiente dos recursos hídricos disponíveis, para que as pressões sobre eles sejam menores. Contudo,
mesmo com a adoção de medidas destinadas a otimizar e reduzir o consumo de água nas diversas
atividades humanas, a adoção de medidas complementares é imprescindível, utilizando-se a prática de
reutilização de água e águas residuais.
Embora seja uma opção com grande potencial para reduzir as pressões sobre os recursos hídricos
disponíveis, a prática de reutilização deve ser devidamente planeada, para que as atividades relacionadas
não corram risco e para que uma ferramenta com tanto potencial não caia em descrédito. Assim, é
preciso apresentar em detalhe os principais conceitos da prática de reutilização de água, a sua aplicação e
possíveis restrições, o que será feito nos capítulos a seguir.
Conceitos Básicos sobre Reutilização de Água
O conceito de reutilização de água não é novo. São vários os trabalhos que abordam aspetos desta
questão, com a indicação das possíveis categorias de reutilização.
Segundo alguns autores, as tendências e fatores que motivam a recuperação e a reutilização de água
podem ser:
 Redução da poluição dos cursos de água;
 Disponibilidade de águas residuais tratadas com elevado grau de qualidade;
 Promoção, a longo prazo, de uma fonte confiável de abastecimento de água;
 Gestão da procura de água, em períodos de seca, no planeamento global dos recursos hídricos;
 Motivação da população para conservar a água e adotar práticas de reutilização.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
41
É importante ressaltar que a opção pela reutilização só deve ser avaliada após a aplicação de medidas de
otimização do uso da água para minimizar desperdicios, dado que podem afetar significativamente as
águas residuais produzidas.
Vários trabalhos procuram definir a reutilização de água ou de águas residuais de acordo com a forma
como ocorrem – reutilização planeada ou não planeada (reutilização inconsciente) e direta ou indireta,
também em função da sua aplicação, uso urbano, industrial ou agrícola. A despeito de todas as definições
existentes, uma definição bastante ampla para o termos “reutilização de água” poderá ser:
“Uso de águas residuais tratadas ou não para fins benéficos, tais como irrigação, uso industrial e
fins urbanos não potáveis”
De acordo com a citação, reutilização é a utilização das águas residuais tratadas nas respetivas estações
ou unidades de tratamento ou, ainda, o uso direto das mesmas em substituição da fonte de água
normalmente explorada.
A adoçao deste procedimento contribui para a redução do volume de água captado e da água residual
gerada pela indústria.
Graças às técnicas de tratamento aplicadas nas indústrias, uma água residual tratada pode ter
características fisicas, químicas e biológicas equivalentes ou até melhores do que as da água bruta, ao
contrário do que acontece com as águas residuais tratadas em estações convencionais de tratamento de
águas residuais domésticas. Noutros casos, as águas residuais originadas por determinados processos têm
características adequadas para que sejam utilizados noutros processos, sem necessidade de tratamento.
Nessas condições, optar pela reutilização é mais atrativo, pois assim é possivel reduzir o volume de águas
residuais geradas pelos diversos sistemas produtivos, tanto na adequação das características da água aos
requisitos de qualidade estabelecidos como para a operação dos sistemas envolvidos.
Aa principais aplicaçõoes da reutilização da água na indústria são:
• Refrigeração;
• Alimentação de caldeiras;
• Água de processo;
• Lavagem de gases;
• Lavagem de pisos e peças;
• Irrigação de áreas verdes.
42
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Estas são algumas das atividades que mais consomem água na indústria e cujos padrões de qualidade não
são muito exigentes, o que não impede que a reutilização possa ser feita em qualquer outra atividade,
desde que as características da água a ser utilizada respeitem os requisitos legais de qualidade exigidos.
De realçar que o conceito de reutilização de águas residuais não deve ser a principal meta de um modelo
de gestão de águas e águas residuais, uma vez que os investimentos necessários para adequar as
características das águas residuais aos requisitos de qualidade exigidos e do caudal a ser tratado podem
ser significativos.
É importante também ressaltar que, à medida que a água é utilizada nos processos industriais, incorpora
várias substâncias e sofre alterações de características, tornando-se uma água residual que deve ser
submetida a um processo de tratamento, de modo a ser adequado aos padrões de qualidade
estabelecidos na legislação em vigor. Na maioria dos casos, os padrões de qualidade são menos restritivos
do que os requisitos de qualidade para aplicações industriais, principalmente em relação à concentração
de sais dissolvidos, o que pode inviabilizar a implementação da prática de reutilização. Caso isto não seja
levado em consideração e a reutilização seja feita mesmo assim, todas as atividades envolvidas podem ser
comprometidas. O mesmo acontece com o sistema de tratamento de águas residuais. É por esta razão
que é importante a avaliação do potencial antes da implementação, com base na qualidade da água
disponível para captação, da água residual gerada, da água para as aplicações em que se pretende fazer a
reutilização e dos padrões de emissão das águas residuais.
Com base nesta informação, é possível determinar a fração das águas residuais a serem reutilizadas
através de um balanço material que também deve levar em conta as técnicas adicionais de tratamento.
Para tal, é imprescindível ter à disposição todos os dados sobre a qualidade e a quantidade da água
captada e sobre a água residual lançada para o ambiente. Assim, pode-se calcular facilmente o volume de
água perdido ou incorporado aos produtos e a quantidade de substâncias químicas adicionadas à água
durante a sua utilização. Podem ser avaliadas individualmente, por meio de cada parâmetro, físico,
químico e/ou biológico, ou por um único parâmetro que represente um conjunto de substâncias, o que
simplifica a elaboração do balanço material.
De acordo com o anteriormente exposto, conclui-se que a prática de reutilização é uma das componentes
da gestão de águas e águas residuais e da preservação dos recursos naturais, mas deve estar vinculada a
outras medidas de racionalização do uso da água e demais recursos.
Implementação da Prática de Reutilização de Água
Conforme referido anteriormente, a prática de reutilização pode ser implantada de duas maneiras
distintas:
 Reutilização Direta de Águas Residuais / Reutilização em Cascata
As águas residuais originadas por um determinado processo são diretamente utilizadas no
processo subsequente, pois as suas características são compatíveis com os padrões de qualidade
da água utilizada. Este tipo de reutilização é também conhecido como reutilização em cascata.
 Reutilização de Águas Residuais Tratadas
É o tipo de reutilização mais discutido atualmente e consiste na utilização de águas residuais já
submetidas a um processo de tratamento.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
43
Para avaliar o potencial destas duas opções é necessário um estudo detalhado sobre a complexidade da
atividade em que haverá a reutilização. Muitos casos exigem alterações nos procedimentos de recolha e
armazenagem de águas residuais, principalmente quando o enfoque é a reutilização em cascata. Já no
caso da reutilização de águas residuais tratadas, uma das principais preocupações é o processo de
concentração de contaminantes específicos, que reduz o potencial de reutilização e pode comprometer as
atividades que empregarão essa água.
Segundo a filosofia de minimização da procura de água e da geração de águas residuais, é importante
priorizar a reutilização em cascata, pois neste caso o consumo de águas é minimizado ao mesmo tempo
que o volume de água residual a ser tratada é reduzido.
Em contrapartida, à medida que a procura de água e a geração de águas residuais diminuem, a
concentração de contaminantes nas águas residuais remanescentes aumenta, já que a carga de
contaminantes não muda. Desta forma, a opção pela reutilização de águas residuais tratadas só deve ser
considerada após avaliação e implementação de todas as alternativas que lançam mão da reutilização em
cascata.
 Reutilização em Cascata
O potencial da reutilização em cascata é estudado com base nos dados sobre as características da água
residual gerada e dos requisitos de qualidade da água no processo que a utiliza. Numa estimativa inicial, a
caracterização completa da água residual seria muito onerosa, de modo que a estratégia a adotar deverá
ser considerar, em primeiro lugar, algum parâmetro crítico, ou então parâmetros gerais que representem
com segurança um determinado grupo de substâncias.
Como parâmetros indicadores, pode considerar-se a carência química de oxigénio, que representa as
substâncias orgânicas e da condutividade elétrica ou da concentração de sais dissolvidos totais, que
representam com segurança os compostos inorgânicos. Além destes parâmetros, a medição de PH, a
turbidez e a cor, também podem ser úteis na fase inicial da avaliação do potencial da reutilização.
A forma de gestão das águas residuais, principalmente no que diz respeito à recolha, também é
importante. Na maioria dos casos, são tubagens ou sistemas centralizados de drenagem que recolhem as
águas residuais de diferentes áreas e processos ao mesmo tempo, dificultando a implementação da
reutilização em cascata. Desta forma, o primeiro passo é avaliar individualmente cada corrente de água
residual, por meio de amostras retiradas dos diversos processos e atividades nas quais a água é utilizada.
Durante a fase de avaliação, deve-se priorizar os processos e atividades com elevada produção de águas
residuais, o que pode, em determinadas situações, indicar águas residuais com baixas concentrações de
contaminantes e resultar num sistema mais simples e económico, atendendo à economia de escala.
Tão importante quanto a identificação da água residual com potencial para reutilização é a identificação
da atividade na qual a reutilização em cascata será aplicada. Deve haver uma relação direta da quantidade
e qualidade da água residual disponível, com a procura e os padrões de qualidade exigidos.
Em certos casos, a substituição total da fonte de abastecimento de água por águas residuais não é viável.
Os procedimentos seguintes cabem nessa situação:
44
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
 Utilizar apenas uma parcela das águas residuais geradas para reutilização
Este processo é indicado quando a concentração de contaminantes no processo de geração de
águas residuais varia com o tempo, ou seja, diminui no decorrer do processo. Esta situação é
comum nas operações periódicas de lavagem em que existe alimentação de água e rejeição da
água residual de forma contínua.
 Promover a mistura das águas residuais geradas com águas provenientes do sistema de
abastecimento
Este processo procura adequar as características da água residual aos requisitos de qualidade
exigidos pela aplicação na qual se pretende fazer a reutilização, promovendo uma mistura de
uma parte da água residual com água do sistema de abastecimento.
Qualquer que seja o método de reutilização em cascata, é imprescindível acompanhar o desempenho da
atividade que emprega a água reutilizada, por forma a consolidar ou efetuar ajustes no processo e
garantir o sucesso do programa. Para todos os casos, é recomendada a realização de ensaios, antes da
implementação de toda a infraestrutura exigida pela prática da reutilização em cascata. Verificada a
viabilidade técnica, é preciso alterar os procedimentos de recolha, armazenagem e transporte das águas
residuais.
Para aumentar a fiabilidade do sistema, principalmente quando as características da água residual podem
sofrer variações significativas, recomenda-se a utilização de sistemas automatizados para controle da
qualidade da água de reutilização, assim como deve ser prevista a utilização de água apenas do sistema
de abastecimento, de maneira a não colocar a atividade em risco.
 Reutilização de Águas Residuais Tratadas
A reutilização de águas residuais tratadas compreende a
reutilização direta e a reutilização após a adoção de
técnicas complementares de tratamento.
A reutilização direta, após avaliação das características da
água residual disponível e dos requisitos de qualidade
exigidos, consiste em encaminhar a água residual, nas
condições em que estiver, da estação de tratamento até o
local onde será utilizado. Se a água residual ainda contiver
algum contaminante que comprometa ou inviabilize a
reutilização direta, deve-se aplicar técnicas de tratamento que possam adequar as suas características aos
requisitos exigidos para o uso, caracterizando a reutilização após a adoção de técnicas complementares.
Qualquer que seja a estratégia, é de fundamental importância que a prática de reutilização seja
devidamente planeada, a fim de proporcionar os máximos benefícios e de ser sustentável ao longo do
tempo.
Portanto, antes que a avaliação do potencial de reutilização das águas residuais comece, todos os fatores
que possam influenciar a sua quantidade e composição devem ser devidamente considerados. Isto
significa que a avaliação do potencial de reutilização das águas residuais deve, necessariamente ser
posterior a qualquer alternativa de racionalização do uso da água e reutilização das águas residuais em
cascata, já que ambas afetam significativamente a quantidade e qualidade da água residual.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
45
Se a prioridade é reutilização das águas residuais não tratadas, ou que tenham passado por
procedimentos de ajuste de parâmetros de qualidade (como p.e. valor de pH e concentração de
microrganismos), é necessário avaliar qualitativa e quantitativamente a água residual disponível na
instalação, depois de tratado.
De uma maneira geral, a prática da reutilização só pode ser adotada caso as características da água
residual disponível sejam compatíveis com os requisitos de qualidade exigidos pela aplicação em questão.
Por isso, é necessário identificar as aplicações potenciais para a água residual disponível por meio da
comparação entre parâmetros genéricos de qualidade exigidos pelas demandas em questão, com os da
própria água residual.
Técnicas/Tecnologias de Tratamento de Águas Residuais
Existem várias técnicas/tenologias para tratamento de águas residuais.
Não se enquadra no âmbito deste estudo uma apresentação detalhada das técnicas/tecnologias utilizadas
no tratamento de águas residuais de modo a que tenham uma qualidade compatível com a sua
reutilização em algumas atividades industriais.
Existe, no entanto, muita bibliografia sobre esse tema. Também se poderá recorrer a empresas
especialistas em técnicas de tratamento de águas. De salientar, no entanto, que os processos de
tratamento mais utilizados tendo em vista a reutilização de água são a desinfeção e a aplicação de
tecnologias de membranas.
O quadro seguinte apresenta informações sobre os processos de tratamento mais utilizados para a
remoção de classes de poluentes em águas residuais tratadas para reutilização.
46
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Quadro 24 - Processos de tratamento mais utilizados para a remoção de classes de poluentes em águas
residuais tratadas para reutilização
Vírus
Bactérias
Sólidos dissolvidos
Compostos vegetais
Fósforo
Azoto
Matéria orgânica
particulada
Matéria orgânica
dissolvida
Processo de Tratamento
Matéria coloidal
Sólidos em suspensão
Classe de Constituintes
Tratamento Secundário
Lamas ativadas
✓
✓
✓
✓
Leitos percoladores
✓
✓
✓
✓
Discos biológicos
✓
✓
✓
✓
Coagulação química, Flotação ou Decantação
✓
Filtração granular
✓
✓
Tamisação
✓
✓
Reator de membranas
✓
✓
✓
✓
Lagoas de estabilização
✓
✓
✓
✓
Leitos de macrófitas
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
Tratamento Terciário
Lamas ativadas
Filtros biológicos
✓
✓
✓
✓
Reator de membranas
✓
✓
✓
✓
✓
Lagoas de macrófitas
✓
✓
✓
✓
✓
Tratamento Avançado
Microfiltração
✓
✓
✓
✓
Ultrafiltração
✓
✓
✓
✓
✓
Flotação com ar dissolvido
✓
✓
✓
Nanofiltração
✓
✓
Osmose inversa
✓
Adsorção com carvão ativado
✓
Permuta iónica
Desinfeção
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
✓
Fonte: Asano et al
.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
47
4. APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS
O aproveitamento de águas pluviais consiste na recolha de água
da chuva diretamente da superfície em que esta cai. Caso
contrário, esta água seria encaminhada diretamente para o
esgoto ou perder-se-ia por evaporação e transpiração. Uma vez
efetuada a recolha e o armazenamento, esta água pode ser
utilizada para fins não potáveis, o que inclui descargas de
autoclismos, rega de jardins e lavagens de veículos ou pátios.
A água pluvial pode ser armazenada em açudes, reservatórios e
cisternas. A solução mais viável assenta na utilização de
reservatórios e cisternas, uma vez que estes conseguem manter
uma maior qualidade da água.
O aproveitamento de águas pluviais surge como uma forma alternativa para combater o aumento das
necessidades de água potável.
A recolha de água pluvial dos telhados é uma prática antiga que existe há milhares de anos. Por exemplo,
na Austrália, a utilização de reservatórios domésticos para água pluvial é uma prática comum,
principalmente em zonas rurais.
Com o progresso dos sistemas de abastecimento público de água, o aproveitamento de água pluvial
tornou-se obsoleto, sendo mais utilizado em zonas com fraco abastecimento, e só passados séculos é que
esta alternativa voltou a ser viável.
O princípio de desviar a precipitação para os sistemas de esgotos, introduzido há cerca de 100 anos, teve
um considerável impacto negativo na qualidade da água. Por esta razão, é necessário que haja uma
mudança no desenvolvimento urbano e na gestão da água, que tenha em consideração o ciclo natural da
precipitação, evaporação e condensação.
O principal objetivo da gestão das águas pluviais é assumir a água das chuvas como um recurso
importante, implementando medidas para proteger o seu ciclo natural e os sistemas ecológicos.
Uma investigação levada a cabo por Ghisi em 2007, concluiu que se poderia poupar entre 12% e 79% de
água potável, em determinadas cidades, ao serem utilizadas águas pluviais.
Apesar de esta solução ser atrativa do ponto de vista ecológico, é necessário ter em atenção a qualidade
da água pluvial recolhida e armazenada devido aos potenciais riscos para a saúde pública resultantes de
contaminantes químicos e microrganismos.
ÁGUAS PLUVIAIS
Águas pluviais são aquelas resultantes de precipitações atmosféricas que chegam ao solo,
coberturas, telhados, entre outros e se infiltram ou escoam na superfície, ou seja, são águas
da chuva.
48
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
4.1 QUALIDADE, GESTÃO E USOS DAS ÁGUAS PLUVIAIS
Qualidade das Águas Pluviais
A água pluvial, em condições normais, tem um pH ligeiramente ácido de cerca de 5,7, consequência da
constituição de ácido carbónico (H2CO3) derivado do dióxido de carbono (CO2). A sua composição pode
alternar consoante a localização geográfica, a sua intensidade e duração, os ventos, a altura do ano, a
poluição presente, as condições climáticas e a proximidade de vegetação. Em locais próximos de zonas
industriais e em fortes centros urbanos, a água apresenta poluentes como o dióxido de enxofre (SO2),
óxido de nitrogénio (NOx) e ainda chumbo ou zinco. A presença destes poluentes leva a uma diminuição
do pH, o que dá origem às chuvas ácidas.
Sabe-se que em Portugal, o pH da água das chuvas é relativamente baixo, evidenciando-se certas zonas
com chuvas ácidas.
A contaminação das águas pluviais pode variar consoante os poluentes atmosféricos, os materiais de
deposição e os detritos e dejetos de pequenos animais presentes nas coberturas dos edifícios. Os
sistemas de aproveitamento de águas pluviais podem levar à contaminação da água e ao
desenvolvimento de microrganismos, devido à retenção de águas e a situação de estagnação, e a
temperaturas superiores a 20ºC que são propícias ao desenvolvimento destes patogénicos.
Os perigos para a saúde provocados pela água pluvial podem ser minimizados com procedimentos de
gestão apropriados. Com a possível exceção dos centros urbanos muito populosos, com emissões de
tráfego urbano e emissões industriais, estes riscos são dependentes da ação individual. Algumas medidas
preventivas estão associadas ao dimensionamento e instalação, enquanto outras estão associadas à
manutenção contínua dos sistemas.
Para que a captação de água pluvial seja a mais segura possível, a superfície de recolha tem que ser
controlada e tem que haver limpeza prévia.
A qualidade microbiológica e química da água pluvial armazenada em reservatórios sofre diretamente o
impacto da zona de recolha e da subsequente contaminação no escoamento, através das deposições
feitas por aves e pequenos mamíferos, decomposição de detritos orgânicos acumulados, deposição
atmosférica de microrganismos presentes no ar e poluentes químicos.
Gestão da Qualidade da Água Pluvial
O principal método de limpeza da cobertura é o first flush, ou seja, o primeiro fluxo de água pluvial.
As primeiras águas limpam a cobertura da maioria dos poluentes e devem ser rejeitadas posteriormente.
O reservatório é o local onde a água fica armazenada durante algum tempo, podendo dar origem a águas
paradas e à deposição de detritos escoados com a água da chuva, o que pode levar ao desenvolvimento
de microrganismos prejudiciais. Deve ser impedida a entrada de luz solar, a tampa de inspeção deve ser
fechada hermeticamente e o tubo de saída deve ser tapado com uma rede de modo a evitar a entrada de
animais.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
49
A melhor maneira de melhorar e gerir a qualidade da água pluvial é com simples medidas preventivas.,
que podem incluir:

Impedir a entrada de folhas e detritos no reservatório, pois podem causar coloração na água,
odor e levar ao crescimento de microrganismos. Podem instalar-se proteções nas caleiras ou um
desviador de folhas;

Prevenir que dejetos de pássaros e acumulações de pó no telhado sejam escoados para o
reservatório quando chove. Um aparelho de desvio das primeiras águas (first flush) pode evitar
que estes entrem no reservatório;

Prevenir que animais e insetos, tais como mosquitos, entrem no reservatório selando ou cobrindo o
mesmo, e filtrando todas as entradas com uma rede. Isto impedirá também o acesso por crianças;

Efetuar manutenção e inspeção ao telhado e caleiras a cada seis meses. Os reservatórios devem
ser inspecionados à acumulação de lodo a cada 2-3 anos, e limpos, se necessário.
Potenciais Usos da Água Pluvial
O aproveitamento de águas pluviais pode ser visto como uma contribuição para uma política do uso
eficiente da água, reduzindo a utilização de água potável e tendo em conta que os volumes de água
recolhidos poderão chegar aos 50% dos valores de água potável.
Esta técnica pode ser realizada em variadas instalações residenciais, comerciais ou industriais. Contudo,
ainda não existe um consenso em relação às possíveis utilizações. A título de exemplo, as lavagens de roupa
são aceites pelas normas alemãs, mas as normas brasileiras, por motivos bacteriológicos, condicionam-nas.
Em Portugal, ainda não existe regulamentação própria, logo as águas pluviais podem ser utilizadas nas
habitações para descargas de autoclismos, rega de jardins e lavagens de pavimentos e veículos.
Em instalações comerciais, industriais ou municipais, as águas pluviais também podem ser consideradas
nos seguintes casos:
50

Em sistemas AVAC;

No arrefecimento de telhados, equipamentos e máquinas;

Nos serviços de limpeza;

No combate a incêndios;

Nas descargas de autoclismos;

Na rega de espaços verdes;

Na lavagem de veículos;

Em lavandarias;

Na reposição de água evaporada de piscinas em hotéis.
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria

4.2 SISTEMAS DE APROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Critérios Técnicos para a Realização de Sistemas de Aproveitamento
de Água Pluvial (SAAP)
A ANQIP (Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais)
elaborou a especificação ETA 0701 – Sistemas de Aproveitamento de
Águas Pluviais em Edifícios (SAAP) que estabelece critérios para
Sistemas de Aproveitamento de Águas Pluviais (SAAP) em edifícios para
outros fins que não o consumo humano.
A especificação encontra-se disponível no site www.anqip.pt.
Os capítulos apresentados na referida especificação são:
1.
2.
3.
4.
5.
Termos e Definições;
Referências Legais e Normativas;
Aspetos Gerais. Certificação dos SAAP;
Prescrições Técnicas;
Inspeção de Manutenção.
Em termos gerais, a conceção, a instalação e a exploração dos SAAP devem respeitar a legislação, a
regulamentação e a normalização nacional e europeia existentes e aplicáveis a estas instalações ou a
qualquer dos seus componentes.
Os sistemas de aproveitamento de águas pluviais (SAAP) devem ser objeto de um projeto técnico, cuja
elaboração deve respeitar, nas partes aplicáveis, as exigências da Portaria n.º 701-H/2008, de 29 de julho.
Relativamente a caleiras, saídas e tubos de descarga, devem ser atendidas, nas partes aplicáveis, as
disposições do Decreto Regulamentar n.º 23/95 ou da Norma Europeia EN 12056-3.
Os SAAP deverão igualmente respeitar as normas e regulamentos aplicáveis relativos a ruído e vibrações.
A conceção e a instalação dos SAAP apenas devem ser feitas por técnicos ou empresas com as necessárias
competências.
Por razões técnicas e de saúde pública, é recomendável a certificação das instalações (Certificação ANQIP
de Instalações SAAP) nos termos da Especificação Técnica ANQIP ETA 0702 - Certificação de Sistemas de
Aproveitamento de Águas Pluviais. Esta certificação exige a apreciação prévia do projeto pela ANQIP, a
realização de vistorias à obra, a certificação dos instaladores e a existência de um Contrato de
Manutenção ou de um Plano de Manutenção.
Devem ficar asseguradas as acessibilidades necessárias para que todas as operações de manutenção e
controlo possam ser feitas de forma fácil e adequada.
Tendo em vista a disponibilidade de instaladores certificados (Certificação ANQIP de Instalador SAAP), a
ANQIP promoverá periodicamente, em diversos locais do país, cursos específicos de formação. A
aprovação nos mesmos confere direito à atribuição de Certificação nas condições referidas na ETA 0702.
Os fornecedores dos componentes que integram os SAAP devem disponibilizar informação adequada
sobre os seus produtos. A certificação da instalação estará condicionada à aplicação de componentes
normalizados, sempre que estes estejam abrangidos por norma portuguesa ou europeia.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
51
As informações relativas aos sistemas a certificar devem ser obrigatoriamente registadas em ficha
própria, recomendando-se a sua inclusão na Ficha Técnica de Habitação.
Atendendo à sua importância iremos abordar de seguida alguns dos requisitos relativos às Prescrições
Técnicas e Inspeção e Manutenção.
Prescrições Técnicas
Neste capítulo são apresentados vários requisitos que devem ser cumpridos.
Pluviosidade de cálculo
Os estudos de pluviosidade deverão recorrer a dados de fontes oficiais, sendo desejável que recorram a
séries históricas de precipitação correspondentes a períodos não inferiores a 10 anos.
Os valores das intensidades máximas deverão ser utilizados para cálculo da capacidade hidráulica da
filtragem. O cálculo destes valores pode ser feito recorrendo ao Anexo IX do Decreto Regulamentar
n.º 23/95, de 23/8. Os períodos de retorno devem ser fixados tendo em atenção as condições locais,
recomendando-se, nos casos habituais, o valor de 5 anos.
No que se refere a pluviosidades médias anuais, apresenta-se na figura seguinte um Mapa da
Pluviosidade Média em Portugal Continental, elaborado pela ANQIP com base em dados do Instituto
Português do Mar e da Atmosfera (1961-1990). Para as Regiões Autónomas podem considerar-se mapas
análogos que constam dos respetivos Planos Regionais da Água (PRA).
Fonte: ANQIP
Figura 10 - Pluviosidade média anual em Portugal Continental (mm)
52
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Face à grande variabilidade dos valores diários de precipitação e dos coeficientes de escoamento,
considera-se adequado o dimensionamento da cisterna com base nas pluviosidades médias mensais na
zona da instalação.
As pluviosidades médias mensais em diversas estações do país podem ser obtidas no site do SNIRH –
Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (Dados Sintetizados/Recursos Hídricos/Boletim de
Precipitação/Precipitação Média Mensal).
O site pode ser consultado seguindo o link: http://snirh.apambiente.pt.
Desvio das primeiras águas
Não se devem considerar como superfícies de recolha
aquelas que estejam em contacto periódico com fontes
poluidoras.
Face às prolongadas estiagens de verão que caracterizam
o clima em Portugal, recomenda-se que as primeiras
águas não sejam aproveitadas para algumas utilizações
ou que seja instalado um dispositivo para desvio do
escoamento inicial (first flush), preferencialmente de
funcionamento automático.
O volume das primeiras águas a desviar pode ser determinado com base na área da cobertura e numa
altura de precipitação pré-estabelecida, que pode variar entre 0 e 8 mm, conforme as condições locais, as
utilizações e os intervalos entre precipitações.
Na ausência de dados ou de estudos das condições locais, recomenda-se que seja feito o desvio de um
volume mínimo correspondente a 2 mm de precipitação, podendo adotar-se um valor inferior em casos
justificados. O volume a desviar será dado pela seguinte expressão:
Vd = P.A
As siglas contidas na expressão correspondem a:

Vd – Volume a desviar do sistema (litros);

P – Altura de precipitação (mm) a desviar;

A – Área de captação (m2).
Quando o desvio do escoamento inicial seja feito de forma automática, através de unidades de controlo,
pode adotar-se um critério de tempo, em alternativa ao critério de volume referido anteriormente (entre
0 e 8 mm).
Quando se opte pelo critério de tempo, deve ser desviado, após estiagens prolongadas, um volume
mínimo correspondente aos primeiros 10 minutos de precipitação, podendo adotar-se valores mais
baixos em função do intervalo entre precipitações.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
53
Volume de água a aproveitar
O volume de água da chuva a aproveitar num determinado período pode ser determinado pela seguinte
expressão:
Va = C.P.A.ηf
Onde:
 Va – Volume anual de água da chuva aproveitável (litros);
 C – Coeficiente de escoamento (relação entre o volume captado e o volume total de precipitação
num determinado período de tempo, tendo em atenção as retenções, absorções e desvios das
primeiras águas);
 P – Altura de precipitação acumulada no período considerado (mm);
 A – Área de captação (m2);
 ηf – Eficiência hidráulica da filtragem.
O valor de C varia significativamente com a altura de precipitação e, no caso das coberturas verdes, com a
precipitação em períodos anteriores. Deste modo, quando o dimensionamento da cisterna for feito com
base nas pluviosidades médias mensais, recomenda-se que sejam adotados os valores de C obtidos
indicados no quadro seguinte, sendo CM o coeficiente de escoamento a considerar no mês M, PM a
pluviosidade nesse mês (em mm) e PM-1 a pluviosidade no mês anterior (também em mm).
Quadro 25 - Valores recomendados para o coeficiente de escoamento (C)
Valor de C a considerar quando o
dimensionamento da cisterna seja feito com
base nas pluviosidades médias mensais
Valor médio de C a
considerar para a
pluviosidade anual
Coberturas impermeáveis
(telha, betão, etc.)
De acordo com estudo experimental
0,80
Coberturas verdes
intensivas, sem rega
(espessura e > 150 mm)
De acordo com estudo experimental
0,30
Coberturas verdes
extensivas, sem rega
(espessura e ≤ 150 mm)
De acordo com estudo experimental
0,50
Tipo de cobertura
Fonte: ANQIP
54
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Cisternas e filtros
As cisternas devem ser constituídas por materiais que
assegurem as necessárias condições estruturais, não porosos
e que não propiciem reações químicas com a água.
As cisternas deverão ser dotadas de filtro a montante (para o
qual se recomenda uma malha entre 0,2 mm e 0,8 mm) e de
descarga de superfície (com sifão). As cisternas deverão ser
ainda dotadas de descarga de fundo, a qual pode ser
dispensada nas cisternas pré-fabricadas onde se considere a
descarga por bombagem. Nas cisternas construídas in situ,
quando não existir cota para uma descarga gravítica, a
descarga de fundo deve ser ligada a uma caixa, a partir da
qual será feita a bombagem. Os cantos devem ser arredondados para facilitar a manutenção e para evitar
o desenvolvimento de biofilmes e o desenho da cisterna deverá minimizar as zonas de estagnação.
A cisterna deverá ser coberta, ventilada e permitir a inspeção, respeitando todas as normas de segurança.
As águas da chuva provenientes da descarga do excesso de água, das primeiras águas e do filtro poderão
ser lançadas na rede de águas pluviais, infiltradas ou lançadas em linha de água natural, desde que não
exista a possibilidade de contaminação.
Deve ser colocado um dispositivo que reduza a turbulência e que diminua a velocidade de entrada da
água na cisterna, a qual deve ser preferencialmente ascendente. A aspiração da bombagem deve também
ser realizada com baixa velocidade e, quando possível, entre 10 e 15 cm abaixo do nível de água na
cisterna (ou através de sistema equivalente que não permita a aspiração de resíduos flutuantes ou
depositados no fundo), recomendando-se uma tomada de água flutuante.
A água da chuva deve ser armazenada em local abrigado da luz e do calor e as aberturas de ventilação
devem ser dotadas de dispositivos anti-roedores e anti-mosquitos. Quando a descarga de excesso de água
estiver ligada diretamente a uma rede pluvial, recomenda-se a instalação de uma membrana
anti-roedores.
As cisternas localizadas em locais com possibilidade de temperaturas negativas devem ser instaladas de
modo a prevenir o congelamento da massa de água armazenada. Nestas situações, as tubagens devem
igualmente possuir isolamento. Se as cisternas forem colocadas no exterior, devem ser preferencialmente
enterradas, para aproveitar a proteção geotérmica do solo (a uma profundidade mínima de 1 metro).
A instalação das cisternas em fibra de vidro, PEAD ou noutros materiais plásticos devem respeitar as
instruções de instalação do fabricante de modo a evitar deformações estruturais. Na instalação de cisternas
enterradas deverá ainda prevenir-se a flutuação, quando se encontre vazia, e atender às cargas de tráfego.
No que se refere à tampa do acesso à cisterna, deverá ser respeitada a Norma Europeia EN 124.
Os reservatórios de grandes dimensões podem ser repartidos em células, para que seja facilitada a sua
manutenção permitindo o isolamento das células, quando necessário, através de válvulas de
seccionamento. O esvaziamento das células pode ser efetuado por descarga de fundo gravítica ou por
bombagem.
Deve ser instalado um sistema de corte no início do sistema, de modo a que, quando sejam utilizados ou
derramados (deliberada ou acidentalmente) produtos potencialmente nocivos para a saúde humana na
área de captação, o sistema possa ser desconectado, impedindo a entrada desses produtos na cisterna.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
55
A conexão só deve ser retomada após lavagem adequada da área de captação e garantia de ausência de
perigosidade.
Dimensionamento da cisterna
As cisternas devem ser dimensionadas de acordo com critérios económicos, técnicos e ambientais,
considerando sempre as boas práticas de engenharia. Recomenda-se que o volume total (Vt) seja, no
mínimo, superior em 20% ao volume útil (Vu), para ter em atenção o volume morto e a profundidade da
boca de captação.
Para efeitos de dimensionamento, devem ser considerados períodos de reserva da água na cisterna entre
20 e 30 dias, admitindo-se que esta retenção possa ser prolongada até um máximo de 90 dias, desde que
as condições de armazenamento sejam adequadas.
Em edifícios residenciais ou em edifícios administrativos, comerciais, de serviços ou industriais, de
pequena ou média dimensão e com uma estrutura de consumos relativamente uniforme ao longo do
tempo, a cisterna pode ser pré-dimensionada através de métodos simplificados.
Para um dimensionamento simplificado da cisterna, propõe-se a aplicação da expressão seguinte (V em
litros):
V = Min {V1 ou V2}
Com:

V1 = 0,0015*P*A*N;

V2 = 0,003*U*CAE*N.
Sendo que:
 V1 – Volume aproveitável (litros);
 P – Pluviosidade média anual no local da instalação (mm) – ver mapa da pluviosidade média
anual em Portugal, apresentado anteriormente;
 A – Área de captação (m2);
 N – Número máximo de dias de retenção da água na cisterna (em geral, 20 a 30 dias, podendo
considerar-se um valor superior, até 90 dias, quando existir uma utilização significativa para
rega);
 V2 – Volume consumido (litros);
 U – Número de moradores ou utentes do edifício;
 CAE – Consumo anual estimado (litros).
56
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Instalações prediais
O dimensionamento das tubagens de abastecimento da rede não potável deve ser feito de modo análogo
ao dimensionamento da rede potável e para idênticos níveis de conforto.
As redes de água não potável, incluindo elementos acessórios, devem ser claramente diferenciadas das
redes de água potável. Sugere-se a utilização de tubagem de cor púrpura ou de fita adesiva colorida,
preferencialmente com texto “Água não potável”, “Água da chuva” ou outro equivalente, devendo ser
controlado periodicamente o estado de conservação destas marcas ou avisos.
Os dispositivos de rega ou lavagem, interiores ou exteriores, devem estar sinalizados com advertências
análogas às indicadas para as redes de água não potável, acompanhadas de simbologia adequada (figura
seguinte). Recomenda-se que as torneiras de lavagem ou rega sejam dotadas de manípulos amovíveis
(chave de segurança), para evitar usos inadequados.
CORES RECOMENDADAS
Vermelho (RAL 3000), púrpura (RAL 3004) ou cores
intermédias (RAL 3001 a RAL 3003).
DIMENSÕES RECOMENDADAS
10 cm x 15 cm, admitindo-se dimensões inferiores
quando justificado pelo espaço disponível.
NOTA: O espaço por baixo da frase “Não beber” pode
ser aproveitado para colocação do nome ou
logotipo do fornecedor do equipamento e/ou do
instalador.
Fonte: ANQIP
Figura 11 - Modelo de aviso a colocar junto de dispositivos de rega ou lavagem alimentados
por água da chuva
Recomenda-se que a avaliação dos caudais de água da chuva afluentes à rede de drenagem predial seja
feita por estimativa, com base nas utilizações previstas e nas percentagens médias dos consumos afetos a
essas utilizações, de acordo com publicações de entidades oficiais (Entidade Reguladora, etc.).
Quando a Entidade Gestora exigir a medição de caudais, deverá considerar-se a instalação de dois
contadores totalizadores, ficando um no troço de ligação da cisterna à rede predial e outro no suprimento
de água potável, sendo o valor a faturar obtido pela diferença nas leituras. No caso do primeiro contador,
não devem ser medidos os caudais que não sejam conduzidos à rede de drenagem (rega de jardins, etc.).
A instalação dos contadores deverá ser realizada de acordo com as indicações da Entidade Gestora.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
57
Instalações de bombagem
As instalações de bombagem no exterior dos reservatórios devem respeitar os níveis de ruído
estabelecidos por lei e devem estar protegidas do calor, frio ou chuva, em local ventilado. As bombas
submersíveis deverão ser facilmente removíveis, para permitir as operações de manutenção.
Os equipamentos de bombagem concebidos para os sistemas domésticos de aproveitamento de água
pluvial devem estar tecnologicamente dotados de funções que permitam a gestão de água pluvial de uma
forma responsável e eficiente. A manutenção destes sistemas deve ser realizada de acordo com as
especificações técnicas do produto.
Inspeção e Manutenção
Inspeção
O instalador do SAAP deverá fornecer telas finais do sistema executado e um Plano de Manutenção.
As inspeções podem ser realizadas pelos utilizadores, mas a manutenção de órgãos de bombagem e de
tratamento deve ser feita por técnicos especializados.
Manutenção
Quando se utilizem, nas operações de manutenção ou higienização, produtos potencialmente nocivos
para a saúde humana ou para o ambiente, devem tomar-se medidas que impeçam o lançamento das
águas residuais resultantes dessas operações no ciclo pluvial natural ou na rede de drenagem de águas
residuais sem a necessária verificação de compatibilidade com os componentes naturais, canalizações e
órgãos de tratamento a jusante, recorrendo a pré-tratamento, quando necessário.
Independentemente das intervenções excecionais de reparação e na ausência de condições que
recomendem intervenções em períodos mais curtos, a manutenção do SAAP deverá ser realizada de
acordo com as frequências mínimas indicadas no quadro seguinte.
Quadro 26 - Frequência da manutenção dos componentes dos SAAP
Componentes
Frequência da manutenção
Filtros
Inspeção e limpeza semestrais
Sistema de desvio do first flush
Inspeção semestral e limpeza anual (se automático) ou semestral (se manual)
Caleiras e tubos de descarga
Inspeção e limpeza semestrais
Órgãos de tratamento/desinfeção
Inspeção mensal e manutenção anual
Sistema de bombagem
De acordo com as indicações do fabricante
Cisterna
Inspeção anual e limpeza e higienização de 10 em 10 anos (no máximo)
Unidades de controlo
Inspeção semestral e manutenção anual
Canalizações e acessórios
Inspeção anual
Fonte: ANQIP
As operações semestrais de manutenção devem ter lugar no início e no final da época das chuvas,
preferencialmente.
58
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
5. SISTEMAS PREDIAIS DE REUTILIZAÇÃO DE ÁGUAS
CINZENTAS
A reutilização de águas cinzentas para fins não potáveis vem ao encontro das premissas de
sustentabilidade e ao conceito de conservação de água. Sistemas de reutilização de águas cinzentas
devem seguir quatro critérios: segurança higiénica, estética, proteção ambiental e viabilidade técnica e
económica.
A composição das águas cinzentas é principalmente influenciada pelo comportamento do utilizador,
podendo também apresentar variação conforme a região onde a cultura, os costumes, as instalações e a
utilização de produtos químicos são diferentes.
As substâncias presentes nas águas resultam geralmente de produtos de higiene pessoal, detergentes,
cabelos, pele, partículas de caspa e, eventualmente, sujidade da roupa, sendo facilmente biodegradáveis.
Devido a esta biodegradabilidade, o tratamento não pode ser muito retardado pois podem desencadear-se
processos de decomposição envolvendo sulfatos e cheiros desagradáveis.
Em geral, as águas de chuveiros e banheiras não são muito poluídas. As das máquinas de lavar roupa
costumam ter uma carga poluente mais elevada e as águas da cozinha (pia da louça e máquina de lavar
louça) ainda maior. Os valores podem variar, dependendo da qualidade da água da rede pública ou de
tratamentos feitos na rede predial (por exemplo, uma maior concentração de nitratos na rede geral ou a
adição de polifosfatos na instalação predial para impedir a corrosão das tubagens). Concentrações de
fosfatos relativamente elevadas podem resultar de detergentes para lavar louça, embora a tendência seja
para a diminuição.
O grande número de estudos microbiológicos realizados nos últimos anos em águas de banheiras,
chuveiros e lavatórios revelou teores de coliformes totais e fecais (E. coli) muito inferiores aos
encontrados em águas residuais domésticas totais. É de salientar que, nos efluentes de máquinas de lavar
roupa, as concentrações de bactérias dependem da temperatura de lavagem.
Sistemas Prediais de Reutilização e Reciclagem de Águas Cinzentas
A ANQIP - Associação Nacional para a Qualidade nas
Instalações Prediais elaborou a especificação
ETA-0905 – Sistemas Prediais de Reutilização e
Reciclagem de Águas Cinzentas (SPRAC) que
estabelece critérios técnicos para a realização de
Sistemas Prediais de Reciclagem e Reutilização de
Águas Residuais Cinzentas e que se encontra
disponível no site da ANQIP (www.anqip.pt).
Águas Cinzentas
Águas cinzentas são águas residuais domésticas provenientes, em geral, de banheiras,
duches, lavatórios, lavagem de roupa e cozinhas que não contem águas negras (águas
provenientes das descargas de sanitas e mictórios).
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
59
Os capítulos apresentados na referida especificação são:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
INTRODUÇÃO
TERMOS E DEFINIÇÕES
ENQUADRAMENTO NORMATIVO E LEGISLATIVO
PLANO DE SEGURANÇA E CERTIFICAÇÃO DE SISTEMAS
QUANTIDADE E QUALIDADE DAS ÁGUAS CINZENTAS
CONCEÇÃO DOS SPRAC E PRESCRIÇÕES TÉCNICAS
TRATAMENTO
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO
Atendendo à sua importância, destacamos alguns dos referidos capítulos, relativamente aos quais
apresentamos uma breve descrição.
ENQUADRAMENTO NORMATIVO E LEGISLATIVO
A conceção, instalação e exploração dos SPRAC devem respeitar as normas e regulamentos nacionais e
europeus aplicáveis a estas instalações ou a qualquer dos seus componentes, incluindo a legislação sobre
a qualidade da água. No que se refere ao dimensionamento, em particular, devem ser atendidas, nas
partes aplicáveis, as disposições do Regulamento Geral Português em vigor ou as Normas Europeias
EN 12056-2 e EN806-3.
Os SPRAC deverão igualmente respeitar as normas e regulamentos aplicáveis relativamente a ruído e
vibrações.
Todos os SPRAC deverão ser objeto de um projeto, cuja elaboração deve respeitar, nas partes aplicáveis,
as exigências da portaria n.º 701-H/2088, de 29 de julho.
À escala unifamiliar poderão ser admitidos sistemas de tratamento mais simples do que os preconizados
na ETA 0905, desde que respeitem a legislação aplicável e sob responsabilidade do proprietário.
PLANO DE SEGURANÇA E CERTIFICAÇÃO DOS SISTEMAS
A conceção e a instalação dos SPRAC apenas devem ser feitas por técnicos devidamente habilitados e por
empresas que tenham desenvolvido as necessárias capacidades teóricas e práticas.
Devem também ficar asseguradas as acessibilidades necessárias para que todas as operações de inspeção
e manutenção possam ser feitas de forma fácil e adequada.
Deve ser elaborado um Plano de Segurança, com uma versão inicial da responsabilidade do instalador,
mas periodicamente atualizado pelo utilizador. O Plano de Segurança deverá incluir, no mínimo, os
seguintes capítulos:
60

Caracterização da instalação;

Avaliação de riscos;

Critérios para a avaliação da conformidade da qualidade da água regenerada (frequência mínima
das análises para os diversos períodos de funcionamento da instalação, etc.);

Procedimentos em caso de avaria ou problema grave (Plano de Atuação).
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Por razões técnicas e de saúde pública os SPRAC devem ser certificados nos termos da Especificação
Técnica ANQIP ETA 0906, a qual exige a apreciação prévia do projeto pela ANQIP, duas vistorias à obra, a
certificação dos instaladores, um Plano de Segurança aprovado pela ANQIP e um Contrato de
Manutenção.
Tendo em vista a disponibilidade de instaladores certificados (Certificação ANQIP de Instalador SPRAC), a
ANQIP promoverá periodicamente, em diversos locais do país, cursos específicos de formação. A
aprovação nesses cursos dará direito à atribuição da certificação, nas condições referidas na ETA 0906.
As informações relativas aos sistemas a certificar devem ser obrigatoriamente registadas em ficha
própria, recomendando-se a sua inclusão na Ficha Técnica de Habitação.
A certificação dos SPRAC estará condicionada à aplicação de componentes certificados, sempre que
abrangidos por uma Norma de produto, devendo os fornecedores disponibilizar adequada informação
sobre os seus produtos.
QUANTIDADE E QUALIDADE DAS ÁGUAS CINZENTAS
Balanço Hídrico
A quantidade de águas cinzentas produzidas pode variar consideravelmente em função dos hábitos
sanitários e nível de vida das famílias. Na ausência de estudos específicos, em edifícios novos ou
reabilitados onde tenham sido instalados dispositivos da classe de eficiência hídrica A ou inferior
(conforme as ETA 0802 e 0809), o consumo médio de água poderá estimar-se em cerca de
100 l/(hab.*dia) e a produção de águas cinzentas em cerca de 70 l/(hab.*dia), como se pode ver no
quadro seguinte.
De acordo com esta estimativa, o potencial de reutilização é de cerca de 48 l/(hab.*dia), dos quais
25 a 35 l/(hab.*dia) em limpezas de sanitas.
A informação sobre o balanço hídrico em edifícios residenciais apresentada no quadro seguinte pode ser
adaptada para edifícios não residenciais, mediante estudo de caso.
A produção de águas cinzentas e o seu grau de poluição são essencialmente determinados pelos hábitos
dos consumidores, resultando de produtos de higiene pessoal, detergentes, sujidade do corpo e também
da roupa. Esses poluentes são considerados como facilmente biodegradáveis.
Quadro 27 - Balanço hídrico em edifícios residenciais com dispositivos eficientes (valores médios
em litros por habitante e por dia)
Natureza da água
utilizada
52 litros de água de
qualidade alimentar
Usos de água
Águas residuais
produzidas
40 litros para duche,
banheira e lavatórios
12 litros para a cozinha
48 litros de águas cinzentas
regeneradas
70 litros de águas cinzentas
5 litros para limpezas
48 litros de água
regenerada
Destino da água
22 litros de águas cinzentas
descarregadas
13 litros para a máquina de
lavar roupa
25 litros para descarga de
autoclismos
25 litros de águas negras
25 litros de águas negras
descarregadas
5 litros para rega
-
Infiltração no solo
Fonte: ANQIP
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
61
Utilizações e Exigências de Qualidade para as Águas Regeneradas
 Considerações Gerais
Ao nível dos conhecimentos atuais, considera-se que as águas regeneradas podem ser utilizadas em
descargas de autoclismos, lavagem de roupas e rega de jardins, após tratamento adequado. A infiltração
no solo ou descarga direta nas linhas de água pode também ser considerada em relação às descargas de
excedentes do tratamento.
A qualidade considera-se adequada quando, nos controlos analíticos anuais, nenhum parâmetro exceda o
Valor Máximo Admissível (VMA) específico, para os níveis de tolerância indicados no quadro seguinte.
Neste último caso, a análise de confirmação, a realizar após revisão da instalação e no prazo máximo de
15 dias, terá de conduzir a um novo valor que cumpra o VMA.
Quadro 28 - Tolerâncias relativamente ao VMA
Parâmetro
Tolerância relativamente ao VMA
Legionella spp.
1 unidade logarítmica
Estreptococos fecais (Enterococos)
1 unidade logarítmica
Coliformes fecais (Escherichia coli)
100% do VMA
Pseudomonas aeruginosa
100% do VMA
Parasitas entéricos
100% do VMA
Sólidos em suspensão
100% do VMA
Turvação
100 % do VMA
Fonte: ANQIP
Os SPRAC deverão ser dotados de pontos de amostragem antes e depois do tratamento.
O utilizador da água regenerada é responsável por evitar a deterioração da sua qualidade entre os locais
de tratamento e de utilização.
Para os excedentes do tratamento, a descarga na rede pública, a infiltração no solo ou o lançamento
direto em linhas de água podem ser considerados, entre outras alternativas, nas condições assinaladas
mais adiante.
Não é recomendável a utilização de fluxómetros em SPRAC, face ao regime de funcionamento destes
dispositivos.
Durante a fase de arranque, a água não pode ser reutilizada no edifício.
 Descarga de Autoclismos
Para descarga de autoclismos devem considerar-se os requisitos apresentados no quadro seguinte, onde
os valores para coliformes totais e coliformes fecais são definidos como nas normas de qualidade para
águas balneares interiores, nos termos da legislação nacional e diretivas Europeias aplicáveis. O VMR
corresponde ao Valor Máximo Recomendado.
62
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Quadro 29 - Requisitos de qualidade para descarga de autoclismos
Parâmetro
VMA
VMR
-
104 UFC /100 ml
Estreptococos fecais (Enterococos)
400 UFC/100 ml
-
Coliformes fecais (Escherichia coli)
103 UFC/100 ml
0 UFC/100 ml
Coliformes totais
Pseudomonas aeruginosa
1 UFC/ml
Parasitas entéricos
1 ovo/ 10 l
Sólidos em suspensão
10 mg/l
Turvação
2 UNT
Fonte: ANQIP
Nesta aplicação devem considerar-se medidas de segurança adicionais como, por exemplo, a colocação
de avisos de obrigatoriedade de fechar a tampa da sanita.
 Lavagem de Roupas
Os requisitos indicados para a descarga de autoclismos são também aplicáveis à lavagem de roupas, a
qual deverá ser efetuada a temperaturas não inferiores a 55ºC.
 Rega de Plantas
Para a rega de jardins privados devem ser cumpridos os requisitos indicados quadro seguinte, sem
necessidade de adição de produtos químicos.
No caso de rega de produtos suscetíveis de serem consumidos a cru, deve atender-se aos VMA indicados
na Norma Portuguesa NP 4434 (2005), não se recomendando o aproveitamento de águas provenientes de
cozinhas.
Quadro 30 - Requisitos de qualidade para rega de jardins privados
Parâmetro
Legionella spp.(*)
VMA
VMR
100 UFC/100 ml
-
Coliformes totais
-
104 UFC /100 ml
Estreptococos fecais (Enterococos)
100 UFC/100 ml
-
Coliformes fecais (Escherichia coli)
200 UFC/100 ml
0 UFC/100 ml
Salmonellae
Não detetável
-
1 ovo/ 10 l
Não detetável
10 mg/l
-
2 UNT
-
Parasitas entéricos
Sólidos em suspensão
Turvação
(*) – Quando existir risco de formação de aerossóis (pulverizadores, aspersores, nebulizadores, etc.)
Fonte: ANQIP
 Infiltração no Solo ou Descarga Direta em Linhas de Água
A infiltração no solo ou a descarga direta em linhas de água carece de aprovação da respetiva
Administração da Região Hidrográfica, quer se trate de águas regeneradas ou não.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
63
Métodos de Análise
As análises devem ser efetuadas imediatamente a jusante do tratamento.
Para métodos de análise de referência dos parâmetros referidos na Especificação ANQIP ETA 0905, devem
considerar-se os indicados na legislação portuguesa sobre qualidade da água, sendo o número de análises
definido no quadro seguinte. As análises devem ser efetuadas por laboratório acreditado.
A fase de arranque deve ter uma duração mínima de 6 semanas e só se considera finalizada quando, para
cada parâmetro, se observar conformidade em X análises sucessivas (quadro seguinte).
No período de arranque, as análises não devem ser feitas com intervalos inferiores a 7 dias e a primeira
análise só deverá ser feita ao fim de duas semanas após o arranque da instalação.
Após um período de paragem prolongada ou deteção de problema grave na instalação, o
restabelecimento do seu funcionamento só poderá ser feito após a verificação da conformidade em todos
os parâmetros em Y análises sucessivas (quadro seguinte).
Serão da responsabilidade do instalador as análises da fase de arranque ou as decorrentes de paragem da
instalação provocada por problemas detetados durante o período de garantia (mínimo de 2 anos). A
conformidade deve reportar-se aos valores dos requisitos de qualidade para descarga de autoclismos
e/ou dos requisitos de qualidade para rega de jardins privados, conforme as utilizações, e sem considerar
as tolerâncias relativas ao VMA.
Os valores indicados no quadro seguinte, na coluna de exploração corrente, correspondem ao número de
análises a realizar no período de um ano.
Quadro 31 - Número de análises sucessivas conformes nas diversas fases dos SPRAC
Período de
Arranque
(Valor X)
Após paragem Prolongada ou
Deteção de Problema Grave
(Valor Y)
Exploração
Corrente
Legionella spp.(*)
3
2
1 (*)
Coliformes totais
2
1
1
Estreptococos fecais (Enterococos)
3
2
1
Coliformes fecais (Escherichia coli)
3
2
1
Pseudomonas aeruginosa
3
2
1
Parasitas entéricos
3
2
1
Sólidos em suspensão
3
2
1
Turvação
3
2
1
Salmonellae
2
1
1
Parâmetro
(*) Uma amostra no Verão
Fonte: ANQIP
Caso seja detetado um desvio superior às tolerâncias relativamente ao VMA em algum dos parâmetros,
deverá ser feita uma revisão da instalação e as análises repetidas no prazo máximo de 15 dias (análises de
confirmação). O procedimento deverá ser repetido com esta periodicidade até que se obtenha
conformidade em todos os parâmetros.
64
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Caso tal não se verifique, até três análises sucessivas de confirmação, deve considerar-se que existe um
problema grave e o funcionamento da instalação deve ficar suspenso para deteção e correção das
anomalias.
As análises a realizar no período de exploração corrente deverão constar do contrato de manutenção da
instalação.
O Plano de Segurança poderá impor procedimentos mais restritivos do que os anteriormente indicados.
CONCEÇÃO DOS SPRAC E PRESCRIÇÕES TÉCNICAS
Generalidades
Em regra, a necessidade de água regenerada em edifícios residenciais é consideravelmente inferior à
quantidade disponível de águas cinzentas, pelo que não é necessário tratar a sua totalidade, mas apenas
as águas residuais menos poluídas, como os do chuveiro, banheira e lavatório.
Deverá ser prevista uma alimentação alternativa de água ao SPRAC, com água de outras origens
(suprimento), mas com qualidade adequada às utilizações em vista. A operação deverá ser
preferencialmente automática e no último estágio do tratamento. Quando o nível mínimo de água
regenerada for atingido no reservatório arrancará o dispositivo de suprimento, introduzindo no sistema a
quantidade de água estritamente necessária.
Redes Prediais
O dimensionamento das redes de água regenerada deve ser feito de modo análogo ao dimensionamento
da rede potável e para idênticos níveis de conforto.
As redes de água regenerada, incluindo elementos acessórios, devem ser claramente diferenciadas das
redes de água potável, sugerindo-se a utilização de tubagem de cor púrpura ou de fita adesiva colorida,
preferencialmente com os avisos “Rede não potável”, “Água não potável”, “Água regenerada” ou
equivalentes, cujo estado de conservação deve ser controlado periodicamente.
Os dispositivos de rega ou lavagem, interiores ou exteriores, devem ser sinalizados com advertências
análogas às acima indicadas, acompanhadas de simbologia adequada, e as respetivas torneiras dotadas
de manípulos amovíveis (chave de segurança), para evitar usos inadequados.
Em sistemas com significativas áreas abertas de tratamento e elevados gradientes de temperatura, pode
aparecer humidade significativa na sala de tratamento, com possível condensação em elementos
construtivos e componentes da instalação (por exemplo, tubos com temperatura abaixo da temperatura
ambiente). Por essa razão, se recomenda o isolamento térmico dos tubos de água fria e a ventilação
adequada dos espaços de tratamento.
Alguns componentes das águas cinzentas, como cabelos, por exemplo, podem causar problemas
operacionais, pelo que os tubos e acessórios que estão em contacto com as águas cinzentas devem ser
projetados sem arestas cortantes e sem saliências onde estes componentes possam ficar retidos.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
65
Reservatórios e Equipamentos Eletromecânicos
Todos os equipamentos mecânicos, tais como bombas, válvulas motorizadas, filtros e outras unidades,
devem ser de acesso fácil para permitir a sua manutenção, reparação ou limpeza. Este aspeto é
particularmente importante se o esgoto da cozinha for ligado ao sistema, dado que as elevadas
concentrações de gordura obrigam a bombas e acessórios específicos.
Uma das funções dos reservatórios é compensar o desfasamento entre a afluência de águas cinzentas e o
seu consumo, mas também podem ter alguma influência sobre a qualidade das águas regeneradas. O seu
volume depende dos hábitos dos utilizadores, do tipo de edifico, bem como do tempo de processamento.
Dado que, em regra, existe equilíbrio entre a produção de águas cinzentas e as necessidades de água
regenerada, o volume de reserva (antes ou depois do tratamento) não deve ser maior do que o consumo
diário médio.
Os reservatórios devem ser opacos ou protegidos da exposição solar, a fim de evitar o possível
desenvolvimento de algas.
Os reservatórios e condutas de águas cinzentas e regeneradas devem evitar a libertação de odores e, se
possível, ser ventilados separadamente das restantes zonas do edifício.
As descargas de superfície (overflow) devem ser providas de sifão, dispositivo antirretorno e, se
necessário, protegidas contra roedores.
As instalações de bombagem devem satisfazer a regulamentação em vigor, respeitar os níveis de ruído
estabelecidos por lei e estar protegidas do calor, frio ou chuva, em local ventilado.
Recomendam-se as seguintes medidas complementares:


Proteção dos circuitos elétricos por ligação à terra;
Instalação de sensores para indicação dos parâmetros do sistema (níveis de água, pressão, etc.).
TRATAMENTO
Tecnologia
Existem diversas tecnologias de tratamento de águas que podem ser utilizadas no tratamento de águas
cinzentas, sendo preferíveis as que dispensam a adição de produtos químicos, as que necessitam de
pouca energia e as que possuam uma manutenção económica. De entre elas podem referir-se:



Sistemas biológicos de tratamento;
Tecnologia de membranas;
Tecnologias combinadas.
Se, conjuntamente com a redução de matéria orgânica, ocorrer também uma redução microbiológica (o
que pode acontecer com membranas ou filtros, por exemplo) pode não ser necessária uma etapa
específica para desinfeção.
Desinfeção
Diversas técnicas de desinfeção podem ser consideradas, mas o uso de cloro deve ser evitado, pois pode
originar formação de compostos orgânicos de cloro, com efeitos eventualmente adversos sobre o
ambiente e a saúde pública.
66
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Uma técnica bastante utilizada é a das radiações ultravioleta (UV), sendo que, após uma separação de
sólidos e um tratamento biológico, uma radiação de 250 J/m2 é geralmente suficiente para assegurar os
necessários requisitos de qualidade.
Por razões de segurança operacional é recomendável o controlo automático dos dispositivos de
desinfeção. Em caso de avaria destes últimos, a unidade de controlo deve desviar automaticamente a
água regenerada, de forma a evitar que a água não desinfetada entre no circuito de utilização.
INSPEÇÃO E MANUTENÇÃO
Inspeção
O instalador do SPRAP deverá fornecer telas finais do sistema executado, o Plano de Manutenção e os
boletins analíticos referentes às análises realizadas no período de arranque.
As inspeções devem ser feitas de acordo com as instruções do fabricante e do instalador. Além de se
verificar o funcionamento dos componentes do SPRAC e do seu funcionamento global, deve ser feita uma
análise sobre a turvação e o odor da água.
Manutenção
Deverá existir um contrato de manutenção com um instalador certificado ou entidade acreditada pela
ANQIP para o efeito, cuja apresentação será obrigatória para efeitos de Certificação ANQIP do SPRAC.
A manutenção deve cumprir os prazos estabelecidos pelos fabricantes, tendo em vista o seu bom
funcionamento, o aumento da vida útil e a eficiência energética.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
67
6. MEDIDAS DE EFICIÊNCIA HÍDRICA A IMPLEMENTAR NO
TECIDO INDUSTRIAL
6.1. IDENTIFICAÇÃO DE OPÇÕES PARA OTIMIZAR O USO DA ÁGUA E
MINIMIZAR ÁGUAS RESIDUAIS
A fase de identificação de oportunidades para a redução do consumo de água numa indústria –
e, consequentemente, da geração de águas residuais – deve começar uma vez identificadas as maiores
necessidades de água por categoria de consumo e os principais setores responsáveis.
Esta identificação deve ser feita sistematicamente, podendo-se lançar mão de recursos já explorados por
programas conhecidos de melhoria do desempenho ambiental da indústria, como programas de
prevenção da poluição, por exemplo.
No inicio, as estratégias restringiam-se à elaboração de normas cada vez mais limitadas de controle da
poluição ambiental, impondo às industrias padrões de emissões de poluentes e, consequentemente,
diminuindo o ritmo de degradação da qualidade ambiental. Entretanto, o aumento das atividades
industriais e a complexidade das relações entre os diversos poluentes lançados pelas indústrias no meio
ambiente tornaram essas estratégias ineficazes, exigindo reformulações e novas alternativas. Em vez de
solucionar os problemas gerados pela poluição já existente, deveriam ser criadas alternativas que
evitassem a geração de mais poluição. Assim, não seria preciso adotar métodos de controlo, e os efeitos
adversos em seres humanos e no meio ambiente seriam menores.
A busca por um modelo mais eficiente para controlar a degradação do ambiente, principalmente como
consequência do desenvolvimento das atividades industriais, originou o conceito de prevenção da
poluição, definido como “qualquer prática que reduz a quantidade ou o impacto ambiental e na saúde, de
qualquer poluente antes da sua reciclagem, tratamento ou disposição final, incluindo modificação de
equipamentos ou tecnologias, reformulação ou reconfiguração de produtos, substituição de matériasprimas, melhoria organizacional, treinamento e/ou controle de inventário” (Duncan, 1994).
A conservação de recursos e de energia são formas de prevenção da poluição e o principal objetivo de
qualquer iniciativa é reduzir os impactes ambientais inerentes a todo o ciclo de vida do produto. As
questões relacionadas com o consumo da água e gestão de águas residuais também devem ser avaliadas
com base no conceito de prevenção da poluição, que é, sem sombra de dúvida, a maneira mais lógica e
racional de se trabalhar qualquer atividade, já que abrange todos os princípios de um programa saudável
de gestão ambiental.
Os princípios básicos de prevenção da poluição conduzem a procedimentos de gestão de acordo com a
hierarquia de atuação apresentada na figura seguinte.
68
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Figura 12 - Princípios básicos de prevenção da poluição
Em muitos casos, a identificação de oportunidades para a aplicação dos conceitos de prevenção da
poluição é bastante simples: basta uma análise superficial dos processos que estão a ser desenvolvidos ou
dos procedimentos operacionais adotados. Em algumas situações, identificar oportunidades para a
aplicação deste conceito requer a utilização de medidas mais complexas, como uma análise mais
minuciosa dos sistemas de produção, cuja ferramenta adicional é a análise do ciclo de vida do produto.
As principais ferramentas de prevenção da poluição, tendo em vista a redução do consumo de água e a
geração de águas residuais são:

ELIMINAR DESPERDÍCIOS

MUDAR PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

CAPACITAR OPERADORES

SUBSTITUIR DISPOSITIVOS E EQUIPAMENTOS

ALTERAR O MÉTODO DE PRODUÇÃO
A prioridade das alternativas a serem adotadas depende da complexidade e dos seus custos envolvidos na
implementação, devendo optar-se, inicialmente, por aquelas de complexidade e custo menores.
ELIMINAÇÃO DE DESPERDÍCIOS
O primeiro objetivo de qualquer atividade destinada a reduzir o consumo de água é a eliminação dos
desperdícios decorrentes, principalmente, do mau funcionamento de dispositivos ou, do seu uso
inadequado, de condições operacionais inadequadas, da ausência de instrumentos para a monitorização
de variáveis de processo e até da prevalência da cultura de abundância de água nos diversos níveis
hierárquicos das indústrias.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
69
O desperdício não é exclusivamente dos processos industriais. De entre as atividades mais gerais,
podemos citar como exemplos as seguintes:

Fugas em tubagens, torneiras e acessórios;

Falta de manutenção nos dispositivos de armazenagem, transporte e distribuição de água;

Uso de equipamentos com elevado consumo;

Falta de rotinas de trabalho e acompanhamento de operações que envolvam o uso de água;

Realização de operações simultâneas por um mesmo operador;

Inexistência de instrumentos para acompanhamento de operações secundárias.
Nesses casos, a implementação de um programa de combate ao desperdício em todas as áreas da
empresa nas quais a água é tratada, armazenada, distribuída e utilizada, pode contribuir para a redução
do consumo.
Também fazem parte do programa de combate ao desperdício as atividades de manutenção periódica –
para manter os dispositivos em perfeito funcionamento e evitar fugas pelas mais diversas causas – e as
atividades de sensibilização e formação do pessoal nos diversos cargos, de maneira a acabar com o
conceito de abundância de água e mostrar a necessidade da adoção de práticas que possibilitem o seu
melhor aproveitamento.
MUDANÇA DE PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS
Os procedimentos operacionais utilizados para o desenvolvimento das várias atividades industriais são
uma questão relevante. Normalmente, com a implantação de uma indústria ou de um processo industrial,
estabelecem-se diversos procedimentos a fim de atingir os objetivos do projeto.
Nas fases iniciais de operação dos diversos processos desenvolvidos, os procedimentos propostos
inicialmente vão sofrendo alterações e ficando cada vez mais adequados às condições do dia-a-dia.
Quando o sistema entra em equilíbrio, são consolidados e assumidos como estado da arte da operação.
Com o passar do tempo, as mudanças vão ocorrendo no sistema sem que sejam percebidas pelos seus
responsáveis, já que é adequado que o sistema esteja a funcionar dentro dos padrões estabelecidos. Um
outro fator que conduz à manutenção dos procedimentos operacionais, muitas vezes obsoletos, é a
resistência a mudanças, principalmente quando elas podem afetar o sistema produtivo.
Contudo, os avanços tecnológicos e as inovações aplicadas aos métodos produtivos, aliados aos
problemas de escassez de recursos naturais, exigem a adoção de novos procedimentos operacionais, que
incorporem novos conceitos aos sistemas produtivos. Obviamente, qualquer alteração proposta deve ser
devidamente analisada e testada por um período de tempo suficiente para demostrar a sua viabilidade,
dos pontos de vista técnico e económico.
Com a atual competitividade, um mesmo operador executa várias atividades simultaneamente.
A implantação de sistemas automatizados para o controle de algumas operações auxiliares que envolvam
água pode ser uma alternativa bastante eficaz para reduzir o seu consumo e economizar recursos.
Uma outra ferramenta bastante útil para muitos segmentos industriais é a adoção de um sistema de
produção devidamente planeado, capaz de operar na sua capacidade máxima para diminuir a frequência
de lavagem dos equipamentos.
70
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
CAPACITAÇÃO DE OPERADORES
De entre os diversos fatores que podem influenciar o desempenho de um processo produtivo qualquer, a
ação humana é um dos mais difíceis de se controlar. Várias condições influenciam diretamente a atuação
do ser humano, como p.e., a cultura em que vive.
Muitas vezes, a forma de um individuo desenvolver um atividade depende da experiência adquirida ao
longo dos anos, que pode ser adequada ao seu quotidiano mas pouco apropriada à atividade
desenvolvida numa indústria. Por isso, muitas vezes o individuo pode ter restrições quanto aos
procedimentos operacionais que normalmente ocorrem dentro de uma indústria e, em muitos casos,
acaba por passar para estes procedimentos algumas das experiências pessoais, algumas vezes benéficas,
outras não.
Nestes casos, a implementação de programas de capacitação e sensibilização são fundamentais para que
as pessoas envolvidas em qualquer atividade produtiva tenham consciência da importância dos
procedimentos operacionais e possam contribuir para o seu aperfeiçoamento. Estes programas de
capacitação devem ter como principal objetivo a eliminação de conceitos errados, do ponto de vista
técnico ou científico, ou cuja aplicação é restrita e algumas condições que não são características da
atividade que está a desenvolver.
SUBSTITUIÇÃO DE DISPOSITIVOS E EQUIPAMENTOS
Pelo facto de muitas indústrias serem bastante antigas, os equipamentos e dispositivos utilizados nos
processos produtivos ou nas operações auxiliares podem consumir grandes quantidades de água, pelas
mais variadas causas. Como solução, pode-se proceder à procura no mercado, de algum equipamento ou
dispositivo com a mesma função mas que consuma menos. Uma avaliação económica pode mostrar se a
substituição dos equipamentos é viável.
Com efeito, o mercado oferece diversos dispositivos e equipamentos com baixo consumo de água, que
têm vindo a substituir os seus similares. Mesmo para situações bastante específicas, como é o caso de
processos produtivos auxiliares, também existem equipamentos alternativos àqueles comumente
utilizados em vários segmentos industriais e que apresentam um consumo reduzido de água, como p.e.,
sistema automatizados de lavagem e sistemas de refrigeração com ar.
ALTERAÇÃO DO MÉTODO DE PRODUÇÃO
Uma outra maneira de se reduzir o consumo de água é fazer com que o processo industrial em questão
opere de forma contínua e altamente automatizada. Caso contrário, deve-se encontrar métodos de
produção alternativos, principalmente no âmbito de novas tecnologias. No entanto, esta não é uma
alternativa de fácil adoção, dado o grande número de variáveis ligadas à sua viabilização, destacando-se:
ramo de atividade, capacidade de produção da unidade, variedade de produtos, procura de mercado e
custo da implementação das mudanças. Todas são fundamentais para que a alteração do método de
produção seja possível. Dependendo do impacto dessas alterações, talvez a alternativa só seja viável se
novas unidades industriais forem implantadas.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
71
6.2. MEDIDAS DE EFICIÊNCIA HÍDRICA PREVISTAS NO PROGRAMA
NACIONAL PARA O USO EFICIENTE DA ÁGUA (PNUEA)
As medidas relativas ao uso da água na indústria identificadas
no Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água
apresentam-se agrupadas nos seguintes níveis, de acordo com
as respetivas aplicações:

de aplicação geral, aplicáveis em qualquer unidade
industrial;

aplicáveis ao processo de fabrico, constituindo
medidas tipo a ajustar a cada caso específico;

aplicáveis aos sistemas de transferência de calor,
constituindo medidas tipo a aplicar a sistemas de
arrefecimento e de aquecimento industrial;

relativas à limpeza de instalações e de equipamentos, igualmente sob a forma de medidas tipo;

aplicáveis aos usos de água nas unidades industriais, para fins similares aos urbanos.
Ainda, segundo o referido no PNUEA, os usos de água para fins industriais, nomeadamente para o
processo de fabrico, para os sistemas de transferência de calor e para a lavagem de instalações e de
equipamentos, podem ser objeto de medidas conducentes a uma maior racionalização e eficiência.
Refira-se ainda a existência, neste setor, de usos de água similares aos urbanos, ocorrentes
nomeadamente nas instalações de utilização coletiva das unidades industriais, nomeadamente, as
instalações sanitárias e os refeitórios, entre outras.
A qualidade da água requerida para a indústria varia segundo o setor de atividade e consoante o fim a
que se destina no processo de fabrico, pelo que num mesmo estabelecimento industrial registam-se
geralmente necessidades de águas de diferentes qualidades em vários tipos de processos. Da mesma
forma, dependendo do setor da indústria, vários fluxos de águas residuais ou remanescentes são gerados,
podendo os mesmos ser removidos e conduzidos para uma eventual reutilização ou recirculação, após
tratamento adequado, caso se justifique. Estas operações podem ser desenvolvidas sempre que se possa
atender à compatibilização da qualidade e quantidade dessas águas com os requisitos mínimos para os
seus usos potenciais.
A atuação em cada unidade industrial deve incidir sobre um conjunto de medidas de aplicação geral
destinadas a qualquer setor de atividade, complementando-se com a seleção de medidas concretas e
específicas do respetivo processo de fabrico industrial (incluindo os sistemas acessórios do mesmo, como
sendo os de transferência de calor). A implementação destas medidas está geralmente dependente da
motivação do operador industrial (que executa a gestão da unidade) para o uso eficiente da água,
constituindo o mesmo o principal beneficiário das mais-valias resultantes.
72
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
No quadro seguinte apresentam-se as medidas aplicáveis ao uso industrial em situação normal, tal como
identificadas no PNUEA.
Quadro 32 - Medidas aplicáveis ao uso industrial em situação hídrica normal
Setor Industrial
N.º
Designação da medida
Descrição sumária da medida
Medidas Gerais
Medida 73
Adequação dos procedimentos da
utilização da água na unidade industrial
Alteração de hábitos humanos para
reduzir o consumo de água
Medida 74
Otimização da utilização da água na
unidade industrial
Utilização de equipamentos e
dispositivos mais eficientes e
recirculação e reutilização de água de
qualidade inferior
Medida 75
Redução de perdas de água na unidade
industrial
Eliminação de perdas de água na rede
de abastecimento à unidade industrial
Medidas no Processo de Fabrico Industrial
Medida 76
Utilização de águas residuais do processo
de fabrico
Reutilização da água residual da própria
unidade industrial, após tratamento
adequado
Medida 77
Substituição ou adaptação do processo de
fabrico
Substituição dos equipamentos do
processo de fabrico por outros de maior
eficiência no consumo de água
Medida 78
Recirculação de água no processo de
fabrico
Utilização da água residual resultante
do processo de fabrico
Medidas no Sistema de Transferência de Calor
Medida 79
Recirculação de água no sistema de
arrefecimento industrial
Reutilização da água de arrefecimento
industrial em sistemas fechados
Medida 80
Utilização de água de outros processos no
sistema de arrefecimento industrial
Utilização da própria água residual da
unidade industrial no sistema de
arrefecimento
Medida 81
Utilização para outros fins de água de
arrefecimento industrial
Recuperação da água utilizada no
arrefecimento para fins compatíveis
Medida 82
Utilização de água de outros processos no
sistema de aquecimento industrial
Utilização da água residual no sistema
de aquecimento
Medida 83
Utilização de água de condensado para
outros fins
Recuperação do vapor de água
gerado no processo industrial
Medidas de Limpeza de Instalações e Equipamentos
Medida 84
Adequação de procedimentos na gestão
de resíduos
Gestão correta dos resíduos produzidos
com minimização da necessidade de
lavagem
Medida 85
Utilização de equipamento para limpeza a
seco das instalações
Aspiração de resíduos com minimização
de lavagem
Medida 86
Utilização de dispositivos portáteis de água
sob pressão
Lavagem das instalações com
dispositivos de jato de água sob pressão
Medida 87
Reutilização ou uso de água de qualidade
inferior
Utilização de água proveniente de
outras fontes para lavagens
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
73
Quadro 32 - Medidas aplicáveis ao uso industrial em situação hídrica normal (continuação)
Setor Industrial
N.º
Designação da medida
Descrição sumária da medida
Medidas ao Nível dos Usos de Água Similares aos Urbanos
Redução de consumos de água
Autoclismos
Medida 10
Adequação da utilização de autoclismos
Alteração de hábitos de uso de
autoclismo para descargas mínimas
Medida 11
Substituição ou adaptação de autoclismos
Substituição de autoclismos por outros
de menor consumo
Medida 12
Utilização de bacias de retrete sem uso de
água
Substituição das retretes por outras que
funcionem sem recurso a água
Medida 13
Utilização de bacias de retrete por vácuo
Substituição das retretes por outras que
funcionem a vácuo
Medida 14
Adequação da utilização dos chuveiros
Alteração de hábitos no duche e banho
reduzindo o tempo de água corrente
Medida 15
Substituição ou adoção de chuveiros
Substituição de chuveiros por outros de
menor gasto de água
Medida 16
Adequação da utilização de torneiras
Alteração de hábitos da população de
forma a evitar desperdícios de água
Medida 17
Substituição ou adaptação de torneiras
Substituição de torneiras por outras de
menor gasto de água
Chuveiros
Torneiras
Máquinas de lavar roupa
Medida 18
Adequação de procedimentos de utilização
de máquinas de lavar
Alteração de comportamentos
humanos para minimizar o número de
utilizações da máquina
Medida 19
Substituição de máquinas de lavar roupa
Substituição das máquinas por outras de
menor gasto de água
Máquinas de lavar louça
Medida 20
Adequação de procedimentos de utilização
de máquinas de lavar louça
Alteração de comportamentos
humanos para minimizar o número de
utilizações da máquina
Medida 21
Substituição de máquinas de lavar louça
Substituição das máquinas por outras de
menor gasto de água
Medida 22
Adequação da utilização de urinóis
Garantir a regulação do volume em
função do número de descargas
Medida 23
Adaptação de urinóis
Melhoria do funcionamento através da
instalação de sistemas de controlo
automático
Medida 24
Substituição de urinóis
Substituição de dispositivos
convencionais por outros mais eficientes
Urinóis
Sistemas de aquecimento e refrigeração de ar
Medida 25
74
Redução de perdas e consumos em sistemas
de aquecimento e refrigeração de ar
Redução de consumos e perdas em
sistemas de aquecimento e refrigeração
de ar
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Quadro 32 - Medidas aplicáveis ao uso industrial em situação hídrica normal (continuação)
Setor Industrial
N.º
Designação da medida
Descrição sumária da medida
Usos exteriores
Lavagem de veículos
Medida 30
Adequação de procedimentos na
lavagem de veículos
Alteração de hábitos na forma de
efetuar lavagens de veículos
Medida 31
Utilização de dispositivos portáteis de água
sob pressão na lavagem de veículos
Substituição de dispositivos
convencionais por outros que funcionem
a pressão
Medida 32
Recirculação de água nas estações de
lavagem de veículos
Utilização da água reciclada após
tratamento adequado
Medida 34
Adequação da gestão da rega em jardins
e similares
Alteração de comportamentos na rega
por alteração de intensidade de água
ou períodos de rega
Medida 35
Adequação da gestão do solo em jardins e
similares
Alteração das características do terreno
para maior e melhor infiltração e
armazenamento de água
Medida 36
Adequação da gestão das espécies
plantadas em jardins e similares
Alteração das espécies plantadas para
redução da água de rega
Medida 37
Substituição ou adaptação de tecnologias
em jardins e similares
Substituição de sistemas de rega por
outros de menor consumo
Medida 38
Utilização de água da chuva em jardins e
similares
Alimentação de sistemas de rega por
água da chuva
Medida 39
Utilização de água residual tratada em
jardins e similares
Alimentação de sistemas de rega por
água residual tratada
Medida 40
Proibição de utilização de água do sistema
de abastecimento em jardins e similares
Proibição de usar água potável ou
limitação do seu uso por períodos de
tempo.
Jardins e similares
Fonte: PNUEA
O PNUEA prevê também um conjunto de medidas a serem implementadas, durante períodos de escassez
hídrica (seca).
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
75
7. AUDITORIAS DE EFICIÊNCIA HÍDRICA
Neste capítulo iremos considerar dois tipos de auditorias de eficiência hídrica, a saber:
 AUDITORIA DE EFICIÊNCIA HÍDRICA AO PROCESSO PRODUTIVO
 AUDITORIA DE EFICIÊNCIA HÍDRICA AOS EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS
7.1. AUDITORIA DE EFICIÊNCIA HÍDRICA AO PROCESSO PRODUTIVO
O primeiro passo para a criação de opções de otimização do uso da água na indústria é conhecer,
detalhadamente, as atividades industriais desenvolvidas e os dados sobre a procura (necessidade) de
água, por setor industrial e por categoria de uso. Para tal, é necessário o estudo particular sobre a
indústria em que as medidas de redução do consumo de água serão implementadas.
Tal estudo deve ser desenvolvido em etapas que abranjam as atividades:
 Avaliação do processo ou processos desenvolvidos;
 Identificação dos pontos de consumo de água;
 Quantificação das necessidades de água e da produção de águas residuais, bem como a sua
caracterização;
 Identificação dos requisitos de qualidade da água para cada aplicação e das opções para a
redução do consumo de água;
 Avaliação das opções identificadas e a implementação das alternativas mais adequadas.
Muito embora o objetivo de qualquer estratégia de otimização do uso da água seja a redução do consumo
e da geração de águas residuais, não existe um modelo genérico aplicável a todas as atividades industriais
conhecidas, nem mesmo para as indústrias que desenvolvam a mesma atividade, uma vez que vários
fatores influenciam as suas operações. Ao mesmo tempo, as tecnologias de produção, tratamento de
água e águas residuais avançam continuamente, e as normas de controle ambiental evoluem, bem como
as restrições relacionadas à disponibilidade de água. Isto significa que uma opção amplamente aceite
hoje, poderá ser completamente inadequada para uma condição futura, e novas alternativas terão que
ser criadas.
O primeiro passo para implementar corretamente um plano de eficiência hídrica na indústria é a
realização de um estudo prévio ou auditoria, de forma a obter resultados reais acerca do consumo de
água, necessidade deste consumo e possibilidade de medidas de eficiência.
Esta auditoria deverá ser realizada por técnicos com experiência ou entidades peritas na matéria,
acompanhadas por pessoal das empresas.
Não existem metodologias normalizadas de como realizar a auditoria e o que deve conter, pois cada
indústria apresenta uma situação distinta.
76
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
No entanto, pode-se indicar que os objetivos básicos de uma auditoria de eficiência hídrica numa
indústria são:
 Conhecer o consumo de água total (diário, mensal e anual) e suas flutuações;
 Conhecer os pontos de consumo de água de forma individual;
 Conhecer a eficiência no uso e no destino;
 Encontrar possibilidades de melhoria centradas na poupança e na eficiência do uso da água;
 Possibilidade de melhorias na recuperação da água para posterior reutilização;
 Viabilidade técnico-económica das medidas possíveis de implementar.
Desta forma, através de uma exaustiva análise dos processos produtivos e atividades, determina-se a
situação hídrica em que se encontra a instalação industrial e identificam-se recomendações sobre os
possíveis sistemas, atuações e medidas a implementar, para conseguir alcançar a maior eficiência hídrica
possível, com viabilidade económica.
Durante a análise deve estar sempre presente o pessoal da instalação que conhece a tecnologia, o
processo e os equipamentos, pelo que se considera aconselhável que esteja incluído nesta etapa pessoal
especializado, já que pode trazer uma visão crítica, sem prejuízo da garantia de objetividade e
imparcialidade.
A análise inicial baseia-se numa recolha de dados, tais como a qualidade e a quantidade da água
consumida nos diferentes processos (identificando também as possíveis lacunas nos dados), para depois
se poder realizar uma avaliação técnico-económica da eficiência (incluindo a energética) dos sistemas de
água e possível custo dos tratamentos.
Uma vez conhecidas as percentagens de consumo de cada circuito sobre o consumo total, pode-se
calcular a percentagem de redução do consumo que se pode conseguir de forma realista.
Um bom conselho é que a própria empresa gere previamente uma tabela de dados mínimos que
contenha, para cada processo industrial analisado:
 Consumo total de água em percentagem;
 Consumo de água por circuito em percentagem;
 Redução pretendida (medida proposta) em percentagem;
 Situação do consumo depois da implantação da medida (em percentagem).
A análise inicial deve integrar um conjunto de documentos imprescindíveis, necessários para calcular as
possíveis otimizações, nomeadamente:
 Documentação sobre o consumo de água: Faturas de água e volume de consumo anual;
 Diagrama descritivo do processo de produção;
 Documentação descritiva dos edifícios, áreas de produção e armazéns.
Com esta documentação inicial e a análise de dados prévia, realiza-se uma visita às instalações industriais
e é efetuada uma reunião com os responsáveis da empresa designados para gerir a eficiência hídrica.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
77
Nesta visita são revistos os dados reportados, são retirados novos dados e fotografam-se as instalações,
para poder gerar um diagrama de fluxo dos processos, definir o sistema de rastreabilidade da água e fazer
um estudo específico de cada circuito.
Nas auditorias de eficiência hídrica é preciso ter em conta os equipamentos de medição, porque são
necessárias medições com a duração suficiente, de modo a que os dados sejam fiáveis.
Os circuitos normalmente estudados numa auditoria de eficiência hídrica são:
 ABASTECIMENTO DE ÁGUA
 DIAGRAMA DE FLUXO DO PROCESSO HÍDRICO
 PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
 CIRCUITOS DE ARREFECIMENTO POR ÁGUA
 HUMIDIFICADORES POR ÁGUA
 SISTEMAS DE ÁGUA QUENTE SANITÁRIA E ÁGUA FRIA SANITÁRIA
 FONTES ORNAMENTAIS EXTERIORES E INTERIORES
 REGA DE ZONAS VERDES (SE EXISTIREM NAS INSTALAÇÕES)
 CIRCUITO ABERTO
 CIRCUITO FECHADO
 DISPERSÃO DA ÁGUA
 ÁGUA RESIDUAL
 CICLO COMPLETO DA ÁGUA
De seguida, apresenta-se uma breve descrição sobre cada um destes circuitos.
ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Neste circuito é essencial catalogar corretamente a origem da água, ou seja, se é fornecida por
abastecimento público ou por captação de água subterrânea, dado que disso depende o custo económico
a aplicar por m3, o controlo do caudal consumido e a qualidade da água no circuito.
Se é água subterrânea e são cumpridas as peças legislativas aplicáveis, será difícil melhorar a eficiência
hídrica do ponto de vista económico. Neste caso tratar-se-á mais de uma Responsabilidade Social
Corporativa do que de uma melhoria de resultados, já que o custo de captação da água subterrânea é
muito pequeno.
DIAGRAMA DE FLUXO DO PROCESSO HÍDRICO INDUSTRIAL DA EMPRESA
Os diagramas de fluxo e diagramas de bloco ajudam muito quando se pretende compreender a eficiência
de cada ponto de abastecimento e de cada ponto de consumo.
Se a empresa tem implementado um sistema de gestão ambiental, normalmente tem um diagrama de
processo sempre disponível.
78
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
É importante trabalhar posteriormente o diagrama para acrescentar os dados de caudal necessários por
circuito ou inclusivamente uma pequena tabela de somatório de consumos, por exemplo uma informação
semelhante a uma legenda deve ser junta aos planos.
PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS
Todas as instalações industriais têm um sistema de proteção contra incêndios, que deve ser analisado do
ponto de vista da eficiência hídrica.
CIRCUITOS DE REFRIGERAÇÃO
É um dos circuitos que, mal geridos, maior consumo produz, segundo os especialistas.
Na análise destes circuitos é essencial consultar os livros de manutenção, para poder verificar os dados,
conhecer o equipamento e volume de água consumida, assim como o custo económico da exploração,
sobretudo nas torres de arrefecimento.
Normalmente, a manutenção destas instalações é feita por empresas externas, que estão habilitadas para
o efeito. Muitas vezes, a empresa que realiza a manutenção não segue os critérios de eficiência hídrica da
instalação, dado que tem interesses contrários e isto é um fator a ter em conta.
HUMIDIFICADORES POR ÁGUA
É importante uma análise correta deste circuito, já que está muito relacionado também com a eficiência
térmica. Do bom cálculo e instalação destes equipamentos dependerá o seu consumo de água e o seu
rácio de produtividade térmica para o arrefecimento do ar.
SISTEMAS DE ÁGUA QUENTE SANITÁRIA E ÁGUA FRIA SANITÁRIA
Incluem-se duches e lavabos, assim como pontos de abastecimento. Podem exigir às vezes um grande
volume de água consumida, essencialmente nas indústrias agroalimentares.
Deve ser analisada, entre outros aspetos, a conveniência de instalar equipamentos redutores de pressão,
semelhantes aos de uso doméstico e também a alteração dos hábitos de utilização dos trabalhadores,
através da sua sensibilização para a eficiência hídrica.
FONTES ORNAMENTAIS
Pode estudar-se a possibilidade de instalação de sistemas de controlo do consumo ou do caudal, mas
muitas vezes trata-se de consumos pontuais, controlados por anotação simples, para fazer uma
estimativa de consumo.
Deve se ter em especial consideração as fontes situadas no exterior, pelo que estão submetidas a um
nível elevado de evaporação e devem ser evitados esvaziamentos desnecessários para limpeza.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
79
REGA DE ZONAS VERDES
Normalmente não se pode precisar com exatidão o consumo deste circuito. No entanto, deve ser avaliada
a possibilidade de introduzir melhorias.
CIRCUITO ABERTO
São geralmente os circuitos de lavagem de processos industriais, que fazem parte de sistemas complexos
integrados nos processos de produção, pelo que a realização de melhorias é complicada.
É um tema que requer um conhecimento industrial profundo. Existe um grande potencial de recuperação
e reutilização desta água noutros processos, após um tratamento residual prévio.
CIRCUITO FECHADO
Geralmente são os circuitos de aquecimento ou caldeiras. Não é o aspeto mais difícil de uma auditoria
hídrica porque em geral é adicionada água uma vez por ano.
Neste sentido, é importante destacar que a qualidade da água deste circuito está relacionada com o
correto funcionamento dos equipamentos e sua durabilidade.
DISPERSÃO DA ÁGUA
São circuitos utilizados para provocar humidade e desinfeção no ambiente, sobretudo por aspetos
higiénico-sanitários na indústria agroalimentar.
ÁGUA RESIDUAL
Este aspeto da auditoria é fundamental. O avanço tecnológico neste campo é muito rápido, existem
muitas oportunidades para poder reutilizar a água e melhorar a sua qualidade.
Para pequenos volumes de água residual, é difícil compensar um investimento tecnológico, mas para
grandes volumes, pode ser muito atrativo considerar-se modificações, já que a redução do consumo de
água noutros processos devido à reutilização de água residual é extremamente eficaz. Por outro lado,
conseguir que a descarga de águas residuais seja a menor possível, traz vantagens económicas e sociais
para a empresa.
CICLO COMPLETO DA ÁGUA
Este circuito geralmente está implantado nas grandes empresas industriais, já que exige um projeto inicial
de fabrico definido para a sua viabilidade técnico-económica.
80
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
7.2. AUDITORIA DE EFICIÊNCIA HÍDRICA A EDIFÍCIOS INDUSTRIAIS
A ANQIP – Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais desenvolveu um programa de
auditorias de eficiência hídrica em edifícios – AUDITAQUA., tendo como objetivo a redução do consumo
de água.
Configurações sugeridas para o Programa AUDITAQUA, em função da
Idade e Tipologia dos Edifícios
Edifícios em projeto (ou em construção)





Diagnóstico do edifício (com base no projeto);
Proposta de dispositivos e soluções eficientes e plano de gestão;
Plano de manutenção (para edifícios de uso coletivo, mas recomendado também para edifícios
residenciais);
Proposta de gestão eficiente da água na envolvente do edifício (quando justificado);
Apoio à elaboração de um Plano de Segurança da Água (quando necessário).
Edifícios novos, até 5 Anos








Diagnóstico do edifício e quantificação dos consumos;
Inspeção das instalações;
Proposta de dispositivos e soluções eficientes e plano de gestão;
Ações de sensibilização e de formação (recomendado o nível 2 em edifícios de uso coletivo);
Plano de manutenção (para edifícios de uso coletivo, mas recomendado também para edifícios
residenciais);
Proposta de gestão eficiente da água na envolvente do edifício (quando justificado);
Estudo de redução de consumos energéticos e de emissões de CO2 (recomendado);
Apoio à elaboração de um Plano de Segurança da Água (quando necessário).
Edifícios existentes, até 30 Anos








Diagnóstico do edifício e quantificação dos consumos;
Inspeção das instalações e deteção de fugas;
Proposta de dispositivos e soluções eficientes e plano de gestão;
Ações de sensibilização e de formação (recomendado o nível 2 em alguns edifícios de uso
coletivo);
Plano de manutenção;
Proposta de gestão eficiente da água na envolvente de edifício (quando justificado);
Estudo de redução de consumos energéticos e de emissões de CO2 (recomendado para edifícios
de uso coletivo);
Apoio à elaboração de um Plano de Segurança da Água (quando necessário).
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
81
Edifícios com mais de 30 anos








Diagnóstico do edifício e quantificação dos consumos;
Inspeção profunda das instalações e deteção de fugas (nível 2, se necessário);
Proposta de dispositivos e soluções eficientes e plano de gestão;
Ações de sensibilização e de formação (recomendado o nível 2 em alguns edifícios de uso
coletivo);
Plano de manutenção (e de reabilitação, quando justificado);
Proposta de gestão eficiente da água na envolvente de edifício (quando justificado);
Estudo de redução de consumos energéticos e de emissões de CO2 (recomendado para edifícios
de uso coletivo);
Apoio à elaboração de um Plano de Segurança da Água (quando necessário).
Intervenções feitas através do Programa AUDITAQUA
Apresentamos na figura e quadro seguinte as Intervenções feitas através do Programa AUDITAQUA®.
Fonte: ANQIP
Figura 13 – Esquema de intervenções feitas através do Programa AUDITAQUA®
82
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Quadro 33 – Intervenções feitas através do Programa AUDITAQUA®
Intervenção
Descrição
O diagnóstico do edifício é feito através de uma vistoria e/ou análise do
projeto, para levantamento detalhado e caracterização dos dispositivos e
equipamentos e das instalações no seu conjunto, incluindo, quando
existentes, instalações e equipamentos especiais.
01
Diagnóstico do edifício e
quantificação dos consumos
No caso de edifícios industriais, o diagnóstico abrange também a análise do
ciclo da água no processo fabril.
A quantificação dos consumos de água é feita para a globalidade do
edifício, para os diversos dispositivos de utilização e, quando tal se justificar,
para as principais secções do edifício, possibilitando a identificação de
possíveis medidas de racionalização dos consumos de água.
No caso de edifícios ainda não construídos, o diagnóstico é feito com base
no projeto.
02
Inspeção das instalações
e deteção de fugas
O programa AUDITAQUA® inclui uma inspeção visual dos equipamentos e
sistemas consumidores de água, com verificação do seu estado de
conservação e bom funcionamento, sobretudo dos que têm maior peso em
termos de consumos de água e/ou energia associada.
O programa AUDITAQUA® inclui ainda técnicas simples de deteção de fugas
e recomendações para controlo futuro destas situações (nível 1)
Em caso mais complexos, pode também incluir campanhas de deteção de
fugas não visíveis ou não detetáveis por técnicas simples (em paredes ou
condutas enterradas, por exemplo) através de tecnologias apropriadas
(nível 2).
O programa AUDITAQUA® define um plano para a gestão eficiente da água
no edifício.
As medidas a implementar são selecionadas com base numa análise
técnico--económica sobre o potencial de redução de consumos,
ponderando aspetos de conforto nas utilizações, de saúde pública e de
bom funcionamento das redes prediais.
03
Proposta de dispositivos,
soluções eficientes
e plano de gestão
As soluções a propor poderão incluir o recurso a fontes alternativas
(aproveitamento de águas pluviais, por exemplo), quando tal for
considerado viável após estudo técnico-económico.
No caso de edifícios industrias, é feita também a análise de potenciais
reduções no consumo fabril com a utilização de fontes alternativas de
abastecimento.
Os dispositivos para aumento da eficiência hídrica prescritos pelo
AUDITAQUA® corresponderão sempre a produtos previamente ensaiados e
certificados pela ANQIP.
O programa pode incluir, quando solicitado, a preparação de um processo
de concurso para aquisição dos dispositivos necessários (condições
técnicas e quantidades a fornecer).
04
Ações de sensibilização
e de formação
O programa AUDITAQUA® inclui medidas de sensibilização para os
utilizadores e responsáveis pelo edifício (nível 1), podendo incluir ainda
ações de formação, quando solicitado (nível 2). Em edifícios de uso
coletivo, a sensibilização é feita, prioritariamente, por folhetos, autocolantes
e outros suportes adequados ao tipo de edifício e aprovados pelos
respetivos responsáveis.
O programa AUDITAQUA® define ainda metodologias para a avaliação dos
resultados e para a monitorização do plano.
05
Plano de manutenção
O programa AUDITAQUA® inclui a elaboração de um Plano de Manutenção
periódica preventiva das instalações, incluindo recomendações para
manter no futuro os níveis de eficiência hídrica alcançados com a auditoria.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
83
Quadro 33 – Intervenções feitas através do Programa AUDITAQUA® (continuação)
Intervenção
Descrição
06
Apoio à elaboração de um
plano de segurança da água
O programa AUDITAQUA® pode apoiar a elaboração de um Plano de
Segurança da Água (PSA) quando tal for pretendido pelo responsável pela
instalação ou nas situações em que deva ser considerada a sua
obrigatoriedade.
07
As reduções nos consumos energéticos e nas emissões de CO2, decorrentes
da implementação das medidas de eficiência hídrica, podem ser avaliadas
pelo programa AUDITAQUA®, quando pretendido, no âmbito de um estudo
complementar.
08
O programa AUDITAQUA® pode incluir uma proposta para a gestão
eficiente da água na envolvente do edifício, em particular no que se refere
a zonas verdes.
Redução de consumos
energéticos e de emissões
de CO2
Redução de consumos na
envolvente do edifício, incluindo
zonas verdes
Fonte: ANQIP
Tipos de Edifícios onde o Programa AUDITAQUA pode ser implementado
O programa de redução e consumos AUDITAQUA® pode ser aplicado a todos os tipos de edifícios,
nomeadamente os apresentados na figura seguinte:
Fonte: ANQIP
Figura 14 – Tipos de edifícios onde o Programa AUDITAQUA® pode ser implementado
84
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
8. IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO
EFICIENTE DA ÁGUA NAS UNIDADES INDUSTRIAIS
Um Sistema de Gestão da Água na Industria é composto por um conjunto de ações específicas de
racionalização do uso da água na unidade industrial, que devem ser detalhadas a partir da realização de
uma análise inicial das necessidades e oferta de água, em função das atividades consumidoras, com base
na viabilidade técnica e económica de implantação das mesmas.
A implantação desta iniciativa pelo setor industrial reverte-se em benefícios económicos que permitem
aumentar a eficiência produtiva, tendo como consequência direta a redução do consumo de água, a
redução do volume de águas residuais geradas e, como consequências indiretas, a redução do consumo
de energia, produtos químicos, a otimização de processos e a redução de despesas com manutenção. Na
maior parte dos casos, os períodos de retorno envolvidos são bastantes atrativos.
Ações desta natureza têm reflexos diretos e potenciais na imagem das empresas, demonstrando a
crescente conscientização do setor em relação à preservação ambiental e responsabilidade social, bem
como sobre o aumento da competitividade empresarial, em função dos seguintes fatores:

Aumento do valor agregado dos produtos;

Redução dos custos relativos aos sistemas de captação, abastecimento, tratamento, operação e
distribuição de água, sendo válido também para as águas residuais geradas; refletindo-se de
forma direta nos custos de produção e reduzindo custos relativos à cobrança pelo uso da água;

Redução de custos de manutenção corretiva, uma vez que a implantação de um sistema de
gestão de água implica o estabelecimento de rotinas de manutenção preventiva.
Por outro lado, para a obtenção dos máximos benefícios, um Sistema de Gestão da Água deve ser
implementado a partir de uma análise sistémica das atividades onde a água é utilizada e, naquelas onde
ocorre a produção de águas residuais, com intuito de otimizar o consumo e minimizar a produção de
águas residuais. As ações devem seguir uma sequência lógica, com atuação inicial nas necessidades de
água e, em seguida, na oferta, destacando-se a avaliação do potencial de reutilização de águas residuais
em substituição às fontes tradicionais de abastecimento.
Embora qualquer iniciativa, que procure o melhor aproveitamento dos recursos naturais, entre os quais a
água, deva ser priorizada, é importante enfatizar que cada caso requer uma análise específica, para
garantia dos resultados técnicos, económicos e ambientais da implantação de programas dessa natureza
e para preservar a saúde dos utilizadores, o desempenho dos processos, a vida útil dos equipamentos e o
meio ambiente.
O uso da água varia entre os vários tipos de indústrias e atividades consumidoras, o que significa que o
detalhe do Sistema de Gestão da Água deve ser diferenciado caso a caso. Em cada indústria devem-se
identificar os maiores consumidores de água, de forma que as intervenções realizadas gerem significativas
reduções de consumo. As ações são específicas para cada setor da indústria sendo, na sua maioria:




Modificações quanto ao uso da água em equipamentos e processos, com a incorporação de
novas tecnologias e/ou procedimentos;
Otimização dos processos de arrefecimento;
Reutilização aplicando a água em diversos setores da unidade industrial;
Implantação de um Sistema de Gestão da Água.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
85
Benefícios Esperados
Os principais benefícios resultantes da adoção de um Sistema de Gestão da Água são:

Economia gerada pela redução do consumo de água;

Economia criada pela redução das águas residuais geradas;

Consequente economia de outros consumos como energia e produtos químicos;

Redução de custos operacionais e de manutenção dos sistemas hidráulicos e equipamentos;

Aumento da disponibilidade de água (proporcionando aumento da produção sem incremento de
custos de captação e tratamento);

Agregação de valor aos produtos;

Minimização dos impactos da cobrança pelo uso da água.
Condicionantes
Para a viabilidade de um Sistema de Gestão da Água é importante o entendimento desta ação como a
adoção de uma Política de Economia de Água.
No caso da indústria, é fundamental a participação da alta direção, a qual deverá estar comprometida
com o Programa, direcionando e apoiando a implementação das ações necessárias.
De maneira resumida, o sucesso de um Sistema de Gestão da Água depende de:

Estabelecimento de metas e prioridades;

Escolha de um Gestor ou Gestores da Água, os quais devem permanentemente ser capacitados e
atualizados para operarem e difundirem o programa;

Alocação planeada dos investimentos iniciais com expectativa de redução à medida que as
economias geradas se vão concretizando, gerando os recursos necessários para novos
investimentos;

Apoio da gestão de topo durante a elaboração dos Planos de Gestão do Uso da Água;

Otimização do uso da água, garantindo um melhor desempenho das atividades consumidoras
envolvidas;

Pesquisa, desenvolvimento e inovação nos processos industriais ou em outras atividades com
adequação dos níveis de qualidade exigíveis e busca da redução de custos;

Desenvolvimento e implantação de um Sistema de Gestão que deverá garantir a manutenção de
bons índices de consumo e o perfeito desempenho e monitorização dos sistemas hidráulicos,
equipamentos e processos ao longo do tempo, contribuindo para a redução e manutenção dos
custos ao longo da vida útil;

Multiplicação do Sistema de Gestão de Água para todos os utilizadores do sistema;

Divulgação dos resultados obtidos de forma a incentivar ainda mais os utilizadores envolvidos.
A exclusão ou avaliação prematura de cada uma das etapas acima citadas pode comprometer a eficácia
das iniciativas adotadas por uma determinada indústria, enfraquecendo a equipa responsável e gerando
reversão de expetativa em relação aos benefícios gerados.
86
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Fatores Críticos do Sucesso do Sistema de Gestão da Água
O sucesso de um Sistema de Gestão da Água envolve duas áreas distintas:

Técnica
Engloba as ações de avaliação, medições, aplicações de tecnologias e procedimentos para
enquadramento do uso da água;

Humana
Envolve comportamento e expetativas sobre o uso da água e procedimentos para realização de
atividades consumidoras.
Um Sistema de Gestão eficaz atua sobre as duas áreas, com atualização constante dos dados para que
seja possível avaliar os progressos obtidos e o cumprimento de metas, bem como o planeamento das
ações futuras dentro de um plano de melhoria contínua.
Para a manutenção dos índices de economia obtidos é necessário que o Sistema de Gestão compreenda
ações de base operacional, Institucional, educacional e legal, conforme descriminado abaixo:
Ações de Base Operacional
As ações de base operacional envolvem:






Criação de política permanente de manutenção preventiva e corretiva;
Elaboração e constante atualização de procedimentos específicos de uso racional da água;
Monitorização contínua do consumo;
Realização de vistorias aleatórias nos setores de maior consumo;
Atualização constante dos dados;
Plano de melhoria contínua.
Ações de Base Educacional
Por meio da implantação das ações de base educacional, garante-se o acompanhamento e a mudança
comportamental dos utilizadores.
Entre estas ações, pode-se destacar:

Capacitação do Gestor da Água para acompanhamento dos indicadores de consumo e da
implementação de eventuais intervenções;

Multiplicação das diretrizes e ações do programa pelos demais funcionários através do
estabelecimento de um programa educacional que deverá informar sobre:

a importância e necessidade do programa adotado;

as metas a serem atingidas;

a importância da contribuição de cada utilizador no cumprimento das metas da indústria;

novos procedimentos e equipamentos;

resultados obtidos e revisão das metas almejadas.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
87
Outras medidas que auxiliam num maior envolvimento dos utilizadores com a conservação de água são,
por exemplo:

Estabelecimento de programa de incentivos (participação dos utilizadores nas economias obtidas;
bónus para utilizadores que detetarem perdas físicas ou desperdícios dentro da indústria, entre
outras);

Criação de uma caixa de sugestões;

Criação de um "slogan" para que a conservação de água se torne uma meta dentro da indústria.
Ações de Base Institucional
Com foco na responsabilidade social, deverão ser implantadas as seguintes atividades:

Multiplicação do programa implantado para a comunidade externa, como fator positivo quanto à
integração “indústria – ambiente”, tornando-a referência por meio da realização de seminários e
da divulgação de relatórios de responsabilidade social da empresa, entre outros;

Articulação constante do Gestor da Água e da Gestão de Topo para fortalecimento das partes.
Ações de Base Legal
É fundamental que a elaboração do Sistema de Gestão da Água esteja de acordo com as leis vigentes
aplicáveis.
Responsabilidades do Gestor da Água
Os Gestores da Água são os responsáveis por transformar o comprometimento assumido em Conservar a
Água num plano de trabalho exequível, com o objetivo de:
88

Alcançar as metas preestabelecidas pela organização;

Avaliar as ações de conservação já realizadas e os impactos positivos e negativos;

Estabelecer as verbas necessárias e garanti-las junto à direção ou responsáveis;

Estabelecer o plano de ações de base tecnológica, com metas e detalhe específico;

Estabelecer critérios de documentação e avaliação das ações a serem realizadas;

Estabelecer as ações de base educacional a serem desenvolvidas junto aos demais utilizadores;

Estabelecer ações de base institucional para a divulgação do programa;

Estabelecer ações de base operacional, desenvolvendo critérios de medição como forma de
subsídio constante para a melhoria contínua dos resultados obtidos;

Reportar constantemente o progresso e resultados obtidos aos responsáveis;

Promover a abertura e divulgação na comunicação social;

Assegurar a transparência de ações e resultados.
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Modelo do Sistema de Gestão da Água
De forma simples, pode afirmar-se que a gestão tem, de uma maneira geral, como funções básicas e
independentes, as seguintes:

Planear;

Implementar;

Controlar;

Agir.
O Modelo de Deming, conhecido por Ciclo PDCA, que constitui o paradigma dos atuais sistemas de gestão
reflete, de forma estruturada, as funções típicas de gestão atrás enunciadas.
PLAN (Planear) – O primeiro passo na melhoria do
desempenho em termos de segurança é a marcação de
objetivos e o planear das ações necessárias para os alcançar.
DO (Fazer) – Executar as ações planeadas.
CHECK (Verificar/Controlar) – Comparar os resultados que se
vão obtendo com os objetivos propostos.
ACT (Agir corretivamente) – Se as ações efetuadas não estão
a ser eficazes, novas ações são necessárias para atingir
objetivos pretendidos.
Se for necessária qualquer ação suplementar, deve iniciar-se um
novo ciclo: PLANEAR, FAZER, CONTROLAR, AGIR.
Figura 15 – O Ciclo PDCA
Se os objetivos foram alcançados, devem marcar-se novos objetivos e recomeçar o ciclo. Se os objetivos
não foram alcançados, recomeça-se o processo, com esses objetivos reavaliados.
O modelo de implementação do Sistema de estão da Água deverá contemplar as seguintes etapas:
•
POLÍTICA DE GESTÃO DA ÁGUA
•
OBJETIVOS E METAS
•
PROGRAMA DE GESTÃO DA ÁGUA
•
IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE GESTÃO DA ÁGUA
•
MONITORIZAÇÃO DOS RESULTADOS
•
AÇÕES CORRETIVAS E PREVENTIVAS
•
REVISÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA ÁGUA
•
INÍCIO DE NOVO CICLO
A partir de um ciclo PDCA, conforme indicado na figura seguinte, é possível identificar as ferramentas e
sistemas compatíveis com a política que será (é) adotada pela organização.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
89
Fonte: ABAL
Figura 16 - Modelo do Sistema de Gestão da Água
As diretrizes e ações para cada uma das etapas deverão ser estabelecidas e implementadas ao nível da
gestão de topo, desdobrando-se até às áreas produtivas. Idealmente, esta gestão deve ser integrada com
as outras ferramentas e sistemas de gestão.
Em linhas gerais, as diretrizes recomendadas no âmbito das empresas são:

A padronização das métricas de consumo da água, emissões hídricas, eficiência operacional, índice
de reutilização e de balanço hídrico nas unidades operacionais;

Avaliação das ferramentas e modelos para subsidiar o programa estruturado de governança da água;

Definição de indicadores de desempenho;

Sistemática monitorização das metas e indicadores;

Uso das melhores técnicas disponíveis (MTD);

Atuação sobre fornecedores;

Gestão dos riscos associados ao uso da água;

Divulgação do desempenho;

Envolvimento da gestão de topo e associação das metas relacionadas com o uso racional da água a
programas de remuneração variável;

Verificação por terceira parte dos relatórios e informações sobre o uso responsável da água;

Em locais onde se faça uso intensivo da água é importante que as empresas participem nos fóruns
de discussão da gestão dos recursos hídricos (de forma associativa ou individualizada);

Participação e apoio por intermédio de parcerias a programas públicos ou privados voltados a
promoção do uso racional da água e melhoria da gestão.
O processo iterativo de melhoria contínua deve prever o acompanhamento sistemático das necessidades
do mercado, bem como das ferramentas de forma a atualizar o sistema existente.
90
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Avaliação da Água nos Negócios
As empresas podem realizar avaliações relacionadas com a água para terem melhores dados e
informações necessários ao processo de tomada de decisão. Tais avaliações incluem:

Avaliação das opções (investimento);

Eficiência hídrica;

Alocação de água e valor partilhado;

Preço pelo uso da água, serviços de água e produtos;

Avaliação de danos e compensações;

Opções de financiamento sustentável;

Ações de conservação e compensação;

Relatórios de performance.
O conhecimento, a compreensão e os resultados alcançados através da realização de tais avaliações
podem criar numerosos benefícios interrelacionados. Em todos os casos, a tomada de decisão pode ser
melhorada. Manter ou melhorar as receitas, reduzir custos, gerir riscos e melhorar a reputação também
podem ser metas alcançáveis.
Quadro 34 - Avaliação da água nos negócios
Avaliação da Água nos Negócios
1. MELHORAR A TOMADA DE DECISÃO
• Melhorar a tomada de decisão sustentável
• Sensibilizar e influenciar comportamentos e ações
• Melhorar a colaboração
2. MANTER E MELHORAR
RECEITAS
• Manter a licença para
operar
• Avaliar novas fontes
de receita
• Melhorar os preços
• Justificar a procura de
produtos
• Foco no
desenvolvimento de
produto
3. REDUÇÃO DE CUSTOS
4. GESTÃO DE RISCO
• Apostar nas
infraestruturas
naturais
• Assegurar
abastecimento
seguro
• Melhorar o
planeamento do
investimento
• Avaliar os riscos
• Melhorar a eficiência
operacional
• Informar os passivos
• Manter a licença
de operação
5. MELHORAR A
REPUTAÇÃO
• Aumentar a
transparência e a
comunicação
• Demonstrar valor
partilhado
• Demonstrar a
liderança em
sustentabilidade
sociais e
ambientais/reduzir os
prémios de seguro
Fonte: WBCSD
De seguida, apresenta-se uma breve descrição sobre cada um dos objetivos identificados no quadro
anterior.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
91
 Melhorar a Tomada de Decisão
A realização de avaliações relacionadas com a água tende a melhorar a tomada de decisões, das seguintes
formas.
Melhorar a tomada de decisão sustentável
Todos os estudos de avaliação relacionados com a água melhoram as decisões sustentáveis tomadas pelas
empresas. Quando realizada de forma abrangente, a avaliação garante que as grandes questões
ambientais, sociais e económicas são consideradas, integradas e comparáveis.
Sensibilizar e influenciar comportamentos e ações
O processo de realização de estudos de avaliação relacionados com a água aumenta a consciência dos
trabalhadores da empresa e dos stakeholders em todos os níveis, em relação aos diferentes valores da
empresa.
Melhorar a colaboração
A realização de estudos de avaliação relacionados com a água muitas vezes envolve a reunião de
diferentes especialistas dentro da empresa para partilharem pontos de vista e informações, que podem
melhorar os resultados do negócio.
 Manter e Melhorar Receitas
A avaliação de estudos relacionados com a água pode ajudar a que as receitas possam ser mantidas ou
até aumentadas.
Manter a licença para operar
A valorização relacionada com a água pode ajudar a destacar o papel que a empresa desempenha na
sociedade e para as comunidades locais e a demonstrar o esforço para ser responsável nas suas
operações, mantendo, assim, uma licença para operar e as suas receitas.
Avaliar Novas fontes de receita
Estudos que envolvem a valorização de serviços relacionados com a água, particularmente quando é
avaliada a disposição de um individuo para pagar essas melhorias, podem ajudar a avaliar a natureza e a
escala das novas melhorias.
Melhorar os preços
Estudos de avaliação, particularmente questionários sobre a disponibilidade para pagar, são ideais para
fornecer às empresas e aos governos informações relevantes acerca dos preços.
Justificar a procura de produtos
Em certas situações, a demonstração de valores ambientais e sociais dos produtos que não são óbvios à
primeira vista, pode ser utilizada para ajudar a justificar os gastos em certas atividades ou a necessidade
de determinados produtos.
92
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Foco no desenvolvimento de produto
O desenvolvimento do produto pode ter em conta valorizações especificamente relacionadas com a água,
por exemplo, concebendo um produto especificamente com o objetivo de reduzir a água necessária para
o produzir ou na sua utilização por parte do consumidor final.
 Redução de Custos
Uma abordagem diferente à gestão da água nas empresas pode ajudar a reduzir os custos.
Aposta nas infraestruturas naturais
As empresas devem estudar a possibilidade do uso das infraestruturas naturais como fonte de água, ao
invés de recorrer apenas a infraestruturas de intervenção humana, bem mais dispendiosas e gravosas
para o ambiente. Isto pode não só reduzir os custos, mas também levar a benefícios sociais adicionais.
Melhorar o planeamento do investimento
As questões associadas à gestão da água podem ajudar a formar o plano de investimento,
particularmente ajudando a comparar trade-offs, mas também revelando poupanças e benefícios
externos.
Melhorar a eficiência operacional
A avaliação pode ajudar a identificar e quantificar a poupança a partir de uma melhor eficiência
operacional em toda a cadeia de valor. Por exemplo, em termos de uso de água ou do uso de energia
associada, através da aplicação de processos inovadores e alternativos.
Informar os passivos sociais e ambientais/reduzir os prémios de seguro
As empresas podem realizar uma avaliação para ajudar a eliminar resultados potencialmente prejudiciais
e garantir que todas as indemnizações necessárias ou prémios de seguros associados estão fixados num
nível adequado e justo, o que pode resultar em poupanças.
 Gestão de Risco
Uma avaliação à gestão da água na empresa é crucial para a avaliação e gestão de uma ampla gama de
riscos.
Abastecimento seguro
Uma avaliação da gestão da água pode ser utilizada para destacar que a segurança do abastecimento de
água pode ser comprometida devido ao excesso de uso e para justificar medidas de alocação de recursos
hídricos existentes, alternativas ou melhor gestão do uso social da água.
Avaliar os riscos
A avaliação pode ser usada para avaliar e gerir uma ampla gama de potenciais riscos relacionados com a
água, tais como aumentos de preços, novos mercados ambientais, secas e inundações.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
93
Manutenção da licença de operação
A avaliação pode ajudar a identificar e gerir os riscos, mantendo assim a empresa a sua licença de
atividade.
 Melhorar a Reputação
Uma avaliação do uso da água pode também ser utilizada para fomentar um aumento do valor da marca e
reputação, que por sua vez pode levar a um aumento das receitas, redução de custos e, potencialmente,
um aumento da cotação das ações.
Aumentar a transparência e a comunicação
Permite uma maior transparência aos acionistas e partes interessadas, relativamente aos impactes reais
causados pela empresa, gerando maior confiança.
Demonstrar valor partilhado
Uma forma de avaliar e demonstrar que a empresa está a criar valor partilhado, ou seja, para todas as
partes interessadas e não apenas os acionistas da empresa.
Demonstrar a liderança em sustentabilidade
Uma vez que a questão do uso racional da água no mundo empresarial é ainda um assunto pouco
discutido, uma aposta nesta área de intervenção pode ajudar uma empresa a ser encarada como líder de
mercado relativamente às questões da sustentabilidade, que são cada vez mais importantes para clientes,
acionistas e restantes partes interessadas.
94
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
9. NEXOS ÁGUA E ENERGIA
Interdependência Água-Energia
Os consumos energéticos dos sistemas de abastecimento de água são de tal forma significativos, .que
cerca de 80% dos custos totais estão relacionados com a energia. Quando é necessário recorrer à
extração de águas subterrâneas, o consumo de eletricidade agrava-se em média cerca de 30% devido à
utilização de sistemas de bombagem. Embora a captura de águas superficiais custe menos do que a sua
extração do subsolo, os custos energéticos aumentam no transporte da água para longas distâncias.
Fonte: WCSBD
Figura 17 - Água para energia e energia para água
Os processos de tratamento de água consomem energia de duas formas: no tratamento antes de chegar
à torneira e nas águas residuais municipais que ou são descarregadas ou reutilizadas, e neste último caso
o seu tratamento requer muita energia. O investimento em tratamento de água residuais é tão mais
importante, quanto mais escassa for a água, assim, com a intensificação de secas e escassez de água do
subsolo, as águas residuais tratadas são um fornecimento potencial de água que é expectável crescer.
A possibilidade de converter água salgada em água potável tem o potencial para resolver problemas de
escassez de água, o que poderá vir a colocar os processos de dessalinização no centro do nexus águaenergia. Porém, sendo um processo extremamente consumidor de energia, a dessalinização ainda não é
economicamente viável com as tecnologias atuais.
Por outro lado, o transporte e armazenamento de energia envolve também utilização e consumo de água
que nalguns processos não tem retorno, como no caso dos pipelines de carvão liquefeito. Na maioria dos
processos de conversão de recursos em energia útil, os consumos de água são bastante elevados,
nomeadamente na conversão do petróleo em combustíveis (gasolina e diesel), ou na conversão de carvão
e urânio em eletricidade. Esta exigência de água é também muito elevada na produção de
biocombustíveis de primeira geração.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
95
A produção de energia hidroelétrica, sendo atualmente a principal fonte de energia renovável, é o
processo que mais água utiliza mas também o que menos água consome, dado que a maioria da água
existente nos reservatórios circula para outros usos (agrícolas, recreio, etc).
A interação entre energia e água tem vindo a acentuar-se e a tornar-se mais complexa, criando assim
novos desafios para a sustentabilidade da água e da energia. Alguns dos nexus água – energia mais
relevantes, permitem-nos traçar cenários críticos para os quais importa encontrar soluções, como se
pode ver no quadro seguinte.
Quadro 35 - Nexus Água e Energia
Nexus Água-Energia
Cenários Críticos
Entre 6 – 18% da procura energética das cidades é
consumida no transporte e tratamento de água.
Cerca de 60% da população mundial viverá em
cidades em 2030, o que aumentará fortemente a
pressão na utilização de água e energia.
Tecnologias mais sofisticadas para tratamento de
águas, requerem consumos energéticos mais
elevados.
A
industrialização
dos
países
emergentes
aumentará
os
consumos
energéticos
nos
tratamentos e reutilização de águas. Atualmente,
já existem muitos países carenciados de água,
com elevados níveis de reutilização.
Decréscimos nos níveis de água dos reservatórios,
diminuem a capacidade de produção de energia
hidroelétrica e de arrefecimento das centrais
termoelétricas.
Devido às alterações climáticas, é agravada a
frequência de ocorrência de períodos de secas
em muitas regiões do planeta, que já sofrem
atualmente de índices de seca bastante elevados.
Os decréscimos nos níveis dos aquíferos, aumentam
os
consumos
energéticos
necessários
para
bombeamento de água, o que poderá conduzir a
outros problemas como por exemplo, subsidência
dos solos.
Nalgumas bacias hidrográficas assiste-se a uma
sobre-exploração dos aquíferos, a um declínio da
qualidade da água e a um aumento dos custos de
bombagem.
A produção de eletricidade
quantidades de água.
grandes
Países das economias emergentes, em franca
expansão industrial irão agravar substancialmente
os consumos de energia e de água.
A exploração e produção de energia desperdiçam
elevadas quantidades de água.
A água utilizada na extração de petróleo e gás
volta ao ciclo hidrológico bastante contaminada,
o que implica a implementação de novas soluções
para a sua reutilização. Nalguns casos, esta água
contaminada tem sido injetada a grandes
profundidades, onde se evapora, aumentando a
indisponibilidade de água nessas zonas.
requer
Fonte: WCSBD
96
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
Desafios Emergentes
A reformulação das relações críticas entre água e energia passa pela definição de políticas comuns de
gestão sustentável dos dois recursos, o que pressupõe identificar um conjunto de áreas de intervenção
emergentes, nomeadamente:

Definição de novas políticas e medidas de eficiência integrada água/energia. Por exemplo, o
desenvolvimento de novos indicadores integrados da pegada da água e da energia permitirão
avaliar as melhores trocas entre os dois recursos, o que permitirá delinear políticas mais flexíveis
em função das condições locais;

Desenvolvimento das melhores práticas através da inovação e do envolvimento das
comunidades. A investigação e a inovação tecnológica deverão ser orientadas no sentido de se
encontrarem as melhores soluções de custo/eficácia, por exemplo, ao nível da gestão de
sistemas de abastecimento onde poderão ser obtidas reduções substanciais das perdas de águas
e, em simultâneo, reduções nos custos energéticos associados à bombagem. A energia gasta nos
sistemas de transporte e de tratamento de águas de abastecimento ou residuais pode ser
recuperada para produção de calor ou arrefecimento. As energias renováveis podem ser
incentivadas nos processos de tratamento de águas de abastecimento ou residuais;

Valorização e integração dos serviços de ecossistemas nas tomadas de decisão internacionais.
Assuntos relacionados com a água, com a energia e com as alterações climáticas têm um cariz
eminentemente transfronteiriço, o que implica estabelecer, a esta escala, regulações que
permitam gerir de uma forma equilibrada bacias hidrográficas e florestas, conciliar a segurança
energética com a preservação dos ecossistemas ou proceder à sua avaliação. A introdução de
mecanismos de mercado, como por exemplo o pagamento de serviços de ecossistemas, pode ser
um importante contributo para a conservação dos ecossistemas;

Recolha de dados, definição de modelos e de ferramentas de análise consistentes sobre a
avaliação dos riscos resultante das alterações climáticas. A recolha de dados locais ou obtidos
através de deteção remota é essencial para uma avaliação rigorosa da quantidade e da qualidade
da água disponível, bem como da sua distribuição temporal. Modelos e ferramentas de análise
permitem melhorar as previsões acerca dos efeitos das alterações climáticas a uma escala
regional.
Dada a natureza e complexidade deste novo paradigma, água-energia-clima, o grande desafio passa
necessariamente pela definição de novas articulações entre políticas locais e globais que permitam
redesenhar utilizações mais sustentáveis destes recursos primordiais.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
97
10. CONCLUSÃO
A indústria, como principal produtor de bens e serviços, desempenha um papel fundamental na
elaboração de modelos de eco-produção e, concretamente, na implementação de práticas mais
sustentáveis em matéria de água, colaborando na redução da subexploração e contaminação, e
melhorando na gestão dos recursos hídricos.
A atual crise económica, por outro lado, está a proporcionar melhores oportunidades às industriais
sustentáveis.
Resultado evidente de que o nosso país vira-se cada vez mais para uma nova cultura da água, cujos
pilares essenciais são o respeito pelos seus valores ambientais, a poupança, a reutilização e a proteção da
sua qualidade.
Por isso, é importante que as empresas, seus gestores, seus trabalhadores e seus representantes se
comprometam nesta transformação social, e integrem em sua atividade os princípios de um modelo
sustentável de gestão da água.
Este manual foi desenvolvido para ajudar a melhorar a eficiência do uso da água nas empresas, e
fundamentalmente nos processos industriais. O nosso objetivo tem sido proporcionar medidas gerais e
dados úteis que podem ser utilizados por quem toma as decisões para desenvolver programas de
hidroeficiência industrial, bem como proporcionar uma referência para identificar, analisar e priorizar as
oportunidades de uso eficiente da água em instalações industriais.
Esperamos ter conseguido o objetivo proposto.
98
Soluções Inovadoras para o Uso Eficiente da Água na Indústria
11. BIBLIOGRAFIA

ATP, Guia para a Otimização da Água e da Eficiência Energética na ITV, 2013;

ABAL, Avaliação das Metodologias, Conceitos, Indicadores, Métricas e Ferramentas Relacionadas ao
Uso da Água, Balanço Hídrico e Emissões Hídricas e Sua Aplicação ao Setor de Produção de Alumínio,
2013;

Governo de Portugal, Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água, 2012;

Governo de Portugal, Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água: Implementação 2012 - 2020,
2012;

WBCSD, Water for Business, 2012;

Miranda, Sistemas de Certificação na Eficiência Hídrica, 2012;

UE, Buenas Prácticas en la Gestión del Agua en el Sector Agroalimentario, 2011;

ERSAR, Guia Técnico Reutilização de Águas Residuais, 2010;

ECODES, Water Efficiency Manual, 2010;

Gregório e Martins, Água e Energia - Conexões para uma Nova Sustentabilidade, 2010;

WCSBD, Water, Energy and Climate Change, 2009;

Asano, Water Reuse Issues Technologies And Applications, 2007;

Metcalf e Eddy, Wastewater Engineering: Treatment and Reuse, 2003;

Crites e Tchobanoglous, Small and Decentralized Wastewater Management Systems, 1998.

Mierzwa e Hespanhol, Água na Indústria

Telles e Costa, Reúso da Água - Conceitos, teorias e práticas

http://www.aguasresiduales.info;

http://www.ecodes.org;

http://europa.eu;

http://www.fundacionmapfre.org;

http://www.ordemengenheiros.pt;

http://www.wbcsd.org.
EFIDRIC – Eficiência Hídrica na Indústria
99
Download

Soluções inovadoras para o uso eficiente da água na indústria